quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Futebol, a dança do diabo

O ex-zagueiro Francisco José Sarno Matarazzo, ou simplesmente Sarno, nasceu em Niterói (RJ), no dia 5 de novembro de 1924 e faleceu em São Paulo, em 17 de janeiro de 2010, aos 85 anos de idade.

Começou a carreira de jogador de futebol atuando no Botafogo, do Rio de Janeiro, na década de 1940. O time alvinegro tinha grandes jogadores na época, como Nilton Santos, Gerson, Ávila, Ary, Juvenal, Santo Cristo, Geninho, Heleno de Freitas, Octávio e Teixeirinha.

Além do alvinegro carioca jogou pelo Palmeiras, que tinha no elenco craques da categoria de Oberdan Cattani, Fabio Crippa, Salvador, Turcão, Juvenal Amarijo, Manuelito, Dema (Ademar Lucazecchi) e Fiume.

Saiu do Palmeiras para ser emprestado ao Santos e depois ao Vasco da Gama. Sarno voltou ao Palmeiras onde permaneceu até o ano de 1954.

De acordo com os registros publicados pelo site palmeirense, Sarno disputou pelo clube 148 partidas, com 78 vitórias, 35 empates, 35 derrotas e 4 gols marcados.

Sarno ainda retornou ao time da Vila Belmiro para fazer parte do grupo que conquistou o campeonato paulista de 1955. Em seguida defendeu o Jabaquara Atlético Clube, onde encerrou sua carreira como jogador profissional em 1959, mesmo ano que iniciou sua trajetória como treinador.

Depois dirigiu a Ferroviária, de Araraquara (SP), Corinthians em apenas sete partidas pelo “Paulistão” e foi demitido após derrota para o Guarani, de Campinas por 2 X 1, dando lugar a Baltazar.

O “Cabecinha de Ouro” ficou no cargo por 32 jogos e foi demitido após o time cair de rendimento no quadrangular semifinal do “Brasileirão”. Sarno voltou ao clube, mas apenas cumpriu tabela.

Em 1972, o treinador prosseguiu no comando do Corinthians e dirigiu o time em mais 15 partidas. Mas como a equipe fazia campanha razoável no “Paulistão” - o que na época do jejum de grandes títulos era inaceitável pela diretoria - o treinador foi demitido novamente e cedeu seu lugar ao ídolo Luizinho.

No total, Francisco Sarno comandou o Corinthians em 28 jogos e teve um saldo de 10 vitórias, 10 empates e oito vitórias, 34 gols marcados e 24 sofridos. Aproveitamento de 54% dos pontos disputados.

Comandou, ainda, a Ponte Preta, Noroeste, Guarani, de Campinas, Coritiba, por 61 jogos, com 31 vitórias, 19 empates e apenas 11 derrotas, Atlético Paranaense, entre outros e também orientou times na Colômbia. Seu último trabalho em uma equipe de expressão foi no Campeonato Brasileiro de 1973 no comando do Clube Atlético Paranaense.

Francisco Sarno conquistou campeonatos como zagueiro e técnico em clubes brasileiros e os principais foram:

Como jogador: Campeão da Copa Rio pelo Palmeiras (1951); Campeão Paulista pelo Santos (1955). Como técnico: Campeão do Torneio Internacional de Verão (1968) e Bicampeão Paranaense pelo Coritiba (1968 e 1969). Comandou o “Coxa” na excursão internacional de 1969.

Também tentou a carreira de comentarista esportivo, tendo trabalhado por curto período na Radio Tupi de São Paulo, em meados da década de 1960, função que também ocupou nos anos setenta, quando estava sem contrato como treinador.

Não foi na imprensa esportiva que Sarno causou uma grande polêmica. Sim, em 1965, quando escreveu o livro “Futebol, a Dança do Diabo”, aonde relatou os bastidores e o submundo da bola.

Eu tenho o livro em minha biblioteca, e realmente trata-se de uma obra para ser lida e guardada. Embora Sarno tenha estudado por apenas dois anos do curso primário, conseguiu colocar no livro o que aprendeu na escola da vida, onde atuou 25 anos no futebol como jogador consagrado.

O leitor encontra na obra relatos quase inacreditáveis, humanos e comoventes, envolvendo o submundo do futebol, de onde saíram heróis e párias de uma sociedade desumana.

Nas páginas do livro, entre tantos assuntos, Sarno escreveu que o cargo de treinador era um perfeito “Rabo de Foguete”, bem diferente do comodismo da função de Supervisor de Futebol.

Sarno, na apresentação do livro escreveu que o futebol, essa dança do diabo, servia de trampolim para muitos homens autênticos que sonharam em ser alguém na vida, sem se importar com às consequências de seus atos para criaturas honestas e boas, que sofreram terrivelmente.

Ainda em sua faceta literária, Sarno escreveu “Coquetel de Verdades”, obra lançada em 1971, sem o mesmo sucesso do anterior.

Sarno sofreu nos últimos anos, do “Mal de Alzheimer“ e em decorrência da doença faleceu no domingo, dia 17 de janeiro de 2010, na cidade de São Paulo. (Pesquisa: Nilo Dias)


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