quarta-feira, 13 de junho de 2018

O futebol brasileiro perde um de seus maiores craques

Morreu ontem (12/6) o ex-volante do Cruzeiro Esporte Clube, de Belo Horizonte, José Carlos Bernardo  o “Zé Carlos”,  de 73 anos, que por 38 anos se constituiu no atleta com maior número de jogos pelo clube mineiro.

Somente em 2015 perdeu essa condição para o goleiro Fábio, que ainda permanece em atividade. “Zé Carlos” vestiu a camisa estrelada em 633 jogos e marcou 83 gols, entre as temporadas de 1965 e 1977.

O drama de “Zé Carlos” começou há cerca de seis anos. No entanto, somente há três a doença chegou ao ponto mais crítico, quando o ex-jogador ficou acamado. Ele deixou três filhos, Frederico, de 35 anos, vendedor; Gustavo, de 32, que mora e trabalha nos EUA; e Thiago, de 33.

Ele vivia em um apartamento, em Contagem, cuidado pela esposa, fiel escudeira, Eunice Braga Tolentino Bernardo, a “Nice”, de 58 anos.

“Zé Carlos” estava desempregado em razão de um acidente vascular cerebral (AVC) sofrido em 2016, quando ficou com dificuldades de locomoção e comunicação. Ele passou os últimos meses internado no “Hospital do Barreiro” na capital mineira e morreu por falência múltipla dos órgãos.

O jogador fez parte de uma época de ouro do Cruzeiro, onde foi campeão da “Copa Libertadores da América de 1976” e da “Taça Brasil de 1966”, título que foi reconhecido em 2010 como de campeão brasileiro. E campeão mineiro em 10 oportunidades (1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977), além do “Torneio Início” (1966) e "Taça Minas Gerais" (1973).

Natural de Juiz de Fora (MG), “Zé Carlos” foi revelado pelo Sport Club Juiz de Fora. Como a cidade da “Zona da Mata” mineira fica próxima ao Rio de Janeiro, ele foi para o Fluminense fazer um teste.

Naquela época, o Fluminense estava sem dinheiro para poder pagar o passe dele. Por isso, “Zé Carlos” acabou no Cruzeiro a pedido do presidente Felício Brandi. No tricolor carioca ele conheceu o jogador Procópio, de quem se tornou grande amigo.

Os dois jogaram juntos no Cruzeiro, que tinha Dirceu Lopes, Tostão, Natal, Piazza e Raul. Procópio lembra que quando voltou a jogar depois de cinco anos, já velho, com 33 anos, recuperado de uma lesão, na estreia, “Zé Carlos” e Perfumo, outro que também já nos deixou, o apoiaram muito. 

"Fizeram a cobertura, deram apoio moral. correção, amizade e lealdade. Uma grande perda", disse o ex-zagueiro.

“Zé Carlos" esteve cotado para disputar a "Copa do Mundo de 1970", mas ficou fora da lista. Pela “Canarinho” ele participou de oito jogos e marcou dois gols.

Depois de deixar o Cruzeiro, o ex-volante foi campeão brasileiro com o Guarani, de Campinas (SP) em 1978, time fabuloso que tinha Zenon, Renato, Capitão e Bozó. 

Já no fim da carreira, vestiu a camisa do Villa Nova, de Nova Lima (MG) e teve atuação de destaque num duelo com o Atlético, conforme lembrou matéria publicada pelo jornal “Estado de Minas”. E no início dos anos 80 jogou no Uberaba (MG) e no Maringá, do Paraná.

Ao pendurar as chuteiras tentou a carreira de treinador. No futebol catarinense, “Zé Carlos” foi técnico do Criciúma campeão catarinense de 1986, interrompendo uma sequência de oito títulos consecutivos do Joinville, ao vencer o rival do Norte por 2 X 0 no Estádio Heriberto Hülse, com dois gols de Jorge Veras. Foi a primeira conquista tricolor desde a mudança do nome de Comerciário para Criciúma.

De acordo com os dados do site “Meu Time na Rede”, “Zé Carlos” comandou o Criciúma em 133 jogos oficiais entre 1986 e 1988, com um aproveitamento de 57%.

“Zé” era cativante ao extremo na sua tranquilidade, mansidão ao falar e bondade. Como todo sábio, não precisava demonstrar humildade e jamais teve o mínimo traço de arrogância. 

"Triste é saber que ele precisou da ajuda dos amigos para tratamento e fisioterapia. Machuca, mas é a realidade de um país onde o ídolo de ontem desaparece como uma folha seca levada pelo tempo, escreveu “Zé Beto”, no seu blog http://www.zebeto.com.br.

O Cruzeiro Esporte Clube lamentou o fato em uma nota assinada pelo presidente Wagner Pires de Sá. "Todos nós, da família Cruzeiro, manifestamos neste momento de dor o nosso carinho, compaixão e solidariedade aos amigos, familiares e fãs de "Zé Carlos", que sempre terá um cantinho especial no coração de cada cruzeirense e dos amantes do bom futebol", escreveu o mandatário do clube.

O Cruzeiro não foi o único a lamentar o falecimento de "Zé Carlos". O Guarani também o fez por meio de seu perfil no Twitter. "Com profundo pesar, o Guarani Futebol Clube informa e lamenta o falecimento do ex-meia "Zé Carlos". campeão brasileiro com o "Bugre" em 1978, o ex-jogador faleceu nesta terça-feira, aos 73 anos, em Belo Horizonte. Descanse em paz, "Zé Carlos", escreveu.

Muito abalado, também estava Zenon, meio-campista que formou com “Zé Carlos” e Renato, um trio de meio-campo de tirar o chapéu, tanto que levou o Guarani ao título inédito do Campeonato Brasileiro de 1978. 

Mais do que colegas de trabalho, eram amigos de longa data. Até por conta disso Zenon lamentou demais a perda do companheiro, que faleceu aos 73 anos, nesta terça-feira. O ex-meia se mostrou muito triste com a morte do amigo e companheiro .

"Zé Carlos" foi velado no “Cemitério Parque da Colina”, no Bairro Nova Cintra, região oeste de Belo Horizonte. O sepultamento ocorreu, hoje, quarta-feira, às 10 horas. (Pesquisa: Nilo Dias)


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