Apenas 12 clubes são considerados como grandes forças do futebol brasileiro: Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense, Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos, Cruzeiro, Atlético, Grêmio e Internacional. E desses, quantos já disputaram campeonatos de segundas divisões? Pergunta de difícil resposta, não é mesmo? Na verdade até hoje só cinco deles escaparam dessa situação: Flamengo, Vasco da Gama, Santos, Cruzeiro e Internacional. E o número pode diminuir para quatro, este ano, com a possibilidade de queda do Vasco da Gama.
Confira quem já esteve na segundona brasileira. O Corinthians, que este ano joga a Série B, já esteve antes na segunda divisão nacional. Foi em 1982, na época em que a classificação para o Campeonato Brasileiro era definida por meio dos campeonatos estaduais. O Palmeiras também, antes da Série B de 2003, teve que jogar a Taça de Prata de 1981 e 1982. Grêmio (1992 e 2005), Fluminense (1998 e na terceirona em 1999), Botafogo (2003) e Atlético Mineiro (2006).
Dia desses um torcedor do São Paulo F.C. ficou indignado quando comentei que seu clube, hoje um dos mais organizados do nosso futebol já passou por tal vexame. Não aconteceu no Campeonato Brasileiro, é bem verdade, mas foi bem pior. Em 1991 o tricolor do Morumbi teve que disputar uma espécie de segundona paulista, mascarada pelo nome de Grupo II.
Enquanto Palmeiras, Santos, Corinthians, Guarani e Portuguesa se matavam para chegar na fase final, o São Paulo, já comandado pelo saudoso mestre Telê, enfrentou inexpressivos times como a Catanduvense, Olímpia e Sãocarlense. A grande mídia paulista, na maioria formada por gente ligada ao São Paulo esconde tal fato, citando apenas outros clubes quando fala em rebaixamento. Mas ninguém pode apagar a história, ela resiste a tudo e a todos.
A Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro foi criada em 1971, mesmo ano em que começou a Primeira Divisão, mas de maneira desorganizada. Nos dois primeiros anos, Villa Nova (MG) e Sampaio Corrêa (MA) ganharam os títulos de 1971 e 72, respectivamente, mas não subiram para a Primeira Divisão. De 1973 a 1979 não foi realizada, só voltando em 1980 com o nome de Taça de Prata. Nesse período os certames regionais é que classificaram para o Brasileirão, que chegou a ter perto de 100 times.
Em 1987 os grandes clubes tentaram criar uma liga nacional, e organizaram a Copa União. Paralelamente, a CBF promoveu o Módulo Amarelo, uma espécie de segunda divisão, com os clubes que ficaram de fora. A CBF queria que os dois primeiros colocados de cada competição decidissem o título num quadrangular. Flamengo e Internacional foram campeão e vice da Copa União, mas se negaram a jogar contra Sport e Guarani, campeão e vice da competição da CBF. Diante disso, o Sport foi proclamado campeão brasileiro de 1987 e o Guarani, vice- campeão.
Em 1993, de novo não houve a Segunda Divisão. Dois anos antes, o Grêmio tinha sido rebaixado e, para facilitar sua volta, a CBF promoveu o acesso de 12 equipes na edição de 1992. Com isso a Série B acabou esvaziada, e impossibilitando sua realização no ano seguinte. Em 2000, a Série B voltou a ser bagunçada, quando foi disputada a Copa João Havelange, apenas para que Bahia e Fluminense não precisassem participar da Segunda. Hoje, com o fim da virada da mesa e a moralização do futebol brasileiro, a Série B, é um campeonato bem organizado e merecedor de destaque na imprensa nacional.
Os que gostam de fazer comparações entre o futebol brasileiro e o europeu, certamente não tem muita preocupação com essa questão de rebaixamento. Na Europa os times que nunca foram rebaixados são poucos. Na Itália, apenas a Internazionale. Na Espanha só Barcelona, Real Madrid e Atlhetic Bilbao. E na Inglaterra, pasmem, todos já caíram.
O Olympique de Marselha era a potência da França, algo como o Lyon é hoje. Mas, no início dos anos 90, o time teve suas finanças investigadas e foram encontradas irregularidades que o rebaixaram. Para piorar, o time perdeu o direito, em1993, de disputar a final do Mundial Interclubes contra o São Paulo, em Tóquio, já que perdeu seu título de campeão europeu para o Milan naquela temporada. Eles nunca mais foram os mesmos após a queda.
Não há grande que não tenha caído na Inglaterra. O Manchester United, que já foi considerado o clube mais rico do planeta e prioriza o planejamento, caiu em 1974, voltando no ano seguinte. O Liverpool, campeão europeu em 2005, visitou a segundona inglesa por cinco oportunidades: 1892, 1895, 1904, 1942 e 1954. E o Arsenal, da capital Londres, caiu já faz tempo, mas caiu: foi em 1913. Lá não tinha virada de mesa nem na época do amadorismo.
Na Argentina, Boca Juniors, River Plate e Independiente jamais disputaram a segundona. Mas nossos hermanos têm um regulamento que facilita para os grandes, sempre mais ricos que os rivais. O rebaixamento é feito com base na média da participação de oito: quatro “Clausuras” e quatro “Aperturas”, ou seja, de campeonatos seguidos. E fica impensável imaginar Boca ou River dando vexames em temporadas seguidas. Mas Racing e San Lorenzo, considerados forças do país, já foram rebaixados. (Pesquisa: Nilo Dias)
NOTA DO AUTOR: Tendo em vista que alguns leitores deste blog contestaram a informação de que o São Paulo F.C. já caiu para a 2ª divisão do campeonato paulista, publicamos abaixo algumas reportagens de jornais da época, que confirmam o fato. O autor não inventou nada, apenas se limitou a coementar algo que realmente aconteceu e que não desmerece em nada a trajetória gloriosa do São Paulo F.C.
Título da página interna da mesma edição do jornal: "São Paulo vai disputar Segunda Divisão"
Por mais que desagrade os são-paulinos, a verdade é a que segue:
Em 1990, o Campeonato Paulista foi disputado por 24 times. Havia a percepção de que eram times demais. Convencionou-se, então, que apenas 14 times disputariam o campeonato de 1991 – os 14 primeiros do certame de 1990. De alguma forma, o São Paulo "conseguiu" ficar em 15º, depois de ser eliminado na primeira fase (que classificou 12 times) e novamente eliminado numa repescagem (que classificou outros dois, completando 14).
Para não melindrar susceptibilidades, o regulamento de 1990 dizia que "não haveria descenso". Era só uma fórmula de cortesia: os times que não entrassem entre os 14 disputariam o que, na prática, equivaleria a uma segunda divisão.
Esse regulamento não foi cumprido. Diante do rebaixamento do São Paulo, houve uma virada de mesa.
Os times rebaixados em 1990 (não só o São Paulo, mas outros importantes, como a Ponte Preta) ganharam o direito de lutar por duas vagas nas finais. Foi assim que o São Paulo conseguiu a façanha, inédita no futebol mundial, de ser rebaixado em um ano e campeão no ano seguinte!
O argumento dos são-paulinos, portanto – de que o acesso no mesmo ano "já estava previsto" – é falso e errôneo.
Para não prolongar a explicação, reproduzo o texto da Folha de S. Paulo de 21 de junho de 1990 – dia seguinte ao dia em que o São Paulo caiu.
"SÃO PAULO VAI DISPUTAR A SEGUNDA DIVISÃO EM 91
Fernando Santos
Da Reportagem Local
O São Paulo foi eliminado pelo Botafogo na repescagem do Campeonato Paulista deste ano e vai disputar a Segunda Divisão em 91. O São Paulo goleou ontem o Noroeste por 6 a 1 no Morumbi, mas ainda dependia da derrota do Botafogo para se classificar. O time de Ribeirão Preto empatou em 0 a 0 com a Internacional em Limeira.
No próximo ano, o São Paulo vai disputar a série B do Campeonato Paulista, sem direito a lutar pelo título. É uma nova fórmula aprovada pelo conselho arbitral de clubes em janeiro. Farão parte dessa série os 10 clubes eliminados do campeonato deste ano mais quatro que vão subir da Divisão Especial.
(...) Resta ao São Paulo a chance de subir para a série A em 92. Apenas o campeão da série B sobe (...) Esta fórmula foi aprovada por unanimidade por todos os 24 clubes que iniciaram o campeonato este ano, segundo o presidente em exercício da Federação Paulista de Futebol, Antoine Gebran.
'Vamos cumprir a lei. Lei é lei', disse o diretor-adjunto do São Paulo, Herman Koester (...) Segundo ele, o São Paulo vai mesmo disputar a Série B, uma Segunda Divisão que só não recebe essa denominação por uma questão de nomenclatura jurídica. (...) Já o diretor de futebol Fernando Casal de Rey, 47, ainda não se deu por vencido. Ele disse que vai acionar o departamento jurídico do clube para saber se a aprovação da fórmula do campeonato de 91 é legal. Casal de Rey disse, sem ter certeza, que não existe um documento assinado pelos clubes sobre o assunto. Assim, ele poderia recorrer à Justiça Desportiva para mudar a fórmula. Ou seja, apelar para o tapetão. 'Estamos vivendo um pesadelo', disse Casal de Rey."
O resto é história conhecida. Houve a virada de mesa e, embora o São Paulo tenha disputado o equivalente à segunda divisão em 91, classificou-se para as finais, eliminando o Palmeiras, que vinha do grupo mais forte.
A Folha também ouviu, naquela ocasião, são-paulinos ilustres, como José Victor Oliva, o vocalista do Ultraje a Rigor, Roger, e o ministro do Tribunal Superior do Trabalho Almir Pazzianotto. Todos reconheciam o rebaixamento, repudiavam a virada de mesa e reafirmavam que o São Paulo voltaria à primeira divisão na bola.
Estes são os fatos.
O São Paulo foi rebaixado em 1990
De José Renato Sátiro Santiago Jr
Atendendo aos inúmeros pedidos, encaminho abaixo detalhes sobre os fatos ocorridos durante o Campeonato Paulista de 1990.
Ele foi dividido em 2 grupos:
Grupo 1: Corinthians, Internacional, Bragantino, Novorizontino, Palmeiras, São Paulo, Mogi-Mirim, Santos, Portuguesa, União São João, São José e Guarani.
