Morreu
ontem (12/6) o ex-volante do Cruzeiro Esporte Clube, de Belo Horizonte, José
Carlos Bernardo o “Zé Carlos”, de 73 anos, que por 38 anos se constituiu no
atleta com maior número de jogos pelo clube mineiro.
Somente
em 2015 perdeu essa condição para o goleiro Fábio, que ainda permanece em
atividade. “Zé Carlos” vestiu a camisa estrelada em 633 jogos e marcou 83 gols,
entre as temporadas de 1965 e 1977.
O
drama de “Zé Carlos” começou há cerca de seis anos. No entanto, somente há três
a doença chegou ao ponto mais crítico, quando o ex-jogador ficou acamado. Ele
deixou três filhos, Frederico, de 35 anos, vendedor; Gustavo, de 32, que mora e
trabalha nos EUA; e Thiago, de 33.
Ele
vivia em um apartamento, em Contagem, cuidado pela esposa, fiel escudeira,
Eunice Braga Tolentino Bernardo, a “Nice”, de 58 anos.
“Zé
Carlos” estava desempregado em razão de um acidente vascular cerebral (AVC) sofrido em 2016, quando ficou com dificuldades de locomoção e comunicação. Ele
passou os últimos meses internado no “Hospital do Barreiro” na capital mineira
e morreu por falência múltipla dos órgãos.
O
jogador fez parte de uma época de ouro do Cruzeiro, onde foi campeão
da “Copa Libertadores da América de 1976” e da “Taça Brasil de 1966”, título
que foi reconhecido em 2010 como de campeão brasileiro. E campeão mineiro em 10
oportunidades (1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977),
além do “Torneio Início” (1966) e "Taça Minas Gerais" (1973).
Natural
de Juiz de Fora (MG), “Zé Carlos” foi revelado pelo Sport Club Juiz de Fora.
Como a cidade da “Zona da Mata” mineira fica próxima ao Rio de Janeiro, ele foi
para o Fluminense fazer um teste.
Naquela
época, o Fluminense estava sem dinheiro para poder pagar o passe dele. Por
isso, “Zé Carlos” acabou no Cruzeiro a pedido do presidente Felício Brandi. No
tricolor carioca ele conheceu o jogador Procópio, de quem se tornou grande
amigo.
Os
dois jogaram juntos no Cruzeiro, que tinha Dirceu Lopes, Tostão, Natal, Piazza
e Raul. Procópio lembra que quando voltou a jogar depois de cinco anos, já
velho, com 33 anos, recuperado de uma lesão, na estreia, “Zé Carlos” e Perfumo,
outro que também já nos deixou, o apoiaram muito.
"Fizeram a cobertura, deram
apoio moral. correção, amizade e lealdade. Uma grande perda", disse o
ex-zagueiro.
“Zé
Carlos" esteve cotado para disputar a "Copa do Mundo de 1970", mas ficou fora da
lista. Pela “Canarinho” ele participou de oito jogos e marcou dois gols.
Depois
de deixar o Cruzeiro, o ex-volante foi campeão brasileiro com o Guarani, de
Campinas (SP) em 1978, time fabuloso que tinha Zenon, Renato, Capitão e Bozó.
Já
no fim da carreira, vestiu a camisa do Villa Nova, de Nova Lima (MG) e teve
atuação de destaque num duelo com o Atlético, conforme lembrou matéria
publicada pelo jornal “Estado de Minas”. E no início dos anos 80 jogou no
Uberaba (MG) e no Maringá, do Paraná.
Ao
pendurar as chuteiras tentou a carreira de treinador. No futebol catarinense,
“Zé Carlos” foi técnico do Criciúma campeão catarinense de 1986, interrompendo
uma sequência de oito títulos consecutivos do Joinville, ao vencer o rival do
Norte por 2 X 0 no Estádio Heriberto Hülse, com dois gols de Jorge Veras. Foi a
primeira conquista tricolor desde a mudança do nome de Comerciário para
Criciúma.
De
acordo com os dados do site “Meu Time na Rede”, “Zé Carlos” comandou o Criciúma
em 133 jogos oficiais entre 1986 e 1988, com um aproveitamento de 57%.
“Zé”
era cativante ao extremo na sua tranquilidade, mansidão ao falar e bondade. Como
todo sábio, não precisava demonstrar humildade e jamais teve o mínimo traço de
arrogância.
"Triste é saber que ele precisou da ajuda dos amigos para
tratamento e fisioterapia. Machuca, mas é a realidade de um país onde o ídolo
de ontem desaparece como uma folha seca levada pelo tempo, escreveu “Zé Beto”,
no seu blog http://www.zebeto.com.br.
O
Cruzeiro Esporte Clube lamentou o fato em uma nota assinada pelo presidente
Wagner Pires de Sá. "Todos nós, da família Cruzeiro, manifestamos neste
momento de dor o nosso carinho, compaixão e solidariedade aos amigos,
familiares e fãs de "Zé Carlos", que sempre terá um cantinho especial no coração
de cada cruzeirense e dos amantes do bom futebol", escreveu o mandatário
do clube.
O
Cruzeiro não foi o único a lamentar o falecimento de "Zé Carlos". O Guarani
também o fez por meio de seu perfil no Twitter. "Com profundo pesar, o
Guarani Futebol Clube informa e lamenta o falecimento do ex-meia "Zé Carlos". campeão brasileiro com o "Bugre" em 1978, o ex-jogador faleceu nesta terça-feira,
aos 73 anos, em Belo Horizonte. Descanse em paz, "Zé Carlos", escreveu.
Muito
abalado, também estava Zenon, meio-campista que formou com “Zé Carlos” e Renato, um trio de
meio-campo de tirar o chapéu, tanto que levou o Guarani ao título inédito do
Campeonato Brasileiro de 1978.
Mais do que colegas de trabalho, eram amigos de
longa data. Até por conta disso Zenon lamentou demais a perda do companheiro,
que faleceu aos 73 anos, nesta terça-feira. O ex-meia se mostrou muito triste
com a morte do amigo e companheiro .
"Zé Carlos" foi velado no “Cemitério Parque da Colina”, no Bairro Nova Cintra,
região oeste de Belo Horizonte. O sepultamento ocorreu, hoje, quarta-feira, às
10 horas. (Pesquisa: Nilo Dias)
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