O clássico de amanhã (08-03-2009) entre S.E. Palmeiras X S.C. Corinthians Paulista, em Presidente Prudente será o primeiro a valer o “Troféu Osvaldo Brandão”, ex-técnico dos dois clubes. A intenção é valorizar o confronto e, até mesmo, diminuir a rivalidade entre as torcidas. O troféu é de posse transitória e ficará definitivamente em poder do clube que vencer três clássicos seguidos ou cinco alternados. Em caso de empate, o troféu ficará em poder do clube mandante até a realização do próximo jogo.
Osvaldo Brandão nasceu em Taquara (RS) no dia 18 de setembro de 1916 e faleceu em São Paulo, no dia 29 de agosto de 1989, 20 dias antes de completar 73 anos e três anos depois de ter se aposentado. Em uma de suas últimas atividades, foi comentarista da TV Record, fazendo parte da equipe composta por Silvio Luiz e Flávio Prado.
Considerado um dos melhores técnicos do futebol brasileiro em todos os tempos, famoso pelo estilo austero e exigente Osvaldo Brandão conseguiu a façanha de virar ídolo nos dois grandes rivais paulistas. No Corinthians do presidente Vicente Matheus ganhou o histórico Campeonato Paulista de 1977, depois do clube ter penado durante 22 anos sem ser campeão. Até hoje é considerado o melhor técnico que o Corinthians já teve. Curiosamente, o Corinthians havia sido campeão pela última vez em 1954, no IV Centenário de São Paulo e sob o comando do próprio Brandão.
Brandão era adepto do espiritismo e gostava muito de usar o lado psicológico para estimular seus comandados. Contam que antes da decisão de 13 de outubro de 1977 contra a Ponte Preta, num Morumbi superlotado, ele chamou os jogadores Zé Maria e Basílio e disse que recebera uma mensagem garantindo que o Corinthians venceria por 1 X 0 e Basílio marcaria o gol do título. Aos 36min do segundo tempo a profecia se concretizou.
Até hoje esse memorável título é comemorado pela torcida alvinegra. E Basílio, o herói de 1977 ganhou um livro sobre sua vida: “Basílio: o anjo sob a sombra do Gol”, de autoria de Rodolfo Brito. É uma obra inédita que aborda todos os passos do pé-de-anjo na vida profissional e pessoal. O livro é vendido pelo Portal Futebol Interior, ao preço de R$ 20,00, mais a taxa de entrega. Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail rodolfo@futebolinterior.com.br.
No Palmeiras, foi técnico nos anos de 1945, 1947, 1948, 1958 a 1960, 1971 a 1975 e 1980, tendo dirigido grandes jogadores como Ademir da Guia, Leivinha, Dudu e companhia, no time chamado de “segunda academia do alvi-verde”. No Palmeiras foi campeão paulista em 1959, 1972 e 1974 (título conquistado em cima do Corinthians, 1 X 0, gol de Ronaldo), e campeão da Taça do Brasil em 1960, 1972 e 1973. No Palmeiras Osvaldo Brandão somou 335 vitórias, 151 empates e 94 derrotas em 580 jogos disputados, com 66% de aproveitamento.
Em 1967 foi para a Argentina, onde treinou o Independiente e foi campeão. Também fez sucesso no São Paulo, conquistando o título paulista de 1971, sendo com isso o único técnico a ganhar o campeonato regional por todos os integrantes do chamado "trio de ferro". Ainda dirigiu a Portuguesa de Desportos. Teve uma passagem pelo Peñarol, do Uruguai, entre 1969 e 1970, quando ficou marcado por um caso de doping mal explicado. Brandão disse na época que tudo não passou de uma armação para derrubá-lo.
Comandou a Seleção Brasileira pela primeira vez no conturbado Campeonato Sul-Americano de 1957, quando levou Garrincha como grande novidade e reconvocou o veterano Zizinho, marcado pela derrota de 1950.
Em meados dos anos 70, teve uma nova passagem pela Seleção Brasileira, mas de novo não obteve o êxito esperado. Não suportou as críticas principalmente da imprensa carioca, por ter escalado o lateral Wladimir do Corinthians como titular num jogo em que o Brasil empatou em 0 X 0 com a Colômbia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1978. Foi ele que pela primeira vez convocou os jogadores Toninho Cerezo e Falcão, que não seriam aproveitados por seu sucessor, o também gaúcho Cláudio Coutinho.
Uma característica de Brandão era o estilo "paizão" com seus comandados, gostando de controlar e aconselhar em alguns aspectos de suas vidas particulares. Apesar de tudo era um homem reservado, um tanto calado. Com seus pesados óculos pretos, os cabelos grisalhos penteados para trás, os ombros levemente curvados por conta da idade e a aparência alta e magra faziam com que ele parecesse um pai. Em contraste, a voz grave e os gestos bruscos intimidavam os mais desavisados.
Diz a lenda que chegou a bater de cinta em alguns jogadores que não obedeciam suas regras. No Palmeiras teve atritos com o rebelde César Maluco, que em contrapartida contava que Brandão gostava em demasia de um whisky.
Títulos: Campeão Paulista pelo Palmeiras (1959, 1972 e 1974); Campeão do Torneio Rio-São Paulo pelo Corinthians (1953, 1954 e 1966); Campeão Paulista pelo Corinthians (1954 e 1977); Campeão da Taça Brasil pelo Palmeiras (1960, 1972 e 1973); Campeão Argentino pelo Independiente (1967); Campeão Paulista pelo São Paulo (1971) e pela Seleção Brasileira Campeão da Copa Rocca, Copa Rio Branco, Taça Osvaldo Cruz, Taça Atlântico e Torneio Bicentenário dos EUA , todos ganhos em 1976.
Com toda essa bagagem, Brandão não gostava que colocassem em dúvida suas qualidades. Certa vez um repórter lhe perguntou, se estava pronto para buscar a reabilitação em determinado jogo. E a resposta veio pronta e seca: “Reabilitação? Não. Um homem só se reabilita quando fracassa. Eu não fracassei!”(Pesquisa: Nilo Dias)
Osvaldo Brandão foi o melhor técnico de toda a história corinthianA (Foto: página oficial do S.C. Corinthians Paulista)
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