quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Um time que não ganha nada a 118 anos

Pensando bem um time que nunca conquistou nenhum título, nem de menor expressão, não é raridade no futebol. Muito pelo contrário. Creio que ocupam uma parcela bem grande na história do futebol brasileiro e mundial.

É claro que todo o torcedor gosta de ver seu time ganhando. Talvez isso explique a preferência por determinadas equipes, que ao menos dentro de seu raio de atuação sempre estão chegando na frente.

Exemplos bem claros de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo, no Rio de Janeiro, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos, em São Paulo, Grêmio e Internacional, no Rio Grande do Sul, Cruzeiro e Atlético em Minas Gerias e por ai vai.

E também mundo afora, com destaques para Real Madrid e Barcelona, na Espanha, Chelsea, Liverpool, Manchester United, Manchester City e Arsenal, na Inglaterra, Porto e Benfica, em Portugal, só para citar alguns.

Temos no Brasil muito exemplos de equipes com bastante tradição regional, como América e ABC (RN), CRB e CSA (AL), Ceará (CE), Botafogo (PB), Remo e Paysandu (PA), Nacional (AM), Operário (MS), Brasília (DF), Ponte Preta (SP), América (RJ), entre muitos outros.
Porém numa escala nacional não passam de agremiações de média ou pequena expressão.

Assim como acontece na Espanha com Sporting Gijón e Mallorca, por exemplo, na Inglaterra com Birmingham e West Ham, na Itália com a Udinese e Bari. E por aí a fora.

Dito isso, fica uma pergunta. qual o maior "jejum" de títulos nacionais da história do futebol. Mundial. O recorde atual é de incríveis 118 anos, ou 119 temporadas, e pertence ao clube escocês Dumbarton FC., sediado na cidade de Dumbarton.

É o quarto time mais antigo da Escócia, fundado em 1872, ainda nos primórdios do "futebol oficial". Seus fundadores foram um grupo de jovens que se reuniram na cidade de mesmo nome em uma tarde chuvosa de domingo no intuito de criarem um time para disputar partidas do esporte recém-criado pelos vizinhos ingleses.

No ano seguinte filiou-se à Associação Escocesa de Futebol (SFA) e passou a disputar algumas partidas amistosas e as copas de Dunbartonshire e da Escócia. Seu primeiro título em âmbito nacional veio na “Scottish Cup”, na temporada 1882/83, após dois vices seguidos entre 1880 e 1882.

A conquista foi diante do Vale of Leven com uma vitória por 2 X 1 no jogo extra, depois do empate na final do certame em 2 X 2.

Já foi um dos maiores clubes de futebol do século XIX, tendo ganhado a Scottish Football League no dois primeiros anos de competição, na longínqua temporada de 1890/91, cujo título foi dividido com o Glasgow Rangers.

Ambos terminaram a competição com os mesmos 29 pontos ganhos e jogaram uma partida extra para decidirem quem seria o campeão em Cathkin Park, que terminou empatada em 2 X 2 e com a Liga Escocesa de Futebol dividindo a taça entre as equipes.

O troféu voltou a ser conquistado pelos “Sons”, como é conhecido pelos torcedores, no campeonato seguinte e parou por aí. De lá para cá apenas conquistas de torneios sem expressão ou de divisões inferiores do futebol de seu país.

Desde então, o clube vêm passado a maioria dos anos nas divisões inferiores do futebol escocês, sendo em 1985 sua última participação na primeira divisão.

Seu estádio era o “Boghead Park”, com capacidade para duas mil pessoas. Outro fato que chama a atenção e também entrou para a história foi o fato de o estádio ter sido a sede que por mais tempo pertenceu a um clube profissional.

De 1879, quando foi inaugurado, até o ano dois mil, quando da mudança para o atual “Strathclyde Homes Stadium”, com capacidade também para dois mil espectadores, passaram-se 121 anos com o Dumbarton mandando seus jogos lá.

Após o segundo e último título nacional, o que tinha para ser a criação de um grande e popular clube do Reino Unido foi por água a baixo. Em 1897, após o fim da temporada, os diretores do clube decidiram se retirar da liga de futebol escocesa por divergências quanto à profissionalização do esporte, já que naquela época a prática ainda era totalmente amadora.

Tal impasse perdurou até idos de 1907, quando os cartolas do clube finalmente renderam-se ao novo modelo futebolístico implantado.

Como já citado, a partir de 1892 apenas títulos de segundo escalão a baixo foram conquistados pelo time de West Dunbartonshire, alternando alguns bons momentos como na duríssima derrota diante dos gigantes do Celtic apenas nos pênaltis, nas semifinais da Copa da Liga Escocesa de 1970, por 4 X 3 após empate sem gols no tempo normal e na prorrogação.

Ee na conquista do título da “First Division” (a segunda divisão) na temporada 1971/72 com o incrível recorde de42  gols marcados pelo atacante Kenny Wilson, artilheiro do torneio.

 Já nos anos 80 a situação ficou bastante difícil para o Dumbarton, que chegou a passar por três administradores diferentes e sucumbiu com seguidos rebaixamentos e alguns acessos esporádicos às divisões superiores - exceto a primeira - chegando a figurar na “Third Division”, a quarta divisão nacional.

Os anos seguintes mostraram apenas um clube "iô-iô", que ia e voltava entre os níveis inferiores do futebol escocês. Na atualidade os ”Sons” disputam a “Terceirona” escocesa depois de terem conquistado mais uma vez a quarta divisão.

Estão um pouco distante de retornarem à “First Division”, visto que ocupam apenas a 5ª colocação com 22 pontos, 13 atrás do líder Cowdenbeath.

Uniformes: Camisas amarelas com detalhes pretos, shorts e meiões pretos (titular). Camisas brancas com detalhes azuis, shorts azuis e meiões brancos (reserva)

Títulos (8): Copa da Escócia (1882/83), Campeonato Escocês (1890/91 e 1891/92), First Division (1910/11 e 1971/72), Taça Britânica do Festival de Saint Mungo (1951/52), Second Division (1991/92) e Third Division (2008/09) (Pesquisa: Nilo Dias)


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