terça-feira, 9 de junho de 2015

Um colecionador de recordes

Agustin Gaínza, apelidado de “Piru”, é considerado o melhor ponteiro-esquerdo da história do futebol espanhol. Nasceu em Basauri, Vizcaya, em 28 de maio de 1922. Também era conhecido como o “Gamo Dublin", apelido que lhe foi dado pela imprensa irlandesa, após um jogo contra a Seleção Espanhola.

Começou a carreira em 1938, quando era jovem e trabalhava numa fábrica. Foi convidado e aceitou jogar no Athletic, de Bilbao. Contam que Gaínza era um menino bastante apático, que não era muito chegado ao futebol.

Mesmo assim jogava de ponteiro esquerdo, para não ter que correr muito. E foi dessa maneira que começou a carreira que o tornaria o melhor na posição, em toda a história do futebol espanhol.

Com apenas 17 anos jogou sua primeira partida pela equipe de cima do Athletic. Foi em Mendizorroza, contra o Alavés. Dai por diante foi alternando partidas no time de aspirantes e nos titulares, até se consolidar como um grande jogador na temporada 1941-1942. Sua qualidade e carisma o tornaram capitão do time por vários anos.

No clube de Bilbao, único em que jogou, conquistou dois campeonatos espanhóis (1942-1943 e 1955-1956), e sete Copas do Rei (1943, 1944, 1945, 1950, 1955, 1956 e 1958), sendo o jogador espanhol que mais vezes ganhou esse troféu e jogou mais finais, um total de nove.

Gaínza era o capitão e a alma da equipe, que era irresistível. De todas as Copas conquistadas, uma delas, a ultima, de 1958, teve um significado especial. Na final, conhecida como a de "los once aldeanos", o Athletic ganhou do Real Madrid, de Di Stéfano, em Chamartín (Antigo Estádio do Real Madrid, construído em 1924), numa partida memorável e heróica, sobre todos os aspectos.

A Federação havia se negado a permitir que o jogo se realizasse em campo neutro. O Athletic ganhou por 2 X 0, com gols de Arieta e Mauri. Di Stéfano foi literalmente anulado por Etura, e como o próprio craque argentino reconheceu, o Athletic foi um justíssimo vencedor.

Além disso foi Gaínza quem marcou mais gols em uma só partida da Copa do Rei, oito contra o Celta, de Vigo, que terminou numa goleada histórica de 12 X 1. 

E também foi o jogador do Athletic, de Bilbao que mais atuou em jogos da Primeira Divisão, um total de 381. Ele marcou 120 gols com a camisa do time basco. Na “Copa do Rei”, a outra grande competição espanhola, ele jogou 99 vezes, recorde até hoje não superado, e marcou 29 gols.

Antes de conquistar a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, a melhor classificação da Espanha na competição tinha sido em 1950, quando foi quarta colocada. No time estavam Zarra e Gaínza, que foram companheiros no Athetic, que na época possuía um grande time.

De todas as partidas que Gaínza jogou pela Seleção da Espanha, se destacam duas: um amistoso contra a Irlanda, quando ganhou o apelido de "El Gamo de Dublín", e sobretudo a partida frente a Inglaterra, na Copa disputada no Brasil, em 1950, quando deu um passe de cabeça para Zarra marcar o gol contra a Inglaterra, que classificou a “Fúria” para disputar a fase final, perdendo frente o Brasil.

Tanto Zarra, como Gaínza, foram escolhidos para a Seleção ideal daquele Mundial. Ao todo, Agustin Gaínza vestiu a camisa da Seleção Espanhola em 33 oportunidades, marcando 10 gols.

O ataque do Athletic foi um dos melhores da Espanha em todos os tempos: Iriondo, Venâncio, Zarra, Panizo e Gaínza, que levaram a agremiação nos anos 50 a escrever as mais brilhantes páginas de sua longa historia. Panizo foi o primeiro a chegar dos "cinco magníficos".

Uma temporada depois do final da famosa equipe de “los once aldeanos”, Gaínza decidiu pendurar as chuteiras, sendo o último a retirar-se daquela mítica dianteira, atuando como ponteiro de outra magnifica geração do Athletic, composta entre outros por Carmelo, Garay, Mauri, Maguregui, Arieta e Uribe. Foram 20 anos vestindo a camisa vermelha e branca, dando um exemplo de amor a um clube.

Em 1953, recebeu a "Medalha do Mérito Desportivo", da Real Federação Espanhola de Futebol (R. F. E. F). Encerrou a carreira no final da temporada 1958-1959, tornando-se treinador, tendo trabalhado no Athletic Bilbao de 1965 a 1969, levando o clube a jogar a "Taça UEFA" e duas finais da "Taça Nacional".

Depois de abandonar o cargo de treinador, continuou ligado ao Bilbao como consultor e olheiro. Seu trabalho era avaliar jovens talentos. Foi quando se tornou grande amigo de Javier Clemente Lázaro, um treinador e ex-futebolista espanhol.


No “Dia de Reis”, de 1995, Gaínza morreu de um infarto fulminante, em sua casa de Basauri. Mais de três mil pessoas foram ao seu funeral e muitas não puderam entrar na Igreja. Na cidade em que nasceu, uma das principais ruas leva o seu nome. Ainda hoje detém vários recordes, que são difíceis de superar. (Pesquisa: Nilo Dias)


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