Em 2007 a igreja católica comprou o clube italiano Ancona, através de um grupo de empresários ligados à Conferência Episcopal Italiana (CEI). O clube vivia um momento de dificuldades financeiras e judiciais, além de estar envolvido no último grande escândalo do futebol no país, quando vários times foram condenados por participar de um esquema de manipulação de resultados. Em razão disso o clube passou por processos de rebaixamento até parar na 3ª divisão italiana.
O Ancona foi fundado em 1905. Os adversários não perderam tempo e já o chamam de "clube dos bispos". Os novos dirigentes estão investindo em obras para ajudar os pobres do terceiro mundo com os eventuais lucros. O atual presidente do clube, Sergio Schiavon, vendeu 80% da sociedade, mas permanece com os restantes 20% para preservar o espírito da iniciativa em que foi constituído o clube. Ele garante que tudo está começando com o Ancona, mas o grande sonho é um time nacional do Vaticano.
Os esportes sempre foram bem vistos pela Igreja Católica. Vale lembrar que Karol Wojtyla, antes de se tornar o Papa João Paulo II, foi goleiro do Cracóvia, na Polônia. A prática do futebol não é nova no Vaticano, pelo contrário, remonta há mais de 30 anos atrás, quando começaram a ser disputadas competições reunindo eclesiásticos e laicos, ou seja, padres e pessoas comuns. Uma curiosidade: os únicos cidadão do Vaticano são aqueles que pertencem à Gendarmeria (vigilância do Estado) e à Guarda Suíça.
O primeiro torneio foi disputado em 1973, com a participação de poucas equipes e foi vencido pelo time do “Astor Osservatore Romano”, antiga denominação do “L’Osservatore Romano”, o jornal oficial do Vaticano. No ano seguinte cresceu o interesse pela competição, que teve de mudar o formato para todos contra todos, em jogos de ida e volta. A partir de 1978 foi criada a Copa do Vaticano.
Hoje, o número de clubes participantes varia entre seis e nove, dependendo da disponibilidade de atletas nos diversos setores. Os setores que mantêm times disputando o campeonato do Vaticano com maior continuidade são: L’Osservatore Romano, Tipografia, Guarda Suíça, Museus do Vaticano, Serviços Técnicos, Serviços Econômicos, Gendarmeria, IOR (Banco do Vaticano), Biblioteca e Rádio Vaticano, que tem um brasileiro em suas linhas.
Até 1975, os funcionários da residência de verão do Papa, em Castelgandolfo (região de Roma), também participavam do campeonato. O último campeonato foi disputado no inverno europeu e foi vencido pelo time do “Museus do Vaticano”. Historicamente, os times L’Osservatore Romano, Gendarmeria e Guarda Suíça, estão sempre entre os mais fortes.
O campeonato do Vaticano é o único no mundo disputado no “exterior”. Situado em Roma, entre a Villa Doria Pamphilli e o Parco Adriano, o Vaticano não tem um estádio próprio. Ao longo dos anos, as disputas foram realizadas no Complexo Esportivo Pio 12, próximo à Piazza San Pietro, que se localiza a 8,4 quilômetros do Estádio Olímpico, onde Roma e Lázio mandam seus jogos pelo campeonato italiano.
Também já foram formadas seleções, que na história já enfrentaram adversários como San Marino, Eslovênia e Áustria. O pequeno número de cidadãos impede também que o Vaticano seja filiado à UEFA como membro participante e que obtenha vaga para quaisquer torneios internacionais. (Pesquisa: Nilo Dias)
Equipe do North American Martyr's, no campeonato de 2008. (Foto: Pontifical North American College)
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