O Resende Futebol Clube, o “Gigante do Vale”, que hoje a tarde decide a Taça Guanabara ou o primeiro turno do Campeonato Carioca deste ano, não é um clube qualquer, igual a tantos outros que participam do outrora mais charmoso regional do Brasil. Pelo contrário, é um clube de muita tradição e que no próximo dia 6 de junho estará fazendo parte da seleta lista de agremiações centenárias do futebol brasileiro. E neste ano especial, o Resende vive o melhor momento de toda a sua história.
Com quase cem anos de existência, a agremiação, que só saiu do amadorismo há pouco mais de três anos, apenas o ano passado deixou o anonimato e se juntou pela primeira vez à elite do campeonato estadual do Rio de Janeiro. A cidade de Resende, que fica a 160 quilômetros da capital, antes só chamava a atenção pela grande quantidade de empresas automotivas lá estabelecidas, passou a ter também no seu time de futebol, mais um bom motivo para se orgulhar.
O segredo dessa meteórica ascensão do Resende foi uma bem sucedida parceria com a empresa “Gol de Placa Marketing Esportivo”, que profissionalizou o futebol no clube. Os resultados positivos apareceram de imediato, e apenas dois anos depois de iniciado o projeto (agosto/2006), o time carimbou o acesso para a primeira divisão do campeonato carioca.
Sob o comando do técnico Carlos Roy, o mesmo da decisão de hoje, o Resende terminou a “segundona” estadual com 49 pontos, 14 vitórias, sete empates e sete derrotas, 36 gols a favor, 30 contra e saldo positivo de 6 gols. Jogando em casa, no Estádio do Trabalhador, o Resende não conheceu derrota, venceu quatro partidas (Madureira 1 X 0, Americano 1 X 0, Boa Vista 5 X 4 e Cardoso Moreira 3 X 0) e empatou apenas uma (Macaé 2 X 2).
Como a história do Resende no futebol profissional é bem recente, os jogadores que fazem parte da sua galeria de ídolos também são de agora, muitos daqueles que conseguiram a proeza de colocar o time entre os principais do futebol carioca. Entre eles estão o atacante Raphael, que marcou 11 gols na competição, o experiente volante Márcio Costa, de 36 anos, que conquistou títulos importantes jogando pelo Corinthians (Mundial Interclubes de 2000) e Fluminense (Estadual de 1995), o zagueiro Edinho, que atuou na maioria dos jogos como titular e o goleiro Rodolpho.
O maior dos ídolos não joga, é o técnico Carlos Roy, que com um time sem estrelas, conseguiu formar um elenco unido e capaz de chegar ao título da segunda divisão do Estadual do Rio e agora a decisão da Taça Guanabara.
Segundo o site www.pontevelha.com o futebol chegou em Resende no início do século XX, a exemplo do que aconteceu em muitas outras cidades brasileiras. No começo o novo esporte não tinha nenhuma organização, era praticado apenas em treinos, “rachas” ou “peladas” no campo do “Manejo”, e na várzea, onde hoje se encontra o campo do Resende Futebol Clube.
Num segundo estágio e contando com um número maior de praticantes, tornou-se comum a realização de partidas de desafio entre os quadros “Vermelho” e “Azul”. Entre os jogadores daquela época destacavam-se, entre outros, os irmãos João e Luiz Ferreira de Souza Leal, os irmãos Romeu e Arthur Martins, Felipe Bruno, Adílio Monteiro Filho e Mário Guimarães, tio de Augusto de Carvalho e avô do doutor Niquinho.
O primeiro clube de futebol organizado que surgiu na cidade foi o Fluminense F.C, que depois mudou o nome para o atual Resende F.C, com uniforme nas cores preta e branca e tendo como símbolo uma estrela solitária, similar a do Botafogo do Rio, adversário de hoje. Seu primeiro time era muito forte e respeitado nos confrontos com equipes de cidades vizinhas do Vale do Paraíba. O primeiro jogo foi um empate de 3 X 3 frente um combinado de Barra Mansa (RJ).Jogavam nessa época: Dico Novais no gol – Lindo - Consentino e Tatão Anechino na zaga - Chico Soares e Barbosa na linha media - Mário Gambá - Filhinho Veloso - Rodolfo Peline - Jezer Brasileiro e Lecy Lobato no ataque.
Durante algum tempo o Resende, por influência de Noel de Carvalho, filho da terra e presidente do Bangu Atlético Clube, utilizou jogadores do clube carioca, que os adversários chamavam de “enxertos”. Eram partidas contra Barra Mansa, Cruzeiro, Guará e equipes de outras cidades vizinhas.