Grupo 2: Catanduvense, Juventus, Botafogo, XV de Piracicaba, XV de Jaú, América, Noroeste, São Bento, Santo André, Ferroviária, Ituano e Ponte Preta
1) Segundo o regulamento do Campeonato Paulista, durante as duas primeiras fases as equipes se enfrentariam dentro e fora de seus grupos. Sendo que os 12 times com melhor campanha, independentemente do grupo do qual fazia parte, se classificariam, automaticamente, para a Quarta Fase:
O que aconteceu: As equipes classificadas foram o Corinthians, Palmeiras, Bragantino, Santos, Mogi-Mirim, Portuguesa e Novorizontino, pelo Grupo 1 e XV de Piracicaba, XV de Jaú, Ferroviária, Ituano e América, pelo Grupo 2.(Regulamento Cumprido)
2) Conforme o regulamento os campeões de cada grupo se classificariam automaticamente para a Copa do Brasil de 1991.
O que aconteceu: Corinthians e XV de Piracicaba foram os vencedores de seus grupos e se classificaram para a Copa do Brasil de 1991. (Regulamento Cumprido)
3) O regulamento informava que as equipes que não tivessem se posicionado entre as 12 melhores aos longos das duas primeiras fases, deveriam disputar a Terceira fase, uma espécie de repescagem. As equipes seriam divididas em dois grupos de 6.
O que aconteceu: As equipes foram divididas em 2 grupos, o primeiro formado por Botafogo, Internacional, Santo André, São Paulo, Ponte Preta e Noroeste e o outro por Guarani, Catanduvense, São José, Juventus, União São João e São Bento. (Regulamento Cumprido)
4) O regulamente definia que apenas os campeões de cada grupo desta terceira fase, se classificariam para a quarta fase, quando se juntariam aos demais 12 classificados anteriormente, e seriam divididos em 2 grupos de 7.
O que aconteceu: Botafogo e Guarani foram os campeões de seus grupos e se classificaram para a Quarta fase. Nesta fase, as equipes foram divididas em 2 grupos de 7. O primeiro grupo foi formado por Bragantino, Corinthians, Botafogo, Santos, Ituano, Mogi-Mirim e XV de Jaú, o segundo grupo foi constituído por Novorizontino, Palmeiras, Guarani, Portuguesa, América, XV de Piracicaba e Ferroviária. (Regulamento Cumprido)
5) Quanto ao rebaixamento, vamos ao texto original do regulamento oficial do Campeonato Paulista de 1990. Parágrafo 1º do artigo 5º: “Para o Campeonato da Primeira Divisão de Futebol Profissional de 1991, o Grupo I será constituído pelas 14 associações classificadas para disputar a quarta fase do Campeonato de 1990 e o Grupo II será constituído pelas dez associações restantes que não se classificaram para a quarta fase e mais quatro advindas da Divisão Especial de 1990.” Parágrafo 2º - “No campeonato da primeira divisão de futebol profissional de 1990, não haverá descenso à divisão especial de futebol profissional. Mas a partir de 1991, ou a cada ano haverá o descenso de uma associação da Primeira Divisão de Futebol Profissional e o acesso de uma associação da Divisão Especail de Futebol Profissional”
O que aconteceu: O Campeonato Paulista de 1991 foi constituídos por 2 grupos de 14 equipes: Grupo I formado pelos 14 classificados para a Quarta Fase do Campeonato de 1990 - Corinthians, Palmeiras, Botafogo, Portuguesa, Guarani, Bragantino, Santos, Ituano, América, Novorizontino, XV de Piracicaba, XV de Jaú, Ferroviária e Mogi-Mirim; Grupo II formando pelas 10 equipes que não se classificaram para a Quarta Fase do Campeonato de 1990: São Paulo, Internacional, Santo André, Noroeste, Catanduvense, Juventus, Ponte Preta, União São João, São José e São Bento, mais 4 equipes originária da Divisão Especial de 1990 que foram: Olímpia, Marília, Sãocarlense e Rio Branco (Regulamento Cumprido)
6) Por fim, voltando a Quarta Fase do Campeonato de 1990, o regulamento previa que os campeões de cada grupo disputariam o título
O que aconteceu: Bragantino e Novorizontino foram campões de seus grupos e decidiram o título em 2 jogos, nos dias 22 e 26 de agosto. O título foi conquistado pelo Bragantino (Regulamento Cumprido)
raferlizboa disse...
O S.P.F.C. nunca foi rebaixado, vc deveria pesquisar mais antes de postar.
24 de março de 2009 14:48
Anônimo disse...
O São Paulo foi rebaixado sim, e no Campeonato Paulista mesmo... o que ocorre é, devido ao sucesso do time, mascaram esse fato... nenhum São Paulino admite que caiu... mas ser rebaixado no paulistinha é foda, hein?
9 de junho de 2009 11:50
Anônimo disse...
vc ta maluco
o SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE , MAIOR DOS CLUBES BRASILEIROS
nunca foi rebaixado , vei no site da federação paulista de futebol e olha la bem grande e dp corrige isso ai que vc falou....
4 de julho de 2009 22:54
JEIEL disse...
os fatos históricos comprovam: o sao paulo foi sim rebaixado no paulista mas, como era de praxe naquela época os times que tinham grana roubavam e não disputavam a serie inferior e os sem grana se lascavam.
Só eram beneficiados qdo estavam na mesma virada de mesa que os "grandes" ou seja o são paulo deve muito do que é hoje à federação paulista de futebol.
18 de agosto de 2009 13:37
Martinelli disse...
Os BAMBIS sempre caem e sempre vão cair. No futebol ou não, uma coisa é certa: Eles caem sentados numa rola oblonga... Adoram isso!
SPFC maior do Brasil? Que merda de time, caiu no paulistinha!
asahishiahuishiahuisa
10 de dezembro de 2009 13:43
Rodrigo disse...
São Paulo é o maior do Brasil? kkkkk! Não me faz rir. O FLAMENGO é o time de maior torcida no mundo, 35 milhões de torcedores. Nós torcemos por um time de macho e não pra um time afeminado. É futebol masculino que o meu time joga.
O FLA nunca caiu em nenhuma competição. Vcs caíram no Paulistinha e querem falar merda? Perderam pra Portuguesa agora em pleno Morumbicha e depois empataram em 1X1 com o poderosíssimo Mirassol???!!!! kkkkkkkkkkkk! Vão se foder suas bichas arrogantes!
22 de janeiro de 2010 12:18
Duds Simini disse...
Meeeenos meu caro!Meenos!Bem menos!SE tivesse rebaixamento ele cairia!Mas em 90 não houve rebaixamento!Pesquisa mais!Bem +
9 de fevereiro de 2010 21:36
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
A história do futebol de Sergipe
Não foi fácil implantar o futebol em terras sergipanas. A exemplo do que aconteceu em outros Estados, o novo esporte sofreu com o preconceito que imperava naqueles distantes anos. Quem praticava o futebol era mal visto e logo chamado de vagabundo. A primeira exibição pública de futebol, em Sergipe, remonta ao dia 7 de setembro de 1907 e aconteceu por iniciativa do major Crispim Ferreira, do 26º Batalhão de Infantaria, sediado em Aracaju. Soldados e recrutas daquela guarnição militar se reuniram num campo improvisado na Praça Valadão, que ficava defronte o Quartel e jogaram uma partida entre si. Ao que se sabe cada equipe tinha oito jogadores e o juiz foi o jovem Jaime Azevedo Villas Boas, que residia em Salvador e conhecia as regras. Ele arbitrou o jogo sozinho, não contando com o auxílio de bandeirinhas. O resultado foi um empate de 0 X 0.
Em 1909, Mário Lins de Carvalho, um jovem de 17 anos, natural da cidade de Lagarto e que morava em Salvador (BA), mudou-se para Aracaju, levando consigo a firme idéia de fundar um clube voltado para a prática do futebol. Contando com o auxílio do amigo Carlos Baptista Bittencourt foi realizada uma reunião na casa deste, na rua de Maruim, quando foi fundado o Sport Clube Lux. Como o nome não agradou, em seguida mudou para Club de Football Sergipano.
Na reunião também foram aprovadas o vermelho e branco como cores oficiais e para sede improvisada a casa de um dos fundadores, João Rocha, na rua Laranjeiras, 123. Os treinos eram realizados na Praça do Palácio, atual Fausto Cardoso. Depois do Sergipano, vários clubes de futebol começaram a surgir nos arredores de Aracaju. Tudo era improvisado, afora os campos de jogo. As chuteiras eram botinas adaptadas pelos sapateiros e as bolas, quando não podiam ser compradas em Salvador eram feitas pelos sapateiros locais. E quem não tinha dinheiro jogava com bolas de meias e pés descalços.
O Club Sportivo Sergipe é o segundo clube mais antigo do Estado, fundado em 17 de outubro de 1907. O Cotinguiba Sport Club nasceu uma semana antes, em 10 de outubro. Nos primeiros tempos os dois clubes se dedicavam exclusivamente aos esportes náuticos. Só forami aderir ao futebol em meados de 1916, e assim mesmo limitado aos seus sócios, em animados treinos realizados pelos "Team Green" e "Team Black" num campo improvisado da Praça Pinheiro Machado. Somente no final do ano é que oficialmente, os dois clubes resolveram adotar o novo esporte, graças aos esforços do capitão da Marinha, Aminthas José Jorge, um apaixonado pelo futebol.
Também foi graças ao prestígio político do almirante, que o prefeito Alexandre Freire construiu o campo de futebol da Praça Pinheiro Machado. As arquibancadas ficavam sempre lotadas às tardes de domingos, com uma forte presença de senhoras e senhoritas da sociedade local, derrubando de uma vez por todas os preconceitos daqueles que consideravam o futebol um esporte vulgar.
O Sergipe é o único clube que participou de todos os campeonatos do Estado. Também foi o primeiro a disputar jogos internacionais, tendo enfrentado equipes de porte como a Seleção de Novos da Argentina, Seleção de Ghana e clubes da Europa e America do Sul. Foi o primeiro clube do Estado a participar do Campeonato Nacional, em 1972, quando ficou na 26ª colocação. É o maior colecionador de títulos estaduais e o único hexacampeão. Foi o Sergipe o responsável por uma das maiores goleadas acontecidas no Estado: em 1996 goleou o Propriá pelo placar de 14 x 0.
