segunda-feira, 24 de julho de 2017

A morte de um grande goleiro

Faleceu ontem, 23, o ex-goleiro Waldir Peres, aos 66 anos de idade, vitima de um infarto fulminante, sofrido por volta de 14 horas, logo após o almoço. Segundo a irmã, Isabel, ele não apresentava até então nenhum problema de saúde

Waldir se encontrava em Mogi Mirim, interior de São Paulo, onde iria participar de uma festa de aniversário com amigos. Familiares contaram que ele acordou legal, estava brincando, conversando e depois do almoço aconteceu o inesperado, passou mal.

Depois de comer, o ex-goleiro sentiu azia, falta de ar e sofreu o infarto. Imediatamente foi levado a uma farmácia, onde desmaiou. Depois é que foi encaminhado ao Hospital 12 de Julho, mas infelizmente não resistiu. O óbito correu às 15h30min.

Não era casado, mas tinha três filhos.  Os dois rapazes moram em São Paulo e a filha, que é atriz, vive na Malásia. Waldir eres estava acompanhado da noiva, em Mogi Mirim.

O corpo do Waldir sairá de Mogi Mirim nesta segunda-feira, às 17 horas, e irá para São Paulo. O velório acontecerá a partir de amanhã e o enterro, só na quarta (às 9h) – para aguardar a filha que vem do exterior –, no Cemitério Gethsêmani, no Morumbi. Ainda não foi definido se o velório será aberto ao público.

Waldir Peres de Arruda era paulista de Garça, onde nasceu a 2 de janeiro de 1951. Deu início a carreira de futebolista lá mesmo em sua cidade natal, defendendo a meta do Garça FC., onde foi destaque no Campeonato Paulista da Terceira Divisão. Foi negociado com a Ponte Preta, de Campinas, no começo da década de 1970.

Em 1973 transferiu-se para o São Paulo. Peres defendeu o time do Morumbi por 11 anos, sendo o segundo jogador que mais atuou pelo tricolor, na história do clube, com 617 jogos, 300 vitórias, 195 empates e 122 derrotas, só sendo superado por Rogério Ceni que vestiu a camisa são-paulina por 1.237 vezes.

Deixou o São Paulo no meio de 1984, indo para o América, do Rio de Janeiro. Em seguida, foi para o Guarani, de Campinas. No ano seguinte, chegou ao Corinthians Paulista.

Apesar de ter passado 11 anos em um dos maiores rivais do Corinthians, teve seu nome cantado pela torcida em várias partidas. No Campeonato Paulista de 1987 foi um dos destaques do time que deixou a lanterna no primeiro turno, para chegar ao vice-campeonato.

Pelo Corinthians Waldir Peres disputou 75 partidas, com 29 vitórias, 28 empates e 18 derrotas, tendo sofrido 65 gols

No início de 1988, o jogador comprou seu próprio passe por 764 mil cruzados. Encerrou a carreira em 1989 na mesma Ponte Preta em que começou, depois de passagens pela Portuguesa e Santa Cruz, de Recife.

Em 1991 começou a carreira de treinador, que se prolongou por 22 anos, até 2013. Treinou muitos times do interior paulista: São Bento, de Sorocaba, Internacional, de Limeira, Nacional, da capital Ferroviária, de Araraquara e Oeste, de Itápolis, entre outros, além de clubes de outros Estados, como Itabaiana (SE), Rio Branco, de Paranaguá (PR), Uberlândia (MG), Vitória (ES) e Grêmio Maringá (PR), seu último trabalho.

Entre os títulos conquistados como jogador estão o de campeão brasileiro em 1977, quando o São Paulo derrotou o Atlético Mineiro no jogo final, em uma decisão por pênaltis. Levantou a taça de campeão paulista em três oportunidades, 1975, 1980 e 1981, pelo São Paulo.

O ex-goleiro vestiu a camisa da Seleção Brasileira em três Copas do Mundo, 1974, na Alemanha Ocidental, e 1978, na Argentina, como reserva e 1982, na Espanha, como titular. Era um dos destaques do time que contava com Zico, Sócrates, Falcão e Oscar.

Quando de sua convocação para a Copa do Mundo de 1974, não fazia parte da chamada inicial. Mas com a lesão do goleiro reserva Wendel, em um dos joelhos, acabou sendo chamado para substituí-lo.