A vinda para Resende do Fiscal de Imposto de Consumo, doutor Pedro Rocha, irmão do famoso Carlito Rocha, e muito ligado ao Botafogo F. R, foi fundamental para o desenvolvimento do futebol na cidade. Não demorou para chegar a presidente do Resende F.C. Em sua administração o campo ganhou muros e foi lançada a pedra fundamental das arquibancadas. E conscientizou os demais dirigentes de que o clube deveria dar prioridade ao aproveitamento de jogadores da terra. Foi assim que o Resende conseguiu formar um dos melhores times de toda a sua história: Mendonça - Waldhy e Gumercindo - Mineiro ou Villaça - Castorino e Silva Sapateiro - Mário Gambá – Nélson – Jézer - Silveira e Joaquim Fernandes.
O estádio do Resende começou a ser erguido em 1916, durante os festejos da visita de Santos Dumont, o “pai da aviação”, à cidade. E no local, até hoje são realizadas atividades sociais, recreativas e educacionais. Hoje, o clube realiza seus jogos no “Estádio Municipal do Trabalhador”, inaugurado em 1 de outubro de 1992 e que tem capacidade para 10 mil torcedores.
Construído na década de 80, pertence ao Serviço Social da Indústria (SESI) e é administrado pela prefeitura de Resende. Está situado em bairro nobre de Resende na região central da cidade, rodeado por edifícios residenciais, árvores, parques e clubes e aos principais serviços da cidade. Sua alta arquibancada, com 140m de comprimento por 20m de largura é um excelente mirante da cidade.
Na década de 1930 o futebol na cidade já havia virado uma verdadeira coqueluche. Os praticantes eram muitos e além do Resende existiam, o Aventureiro F.C., de Campos Elíseos e o Juvenil e o “Charuto que não jogava contra nenhum adversário, apenas promovia animados treinos nas manhãs de domingo. O nome era uma homenagem a um crioulo, querido por todos, e que era o dono da bola. O “Charuto”, com o advento da Liga Desportiva de Resende (LDR), se tornou o Cruzeiro do Sul F.C., que teve vida curta. O futebol também se desenvolveu nos distritos. Em Itatiaia havia o Campo Belo F.C. e em Porto Real o Colônia.
Com a vinda da Escola Militar e com uma população maior, o esporte na cidade, de maneira geral, ganhou nova feição. Surgiram novos clubes: Tabajaras, Campos Elíseos, Alambari, Ordem e Progresso, Lavapés, Flamenguinho, Nacional de Itatiaia e Agulhas Negras, formado por cadetes da Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN).
Posteriormente foi fundado o Paraíso F. C. que possui hoje uma ótima praça de esportes. A Liga organizou acirrados campeonatos, disputados por clubes da cidade, Campos Elíseos, Itatiaia, Engenheiro Passos e Porto Real.
Com a construção da rodovia Presidente Dutra e do Maracanã, ficou fácil sair após o almoço para assistir jogos do Campeonato Carioca, e voltar no mesmo dia. Com isso, os jogos locais foram perdendo interesse. Depois, com o televisionamento dos jogos do Campeonato Carioca, tudo piorou ainda mais.
Nestes quase 100 anos, o Resende conseguiu estes títulos: Torneio Início do Vale do Paraíba (1957); Copa Vale do Paraíba (1968); Campeão da categoria Dente de Leite, no Torneio Prefeito Noel de Carvalho (1981); Campeão do Torneio Juniors da Cidade de Resende (1982); Campeão da Categoria Mirim, na Copa da Cidade de Resende (1983); Bicampeão da Mini Copa Dente de Leite (1983/1984); Campeão Amador da Cidade de Resende (1985); Campeão da Primeira Fase do Torneio Brasil e USA (1987); Campeão de Juniores da Liga Desportiva de Resende (1990); Vice Campeão da categoria mirim da cidade de Resende (1991); Vice Campeão Juvenil do Troféu Brasil (2000); Vice Campeão Infantil da Copa João Queiroz (2003) e Campeão Carioca da Segunda Divisão (2007).
A mascote do Resende é um lobo Guará. Os patrocinadores são a Prefeitura Municipal de Resende e Volkswagen Caminhões que pela primeira vez patrocina um time de futebol do Rio de Janeiro. O material esportivo é fornecido pela UM2 e o presidente do clube é o desportista Ricardo Tuffick. (Pesquisa: Nilo Dias)
Primeiro time do Resende, no ano da fundação,1909. Antenor Ferreira, Pedro Ferreira, João de Souza Leal, João Pinheiro Guimarães, Chico Soares, Antônio Português, José Domingos dos Santos, Artur Martins, Mário Guimarães, Francisco Maia e Felipe Bruno. (Foto: Jornal "Ponte Velha")
COMENTÁRIOS DE LEITORES
Luiz Felipe disse...
Oi Nilo,
Eu vi seu artigo e acho que o atacante Lecy Lobato era meu bizavô, será que vc teria uma foto daquele time?
Obrigado
23 de agosto de 2009 22:25
Oi Nilo,
ResponderExcluirEu vi seu artigo e acho que o atacante Lecy Lobato era meu bizavô, será que vc teria uma foto daquele time?
Obrigado