Em outubro de 1916, quando o futebol foi adotado por Sergipe e Cotinguiba, os sócios jogadores desses dois clubes, formaram a “Seleção de Aracaju, derrotando o Sergipe F.C. de Própria por 4 x 0, no primeiro jogo de futebol organizado no Estado e conquistaram a “Taça Ao Preço Fixo”, o primeiro troféu da história do futebol sergipano. Isso criou um problema: a qual dos dois clubes pertenceria o histórico troféu?
Para resolver a situação, em dezembro daquele mesmo ano, Sergipe e Cotinguiba se separaram e um jogo foi marcado para decidir quem ficaria com o troféu. O Sergipe venceu por 3 X 2, com o jogador Alfredo Roque, um mulato carioca que trabalhava como contínuo no Banco do Brasil tendo marcado dois gols. No primeiro jogo interestadual disputado em Sergipe, em 1917, Roque foi o autor do gol da Vitória de 1 x 0 da Seleção de Aracaju sobre o S.C. Republica, campeão baiano. No final de 1921, Roque retornou ao Rio de Janeiro.
Em 1917 surgiu outro clube organizado; o Industrial, pertencente à Fabrica Sergipe Industrial do bairro da zona norte. No primeiro campeonato oficial, disputado em 1918, organizado pela Liga Desportiva Sergipana, quatro equipes participaram: Cotinguiba, 41° Batalhão F.C., Sergipe e Industrial. Industrial e Cotinguiba se reforçaram com jogadores vindos da Bahia, entre eles, o centro-avante Conceição, que foi o artilheiro do campeonato daquele ano e dois anos depois, retornou ao futebol da “Boa Terra”. O Cotinguiba foi campeão ao derrotar o Sergipe por 2 x 0 no jogo final.
No ano seguinte, 1919, o campeonato não foi realizado. Justamente quando se esperava que fosse o mais espetacular, rebentou uma crise inesperada. Devido ao grande número de jogadores vindos de Salvador, a LDS regulamentou o assunto, fixando um prazo mínimo de permanência dos baianos em Aracaju. O Industrial, que tinha 90% de baianos em seu grupo protestou e, da acirrada “briga administrativa”, resultou a sua desfiliação da LDS.Com dois clubes apenas, Sergipe e Cotinguiba não houve campeonato naquele ano.
Em 1920 o campeonato recomeçou e os jogos eram disputados no Estádio Adolpho Rolemberg, considerado na época o melhor e mais moderno de todo o Nordeste. Pela euforia do acontecimento a Liga perdoou o Industrial, que voltou às lides futebolísticas. Mesmo com apenas três clubes filiados, organizou-se o primeiro campeonato no novo estádio.Tudo parecia bem quando outra crise estourou: devido a uma punição sofrida por um jogador de seu segundo quadro, o Sergipe se indispôs com a Liga e abandonou o campeonato principal ainda no 1º turno. O título então teve de ser decidido entre Cotinguiba e Industrial.
Os campeonatos de 1921 e 1922 transcorreram normalmente, principalmente o “campeonato do centenário”, que contou com a participação de três novos clubes Esperança, Aracaju e Associação Desportiva Brasil, além de Industrial, Cotinguiba e Sergipe. Mas, na decisão do título de 1923, no início de 1924, outra crise estourou no futebol sergipano, desta vez com graves conseqüências.
Por causa de uma penalidade máxima assinalada pelo juiz baiano Oscar Coelho, contra o Industrial, quando o jogo estava em 1 x 1 o “tempo fechou”. Os atletas do clube proletário se insurgiram contra o juiz, provocando um enorme tumulto que culminou com a retirada de campo do alvinegro. No dia seguinte, o patrono do clube, o industrial Teles Ferraz, que presenciara o acontecimento, convocou uma Assembléia Geral, decidindo pela extinção da agremiação operária.
O certame de 1924 foi um fracasso. Com o desaparecimento do Industrial, uma espécie de Confiança daquela época, desencadeou um desinteresse geral, culminando com o afastamento do Esperança do bairro Santo Antônio. O público se afastou do Adolfo Rolemberg, que permaneceu fechado por longo tempo e seu gramado virou pasto para animais. Entre 1925 e 1926, o futebol praticamente desapareceu de Aracaju.
Em 1927 houve uma divisão no futebol do Estado, com o surgimento da Liga Sergipana de Esportes Atléticos (LSEA), com apenas três clubes filiados: Associação Atlética, América e Palmeiras, enquanto a Liga Desportiva Sergipana tinha quatro clubes filiados: Sergipe, Brasil, Cotinguiba e Aracaju.
No ano seguinte, com o fechamento da Liga Desportiva Sergipana, a nova entidade passou a comandar o futebol sergipano. Em 1931 mais oito clubes filiaram-se a ela, Vasco, Guarani, Paulistano, Palestra, Vitória, Siqueira Campos, 13 de Julho e ETEA. Em 10 de novembro de 1941 mudou a denominação para Federação Sergipana de Desportos, e em 20 de janeiro de 1976, por decisão da Assembléia Geral Extraordinária, para a atual Federação Sergipana de Futebol.
Os clubes do interior do Estado passaram a disputar o campeonato sergipano, apenas a partir de 1936, com a inclusão do Ipiranga, da cidade de Maruim. Em 1939 foram criadas as divisões do Interior, com quatro clubes, Ipiranga, Riachuelo, Socialista e Laranjeiras, e a da Capital. O Ipiranga ganhou a disputa interiorana e o Sergipe a de Aracaju. Para decidir quem ficaria com o título máximo, os dois clubes disputaram uma melhor de três partidas, onde o Sergipe levou a melhor, fazendo 2 X 0 na prorrogação do jogo decisivo. No entanto, o Ipiranga foi proclamado campeão, pois o Sergipe incluiu em sua equipe o jogador Renato Vieira, que estava inscrito na Liga Paulista. Essa fórmula de campeonato manteve-se até 1958.
A partir de 1959 o campeonato foi disputado por zonas: Leste (capital), Norte, Sul e Centro (interior). Os cinco melhores da capital e os campeões das zonas interioranas se juntavam para realizar o Campeonato Sergipano, em turno e returno. O primeiro campeonato de profissionais no Estado foi realizado em 1960, quando o Santa Cruz foi campeão.
O Estádio Lourival Baptista, o “Baptistão” foi inaugurado em 9 de julho de 1969, quando 45.058 torcedores assistiram o jogo Seleção Brasileira 8 X 2 Seleção de Sergipe. Os gols foram marcados por Toninho (3), Clodoaldo (marcou o primeiro gol da história do estádio), Gerson, Paulo César Caju, Beto (contra) e Paulo Borges, para o selecionado nacional e Vevé e Fernando para o time sergipano. O juiz foi Armando Marques.
Todos os campeões estaduais
Com 32 títulos: Sergipe (1922, 1924, 1927, 1928, 1929, 1932, 1933, 1937, 1940, 1943, 1955, 1961, 1964, 1967, 1970, 1971, 1972, 1974, 1975, 1984, 1985, 1989, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1999, 2000, campeonato sub júdice, e 2003); com 16 títulos: Confiança (1951, 1954, 1962, 1963, 1965, 1968, 1976, 1977, 1983, 1986, 1988, 1990, 2001, 2002, 2004 e 2008); com nove títulos: Itabaiana (1969, 1973, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, junto com o Sergipe, 1997 e 2005); com seis títulos: Cotinguiba (1918, 1920, 1923, 1936, 1942 e 1952); com cinco títulos: Santa Cruz (1956, 1957, 1958, 1959 e 1960); com quatro títulos: Vasco (1944, 1948, 1953, 1987); com três títulos: Palestra (1934, 1935 e 1949); com dois títulos: Ypiranga (1939 e 1945), Olímpico (1946 e 1947) e América (1966 e 2007); com apenas um título: Passagem (1950), Pirambu (2006), Industrial (1921), Riachuelo (1941) e Lagartense (1998). Nos anos de 1919, 1925, 1926, 1930, 1931 e 1938 o campeonato não foi realizado. (Pesquisa: Nilo Dias)
Em 1909, Mário Lins de Carvalho, um jovem de 17 anos, natural da cidade de Lagarto e que morava em Salvador (BA), mudou-se para Aracaju, levando consigo a firme idéia de fundar um clube voltado para a prática do futebol. Contando com o auxílio do amigo Carlos Baptista Bittencourt foi realizada uma reunião na casa deste, na rua de Maruim, quando foi fundado o Sport Clube Lux. Como o nome não agradou, em seguida mudou para Club de Football Sergipano.
Na reunião também foram aprovadas o vermelho e branco como cores oficiais e para sede improvisada a casa de um dos fundadores, João Rocha, na rua Laranjeiras, 123. Os treinos eram realizados na Praça do Palácio, atual Fausto Cardoso. Depois do Sergipano, vários clubes de futebol começaram a surgir nos arredores de Aracaju. Tudo era improvisado, afora os campos de jogo. As chuteiras eram botinas adaptadas pelos sapateiros e as bolas, quando não podiam ser compradas em Salvador eram feitas pelos sapateiros locais. E quem não tinha dinheiro jogava com bolas de meias e pés descalços.
O Club Sportivo Sergipe é o segundo clube mais antigo do Estado, fundado em 17 de outubro de 1907. O Cotinguiba Sport Club nasceu uma semana antes, em 10 de outubro. Nos primeiros tempos os dois clubes se dedicavam exclusivamente aos esportes náuticos. Só forami aderir ao futebol em meados de 1916, e assim mesmo limitado aos seus sócios, em animados treinos realizados pelos "Team Green" e "Team Black" num campo improvisado da Praça Pinheiro Machado. Somente no final do ano é que oficialmente, os dois clubes resolveram adotar o novo esporte, graças aos esforços do capitão da Marinha, Aminthas José Jorge, um apaixonado pelo futebol.
Também foi graças ao prestígio político do almirante, que o prefeito Alexandre Freire construiu o campo de futebol da Praça Pinheiro Machado. As arquibancadas ficavam sempre lotadas às tardes de domingos, com uma forte presença de senhoras e senhoritas da sociedade local, derrubando de uma vez por todas os preconceitos daqueles que consideravam o futebol um esporte vulgar.
O Sergipe é o único clube que participou de todos os campeonatos do Estado. Também foi o primeiro a disputar jogos internacionais, tendo enfrentado equipes de porte como a Seleção de Novos da Argentina, Seleção de Ghana e clubes da Europa e America do Sul. Foi o primeiro clube do Estado a participar do Campeonato Nacional, em 1972, quando ficou na 26ª colocação. É o maior colecionador de títulos estaduais e o único hexacampeão. Foi o Sergipe o responsável por uma das maiores goleadas acontecidas no Estado: em 1996 goleou o Propriá pelo placar de 14 x 0.
