O primeiro jogador do S.C. Corinthians a jogar pela Seleção Brasileira foi Amilcar Barbuy, filho de pais italianos, nascido em 29 de abril de 1893, na pequena cidade de Rio das Pedras, no interior de São Paulo. Começou a jogar no Belo Horizonte e depois no Botafogo, ambos da várzea do Bom Retiro. Somente no final de 1912 quando tinha 18 anos, é que começou a jogar no Corinthians, clube em que sua família esteve ligada desde a fundação. Um de seus irmãos, Hermógenes, era litógrafo e desenhou o primeiro distintivo alvinegro.
Em 1915 o Corinthians o emprestou a um novo clube que surgia no cenário esportivo paulistano, a Societá Palestra Itália, junto com Fúlvio, Pollice, Bianco e Américo. E Amilcar participou do primeiro jogo da história daquele clube que com o passar dos anos viria a se tornar o maior rival do “timão”. O jogo foi em Votorantim, nas imediações de Sorocaba, na tarde de 24 de janeiro de 1915, contra o S.C Savóia, tido então como bicho papão do futebol do interior do Estado de São Paulo.
Depois de um primeiro tempo bastante disputado, o Palestra voltou melhor na fase final e venceu por 2 x 0, gols anotados por Bianco, a maior estrela do time, cobrando um pênalti e depois por Alegretti, em cobrança de falta. Bianco colocou seu nome definitivamente na história palestrina, por ter sido o autor do primeiro gol do clube. O Palestra mandou a campo: Stilitano - Bonato e Fúlvio – Pollice - Bianco e Vale – Cavinato – Fischi - Alegretti - Amílcar e Ferré. O juiz foi o conhecido “sportsman” da época, Sílvio Lagreca.
Amilcar era dono de um espírito de liderança, classe e técnica, só comparáveis a Pelé, segundo relatos feitos por quem viu os dois jogarem. Junto com Neco, foi o primeiro grande expoente da história corinthiana. A convocação inicial para o selecionado nacional aconteceu em 1919, no Campeonato Sul-Americano Extra, disputado na Argentina. Na época, ainda jogava como centroavante, posição que trocaria no ano seguinte pela de centromédio, onde alcançou a consagração plena, transformando-se no melhor e mais famoso jogador brasileiro.
Meia e atacante de grande categoria, capitão da equipe fez 208 jogos pelo Corinthians, com 153 vitórias, 25 empates, 30 derrotas e 89 gols marcados. Em 1923, nove anos depois de ter jogado a partida inaugural do Palestra Itália, Amilcar retornou ao clube palestrino, alegando “motivos pessoais” que nunca ficaram bem explicados. O mais provável é que as raízes familiares italianas tenham falado mais alto. Mesmo quando defendia o Corinthians, tornou-se sócio do Palestra Itália. Vestiu a camisa do clube em 105 ocasiões com 68 vitórias, 15 empates, 17 derrotas e 16 gols marcados.
Pela Seleção Brasileira, onde foi capitão, atuou em 19 jogos, tendo contabilizado10 vitórias, 5 empates e 4 derrotas. Marcou 5 gols e foi campeão Sul-Americano em 1919 e 1922. Também defendeu a seleção Paulista. Foi campeão brasileiro entre seleções em 1922, defendendo, campeão paulista em 1926 e 1927, campeão do Paulista Extra em 1926 e do Campeonato Honorário do Brasil, igualmente em 1926.
Em 1930 parou de jogar e se dedicou a carreira de treinador. Seu jogo de despedida foi no dia 8 de junho, no empate de 1 X 1 do Palestra com o Germânia. Na nova profissão iniciada no próprio Palestra, dirigiu o time em 144 jogos, com 93 vitórias, 24 empates e 27 derrotas.
Depois foi para a Lazio de Roma, em 1931, ficando até 1932, onde devido a contusão de alguns jogadores, teve de retornar aos gramados, mostrando porá mais algum tempo aos italianos todas as qualidades que o consagraram no Brasil. Isso também o notabilizou como o primeiro brasileiro a jogar e ao mesmo tempo treinar um clube da Itália.
Seu retorno ao Corinthians foi como treinador. Dirigiu o “timão” em situações diferentes. Inicialmente, quando não havia um profissional específico para a função e coube a ele escalar o time. Depois, entre os anos de 1933 e 1940. No total, foram 192 jogos com 135 vitórias, 18 empates e 39 derrotas.
Também dirigiu o São Paulo em 19 jogos, e ainda Portuguesa de Desportos, Portuguesa Santista e Atlético Mineiro. Morava no bairro da Aclimação, centro de São Paulo, quando faleceu no dia 24 de agosto de 1965. (Pesquisa: Nilo Dias)
Amilcar Barbuy foi um craque notável.
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