O Esporte Clube Novo Hamburgo foi o primeiro, mas não o único time de futebol na cidade. Nos anos seguintes, surgiram vários outros: em 1914, o seu maior rival, o Football-Club Esperança; em 1919, seria a vez da fundação do Sport-Club Olympio; em 1921, foi fundado o Sport-Club Progresso. Já em 1923, o Sport-Club Victoria; em 1924, o Sport-Club Palmeira; em 1925, o Sport-Club Guarany e Sport-Club Canudense e, em 1927, o Grêmio Sport Hamburguez de Football e Atletismo, bem como o Sport-Club Municipal e Sport-Club Ypiranga.
Essencialmente, o anilado, desde a sua fundação, caracterizava-se como um time de homens brancos, mas não necessariamente de descendentes de alemães. Essa posição hegemônica e excludente dos afro-descendentes em Novo Hamburgo seria rompida somente onze anos após a fundação do anilado, quando, em 1922, surgiu o primeiro clube de futebol que oportunizava a presença de negros, o Sport Club Cruzeiro do Sul.
Ao longo de sua história inicial, vários dos jogos de futebol do Novo Hamburgo serviram para arrecadar fundos para a comissão responsável pelo plebiscito de emancipação de Novo Hamburgo. Corria o ano de 1926, às vésperas da emancipação e a comissão distribuiu panfletos pela cidade, conclamando os habitantes para um jogo de futebol do Novo Hamburgo.
"Grande Meeting no Campo do Sport-Club Novo Hamburgo. Pede-se o comparecimento de todos os eleitores deste distrito munidos de seus títulos federais para assinarem um memorial que será dirigido ao Exmo. Sr. Presidente do Estado. Deverão comparecer também os cidadãos que não são eleitores ou que tenham extraviados seus títulos, para a comissão requerer segundas vias e dar andamento aos documentos para a qualificação.
No mesmo local realizar-se-á um MATCH AMISTOSO em benefício da Caixa Pró-Emancipação do 2º. Distrito, entre os seguintes quadros:
1º times - Bloco Nicolas D'Ajello versus Bloco Albano Adams
2º times - Bloco José J, Martins versus Bloco Guilherme Ludwig
Entrada Geral 1$000 Senhoras Grátis"
O Foot-Ball Club Esperança tinha sede em Hamburgo Velho, um arrabalde na parte alta da cidade. Apesar de Novo Hamburgo ser uma localidade que em 1927 possuía apenas 8.000 habitantes, criou-se uma intensa rivalidade social entre os dois clubes futebolísticos. O Esperança era integrado por segmentos populares, mas também contava com boa parte da elite comercial e industrial local. Além do futebol o clube mantinha departamentos de basquetebol, voleibol e teatro.
Relatos de torcedores e dirigentes que viveram este período do futebol gaúcho remontam grandes batalhas realizadas entre alvi-verdes e alvi-azuis. Quando o Novo Hamburgo mudou o nome para Floriano, o clássico passou a chamar-se “Flor-Esp”, e mobilizava a cidade em suas tardes de domingo ou qualquer outro dia que ocorresse. Toda partida se tornava uma decisão, capaz de fazer os jogadores irem além de seus limites para não perderem para o adversário.
A rivalidade era tanta que um dos prefeitos da época, Martins Avelino Santini, em uma última tentativa de unir os hamburguenses em torno da mesma bandeira, decidiu construir a sede da prefeitura justamente na divisa dos dois maiores bairros. Quem torcia para o Esperança morava no bairro Hamburgo Velho, enquanto os torcedores do Novo Hamburgo (Floriano) residiam próximo ao Centro. O estádio do Esperança estava localizado na área próxima ao Colégio Pasqualini, transferindo-se, anos mais tarde, para o bairro Rondônia.
No passado a política não conseguiu alterar a ordem dos fatos, a ponto de rapazes torcedores do Novo Hamburgo (Floriano) serem impedidos de namorarem com garotas do Esperança. Casar então, nem pensar. Ocorreram muitas desavenças durante as partidas, mas nunca foi registrado alguma capaz de ferir seriamente algum dos espectadores, como seguidamente vemos em todos os Continentes.
Nos primeiros anos de existência do Novo Hamburgo eram comuns jogos contra times de Caxias, em especial o Juventude. A imprensa da época se referia a essa rivalidade como o “Clássico da Colônia” ou o “Clássico Ítalo-Germânico. Era um tempo de futebol romântico, cheio de histórias sobre amor à camisa e à cidade acima de tudo. Foi quando surgiu o apelido do time: “Nóia”, criado através da abreviação de “Novo Hamburgo”, misturada ao sotaque alemão.