Em outubro de 1916, quando o futebol foi adotado por Sergipe e Cotinguiba, os sócios jogadores desses dois clubes, formaram a “Seleção de Aracaju, derrotando o Sergipe F.C. de Própria por 4 x 0, no primeiro jogo de futebol organizado no Estado e conquistaram a “Taça Ao Preço Fixo”, o primeiro troféu da história do futebol sergipano. Isso criou um problema: a qual dos dois clubes pertenceria o histórico troféu?
Para resolver a situação, em dezembro daquele mesmo ano, Sergipe e Cotinguiba se separaram e um jogo foi marcado para decidir quem ficaria com o troféu. O Sergipe venceu por 3 X 2, com o jogador Alfredo Roque, um mulato carioca que trabalhava como contínuo no Banco do Brasil tendo marcado dois gols. No primeiro jogo interestadual disputado em Sergipe, em 1917, Roque foi o autor do gol da Vitória de 1 x 0 da Seleção de Aracaju sobre o S.C. Republica, campeão baiano. No final de 1921, Roque retornou ao Rio de Janeiro.
Em 1917 surgiu outro clube organizado; o Industrial, pertencente à Fabrica Sergipe Industrial do bairro da zona norte. No primeiro campeonato oficial, disputado em 1918, organizado pela Liga Desportiva Sergipana, quatro equipes participaram: Cotinguiba, 41° Batalhão F.C., Sergipe e Industrial. Industrial e Cotinguiba se reforçaram com jogadores vindos da Bahia, entre eles, o centro-avante Conceição, que foi o artilheiro do campeonato daquele ano e dois anos depois, retornou ao futebol da “Boa Terra”. O Cotinguiba foi campeão ao derrotar o Sergipe por 2 x 0 no jogo final.
No ano seguinte, 1919, o campeonato não foi realizado. Justamente quando se esperava que fosse o mais espetacular, rebentou uma crise inesperada. Devido ao grande número de jogadores vindos de Salvador, a LDS regulamentou o assunto, fixando um prazo mínimo de permanência dos baianos em Aracaju. O Industrial, que tinha 90% de baianos em seu grupo protestou e, da acirrada “briga administrativa”, resultou a sua desfiliação da LDS.Com dois clubes apenas, Sergipe e Cotinguiba não houve campeonato naquele ano.
Em 1920 o campeonato recomeçou e os jogos eram disputados no Estádio Adolpho Rolemberg, considerado na época o melhor e mais moderno de todo o Nordeste. Pela euforia do acontecimento a Liga perdoou o Industrial, que voltou às lides futebolísticas. Mesmo com apenas três clubes filiados, organizou-se o primeiro campeonato no novo estádio.Tudo parecia bem quando outra crise estourou: devido a uma punição sofrida por um jogador de seu segundo quadro, o Sergipe se indispôs com a Liga e abandonou o campeonato principal ainda no 1º turno. O título então teve de ser decidido entre Cotinguiba e Industrial.
Os campeonatos de 1921 e 1922 transcorreram normalmente, principalmente o “campeonato do centenário”, que contou com a participação de três novos clubes Esperança, Aracaju e Associação Desportiva Brasil, além de Industrial, Cotinguiba e Sergipe. Mas, na decisão do título de 1923, no início de 1924, outra crise estourou no futebol sergipano, desta vez com graves conseqüências.
Por causa de uma penalidade máxima assinalada pelo juiz baiano Oscar Coelho, contra o Industrial, quando o jogo estava em 1 x 1 o “tempo fechou”. Os atletas do clube proletário se insurgiram contra o juiz, provocando um enorme tumulto que culminou com a retirada de campo do alvinegro. No dia seguinte, o patrono do clube, o industrial Teles Ferraz, que presenciara o acontecimento, convocou uma Assembléia Geral, decidindo pela extinção da agremiação operária.
O certame de 1924 foi um fracasso. Com o desaparecimento do Industrial, uma espécie de Confiança daquela época, desencadeou um desinteresse geral, culminando com o afastamento do Esperança do bairro Santo Antônio. O público se afastou do Adolfo Rolemberg, que permaneceu fechado por longo tempo e seu gramado virou pasto para animais. Entre 1925 e 1926, o futebol praticamente desapareceu de Aracaju.
Em 1927 houve uma divisão no futebol do Estado, com o surgimento da Liga Sergipana de Esportes Atléticos (LSEA), com apenas três clubes filiados: Associação Atlética, América e Palmeiras, enquanto a Liga Desportiva Sergipana tinha quatro clubes filiados: Sergipe, Brasil, Cotinguiba e Aracaju.
No ano seguinte, com o fechamento da Liga Desportiva Sergipana, a nova entidade passou a comandar o futebol sergipano. Em 1931 mais oito clubes filiaram-se a ela, Vasco, Guarani, Paulistano, Palestra, Vitória, Siqueira Campos, 13 de Julho e ETEA. Em 10 de novembro de 1941 mudou a denominação para Federação Sergipana de Desportos, e em 20 de janeiro de 1976, por decisão da Assembléia Geral Extraordinária, para a atual Federação Sergipana de Futebol.
Os clubes do interior do Estado passaram a disputar o campeonato sergipano, apenas a partir de 1936, com a inclusão do Ipiranga, da cidade de Maruim. Em 1939 foram criadas as divisões do Interior, com quatro clubes, Ipiranga, Riachuelo, Socialista e Laranjeiras, e a da Capital. O Ipiranga ganhou a disputa interiorana e o Sergipe a de Aracaju. Para decidir quem ficaria com o título máximo, os dois clubes disputaram uma melhor de três partidas, onde o Sergipe levou a melhor, fazendo 2 X 0 na prorrogação do jogo decisivo. No entanto, o Ipiranga foi proclamado campeão, pois o Sergipe incluiu em sua equipe o jogador Renato Vieira, que estava inscrito na Liga Paulista. Essa fórmula de campeonato manteve-se até 1958.
A partir de 1959 o campeonato foi disputado por zonas: Leste (capital), Norte, Sul e Centro (interior). Os cinco melhores da capital e os campeões das zonas interioranas se juntavam para realizar o Campeonato Sergipano, em turno e returno. O primeiro campeonato de profissionais no Estado foi realizado em 1960, quando o Santa Cruz foi campeão.
O Estádio Lourival Baptista, o “Baptistão” foi inaugurado em 9 de julho de 1969, quando 45.058 torcedores assistiram o jogo Seleção Brasileira 8 X 2 Seleção de Sergipe. Os gols foram marcados por Toninho (3), Clodoaldo (marcou o primeiro gol da história do estádio), Gerson, Paulo César Caju, Beto (contra) e Paulo Borges, para o selecionado nacional e Vevé e Fernando para o time sergipano. O juiz foi Armando Marques.
Todos os campeões estaduais
Com 32 títulos: Sergipe (1922, 1924, 1927, 1928, 1929, 1932, 1933, 1937, 1940, 1943, 1955, 1961, 1964, 1967, 1970, 1971, 1972, 1974, 1975, 1984, 1985, 1989, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1999, 2000, campeonato sub júdice, e 2003); com 16 títulos: Confiança (1951, 1954, 1962, 1963, 1965, 1968, 1976, 1977, 1983, 1986, 1988, 1990, 2001, 2002, 2004 e 2008); com nove títulos: Itabaiana (1969, 1973, 1978, 1979, 1980, 1981, 1982, junto com o Sergipe, 1997 e 2005); com seis títulos: Cotinguiba (1918, 1920, 1923, 1936, 1942 e 1952); com cinco títulos: Santa Cruz (1956, 1957, 1958, 1959 e 1960); com quatro títulos: Vasco (1944, 1948, 1953, 1987); com três títulos: Palestra (1934, 1935 e 1949); com dois títulos: Ypiranga (1939 e 1945), Olímpico (1946 e 1947) e América (1966 e 2007); com apenas um título: Passagem (1950), Pirambu (2006), Industrial (1921), Riachuelo (1941) e Lagartense (1998). Nos anos de 1919, 1925, 1926, 1930, 1931 e 1938 o campeonato não foi realizado. (Pesquisa: Nilo Dias)
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Grêmio, 105 anos de glórias
Hoje, 15 de setembro de 2008, o Grêmio Fott-Ball Portoalegrense está completando 105 anos de existência. O tradicional tricolor gaúcho nasceu com vocação para o futebol, já que sua origem se deu em razão de uma bola. O jovem comerciante Cândido Dias, um paulista que morava em Porto Alegre tinha recebido de presente de amigos de São Paulo uma bola de futebol importada e uma bomba de ar para enchê-la.
Conhecedor das regras, pois já havia jogado futebol em sua terra, Cândido se propôs a mostrar para um grupo de amigos como se praticava o novo esporte. Para isso, organizou uma "pelada". Não deu outra, os amigos gostaram tanto, que decidiram fundar um clube, o que aconteceu na noite de 15 de setembro de 1903, em um restaurante da antiga rua 15 de Novembro, hoje José Montaury.
Vinte rapazes estiveram na reunião, mas outros 12 também assinaram a ata, completando um total de 32 fundadores. Carlos Luiz Bohrer foi eleito o primeiro presidente do Grêmio, sem imaginar que ali estava começando uma história de muitas glórias.
O primeiro jogo do Grêmio aconteceu somente no dia 6 de março de 1904, quase meio ano depois da sua fundação. O adversário foi o Fuss Ball Porto Alegre, já extinto. Como naquela época era costume a realização de jogos preliminares entre os chamados segundos quadros, dois troféus foram colocados em disputa: o "Vereinpreiss" e o "Wanderpreiss".
O Grêmio venceu o seu jogo de estréia por 1 X 0, mas os jornais não informaram quem foi o autor do primeiro gol da história do clube. O programa dos jogos, com escalações dos times e outros detalhes, foi impresso em português e em alemão. O "Wanderpeiss", um bonito copo de metal, foi o primeiro troféu conquistado pelo tricolor gaúcho.
Nos primeiros seis anos de existência, o Grêmio jogou apenas 16 partidas, 15 contra o Fuss Ball e uma frente o S.C. Rio Grande, pois eram raros os adversários. Em 18 de julho de 1909, o Grêmio enfrentou pela primeira vez o recém fundado S.C. Internacional, aplicando uma goleada de 10 X 0, até hoje a maior da história do clássico.
