segunda-feira, 10 de junho de 2019

Os 100 anos do "Gigante da Zona Norte"

No recente dia 1 de junho o Sport Club Anchieta, do Rio de Janeiro, chamado pelos seus torcedores de “O Gigante da Zona Norte”, completou 100 anos de existência. O clube, que atualmente manda seus jogos no “Estádio Ademar Barbosa – O Barbosão” foi fundado em 1 de junho de 1919. 

A sede do clube na rua Arnaldo Murinelli é o local que abriga todas as suas instalações esportivas e sociais, possuindo além de piscina, ginásio e bar.Sediado no bairro de Anchieta, seu uniforme tem às cores preta e vermelha, idêntico ao do Clube Atlético Paranaense, que foi fundado cinco anos depois. 

Foi criado como Sport Club Anchieta por alguns membros do grupo carnavalesco “Só pra moer” e apelidado de “Gigante Rubro-negro”. Anos mais tarde foi rebatizado como Esporte Clube Anchieta, o que não durou muito, visto que após o leilão de sua sede a Diretoria que assumiu a agremiação decidiu retomar a antiga denominação de Sport Club Anchieta.

Voltando ao campo histórico do clube, sabe-se que os primeiros chutes na bola dados pelo rubro-negro foram no campo da "Estrada de Nazareth", ali mesmo no bairro de Anchieta. Porém, não se sabe ao certo se o tal endereço atenda hoje como Avenida Nazaré, que margeia a ferrovia na localidade. 

O que se tem certeza é que 11 anos após sua fundação, 1930, o Anchieta veio ingressar no Campeonato Carioca organizado pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), na “Série Emmanuel Coelho Netto”. 

Em 1931, disputou a “Segunda Divisão”, ficando na nona colocação. Em 1932, jogou novamente a” Segunda Divisão”, ficando em terceiro lugar, atrás somente do campeão Engenho de Dentro Atlético Clube e do vice-campeão, Modesto Football Club. 

Em 1933, sagrou-se campeão carioca da “Segunda Divisão”, em certame promovido pela “Associação Metropolitana de Esportes Atléticos” (AMEA), porém não houve acesso. 

Após a extinção da “Federação Atlética Suburbana”, os clubes que dela faziam parte se sentiram desprestigiados com a política estabelecida pela “Federação Metropolitana de Futebol”.

Na tentativa de mudar esse quadro, criou-se o “Departamento Autônomo”, em Assembleia realizada no dia 7 de julho de 1949, da qual fez parte o Anchieta. Na primeira edição do certame, a equipe foi vice-campeã juvenil da “Série Suburbana”. 

Em 1952 foi campeã juvenil da mesma série do referido campeonato. Inúmeros outros títulos conquistou ao longo de mais de 30 anos participando do futebol amador.

Em 1992, enveredou pelos caminhos da profissionalização do seu futebol, quando venceu o “Campeonato da Terceira Divisão”, promovido pela FFERJ. O vice foi o São Paulo, de São João de Meriti.

Na época o módulo valia na prática como quarta divisão, pois a verdadeira segunda virara “Módulo Intermediário”. No ano seguinte, o Anchieta disputaria a Segunda Divisão (que valia como terceiro módulo). 

No primeiro turno ficou em nono em sua chave. No segundo, apenas o sétimo, não chegando ao quadrangular final. Em 1994, se licenciou dos campeonatos de âmbito profissional.

Voltou apenas em 1997, quando se sagrou campeão da “Quarta Divisão”, em um certame disputado apenas por quatro equipes. O vice foi o Cruzeiro, de Pendotiba. Se licenciou novamente das competições, voltando em 2000, para jogar a “Terceira Divisão”, intitulada à época “Módulo Especial”.

Ficou em terceiro lugar na primeira fase, atrás somente do Independente Esportes Clube Macaé e do Rio das Ostras Futebol Clube. Na fase final, o Independente foi o campeão, ficando o Anchieta com o vice-campeonato. 

Ainda em 2000, disputou a “Copa Rio” quando acabou eliminado na segunda fase pela campeã do torneio, a Associação Atlética Portuguesa. Nos anos 2000, o clube se limitou as disputas amadoras municipais e da Baixada Fluminense, colecionando algumas taças em diferentes categorias do amadorismo local. 

