O
ex-zagueiro Francisco José Sarno Matarazzo, ou simplesmente Sarno, nasceu em Niterói
(RJ), no dia 5 de novembro de 1924 e faleceu em São Paulo, em 17 de janeiro de
2010, aos 85 anos de idade.
Começou
a carreira de jogador de futebol atuando no Botafogo, do Rio de Janeiro, na década
de 1940. O time alvinegro tinha grandes jogadores na época, como Nilton Santos,
Gerson, Ávila, Ary, Juvenal, Santo Cristo, Geninho, Heleno de Freitas, Octávio
e Teixeirinha.
Além
do alvinegro carioca jogou pelo Palmeiras, que tinha no elenco craques da
categoria de Oberdan Cattani, Fabio Crippa, Salvador, Turcão, Juvenal Amarijo,
Manuelito, Dema (Ademar Lucazecchi) e Fiume.
Saiu
do Palmeiras para ser emprestado ao Santos e depois ao Vasco da Gama. Sarno
voltou ao Palmeiras onde permaneceu até o ano de 1954.
De
acordo com os registros publicados pelo site palmeirense, Sarno disputou pelo
clube 148 partidas, com 78 vitórias, 35 empates, 35 derrotas e 4 gols marcados.
Sarno
ainda retornou ao time da Vila Belmiro para fazer parte do grupo que conquistou
o campeonato paulista de 1955. Em seguida defendeu o Jabaquara Atlético Clube,
onde encerrou sua carreira como jogador profissional em 1959, mesmo ano que
iniciou sua trajetória como treinador.
Depois
dirigiu a Ferroviária, de Araraquara (SP), Corinthians em apenas sete partidas
pelo “Paulistão” e foi demitido após derrota para o Guarani, de Campinas por 2
X 1, dando lugar a Baltazar.
O
“Cabecinha de Ouro” ficou no cargo por 32 jogos e foi demitido após o time cair
de rendimento no quadrangular semifinal do “Brasileirão”. Sarno voltou ao
clube, mas apenas cumpriu tabela.
Em
1972, o treinador prosseguiu no comando do Corinthians e dirigiu o time em mais
15 partidas. Mas como a equipe fazia campanha razoável no “Paulistão” - o que
na época do jejum de grandes títulos era inaceitável pela diretoria - o
treinador foi demitido novamente e cedeu seu lugar ao ídolo Luizinho.
No
total, Francisco Sarno comandou o Corinthians em 28 jogos e teve um saldo de 10
vitórias, 10 empates e oito vitórias, 34 gols marcados e 24 sofridos.
Aproveitamento de 54% dos pontos disputados.
Comandou,
ainda, a Ponte Preta, Noroeste, Guarani, de Campinas, Coritiba, por 61 jogos, com
31 vitórias, 19 empates e apenas 11 derrotas, Atlético Paranaense, entre outros
e também orientou times na Colômbia. Seu último trabalho em uma equipe de expressão
foi no Campeonato Brasileiro de 1973 no comando do Clube Atlético Paranaense.
Francisco
Sarno conquistou campeonatos como zagueiro e técnico em clubes brasileiros e os
principais foram:
Como
jogador: Campeão da Copa Rio pelo Palmeiras (1951); Campeão Paulista pelo
Santos (1955). Como técnico: Campeão do Torneio Internacional de Verão (1968) e
Bicampeão Paranaense pelo Coritiba (1968 e 1969). Comandou o “Coxa” na excursão
internacional de 1969.
Também
tentou a carreira de comentarista esportivo, tendo trabalhado por curto período
na Radio Tupi de São Paulo, em meados da década de 1960, função que também
ocupou nos anos setenta, quando estava sem contrato como treinador.
Não
foi na imprensa esportiva que Sarno causou uma grande polêmica. Sim, em 1965,
quando escreveu o livro “Futebol, a Dança do Diabo”, aonde relatou os
bastidores e o submundo da bola.
Eu
tenho o livro em minha biblioteca, e realmente trata-se de uma obra para ser
lida e guardada. Embora Sarno tenha estudado por apenas dois anos do curso
primário, conseguiu colocar no livro o que aprendeu na escola da vida, onde
atuou 25 anos no futebol como jogador consagrado.
O
leitor encontra na obra relatos quase inacreditáveis, humanos e comoventes,
envolvendo o submundo do futebol, de onde saíram heróis e párias de uma sociedade
desumana.
Nas
páginas do livro, entre tantos assuntos, Sarno escreveu que o cargo de treinador
era um perfeito “Rabo de Foguete”, bem diferente do comodismo da função de
Supervisor de Futebol.
Sarno,
na apresentação do livro escreveu que o futebol, essa dança do diabo, servia de
trampolim para muitos homens autênticos que sonharam em ser alguém na vida, sem
se importar com às consequências de seus atos para criaturas honestas e boas,
que sofreram terrivelmente.
Ainda
em sua faceta literária, Sarno escreveu “Coquetel de Verdades”, obra lançada em
1971, sem o mesmo sucesso do anterior.