O primeiro Gre-Nal teve cinco árbitros: Waldemar Bromberg, o principal; Castro Silva e Sommes, os bandeirinhas e Theobaldo Foergens e Theodoro Bugs os fiscais de gol, que ficavam sentados junto às traves para informar ao juiz se a bola passara por dentro, pois naquela época ainda não eram usadas redes nas goleiras.
O atacante Booth, do Grêmio, marcou o primeiro gol do clássico e também foi o primeiro jogador a tocar na bola na história do Gre-Nal, já que ele deu o pontapé inicial do jogo. O chute entrou para a história como o ponto de partida de uma rivalidade quase cenetenária.
A primeira divergência entre gremistas e colorados aconteceu antes do primeiro Gre-Nal. O Internacional, desafiante, queria pagar as despesas da festa de confraternização. O Grêmio insistiu em bancar os gastos e a polêmica só terminou diante da ameaça de cancelamento do jogo. O tricolor pagou a festa.
Ninguém sabe a autoria dos gols do Grêmio nas vitórias de 10 x 1 e 6 x 0 nos clássicos números três e quatro. Não há registros oficiais e nem os jornais informaram os goleadores. O Correio do Povo noticiou apenas o gol de Vinholes para o Inter.
O Gre-Nal número dois, disputado em 1910, já foi oficial. Valeu pelo primeiro campeonato municipal de Porto Alegre e o Grêmio venceu por 5 x 0. O jogo também teve uma novidade: redes nas goleiras, acabando com presença dos juizes de gol. O quinteto de arbitragem se transformou em trio, com o árbitro principal e os dois bandeiras.
Uma novidade apresentada no Gre-Nal número três, em 1911 gerou protesto dos torcedores: a cobrança de ingressos. A iniciativa foi do Grêmio, sob a justificativa de que precisava de dinheiro para cobrir as despesas de construção do novo pavilhão da Baixada.
As duas maiores goleadas do Gre-Nal aconteceram na primeira década do clássico e foram aplicadas pelo Grêmio: 10 X 0, em 1909, no jogo número um, e 10 x 1, em 1911, no número três.
O primeiro uniforme do Grêmio foi azul e havana. Em seguida o havana deu lugar ao preto, pois havia dificuldade para encontrar o tecido em quantidade suficiente. Por isso, até 1912 o uniforme se manteve nas cores azul e preto, quando começou a aparecer o branco em várias combinações. O modelo final da camiseta, tricolor em listras verticais azuis, pretas e brancas surgiu em 1929.
A Baixada, no bairro Moinhos de Vento foi o primeiro estádio do Grêmio, localizado ao lado de um antigo hipódromo. O terreno foi comprado da família Mostardeiro. A inauguração ocorreu no dia 4 de agosto de 1904. Os próprios associados ajudaram a limpar o terreno e posteriormente plantaram plátanos atrás da primeira arquibancada.
O primeiro campeonato de Porto Alegre vencido pelo Grêmio foi 1911, um ano depois da fundação da Liga de Porto Alegre. Em 1918, o Grêmio participou da fundação da Federação Gaúcha de Futebol, conquistando seu primeiro campeonato Gaúcho em 1921. A primeira viagem ao exterior aconteceu em 1936, quando jogou em Rivera, Uruguai, contra o Oriental Atletic Club. Porém um dos títulos mais festejados pelos torcedores gremistas na época foi o Campeonato da Cidade de 1935, em homenagem ao Centenário da Revolução Farroupilha.
O Grêmio virou o jogo nos últimos 5 minutos e em homenagem à heróica vitória, os jogadores decidiram que aquele título deveria ser comemorado por 100 anos. E, todos os anos, na mesma data, é realizado o "Jantar Farroupilha". Em 1961, foi a vez da primeira excursão à Europa. Foram 79 dias, onde o Grêmio disputou 24 jogos em 11 países. Mesmo com todas as glórias regionais, faltava ao Grêmio a consagração nacional. Em 1981, o clube chegou ao seu primeiro título nacional, derrotando o São Paulo por 1 X 0, em epeleno Morumbi, deixando mais de 100 mil torcedores emudecidos.
Em 1983, o Grêmio conquistou a Copa Libertadores da América, abrindo caminho para a conquista do maior título que um clube pode perseguir: o de campeão do Mundo. E no mesmo ano, o Grêmio foi até Tokio para vencer o Hamburgo e levantar a taça de Campeão Mundial. Depois disso ainda conquistou duas vezes a Copa do Brasil, em 1995 chegou ao Bicampeonato da Libertadores, e 1996 Bi-Campeão Brasileiro.
O Clube foi também campeão brasileiro em 1981 e 1996, da Copa do Brasil em 1989, 1994, 1997 e 2001. Na relação de títulos ainda se incluem 33 vezes em que obteve o campeonato de Porto Alegre. Até hoje, em 73 participações, o Grêmio foi campeão gaúcho 33 vezes, obtendo a sua maior série com o hepta (62-68). Além de ganhar a Copa Libertadores em 83 e 95, o Mundial de clubes em 1983, venceu diversos torneios internacionais.
A estrela dourada que tem no alto da bandeira gremista, acima do escudo, simboliza uma homenagem ao jogador Everaldo, campeão mundial pela Seleção Brasileira na Copa de 70, e que morreu num acidente de carro em 1974 quando percorria o interior gaúcho na sua campanha para deputado estadual. O Dodge Dart de Everaldo bateu de frente numa carreta que corria a 160 km/hora.
No dia 17 de setembro de 1916, dois dias depois de completar 13 anos de existência, o Grêmio chegou ao maior triunfo de sua história. Vencendo a grande Seleção do Uruguai por 2 X 1, no Estádio da Baixada, o Tricolor conquistava a Taça Rio Branco.
A maior Goleada do Grêmio Aconteceu dia 25 de Agosto de 1912, 23 X 0 sobre o Sport Club Nacional de Porto Alegre. O destaque da partida foi o jogador Sisson, que marcou 14 gols. (Pesquisa: Nilo Dias)
Conhecedor das regras, pois já havia jogado futebol em sua terra, Cândido se propôs a mostrar para um grupo de amigos como se praticava o novo esporte. Para isso, organizou uma "pelada". Não deu outra, os amigos gostaram tanto, que decidiram fundar um clube, o que aconteceu na noite de 15 de setembro de 1903, em um restaurante da antiga rua 15 de Novembro, hoje José Montaury.
Vinte rapazes estiveram na reunião, mas outros 12 também assinaram a ata, completando um total de 32 fundadores. Carlos Luiz Bohrer foi eleito o primeiro presidente do Grêmio, sem imaginar que ali estava começando uma história de muitas glórias.
O primeiro jogo do Grêmio aconteceu somente no dia 6 de março de 1904, quase meio ano depois da sua fundação. O adversário foi o Fuss Ball Porto Alegre, já extinto. Como naquela época era costume a realização de jogos preliminares entre os chamados segundos quadros, dois troféus foram colocados em disputa: o "Vereinpreiss" e o "Wanderpreiss".
O Grêmio venceu o seu jogo de estréia por 1 X 0, mas os jornais não informaram quem foi o autor do primeiro gol da história do clube. O programa dos jogos, com escalações dos times e outros detalhes, foi impresso em português e em alemão. O "Wanderpeiss", um bonito copo de metal, foi o primeiro troféu conquistado pelo tricolor gaúcho.
Nos primeiros seis anos de existência, o Grêmio jogou apenas 16 partidas, 15 contra o Fuss Ball e uma frente o S.C. Rio Grande, pois eram raros os adversários. Em 18 de julho de 1909, o Grêmio enfrentou pela primeira vez o recém fundado S.C. Internacional, aplicando uma goleada de 10 X 0, até hoje a maior da história do clássico.
O primeiro Gre-Nal teve cinco árbitros: Waldemar Bromberg, o principal; Castro Silva e Sommes, os bandeirinhas e Theobaldo Foergens e Theodoro Bugs os fiscais de gol, que ficavam sentados junto às traves para informar ao juiz se a bola passara por dentro, pois naquela época ainda não eram usadas redes nas goleiras.
O atacante Booth, do Grêmio, marcou o primeiro gol do clássico e também foi o primeiro jogador a tocar na bola na história do Gre-Nal, já que ele deu o pontapé inicial do jogo. O chute entrou para a história como o ponto de partida de uma rivalidade quase cenetenária.
A primeira divergência entre gremistas e colorados aconteceu antes do primeiro Gre-Nal. O Internacional, desafiante, queria pagar as despesas da festa de confraternização. O Grêmio insistiu em bancar os gastos e a polêmica só terminou diante da ameaça de cancelamento do jogo. O tricolor pagou a festa.
Ninguém sabe a autoria dos gols do Grêmio nas vitórias de 10 x 1 e 6 x 0 nos clássicos números três e quatro. Não há registros oficiais e nem os jornais informaram os goleadores. O Correio do Povo noticiou apenas o gol de Vinholes para o Inter.
O Gre-Nal número dois, disputado em 1910, já foi oficial. Valeu pelo primeiro campeonato municipal de Porto Alegre e o Grêmio venceu por 5 x 0. O jogo também teve uma novidade: redes nas goleiras, acabando com presença dos juizes de gol. O quinteto de arbitragem se transformou em trio, com o árbitro principal e os dois bandeiras.
Uma novidade apresentada no Gre-Nal número três, em 1911 gerou protesto dos torcedores: a cobrança de ingressos. A iniciativa foi do Grêmio, sob a justificativa de que precisava de dinheiro para cobrir as despesas de construção do novo pavilhão da Baixada.
As duas maiores goleadas do Gre-Nal aconteceram na primeira década do clássico e foram aplicadas pelo Grêmio: 10 X 0, em 1909, no jogo número um, e 10 x 1, em 1911, no número três.
O primeiro uniforme do Grêmio foi azul e havana. Em seguida o havana deu lugar ao preto, pois havia dificuldade para encontrar o tecido em quantidade suficiente. Por isso, até 1912 o uniforme se manteve nas cores azul e preto, quando começou a aparecer o branco em várias combinações. O modelo final da camiseta, tricolor em listras verticais azuis, pretas e brancas surgiu em 1929.
A Baixada, no bairro Moinhos de Vento foi o primeiro estádio do Grêmio, localizado ao lado de um antigo hipódromo. O terreno foi comprado da família Mostardeiro. A inauguração ocorreu no dia 4 de agosto de 1904. Os próprios associados ajudaram a limpar o terreno e posteriormente plantaram plátanos atrás da primeira arquibancada.
