Morreu hoje, aos 65 anos de idade, na Flórida (EUA), o ex-jogador italiano Giorgio Chinaglia, que foi companheiro de Pelé no New York Cosmos, e tido como o maior atleta da história do clube norte-americano em todos os tempos. A morte de Chinaglia foi confirmada na manhã de hoje por seu filho Anthony. "Ele acordou para tomar um remédio e depois disse que iria deitar. Minutos depois ele já não respirava mais", disse Anthony em entrevista ao canal Skysport. Chinaglia havia passado por uma cirúrgia na última semana, após sofrer um ataque cardíaco.
O clube norte-americano, logo após a confirmação da morte de Chinaglia, emitiu nota oficial afirmando que ele foi um dos mais excepcionais jogadores que atuaram nos Estados Unidos e foi o maior jogador do Cosmos e também seu artilheiro máximo. O Cosmos foi um clube onde também se destacaram Pelé, Carlos Alberto Torres, o alemão Franz Beckenbauer, os holandeses Johan Neeskens e Johan Cruijff, o polonês Wladyslaw Zmuda e o paraguaio Romerito.
Giorgio Chinaglia nasceu na cidade italiana de Carrara, no dia 24 de janeiro de 1947. Apesar de ter nascido na Itália, passou sua infância e adolescência no País de Gales, o que lhe deu um perfeito domínio da língua inglesa. Foi lá que iniciou sua carreira futebolística no Swansea Town (1964-1966).
Em 1966 retornou para a Itália onde jogou pelos pequenos Massesse (1966-1967) e Internapoli (1967-1969). Em 1969 foi contratado pela equipe da Lazio, onde se sagrou campeão italiano da temporada 1973-1974, o primeiro da história do clube, sendo o artilheiro da competição com 24 gols. Em 209 partidas pelo clube italiano, marcou 98 gols, o que motivou os torcedores a chamá-lo de “Deus”.
Graças as suas estupendas atuações foi convocado para a Seleção da Itália para jogar a Copa do Mundo de 1974 na Alemanha Ocidental. Polêmico, o jogador chegou a xingar o técnico Ferruccio Valcareggi, da seleção italiana. Depois de uma inesquecível Copa, o jogador disse adeus à Itália e partiu para a América, onde em 1976 assinou contrato com o New York Cosmos.
No clube norte-americano se tornou famoso no mundo inteiro. Lá conquistou os campeonatos de 1977, 1978, 1980 e 1982, além de três “Trans-Atlantic Cup”, em 1980, 1983 e 1984. Marcou 242 gols em 254 partidas se tornando o maior artilheiro de todos os tempos na história da North American Soccer Leager. Foi artilheiro do campeonato dos Estados Unidos em 1976 (19 gols), 1978 (34 gols), 1980 (32 gols), 1981 (29 gols) e 1982 (20 gols). No Cosmos foi um verdadeiro ídolo cuja popularidade só esteve abaixo de Pelé.
O Cosmos foi fundado no dia 4 de fevereiro de 1971, por idéia dos irmãos turcos Nesuhi e Ahmet Ertegün, amantes do futebol. O clube disputou sua primeira partida oficial no dia 17 de abril de 1971, contra o Saint Louis Stars. Vitória do Cosmos por 2 X 1. Em 14 anos de história, foram 359 partidas oficiais, com 221 vitórias, 18 empates e 120 derrotas. Marcou 844 gols e sofreu 569.
Em 1984, Chinaglia comprou a equipe do Cosmos e a transformou em um time de “showbol” que durou pouco tempo. Depois, vendeu o clube para o seu ex-sócio Giuseppe “Peppe” Pinton, que se reservou a guardar a história do Cosmos em seu escritório em Nova Jersey. Ele foi seduzido diversas vezes a vender a marca Cosmos a fãs órfãos desse clube histórico. Tanto que depois de mais de 20 anos de inatividade, ele foi convencido de que tinha de vender os direitos do clube.
Em 2009, o empresário inglês e ex-diretor do Tottenham, Paul Kemsley comprou o New York Cosmos de Pinton por um valor não divulgado. No ano seguinte, em agosto, refundou o time, e em setembro Kemsley nomeou Pelé como presidente honorário do Cosmos. Ao mesmo tempo, o Rei anunciou em coletiva para a imprensa o renascimento do Cosmos, mas com atividades direcionadas à formação de jogadores.
No dia 19 de janeiro de 2011, o Cosmos retomou os sonhos de retorno ao futebol profissional e contratou o francês Eric Cantona para ser o diretor de futebol. O ex-jogador de Manchester United estará ao lado do Rei e do também ex-jogador norte-americano Cobi Jones. O ex-lateral da seleção americana, que também jogou no Vasco da Gama, será diretor adjunto e embaixador do clube. Os três trabalham juntos para fazer o Cosmos ter um time e incluí-lo na MLS o quanto antes.
Em 2000, Chinaglia entrou para o "National Soccer Hall of Fame", o hall da fama do futebol estadunidense. Trabalhou como comentarista de futebol tendo, inclusive, comentado a Copa do Mundo de 2006. Voltou para o Cosmos e trabalhou como embaixador internacional da equipe.
Depois que se aposentou dos gramados, Chinaglia se tornou presidente da Lázio entre 1983 e 1985. Recentemente, o ex-jogador tornou-se um fugitivo da Justiça italiana morando nos Estados Unidos, depois de ter seu nome relacionado com acusações de manipulação no mercado de ações.
A Lazio esteve prestes a ser controlada por um braço da máfia italiana. De acordo com autoridades responsáveis pela operação “Asas Quebradas”, que investigaram o caso, um grupo usaria dinheiro adquirido por suas ações violentas para adquirir o clube romano.
As suspeitas recaíram sobre o clã Casalesi, uma das facções da “Camorra”. A Justiça italiana emitiu dez mandados de prisão contra um grupo de pessoas envolvidas na compra da Lazio, há dois anos. Entre elas, estava Giorgio Chinaglia, ex-jogador e presidente do clube, que liderava um consórcio interessado em adquirir a equipe.
Em 2006, Cláudio Lotito, presidente da Lazio, recebeu proteção policial após sofrer ameaças de torcedores radicais. Eles tentavam intimidá-lo para que vendesse o clube a Chinaglia. O ex-presidente, que foi morar nos Estados Unidos, onde faleceu, sempre desmentiu as acusações. No inquérito, os Casalesi estariam por trás da proposta de Chinaglia e financiariam a negociação. Os responsáveis pela investigação fizeram escutas telefônicas e interceptaram ligações dele com membros da máfia
Em 7 de julho de 2006, a produtora estadunidense de filmes para o cinema, Miramax Films, passou a exibir nos cinemas dos EUA, um documentário chamado “Once in a Lifetime - The Extraordinary Story of The New York Cosmos”, baseado em um livro de igual nome de autoria do escritor Gavin Newsham. Na versão em português “Uma Vez na Vida - A Extraordinária História do New York Cosmos”.
Muito elogiado e narrado pelo ator Matt Dillon, este filme - como diz o título - conta a história da legendária equipe de futebol estadunidense. Chinaglia aparece em várias cenas do filme, como também é entrevistado. (Pesquisa: Nilo Dias)
Chinaglia e Pelé. (Foto: Divulgação)
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