Em 1937, já completamente estruturado e dono de uma equipe forte e respeitada, o Novo Hamburgo venceu o Campeonato Metropolitano, derrotando, entre outros adversários, o Nacional, Renner, São José, Cruzeiro e Força e Luz.
Em 1942, o clube já era uma das principais forças do futebol gaúcho, tendo se sagrado vice-campeão do Estado do Rio Grande do Sul. Perdeu nos jogos finais para o Internacional por 10 x 2 e 4 X 1.
Era um tempo de guerra e o país vivia tempos difíceis com o “Estado Novo”, que exercia forte pressão sobre tudo que lembrasse a Alemanha. Quem falava alemão não era bem visto pelas autoridades, que impuseram a mudança do nome dos clubes e escolas, além da proibição do uso e do ensino da língua alemã em todas as atividades públicas e, mesmo, privadas.
Essa onda de mudança e de aportuguesamento dos nomes chegou mesmo a ameaçar a cidade, que quase mudou de nome para Marechal Floriano Peixoto, em uma homenagem forçada ao Marechal Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro, o segundo Presidente da República do Brasil e um militar de linha dura. O time de futebol, porém, não resistiu à pressão política e houve a transformação de Sport Club Novo Hamburgo para E.C. Floriano. E foi com esse nome que o clube disputou sua primeira final de Gauchão, em 1942. E seria vuce-campeão gaúcho também em 47, 49, 50 e 52.
Essa pressão pela mudança de nome pode ser compreendida como uma das manifestações da influência das idéias fascistas no Brasil, especialmente no que se refere a sua perspectiva de uniformização da cultura nacional. Esse nome permaneceu até o final da década de 60, quando o clube retornou às origens, aportuguesando seu nome para o atual Esporte Clube Novo Hamburgo.
Em 1947, o Novo Hamburgo conseguiu chegar até a final do Campeonato Gaúcho. No dia 30 de novembro, no campo do Adams, no primeiro jogo das finais o Internacional venceu por 3 X 2. A torcida colorada foi de trem até Novo Hamburgo, lotando 40 vagões.
Alguns afirmam que a arbitragem favoreceu a equipe da capital. Aos 42 minutos do segundo tempo, quando o jogo estava empatado em 2 X 2, o árbitro Miguel Sallabery assinalou um pênalti a favor do Internacional, de Crespo em Alfeu, que somente ele viu. A torcida anilada invadiu o campo e não permitiu a cobrança. O jogo foi interrompido por falta de segurança e o tempo restante marcado para a sexta-feira seguinte, dia 5 de dezembro.
Carlito, batedor oficial do Internacional passou a semana recebendo telefonemas ameaçadores e respondendo sempre que Tesourinha era quem cobraria a pena máxima. Foi assim dentro de campo. Pressionado pelos adversários Carlito mandou Tesourinha tomar a frente para a cobrança e se escondeu atrás dele. Só na hora que o juiz apitou, cinco dias depois do pênalti cometido, ele tomou a frente de Tesourinha e chutou para marcar e vencer o jogo. Carlito nunca errou um pênalti.
Uma semana depois o jogo recomeçou e o pênalti foi cobrado por Carlitos, garantindo a vitória colorada. No segundo jogo, na Chácara das Camélias, em Porto Alegre, com arbitragem de José Carvalho, o Novo Hamburgo venceu por 2 X 1. Na prorrogação, o Internacional venceu por 1 X 0, gol de Carlitos, garantindo o título.
O time foi considerado por muito tempo como a terceira força do Estado. A cidade prosperava graças a indústria dos calçados e por causa delas, o mascote escolhido para o Novo Hamburgo foi a figura de um “Sapato”.
Na década de 50, quando a sede dos "Taquarais", a segunda do clube foi vendida, uma área de terra localizada na rua Avaí, 119 no Bairro Santa Rosa foi adquirida por Cr$ 1.250,00, de acordo com o tesoureiro da época e hoje Patrono do clube, Reinaldo Reisswitz. A nova sede, logo batizada de Estádio Santa Rosa, foi inaugurada em 1953 e abrigou o Novo Hamburgo até meados de 2008. A praça de esportes tinha capacidade para 17 mil torcedores. (Pesquisa: Nilo Dias)
Equipe do E.C. Novo Hamburgo, que no dia 16 de abril de 1936, goleou o Juventude, de Caxias do Sul, por 4 X 1, no chamado "Clássico da Colônia". (Foto: Acervo do E.C. Novo Hamburgo)
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