O primeiro campeonato de Porto Alegre vencido pelo Grêmio foi 1911, um ano depois da fundação da Liga de Porto Alegre. Em 1918, o Grêmio participou da fundação da Federação Gaúcha de Futebol, conquistando seu primeiro campeonato Gaúcho em 1921. A primeira viagem ao exterior aconteceu em 1936, quando jogou em Rivera, Uruguai, contra o Oriental Atletic Club. Porém um dos títulos mais festejados pelos torcedores gremistas na época foi o Campeonato da Cidade de 1935, em homenagem ao Centenário da Revolução Farroupilha.
O Grêmio virou o jogo nos últimos 5 minutos e em homenagem à heróica vitória, os jogadores decidiram que aquele título deveria ser comemorado por 100 anos. E, todos os anos, na mesma data, é realizado o "Jantar Farroupilha". Em 1961, foi a vez da primeira excursão à Europa. Foram 79 dias, onde o Grêmio disputou 24 jogos em 11 países. Mesmo com todas as glórias regionais, faltava ao Grêmio a consagração nacional. Em 1981, o clube chegou ao seu primeiro título nacional, derrotando o São Paulo por 1 X 0, em epeleno Morumbi, deixando mais de 100 mil torcedores emudecidos.
Em 1983, o Grêmio conquistou a Copa Libertadores da América, abrindo caminho para a conquista do maior título que um clube pode perseguir: o de campeão do Mundo. E no mesmo ano, o Grêmio foi até Tokio para vencer o Hamburgo e levantar a taça de Campeão Mundial. Depois disso ainda conquistou duas vezes a Copa do Brasil, em 1995 chegou ao Bicampeonato da Libertadores, e 1996 Bi-Campeão Brasileiro.
O Clube foi também campeão brasileiro em 1981 e 1996, da Copa do Brasil em 1989, 1994, 1997 e 2001. Na relação de títulos ainda se incluem 33 vezes em que obteve o campeonato de Porto Alegre. Até hoje, em 73 participações, o Grêmio foi campeão gaúcho 33 vezes, obtendo a sua maior série com o hepta (62-68). Além de ganhar a Copa Libertadores em 83 e 95, o Mundial de clubes em 1983, venceu diversos torneios internacionais.
A estrela dourada que tem no alto da bandeira gremista, acima do escudo, simboliza uma homenagem ao jogador Everaldo, campeão mundial pela Seleção Brasileira na Copa de 70, e que morreu num acidente de carro em 1974 quando percorria o interior gaúcho na sua campanha para deputado estadual. O Dodge Dart de Everaldo bateu de frente numa carreta que corria a 160 km/hora.
No dia 17 de setembro de 1916, dois dias depois de completar 13 anos de existência, o Grêmio chegou ao maior triunfo de sua história. Vencendo a grande Seleção do Uruguai por 2 X 1, no Estádio da Baixada, o Tricolor conquistava a Taça Rio Branco.
A maior Goleada do Grêmio Aconteceu dia 25 de Agosto de 1912, 23 X 0 sobre o Sport Club Nacional de Porto Alegre. O destaque da partida foi o jogador Sisson, que marcou 14 gols. (Pesquisa: Nilo Dias)
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Um novo rei no mundo do futebol
O artigo de hoje não é nenhum conto de “As Mil e uma Noites”, uma coletânea de fascinantes histórias inventadas e preservadas na tradição oral pelos povos da Pérsia e da Índia e que se tornaram célebres no mundo inteiro, pela pena do professor, educador, pedagogo, escritor e conferencista brasileiro Júlio César de Mello e Souza, nascido no Rio de Janeiro em 6 de maio de 1895, que se valia do pseudônimo Malba Tahan, para assinar suas obras.
Mas bem que poderia ser. O mundo do futebol acaba de conhecer um novo, rico, poderoso e surpreendente personagem, Sulaiman Al Fahim, um homem de negócios de Dubai, membro da família real de Abu Dhabi e representante do fundo de investimento Abu Dhabi United Group (ADUG), que comprou o tradicional clube inglês Manchester City por 245 milhões de euros, duas vezes e meia o montante pago pelo ex-primeiro ministro tailandês Thaksin Shinawatra, há um ano. Este permanecerá como presidente honorário, sem qualquer responsabilidade administrativa.
Aos 31 anos, Sulaiman Al Fahim, que estudou nos Estados Unidos e se especializou em gestão de bens imobiliários, já conta com uma fortuna colossal. E foi justamente no mercado imobiliário que consolidou sua riqueza, a frente do grupo “Hydra Properties”, construtor de vários complexos hoteleiros de luxo e com participação em diversos conselhos de administração de empresas dos mercados imobiliário e financeiro. De acordo com a revista “Arabian Business”, Al Fahim é hoje a décima sexta personalidade árabe mais influente. É presença assídua em Hollywood, onde gosta de ser fotografado ao lado de estrelas do cinema.
Por ser dono de um programa televisivo e face à semelhança do seu realty show com o “The Apprentice”, do multimilionário norteamericano, o dono do Manchester City já foi apelidado pela imprensa britânica de o “Donald Trump” do Golfo Pérsico, que chegou para ameaçar a liderança dos “Big Four”, os quatro grandes clubes ingleses: Manchester United, Chelsea, Liverpool e Arsenal.
Sulaiman Al Fahim sempre gostou de esportes. É o atual presidente da Federação de Xadrez dos Emirados e membro de honra do clube de futebol Al-Ain. Além disso, sua empresa, a “Hydra Properties” pretende construir uma academia de futebol nos Emirados, em parceria com a Inter de Milão.
O rei do deserto não está para brincadeiras, com sua fortuna a engrossar nas areias e nos mercados de capitais. Tem “chumbo grosso”, como diz o ditado para aplicar no Manchester City e torná-lo o mais forte clube da “Premier League”. A compra do atacante brasileiro Robinho, pela fortuna de 32,5 milhões de libras (42 milhões de euros), cerca de R$ 90 milhões, já deixou os adversários em posição de alerta. O ex-atacante do Santos, que não queria mais saber do Real Madrid, da Espanha, transformou-se da noite para o dia no jogador com o maior salário no mundo do futebol, 160.000 libras por semana (cerca de 211.000 euros).
Se alguém acha que é muito, está enganado. Os novos proprietários do City ambicionam muito mais, e querem o principal jogador do rival Manchester United, o craque português Cristiano Ronaldo, por quem estão dispostos a desembolsar a astronômica quantia de 135 milhões de libras (cerca de 178 milhões de euros). É voz corrente que o bilionário árabe é dono de uma fortuna 10 vezes maior que o patrimônio do russo Roman Arkadyevich Abramovich, proprietário do Chelsea. Com tamanho argumento no bolso, quem sabe em janeiro, quando reabrir o período de transferências, Cristiano Ronaldo não esteja vestindo uma nova camisa.
Na lista de compras do magnata estão ainda nomes como Fernando Torres (Liverpool), Fabregas (Arsenal), Ronaldo (ex-Milan), Messi e Henry (Barcelona), Kaká (Milan), David Villa (Valência), Mário Gomes (Estugarda) e Berbatov (Manchester United). No atual elenco do time da cidade de Manchester jogam, além de Robinho, outros três brasileiros: o zagueiro Glauber, o meio campista Elano e o atacante Jô.
O Manchester City FC foi fundado no ano de 1800, na cidade de Manchester, com o nome de West Gorton Saint Marks. Em 1887 mudou a denominação para Ardwick FC e finalmente Manchester City FC em 1894. Seu estádio é o City of Manchester Stadium, com capacidade para 47.726, que substituiu o anterior Maine Road, que antes de ser demolido, comportava menos de 40 mil torcedores. O atual estádio foi construído para os Jogos Olímpicos de 2000, mas a cidade perdeu a disputa com Sydney. Foi utilizado posteriormente nos Jogos da Commonwealth de 2002 e cedido ao Manchester City.
Além de ter conquistado duas vezes o Campeonato Inglês (1936/1937 e 1967/1968) , o Manchester City foi campeão da Copa da Inglaterra em quatro ocasiões (1903/1904, 1933/1934, 1955/1956 e 1968/1969), da Copa da Liga duas vezes (1969/1970 e 1975/1976, sua última conquista), da Supercopa da Inglaterra três vezes (1937, 1968 e 1972). No âmbito internacional foi campeão da Recopa Européia (1969/1970).
O Manchester City já enfrentou um time brasileiro. Foi no Troféu Joan Gamper de 1982, quando perdeu para o S.C. Internacional, de Porto Alegre, por 3 X 1. o clube gaúcho sagrou-se campeão da competição.
Que se preparem os torcedores ingleses. É bem provável que breve outro tradicional clube inglês siga os passos do Manchester City. Com dinheiro sobrando e em falta de melhores aplicações, os fundos soberanos de Dubai a um ano tentam comprar o Liverpool. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Mas bem que poderia ser. O mundo do futebol acaba de conhecer um novo, rico, poderoso e surpreendente personagem, Sulaiman Al Fahim, um homem de negócios de Dubai, membro da família real de Abu Dhabi e representante do fundo de investimento Abu Dhabi United Group (ADUG), que comprou o tradicional clube inglês Manchester City por 245 milhões de euros, duas vezes e meia o montante pago pelo ex-primeiro ministro tailandês Thaksin Shinawatra, há um ano. Este permanecerá como presidente honorário, sem qualquer responsabilidade administrativa.
Aos 31 anos, Sulaiman Al Fahim, que estudou nos Estados Unidos e se especializou em gestão de bens imobiliários, já conta com uma fortuna colossal. E foi justamente no mercado imobiliário que consolidou sua riqueza, a frente do grupo “Hydra Properties”, construtor de vários complexos hoteleiros de luxo e com participação em diversos conselhos de administração de empresas dos mercados imobiliário e financeiro. De acordo com a revista “Arabian Business”, Al Fahim é hoje a décima sexta personalidade árabe mais influente. É presença assídua em Hollywood, onde gosta de ser fotografado ao lado de estrelas do cinema.
Por ser dono de um programa televisivo e face à semelhança do seu realty show com o “The Apprentice”, do multimilionário norteamericano, o dono do Manchester City já foi apelidado pela imprensa britânica de o “Donald Trump” do Golfo Pérsico, que chegou para ameaçar a liderança dos “Big Four”, os quatro grandes clubes ingleses: Manchester United, Chelsea, Liverpool e Arsenal.