Mas, talvez, a honraria que mais encha de orgulho os benfeitores do Anchieta seja o fato da camisa rubro-negra ter sido vestida por dois nomes conhecidos no cenário do futebol carioca: Murilo e "Quarentinha". 

Murilo foi ex-lateral-direito do Olaria e do Flamengo na década de 60, chegando a ser pré-convocado para a disputa da "Copa do Mundo" de 1966 pela "Seleção Brasileira". 

"Quarentinha", por sua vez, foi atacante e maior artilheiro da história do Botafogo com 313 gols marcados e possuindo passagens pela seleção nacional, onde tremulou as redes por 17 vezes.

Infelizmente não há fotos e taças dos áureos tempos do Anchieta. Segundo Ademar Barbosa, “Hoje é um clube sem história”.

Em 9 de maio de 2007 o clube passou pelo momento mais crítico de sua história. O seu patrimônio, que inclui a sede social e o estádio, foi posto a leilão por conta da acumulação de décadas de dívidas de IPTU. Por 70 mil reais, Ademar Barbosa arrematou a agremiação, livrando-a das garras da especulação imobiliária e da sua consequente e inevitável extinção.

A partir de então, o Anchieta passou a figurar nos campeonatos promovidos pela ”Liga de Desportos de Nova Iguaçu”, vencendo, em 2009, a “Taça Cidade de Nova Iguaçu”, categoria Sub-14.

Em 2010, foi vice da “Taça Rio de Juniores”, da “Copa Dinamite”. Por conta de algumas dívidas trabalhistas, a agremiação mudou o seu registro para Associação Esportiva Mariópolis, contudo, mantendo o nome fantasia de Sport Club Anchieta.

No início de 2011 passou a ser aventada a hipótese de fusão com o União Central Futebol Clube havendo a criação de um novo clube que se chamaria Unidos de Anchieta, mas as negociações não se concretizaram.
Em 2013, cedeu o seu “Estádio Ademar Barbosa” para o Centro Esportivo Arraial do Cabo atuar no “Campeonato Estadual da Série C”.


Os dias atuais são duros para o Sport Club Anchieta. O “Gigante da Zona Norte”, já possuiu mais de 3.000 associados. Hoje, o número não passa de 100.

A lista de funcionários não tem mais que oito nomes, isso contando aqueles que trabalham indiretamente para o clube. Para sobreviver, recorre aos aluguéis do campo de futebol, da piscina e do bar, onde ocorrem eventos sociais.


Mesmo distante de uma volta ao profissionalismo e com o futebol parado em 2013, um grupo de crianças treina na escolinha de futsal que funciona no ginásio do clube. Os seguimentos dos trabalhos ficam sob a batuta do Professor Baiano. Quem sabe o futuro do Anchieta nos gramados passe pelos pés destes jovens pupilos?


Títulos conquistados. Estaduais: Campeonato Carioca - 2ª divisão (1933); Campeonato Carioca - 4ª divisão (1992 e 1998); Municipais: Departamento Autônomo (1975). Outras Categorias. Campeão da Taça Cidade de Nova Iguaçu - Categoria Sub-14 (2009); Campeão juvenil do Departamento Autônomo - Série Suburbana (1952); Campeão de Aspirantes do Departamento Autônomo - Série Dr. João Machado (1955); Campeão de Aspirantes da Série João da Silva Ramos do Departamento Autônomo (1957); Campeão juvenil da Série C.O.B. do Departamento Autônomo (1969); Campeão juvenil da divisão "A" do Departamento Autônomo (1971).

Outras Campanhas de Destaque. Vice-campeão Estadual da Terceira Divisão (2000); Vice-campeão do Torneio de Verão de Nova Iguaçu - Categoria Juvenil:  (2010); Vice-campeão de Juniores da Rio Copa - Torneio Jorge Fontes ( 2012); Vice-campeão Juvenil do Departamento Autônomo - Série Suburbana (1949); Vice-campeão do Supercampeonato Amador do Departamento Autônomo - Categoria juvenil (1952); Vice-campeão de Aspirantes do Departamento Autônomo - Série M. Antunes Batista (1953); Vice-campeão do Supercampeonato do Departamento Autônomo – Aspirantes (1955) e Vice-campeão de Aspirantes da Série João Ellis Filho do Departamento Autônomo (1965). (Pesquisa: Nilo Dias)


Estádio Ademar Barbosa, o "Barbosão", sede do clube.

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