Um
dos sobreviventes do acidente aéreo da Chapecoense, o jornalista catarinense
Rafael Henzel morreu na noite de ontem, terça-feira após sofrer um enfarte
fulminante.
O
narrador esportivo, de 45 anos, passou mal durante partida de futebol com os
amigos, na cidade de Chapecó. Ele era casado e tinha um filho.
A
morte foi confirmada pela Rádio Oeste Capital, onde ele trabalhava. Ele veio a
falecer na noite desta terça, dia 26 de março. O Rafael jogava futebol com
amigos no início da noite de hoje e acabou sofrendo um enfarte fulminante.
Conduzido
ao Hospital Regional de Chapecó foi confirmado há poucos instantes o
falecimento do nosso colega, jornalista e narrador, anunciou a rádio.
Henzel
foi uma das seis vítimas que sobreviveram no acidente aéreo que causou a morte
de 71 pessoas no voo que levava a delegação da Chapecoense para a Colômbia para
a disputa da final da Copa Sul-Americana, no fim de novembro de 2016.
Enquanto
Henzel acordava cercado por corpos sem vida de outros passageiros do avião,
notícias do desastre começavam a chegar ao Brasil.
A
milhares de quilômetros de distância, quem deu a "notícia" de que o
jornalista estava entre os sobreviventes foi o filho Otávio, então com 11 anos.
"Sinto
a respiração dele", disse a criança à mãe. Tavinho estava certo e 15 dias
depois um avião pousava trazendo o pai. Com uma camiseta com o símbolo da Chape
e #forçarafa às costas, o garoto entrou na aeronave e na direção de Rafael
Henzel.
Único
jornalista a sobreviver à tragédia, ele trabalhava na Rádio Oeste Capital e
havia retomado suas atividades normalmente no veículo de comunicação um ano
após sobreviver à tragédia que abalou o futebol mundial.
Pode-se
dizer com toda a certeza, que o jornalista Rafael Henzel nasceu duas vezes. A
primeira, em 25 de agosto de 1973, quando deixou o ventre da mãe, dona Lídia,
em São Leopoldo (RS).
A
segunda, em 29 de novembro de 2016, dia em que o vôo “LaMia 2933” caiu em “Cerro
El Gordo”, na Colômbia. Sua segunda vida teve 27 meses e 27 dias de vida.
Nesse
período, fez a narração da histórica estreia da Chapecoense na Libertadores em
2017. Apareceu em jogo da seleção brasileira ao lado de Galvão Bueno. Deu
palestras e trabalhou muito.
Se
despediu vestindo chuteiras, dentro das quatro linhas, acompanhado da paixão
que marcou sua vida, seu renascimento e, agora, sua morte.
Dois
nascimentos que ilustram duas vidas. A primeira, até o acidente, como um
jornalista apaixonado por futebol e pela Chapecoense, fazendo o que gostava.
A
segunda, como um exemplo de superação, viajante pelo mundo e embaixador do
clube. Abaixo das duas datas na rede social, Rafael oferecia um contato para
palestras nas quais falava sobre o novo valor que enxergava na vida depois de
quase tê-la deixado.
Foi
justamente no campo que a vida teve um apito final. O homem que construiu a
vida ao redor do futebol dedicou seus últimos batimentos do coração a correr
atrás de uma bola.
A
cidade que tem um clube que simboliza o recomeçar ficou sem um porta-voz da
esperança. Mas Rafael Henzel fez de sua segunda vida um testemunho do que
apendeu naquela noite trágica em Medelín: as pessoas devem viver como se
tivessem de partida.
Rafael
Henzel sempre repetia que sobreviveu graças a Lionel Messi. Com dificuldade de
dormir no voo para a Colômbia, ele foi puxar papo com um companheiro de rádio
de Chapecó.
Com
1m90 de altura, queria sentar no corredor da penúltima fileira, mas o colega
Renan Agnolin o proibiu de ocupar o lugar. Justificou que foi o local em que
Messi viajou quando a seleção da Argentina usou a aeronave.
Henzel
respeitou o dono de cinco “Bolas de Ouro” e escolheu o assento ao lado. Sorte
sua, sobreviveu a tragédia. Foi assim que viveu sua nova vida. E sempre
mencionando que foi salvo por Messi.
O
garoto Rafael se mudou cedo para Chapecó. Lá, começou a carreira jornalística
aos 15 anos de idade, mas, antes disso, já cultivava a paixão pelo time da
cidade.
