Os meios esportivos e da imprensa de Pelotas tem apresentado desagradáveis surpresas nos últimos dias. Primeiro, fiquei sabendo algumas semanas depois do ocorrido, em agosto último, da morte do meu amigo e parceiro de memoráveis jornadas esportivas na Rádio Tupancy, Antônio Carlos Alves. Agora, recebo a notícia de que ontem nos deixou o comentarista esportivo, também da Rádio Tupancy, e ex-jogador de Futebol de Salão, José Rosa Alam, que marcou época nos anos 50 e 60. Ele foi vítima de problemas no coração.
Curiosamente, os Departamentos de Futebol de Salão de E.C. Pelotas e G.E. Brasil foram fundados no mesmo ano de 1956. O do Brasil por Jorge Luiz “Fabião”, tendo ao lado o meu inesquecível compadre e amigo, Bento Peixoto Castelã, companheiro de muitas jornadas no F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande. E ainda Waldir Cáceres e Francisco Antunes. O Brasil conquistou seu primeiro campeonato municipal em 1963.
No Pelotas não lembro todos os idealizadores do Futebol de Salão, mas sei que entre eles estava Zé Alam. O áureo-cerúleo mandou e desmandou nos primeiros tempos do tradicional esporte, tendo sido campeão em 1957, 1958, 1959, 1961, 1965, 1970 e 1971 e campeão estadual em 1961.
Eu lembro de uma das formações clássicas do quinteto salonista azul e amarelo, naquele ano de 1961: João Manoel - Yolko e Sidney – Fernando Rosa e Zé Alam. Antes, também jogaram pelo Pelotas, Luiz Carlos Martines, com quem anos mais tarde tive a honra de ser colega na Rádio Pelotense e Paulo de Souza Lobo, o “Galego”, o maior treinador que Pelotas já conheceu. Igualmente estivemos juntos na Rádio Pelotense, ele como comentarista, eu como narrador.
Até guardo uma foto que é verdadeira relíquia, em que apareço ao lado de "Galego", no time da Rádio Pelotense num Torneio da Imprensa. que era disputado anualmente. Não sei se ainda fazem isso nos dias de hoje. Na foto estão também Volnei Castro, Benito Amato, Amir Curi e José Carlos Cortês Sica. Timaço, na lata e na quadra.
Zé Alam também jogou no Brasil e Libaneza, que ao lado do Pelotas formavam os clubes mais fortes da cidade, na época. E em 1966 foi chamado para defender a Seleção Gaúcha. Tempos depois é que outras agremiações igualmente se sobressaíram no então chamado “esporte da bola pesada”: Agremiação Pelotense de Esportes, Paulista F.C. e E.C. Cruzeiro, todos também campeões estaduais. Não foi a toa que Pelotas ganhou o apelido de “Meca do salonismo gaúcho”.
Tempos depois, Zé Alam deixou o Pelotas e foi jogar no rival. Lembro dos times de 1966. Pelotas: Paulo Roberto – Yolko e Carlinhos – Covinha e Juruá. O Brasil tinha Carlota – Cassiano e Pedalão – Torino e Zé Alam. Além de ter sido campeão estadual pelo Pelotas em 1961, foi pelo Brasil em 1963, ano em que trocou de time, 1966, 1967, 1968 e 1969.
Zé Alam estava com 74 anos. Deixou a esposa, Beth, a filha Laura Alan, que é jornalista, e uma neta. E também uma bonita história nas quadras de Futsal, onde sem dúvida marcou presença como um dos melhores jogadores que Pelotas conheceu. Era torcedor apaixonado do Pelotas, sempre acompanhando o time de futebol de campo, onde estivesse.
Como radialista trabalhou nas rádios Universidade, Cultura, Nativa e Tupancy, onde era o chefe do Departamento de Esportes. Ultimamente, participava do programa “Conversa de Arquibancada”, que é levado ao ar de segunda a sexta-feira, das 13 às 14 horas, com apresentação do radialista Telmo Freitas.
Segundo seus colegas de imprensa, com ele se foi uma grande parte da história do futebol de Pelotas, pois era considerado uma verdadeira enciclopédia, dono de uma memória fabulosa. O velório começou na madrugada de sábado, na Capela B2 do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, no bairro Fragata, em Pelotas, e o sepultamento aconteceu às 17 horas. (Pesquisa: Nilo Dias)
Zé Alam era considerado um dos melhores comentaristas esportivos de Pelotas. (Foto: João Carlos Silva)
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