Sulaiman Al Fahim sempre gostou de esportes. É o atual presidente da Federação de Xadrez dos Emirados e membro de honra do clube de futebol Al-Ain. Além disso, sua empresa, a “Hydra Properties” pretende construir uma academia de futebol nos Emirados, em parceria com a Inter de Milão.
O rei do deserto não está para brincadeiras, com sua fortuna a engrossar nas areias e nos mercados de capitais. Tem “chumbo grosso”, como diz o ditado para aplicar no Manchester City e torná-lo o mais forte clube da “Premier League”. A compra do atacante brasileiro Robinho, pela fortuna de 32,5 milhões de libras (42 milhões de euros), cerca de R$ 90 milhões, já deixou os adversários em posição de alerta. O ex-atacante do Santos, que não queria mais saber do Real Madrid, da Espanha, transformou-se da noite para o dia no jogador com o maior salário no mundo do futebol, 160.000 libras por semana (cerca de 211.000 euros).
Se alguém acha que é muito, está enganado. Os novos proprietários do City ambicionam muito mais, e querem o principal jogador do rival Manchester United, o craque português Cristiano Ronaldo, por quem estão dispostos a desembolsar a astronômica quantia de 135 milhões de libras (cerca de 178 milhões de euros). É voz corrente que o bilionário árabe é dono de uma fortuna 10 vezes maior que o patrimônio do russo Roman Arkadyevich Abramovich, proprietário do Chelsea. Com tamanho argumento no bolso, quem sabe em janeiro, quando reabrir o período de transferências, Cristiano Ronaldo não esteja vestindo uma nova camisa.
Na lista de compras do magnata estão ainda nomes como Fernando Torres (Liverpool), Fabregas (Arsenal), Ronaldo (ex-Milan), Messi e Henry (Barcelona), Kaká (Milan), David Villa (Valência), Mário Gomes (Estugarda) e Berbatov (Manchester United). No atual elenco do time da cidade de Manchester jogam, além de Robinho, outros três brasileiros: o zagueiro Glauber, o meio campista Elano e o atacante Jô.
O Manchester City FC foi fundado no ano de 1800, na cidade de Manchester, com o nome de West Gorton Saint Marks. Em 1887 mudou a denominação para Ardwick FC e finalmente Manchester City FC em 1894. Seu estádio é o City of Manchester Stadium, com capacidade para 47.726, que substituiu o anterior Maine Road, que antes de ser demolido, comportava menos de 40 mil torcedores. O atual estádio foi construído para os Jogos Olímpicos de 2000, mas a cidade perdeu a disputa com Sydney. Foi utilizado posteriormente nos Jogos da Commonwealth de 2002 e cedido ao Manchester City.
Além de ter conquistado duas vezes o Campeonato Inglês (1936/1937 e 1967/1968) , o Manchester City foi campeão da Copa da Inglaterra em quatro ocasiões (1903/1904, 1933/1934, 1955/1956 e 1968/1969), da Copa da Liga duas vezes (1969/1970 e 1975/1976, sua última conquista), da Supercopa da Inglaterra três vezes (1937, 1968 e 1972). No âmbito internacional foi campeão da Recopa Européia (1969/1970).
O Manchester City já enfrentou um time brasileiro. Foi no Troféu Joan Gamper de 1982, quando perdeu para o S.C. Internacional, de Porto Alegre, por 3 X 1. o clube gaúcho sagrou-se campeão da competição.
Que se preparem os torcedores ingleses. É bem provável que breve outro tradicional clube inglês siga os passos do Manchester City. Com dinheiro sobrando e em falta de melhores aplicações, os fundos soberanos de Dubai a um ano tentam comprar o Liverpool. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Operários fundaram o S.C. Corinthians Paulista
Operários fundaram o S.C. Corinthians Paulista
O S.C. Corinthians Paulista, uma das mais tradicionais e populares agremiações futebolísticas do país, completa hoje 98 anos de fundação. Mesmo com o clube buscando saída para uma séria crise administrativa, que vem enfrentando desde o ano passado, os torcedores têm bons motivos para comemorar tão auspiciosa data: a diretoria não tem poupado esforços para recolocar o “timão” no seu devido lugar. O retorno à elite do futebol brasileiro é só uma questão de tempo. O time lidera absoluto a Série B e não tem tomado conhecimento dos adversários.
O Corinthians tem origem humilde. Nasceu no meio do povo. Os trabalhadores da São Paulo Railway, Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira, César Nunes, Rafael Perrone, Anselmo Correia, Alexandre Magnani, Salvador Lopomo, João da Silva e Antônio Nunes decidiram fundar um clube de futebol de raízes populares.
Para tal, sobre a luz de um lampião de gás foi realizada uma reunião no dia 01 de setembro de 1910, às 20h30min, frente a uma confeitaria, localizada na casa de número 34 da avenida dos Imigrantes (hoje José Paulino), na esquina da rua Cônego Martins, no Bom Retiro. O hoje importante bairro comercial da metrópole, na época era uma área operária, onde moravam milhares de trabalhadores da São Paulo industrial do começo do século XX. A população era na maioria formada por imigrantes italianos, portugueses e espanhóis. Para essa reunião foram convidados vários outros desportistas que mostraram interesse pela idéia, entre eles Miguel Bataglia, funcionário da Light e primeiro presidente do clube.
As coisas começavam a andar, mas era preciso definir algumas situações, como o nome do novo clube. Sugestões não faltaram: Santos Dummont, Carlos Gomes e até Guarani, mas nenhum agradou. Foi então que o pintor Joaquim Ambrósio teve a idéia de homenagear o time de estudantes ingleses, Corinthian Casuals Football Club (homenagem à cidade grega de Corinto), que excursionava por São Paulo e Rio de Janeiro. Nos jogos que disputou no antigo estádio do Velódromo (na área do bairro da Consolação), esse time encantou muita gente pela beleza de seu futebol, inclusive Ambrósio. Na mosca. Não havia escolha melhor. A letra "s" foi acrescentada ao nome, e o clube passou a chamar-se Corinthians.
O curioso é que o clube inglês também foi fundado à luz de um lampião de gás, mas com uma diferença enorme: seus fundadores eram alunos de Oxford e Cambridge, universidades freqüentadas por pessoas da elite inglesa, geralmente filhos de burgueses. O novo Corinthians Paulista seria o oposto dessa situação, um clube de gente pobre e humilde. Tanto é verdade que a primeira bola do time foi comprada por 6 mil réis, dinheiro arrecadado em uma lista que passou de casa em casa pelo bairro.
Agora só faltava entrar em campo. E isso aconteceu pela primeira vez em 10 de setembro, apenas 10 dias após a fundação. O adversário foi o União da Lapa, destacada equipe da várzea paulistana. Era esperada uma goleada, até porque o jogo seria fora de casa, mas isso não aconteceu, o resultado foi apenas 1 X 0, aclamado como se fosse uma vitória. No segundo jogo, realizado quatro dias depois, a primeira vitória: 2 X 0 sobre o Estrela Polar. O autor do primeiro gol da história corinthiana foi o atacante Luis Fabi. E seguiram-se dois anos de invencibilidade.
Ganhando fama de verdadeiro “bicho-papão”, o número de torcedores cresceu bastante. Eles vinham de várias partes da cidade, não só do Bom Retiro.
Muitos dos primeiros sócios e torcedores do Corinthians eram imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, que às vezes não tinham dinheiro para pagar a mensalidade, devido à sua situação financeira, mas sempre davam um jeito de acertar as contas. E alguns dos jogadores que passaram pelo clube no seu início, também, como o espanhol Casemiro Gonzáles, o português Horácio Coelho e o italiano Américo Fraschi.
Hoje em dia a situação mudou pouco: os torcedores são de todas as classes, mas a maioria é da camada mais pobre da população. O clube tem a segunda maior torcida do país, ficando atrás apenas do Flamengo. Já os sócios do clube atualmente são, em maioria, da classe média paulista, e não da massa proletária, como antes. Até a localização do clube mudou: hoje está no Tatuapé, bairro de classe média.
Com os bons resultados dentro de campo, a diretoria começou a pensar em vôos mais altos: disputar o Campeonato Paulista de 1913. A Liga Paulista resolveu dar uma chance, mas o Corinthians teria que disputar uma eliminatória contra o Minas Gerais e o São Paulo do Bexiga. Não deu outra, dois jogos, duas vitórias, 1 X 0 no Minas Gerais e 4 X 0 no São Paulo do Bexiga e o direito de disputar o Paulistão.
A estréia oficial não foi boa, uma derrota para o Germânia, por 3 X 1. Joaquim Rodrigues fez o gol corinthiano, o primeiro em partidas oficiais, escrevendo seu nome na história do clube. Nessa primeira experiência, o “Timão” acabou o campeonato em quarto lugar. No segundo ano, em 1914, o Corinthians começou a mostrar para que veio. Foi campeão com uma campanha espetacular: 10 jogos e 10 vitórias, com 39 gols marcados e goleadas que não acabavam mais. Neco, com 12 gols se sagrou o artilheiro da competição. Começava assim a bonita história futebolística do Sport Club Corinthians Paulista, o mais brasileiro dos clubes.
Nos primeiros tempos, como consta em ata, o clube oferecia aos sócios pic-nics, saraus, torneios de ping-pong e matchs (partidas) de futebol. O Corinthians nunca foi só futebol. Inclusive, a primeira taça conquistada pelo clube veio do pedestrianismo em 1912, quando três competidores corintianos chegaram nas três primeiras colocações na prova disputada no estádio do Parque Antártica.
Os anos se passaram, muitos títulos e situações aconteceram na vida desse grande clube, como a bola quadrada até hoje guardada no clube, que foi jogada em campo não se sabe por quem. Outro caso é do torcedor José da Costa Martins que, na década de 20, a cada gol que o Corinthians marcava acendia um charuto. Por isso ele ficou conhecido como torcedor "mosqueteiro corinthiano" (mascote do time), que está sempre fumando um charuto.
E tem a história de Manuel Nunes, o Neco, primeiro grande craque e maior ídolo corintiano nestes 98 anos. Antes de jogar no time, quando era apenas um torcedor ele participou de um episódio inusitado, que ajudou o Corinthians a se manter vivo. O clube, em seus primeiros anos de vida passava por difícil situação financeira, não conseguindo pagar o aluguel da pequena sede. O dono trancou as portas com tudo o que havia de patrimônio do clube dentro, inclusive as primeiras atas e a Taça Unione Vigiatori Italiani, o primeiro troféu.