Saía
da escola e não tinha dinheiro para pagar o ingresso, então esperava no portão
do estádio até os 15 minutos de jogo para poder entrar de graça.
A
relação com a Chapecoense evoluiu. Depois da tragédia de 2016, o jornalista se
transformou em uma espécie de embaixador, símbolo indissociável da Chape,
presente em eventos no Brasil e no exterior.
Nas
palavras do próprio clube, "tornou-se um símbolo da reconstrução do clube,
nas páginas verde e brancas desta instituição". Desde a queda do avião, ao
se referir à Chapecoense, usava o pronome "nós".
Henzel
se tornou embaixador da “Chape” pelo planeta. Poucos dias antes de sua morte, esteve
na Espanha e na Alemanha falando do clube, da tragédia e do futuro.
Em
Berlim, no festival “11mm Futebol Film Fest”, apresentou o documentário
"Nossa Chape", filme que conta a reconstrução do clube após o
acidente. Dias antes fez o mesmo em Bilbao, na Espanha.
Ao
voltar a trabalhar, lançou em maio de 2017 o livro "Viva como se estivesse
de partida", cujo complemento é "um relato otimista e emocionante do
jornalista que sobreviveu à tragédia da Chapecoense".
"Viva
como se estivesse de partida" não é um relato sobre o acidente, o que
seria de se espera de um jornalista. A obra trata da superação física e
psicológica depois da tragédia. Rafael Henzel continuou viajando de avião sem
problemas e levava a vida de forma positiva e bem humorada.
No
lançamento, os leitores elogiaram a humildade e a mensagem de esperança. E
pensar que o jornalista estava com medo de fazer o livro.
Em
dúvida, consultou um colega que respeita e confia muito, Tino Marcos. Recebeu
um empurrão com o argumento de que era dono de uma história única que deveria
ser compartilhada.
No
mesmo ano, passou a atuar como comentarista da RBS TV, afiliada à TV Globo, nas
transmissões dos jogos da Chapecoense na Copa Libertadores daquele ano - para a
qual o time catarinense entrou por ter sido considerado o campeão da
Sul-Americana, mesmo sem jogar a partida da volta.
Henzel
gostava mesmo era de narrar. Ainda no domingo, 25 de março, narrou cinco gols
na vitória da “Chape” fora de casa sobre o Hercílio Luz.
Não
há narrador brasileiro que não gostaria de dividir o prestígio de uma
transmissão com Galvão Bueno. Foi o que Henzel viveu em 25 de janeiro de 2017,
quase dois meses após a tragédia.
Era
o amistoso entre Brasil e Colômbia, no “Estádio Nilton Santos”, no Rio.
Conversaram em meio ao jogo. Henzel se disse representante de 21 colegas de
imprensa que partiram na noite do acidente.
A
conversa seguiu com a partida como pano de fundo, com Galvão pontuando um ou
outro lance. A transmissão recebeu outros sobreviventes, como o goleiro Jackson
Follmann, que conversava com Galvão quando Dudu marcou um gol. Galvão parou a
transmissão, chamou o replay e pediu que Henzel narrasse.
Em
comunicado, o clube de Chapecó lamentou a morte do jornalista. "A
Associação Chapecoense de Futebol vem a público a fim de manifestar o profundo
pesar e toda a consternação pela notícia do falecimento do jornalista Rafael
Henzel, ocorrido na noite desta terça-feira", registrou o clube.
"Durante
a sua brilhante carreira, Rafael narrou, de forma excepcional, a história da
Chapecoense. Tornou-se um símbolo da reconstrução do clube e, nas páginas verde
e brancas desta instituição, sempre haverá a lembrança do seu exemplo de
superação e de tudo o que fez, com amor, pelo time, pela cidade de Chapecó e
por todos os apaixonados por futebol.
Desejamos,
de todo o coração, que a família tenha força para enfrentar mais um momento tão
difícil e esta perda irreparável. Os sentimentos e as orações de todos os
chapecoenses, torcedores e ouvintes, estão com vocês."
Após
a notícia do falecimento de Rafael Henzel, muitos comunicadores e também alguns
clubes de futebol prestaram homenagens ao jornalista. Abaixo algumas mensagens transmitidas ontem a noite. Certamente foram dirigidas muitas outras.
O
PARANÁ CLUBE lamenta a morte do jornalista Rafael Henzel. Nossos sentimentos à
família e amigos. Descanse em paz, guerreiro!