Não chegou a participar de nenhum jogo, o que só aconteceu mais de um ano depois, em 4 de outubro de 1975, na partida em que o Brasil bateu o Peru por 2 X 0, pelas semifinais da Copa América.

Voltou a ser convocado para a Copa do Mundo de 1978, e novamente não disputou nem uma partida. A exemplo de 1974, Tele Santana não o havia convocado, mas com a contusão do goleiro Carlos, teve de chama-lo.

Ele só voltaria a defender o gol do Brasil, pela primeira vez desde 19 de maio de 1976, na partida contra a Venezuela em 8 de fevereiro de 1981, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1982.

Seu grande momento na Seleção Brasileira ocorreu em 19 de maio de 1982, num amistoso contra a Alemanha. Quando faltavam 10 minutos para encerrar o jogo e o Brasil vencia por 2 X 1, Luisinho cometeu pênalti. Paul Breitner, que nunca havia errado a cobrança de penalidade máxima em sua carreira, bateu no canto esquerdo e Waldir defendeu.

O árbitro mandou bater de novo, alegando que o goleiro se adiantara antes da cobrança. Breitner chutou novamente, desta vez no outro canto, e Waldir defendeu mais uma vez, silenciando o “Neckarstadion”, em Stuttgart, Alemanha. Hoje o estádio mudou a denominação para “Mercedes-Benz Arena”.

Em outra oportunidade, quando jogava pelo São Paulo, teve uma decisão por pênaltis para definir o campeão paulista de 1975, contra a Portuguesa de Desportos.

Waldir Peres garantiu o título para seu time ao defender as cobranças de Dicá e Tatá. A torcida gritou o nome do goleiro e carregou-o em seus braços, já com a faixa de campeão.

A decisão do Campeonato Brasileiro de 1977, acontecida em 5 de março de 1978, também deu-se por cobranças de pênaltis, depois de empates de 0 X 0 no tempo normal e na prorrogação.

E mais uma vez Waldir Peres se destacou como um goleiro de sorte em cobranças de penalidades máximas. Tanto é verdade que Joãozinho Paulista, Toninho Cerezo e Márcio, chutaram suas cobranças para fora, dando o título à equipe paulista.

No “Brasileirão” de 1981, no primeiro jogo da final contra o Grêmio, em um pênalti contra seu time, Waldir partiu em direção do cobrador, Baltazar, impedindo a cobrança. O atacante teve de repeti-la, mas, possivelmente nervoso, chutou para fora.

No Campeonato Brasileiro de 1985, defendeu três pênaltis em um jogo contra o Flamengo, ajudando a garantir a vaga para a fase seguinte da competição.

Na Copa do Mundo de 1982, na Espanha, já como titular absoluto da Seleção do Brasil, Peres sofreu um frango incrível na primeira partida, contra a União Soviética, mas ainda assim foi mantido no time.

Curiosamente, foi o único jogador do Brasil em toda a Copa a receber um cartão amarelo. A derrota por 3 X 2 para a Itália, que tirou a nossa Seleção da competição foi o único jogo oficial em que Valdir Peres sofreu mais de um gol defendendo a “Canarinho”. Foi também seu último jogo pelo “scratch” nacional. O goleiro fez 30 partidas com a camisa “amarelinha”, com 25 vitórias, 4 empates e 1 derrota, sofrendo 20 gols.

Waldir Peres é até hoje o goleiro com menor média de gols sofridos na seleção brasileira entre todos os que atuaram em Copas do Mundo.

Títulos conquistados. São Paulo: Campeonato Brasileiro (1977); Campeonato Paulista (1975, 1980 e 1981); Corinthians: Campeonato Paulista (1988); Seleção brasileira: Taça Oswaldo Cruz (1976); Taça do Atlântico (1976); Copa Roca (1976) e Taça Rio Branco (1976).

Também andou enveredando pelos caminhos da política. Tentou se eleger vereador por São Paulo em 2016, pelo Partido de Representação Popular (PRP), mas não conseguiu, recebendo apenas 1.341 votos.

Tentou ainda ganhar espaço na Imprensa e escreveu colunas para o “Portal Futebol Interior”, além de trabalhar por um período no canal Sportv. (Pesquisa: Nilo Dias)



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