Tudo seria perdido se não fosse Neco e alguns amigos que na calada da noite arrombaram a sede pela janela, e retiraram todos os pertences do clube. Poucos anos depois, ele se tornaria um dos maiores jogadores da história do Corinthians.
O Corinthians sempre enfrentou preconceitos. No início, porque era um time de operários, hoje pela rivalidade que tem com outros clubes paulistas e brasileiros. Sabe-se que um dos primeiros jogadores negros do futebol brasileiro, Davi, jogou no Corinthians, mas somente no segundo quadro, pois se fosse titular o clube dificilmente seria aceito no campeonato.
Mesmo assim, em 1915 o Corinthians foi excluído do campeonato paulista, embora tenha sido o campeão em 1914. Os grandes times paulistas estavam divididos, entre duas ligas: a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) e a Liga Paulista de Futebol (LPF). A primeira convidou o Corinthians a participar de seu campeonato de 1915, por interesses financeiros. Então, o alvinegro saiu da LPF e foi à APEA, mas, na hora de competir, não foi aceita sua participação, e também não pôde voltar à LPF, ficando fora dos dois campeonatos.
O preconceito existente no início da história corintiana se devia ao fato da elite paulistana, participar de clubes grandes, como o Paulistano, São Paulo Athletic e Mackenzie, e não aceitar que em seus campeonatos, se inserisse pessoas da classe mais baixa. E muito menos perder para um time de bairro, formado por operários que muitas vezes eram seus subordinados. Isso deixava os elitistas muito irritados, a ponto de tentarem tirar o clube das competições.
O Corinthians cresceu até chegar aos dias de hoje como uma das maiores forças do futebol brasleiro. E continua a derrubar preconceitos e a enfrentar dificuldades, mas vencendo todas, uma a uma. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
O S.C. Corinthians Paulista, uma das mais tradicionais e populares agremiações futebolísticas do país, completa hoje 98 anos de fundação. Mesmo com o clube buscando saída para uma séria crise administrativa, que vem enfrentando desde o ano passado, os torcedores têm bons motivos para comemorar tão auspiciosa data: a diretoria não tem poupado esforços para recolocar o “timão” no seu devido lugar. O retorno à elite do futebol brasileiro é só uma questão de tempo. O time lidera absoluto a Série B e não tem tomado conhecimento dos adversários.
O Corinthians tem origem humilde. Nasceu no meio do povo. Os trabalhadores da São Paulo Railway, Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira, César Nunes, Rafael Perrone, Anselmo Correia, Alexandre Magnani, Salvador Lopomo, João da Silva e Antônio Nunes decidiram fundar um clube de futebol de raízes populares.
Para tal, sobre a luz de um lampião de gás foi realizada uma reunião no dia 01 de setembro de 1910, às 20h30min, frente a uma confeitaria, localizada na casa de número 34 da avenida dos Imigrantes (hoje José Paulino), na esquina da rua Cônego Martins, no Bom Retiro. O hoje importante bairro comercial da metrópole, na época era uma área operária, onde moravam milhares de trabalhadores da São Paulo industrial do começo do século XX. A população era na maioria formada por imigrantes italianos, portugueses e espanhóis. Para essa reunião foram convidados vários outros desportistas que mostraram interesse pela idéia, entre eles Miguel Bataglia, funcionário da Light e primeiro presidente do clube.
As coisas começavam a andar, mas era preciso definir algumas situações, como o nome do novo clube. Sugestões não faltaram: Santos Dummont, Carlos Gomes e até Guarani, mas nenhum agradou. Foi então que o pintor Joaquim Ambrósio teve a idéia de homenagear o time de estudantes ingleses, Corinthian Casuals Football Club (homenagem à cidade grega de Corinto), que excursionava por São Paulo e Rio de Janeiro. Nos jogos que disputou no antigo estádio do Velódromo (na área do bairro da Consolação), esse time encantou muita gente pela beleza de seu futebol, inclusive Ambrósio. Na mosca. Não havia escolha melhor. A letra "s" foi acrescentada ao nome, e o clube passou a chamar-se Corinthians.
O curioso é que o clube inglês também foi fundado à luz de um lampião de gás, mas com uma diferença enorme: seus fundadores eram alunos de Oxford e Cambridge, universidades freqüentadas por pessoas da elite inglesa, geralmente filhos de burgueses. O novo Corinthians Paulista seria o oposto dessa situação, um clube de gente pobre e humilde. Tanto é verdade que a primeira bola do time foi comprada por 6 mil réis, dinheiro arrecadado em uma lista que passou de casa em casa pelo bairro.
Agora só faltava entrar em campo. E isso aconteceu pela primeira vez em 10 de setembro, apenas 10 dias após a fundação. O adversário foi o União da Lapa, destacada equipe da várzea paulistana. Era esperada uma goleada, até porque o jogo seria fora de casa, mas isso não aconteceu, o resultado foi apenas 1 X 0, aclamado como se fosse uma vitória. No segundo jogo, realizado quatro dias depois, a primeira vitória: 2 X 0 sobre o Estrela Polar. O autor do primeiro gol da história corinthiana foi o atacante Luis Fabi. E seguiram-se dois anos de invencibilidade.
Ganhando fama de verdadeiro “bicho-papão”, o número de torcedores cresceu bastante. Eles vinham de várias partes da cidade, não só do Bom Retiro.
Muitos dos primeiros sócios e torcedores do Corinthians eram imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, que às vezes não tinham dinheiro para pagar a mensalidade, devido à sua situação financeira, mas sempre davam um jeito de acertar as contas. E alguns dos jogadores que passaram pelo clube no seu início, também, como o espanhol Casemiro Gonzáles, o português Horácio Coelho e o italiano Américo Fraschi.
Hoje em dia a situação mudou pouco: os torcedores são de todas as classes, mas a maioria é da camada mais pobre da população. O clube tem a segunda maior torcida do país, ficando atrás apenas do Flamengo. Já os sócios do clube atualmente são, em maioria, da classe média paulista, e não da massa proletária, como antes. Até a localização do clube mudou: hoje está no Tatuapé, bairro de classe média.
Com os bons resultados dentro de campo, a diretoria começou a pensar em vôos mais altos: disputar o Campeonato Paulista de 1913. A Liga Paulista resolveu dar uma chance, mas o Corinthians teria que disputar uma eliminatória contra o Minas Gerais e o São Paulo do Bexiga. Não deu outra, dois jogos, duas vitórias, 1 X 0 no Minas Gerais e 4 X 0 no São Paulo do Bexiga e o direito de disputar o Paulistão.
A estréia oficial não foi boa, uma derrota para o Germânia, por 3 X 1. Joaquim Rodrigues fez o gol corinthiano, o primeiro em partidas oficiais, escrevendo seu nome na história do clube. Nessa primeira experiência, o “Timão” acabou o campeonato em quarto lugar. No segundo ano, em 1914, o Corinthians começou a mostrar para que veio. Foi campeão com uma campanha espetacular: 10 jogos e 10 vitórias, com 39 gols marcados e goleadas que não acabavam mais. Neco, com 12 gols se sagrou o artilheiro da competição. Começava assim a bonita história futebolística do Sport Club Corinthians Paulista, o mais brasileiro dos clubes.
Nos primeiros tempos, como consta em ata, o clube oferecia aos sócios pic-nics, saraus, torneios de ping-pong e matchs (partidas) de futebol. O Corinthians nunca foi só futebol. Inclusive, a primeira taça conquistada pelo clube veio do pedestrianismo em 1912, quando três competidores corintianos chegaram nas três primeiras colocações na prova disputada no estádio do Parque Antártica.
Os anos se passaram, muitos títulos e situações aconteceram na vida desse grande clube, como a bola quadrada até hoje guardada no clube, que foi jogada em campo não se sabe por quem. Outro caso é do torcedor José da Costa Martins que, na década de 20, a cada gol que o Corinthians marcava acendia um charuto. Por isso ele ficou conhecido como torcedor "mosqueteiro corinthiano" (mascote do time), que está sempre fumando um charuto.
E tem a história de Manuel Nunes, o Neco, primeiro grande craque e maior ídolo corintiano nestes 98 anos. Antes de jogar no time, quando era apenas um torcedor ele participou de um episódio inusitado, que ajudou o Corinthians a se manter vivo. O clube, em seus primeiros anos de vida passava por difícil situação financeira, não conseguindo pagar o aluguel da pequena sede. O dono trancou as portas com tudo o que havia de patrimônio do clube dentro, inclusive as primeiras atas e a Taça Unione Vigiatori Italiani, o primeiro troféu.
Tudo seria perdido se não fosse Neco e alguns amigos que na calada da noite arrombaram a sede pela janela, e retiraram todos os pertences do clube. Poucos anos depois, ele se tornaria um dos maiores jogadores da história do Corinthians.
O Corinthians sempre enfrentou preconceitos. No início, porque era um time de operários, hoje pela rivalidade que tem com outros clubes paulistas e brasileiros. Sabe-se que um dos primeiros jogadores negros do futebol brasileiro, Davi, jogou no Corinthians, mas somente no segundo quadro, pois se fosse titular o clube dificilmente seria aceito no campeonato.
Mesmo assim, em 1915 o Corinthians foi excluído do campeonato paulista, embora tenha sido o campeão em 1914. Os grandes times paulistas estavam divididos, entre duas ligas: a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) e a Liga Paulista de Futebol (LPF). A primeira convidou o Corinthians a participar de seu campeonato de 1915, por interesses financeiros. Então, o alvinegro saiu da LPF e foi à APEA, mas, na hora de competir, não foi aceita sua participação, e também não pôde voltar à LPF, ficando fora dos dois campeonatos.
O preconceito existente no início da história corintiana se devia ao fato da elite paulistana, participar de clubes grandes, como o Paulistano, São Paulo Athletic e Mackenzie, e não aceitar que em seus campeonatos, se inserisse pessoas da classe mais baixa. E muito menos perder para um time de bairro, formado por operários que muitas vezes eram seus subordinados. Isso deixava os elitistas muito irritados, a ponto de tentarem tirar o clube das competições.
O Corinthians cresceu até chegar aos dias de hoje como uma das maiores forças do futebol brasleiro. E continua a derrubar preconceitos e a enfrentar dificuldades, mas vencendo todas, uma a uma. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)