Nota
de pesar. A S.E.R. CAXIAS lamenta o falecimento do jornalista Rafael Henzel. Desejamos
força aos familiares e amigos enlutados por esta perda irreparável.
O
FORTALEZA ESPORTE CLUBE Clube lamenta o falecimento do jornalista Rafael
Henzel. Ele foi um dos sobreviventes do trágico acidente envolvendo a delegação
da Chapecoense. Aos familiares, amigos e colegas, desejamos muita força para
superar esse triste momento.
O
CEARÁ SPORT CLUB lamenta profundamente o falecimento do jornalista Rafael
Henzel. Sua história irá inspirar todos os brasileiros. Descanse em paz,
guerreiro!
Nosso
eterno carinho por Rafael Henzel. Neste momento de muita dor, o SÃO PAULO FUTEBOL
CLUBE se solidariza com a família, os amigos e os admiradores do jornalista.
O
CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO lamenta profundamente o falecimento de Rafael
Henzel, exemplo de superação e profissionalismo. Desejamos muita força aos
familiares, amigos e fãs. Descanse em paz.
O
VILA NOVA FUTEBOL CLUBE se solidariza com à família e amigos do Jornalista
Rafael Henzel! Um guerreiro que hoje se foi e deixa seu exemplo de luta pra
todos nós.
É
com pesar que o SPORT CLUB RECIFE recebe a notícia da morte do jornalista
Rafael Henzel. Referência na sua profissão, ele deixa um grande legado.
Desejamos força aos familiares e amigos.
Com
grande pesar, o ESPORTE CLUBE BAHIA lamenta o falecimento do jornalista Rafael
Henzel, sobrevivente do acidente aéreo com a delegação da Chapecoense, em 2016.
Nossa solidariedade a amigos e familiares.
O
Cruzeiro Esporte Clube lamenta profundamente a morte do jornalista Rafael
Henzel. Que a família, amigos e o povo de Chapecó encontrem na fé e na
esperança todas as forças em mais este momento de dor e tristeza.
O
GRÊMIO FPA lamenta profundamente o falecimento do jornalista Rafael Henzel e
nos solidarizamos com os seus familiares e amigos neste momento tão difícil.
O
FIGUEIRENSE FUTEBOL CLUBE lamenta o falecimento do jornalista Rafael Henzel, um
dos sobreviventes do maior acidente aéreo da história do futebol, que por
tantas vezes esteve no “Scarpellão” para exercer sua profissão. Nossos mais
sinceros pêsames aos familiares e amigos. Força!
A
SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS lamenta a morte do jornalista Rafael Henzel e
deseja muita força aos familiares nesse momento difícil.
O
SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA lamenta o falecimento do jornalista Rafael
Henzel, sobrevivente do acidente aéreo com a equipe da Chapecoense em 2016.
Neste momento de dor, desejamos muita força aos familiares, amigos e colegas de
imprensa do narrador que, por anos, acompanhou a equipe de Santa Catarina.
O
CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA lamenta profundamente a morte do jornalista
Rafael Henzel. Nossos sentimentos a família, amigos e ao povo de Chapecó.
“Me
sinto arrasado! Muito triste! Vivi intensamente o terrível desastre do voo da
Chape! Perdi muitos amigos! Ganhei muitos outros! Mudei muitos conceitos!
Rafael, sem dúvida você teve uma missão especial neste mundo terreno! Que Deus
te receba como você merece e que abençoe e dê forças a sua família. Saudades!”,
escreveu GALVÃO BUENO.
O
SPORTS CENTER, programa da ESPN Brasil, de ontem terminou com uma homenagem ao
jornalista Rafael Henzel, que morreu em decorrência de um infarto enquanto
jogava futebol. Paulo Soares, o "Amigão", foi o responsável por registrar uma
mensagem ao locutor esportivo.
"Nós nos despedimos com uma pequena
homenagem a Rafael Henzel, jornalista, radialista, locutor esportivo, um dos
seis sobreviventes do trágico acidente com o avião da Chapecoense em 2016, que
matou 71 pessoas.
"Notícia triste que
chocou a todos nós. Mais uma vez, todos da ESPN deixamos nossos sentimentos aos
familiares, amigos e companheiros de Rafael Henzel. Descanse em paz, Henzel,
neste céu azul”. (Pesquisa: Nilo Dias)
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