O rádio esportivo brasileiro perdeu ontem (27), um de seus nomes mais importantes. Luiz Pineda Mendes, gaúcho de Palmeira das Missões, nascido a 9 de junho de 1924, faleceu aos 87 anos, devido a complicações decorrentes de uma leucemia linfocítica crônica. Desde o dia 17 de outubro estava internado no Hospital São Lucas, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. O radialista sofria de diabetes e tinha parte de uma perna amputada por conta do problema.
Deixou a mulher, a atriz, radialista e ex-deputada estadual Daisy Lúcidi, que conheceu na Rádio Globo e com quem estava casado há 60 anos, um filho netos e bisnetos. O velório aconteceu no salão nobre de General Severiano e o enterro no cemitério São João Batista, hoje, às 10h.
Luiz Mendes começou a vitoriosa carreira em 1941, quando ainda era menino, no serviço de alto-falante da cidade de Ijuí, no Rio Grande do Sul. Mas foi em Porto Alegre, na Rádio Farroupilha, que ele se tornou locutor. No fim de novembro de 1944, esteve no Rio de Janeiro para fazer a transmissão de um jogo do campeonato brasileiro de seleções, pela Rádio Farroupilha, e ficou sabendo que a Rádio Globo seria inaugurada no dia 2 de dezembro.
Com apenas 19 anos de idade, foi até lá e procurou o Rubens Amaral, o locutor-chefe. Assim que mostrou a carteirinha da Farroupilha, uma das emissoras mais fortes do país na época, ele pediu para que Mendes retornasse no dia seguinte. “Não para fazer testes, se você é locutor da Rádio Farroupilha, será locutor da Rádio Globo”. E assim, quase no grito, foi um dos fundadores da emissora. E até ontem era um dos dois últimos sobreviventes da inauguração. Agora, só resta Benedito Silva, que era o Tesoureiro e hoje está com 92 anos.
Quando morava no Rio Grande do Sul, Mendes era um apaixonado torcedor do Grêmio. Ao mudar-se para o Rio de Janeiro, transferiu sua paixão para o Botafogo carioca.
Pela Rádio Globo trabalhou em 16 Copas do Mundo, tendo inclusive narrado a final do Mundial de 1950, o famoso "Maracanazzo", quando a Seleção Brasileira perdeu o título para o Uruguai, em pleno Maracanã, por 2 X 1. E foi o único brasileiro a transmitir a final da Copa de 1954, na Suíça, vencida pela Alemanha.
Anos depois, em uma entrevista para a televisão, confessou que enquanto narrava o jogo decisivo da Copa do Mundo de 1950, teve um baque emocional bastante forte logo após os uruguaios fazerem 2 X 1. Ele era um dos que consideravam ser quase impossível o Brasil perder a Copa. Mas, apesar de um tanto atordoado, seguiu narrando o jogo normalmente até o fim.
Em 1995, integrou a equipe de esportes da Super Rádio Tupi, retornando à Rádio Globo em 1999. Era conhecido como “O comentarista da palavra fácil” e foi um dos idealizadores do debate esportivo "Mesa Redonda" na televisão brasileira, com a criação da “Grande Resenha Facit”, na década de 1950, na TV Rio.
Também trabalhou na Rádio Nacional, Rádio Continental, TV Tupi e TV Educativa. Luiz Mendes narrou ou comentou mais de mil competições internacionais e pelo menos, 10 mil disputas nacionais. E encontrou tempo para escrever quatro livros sobre futebol: "As Táticas do Futebol Brasileiro - Da Pelada à Pelé" (1963), "As Táticas do Futebol (Antigas e Atuais)" (1979), "Futebol, Regras e Táticas" (1979) e "Sete Mil Horas de Futebol" (1999). Deixou um vasto e rico arquivo, agora aos cuidados da viúva Daisy Lucidi.
Luiz Mendes fez parte de uma geração de inesquecíveis nomes da radiofonia esportiva, como Galiano Neto, Oduvaldo Cozzi, Ari Barroso, Valdir Amaral, Sérgio Paiva, João Saldanha, Clóvis Filho, Jorge Curi, Doalcei Camargo e Orlando Batista.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral ao lamentar a morte do radialista, “um profundo conhecedor do futebol”, disse que Mendes era um gaúcho com espírito de carioca, que mesmo não tendo perdido o sotaque bonito do sul, tinha uma grande identificação com o Rio. Já o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes lembrou que ainda era muito “moleque”, quando conheceu Luiz Mendes na cabine da Rádio Globo e depois os dois construíram uma sólida amizade. (Pesquisa: Nilo Dias)
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
A violência entra em campo
Creio que foi ao início dos anos 80, quando eu trabalhava na Rádio Cultura, de Rio Grande (RS), que aconteceu o fato que vou narrar a seguir. A emissora realizava durante o verão, na praia do Cassino, um campeonato de futebol amador denominado “Culturão”. Num domingo pela manhã durante um jogo, em que não recordo entre quais equipes, torcedores de uma delas, descontentes com a atuação do árbitro, um sujeito conhecido como Paulinho “Navalha”, tentaram linchá-lo.
Foi uma covardia. Cerca de 30 marmanjos partiram para cima do juiz, mas este soube defender-se com galhardia, fazendo jus ao apelido. Com uma navalha na mão, desencorajou os agressores, que ficaram a distância dele. E não sofreu um arranhão sequer, pois a Brigada Militar não demorou a chegar.
Recordei esse acontecimento, que poderia ter acabado de maneira trágica, para servir de "gancho" aos fatos que conto a seguir .
Na tarde de 11 de outubro deste ano, o jogador João Vitor, da S.E. Palmeiras, de São Paulo por pouco não foi linchado por torcedores. O fato aconteceu frente a loja do clube, no bairro de Perdizes, Zona Oeste da capital paulista e foi registrado como lesão corporal e injúria no 7º Distrito Policial.
Tudo começou quando um torcedor de 29 anos cobrou mais raça do jogador, que estava em um carro importado. Ele negou ter chutado o veículo e disse que quem iniciou as agressões foram dois amigos do atleta, que se encontravam com ele.
Pouco depois outros torcedores reforçaram o protesto, o que provocou o tumulto. Policiais militares ao chegarem à Rua Turiassu se depararam com uma briga generalizada, envolvendo aproximadamente 15 pessoas. O foco maior do conflito era três pessoas, sendo o jogador, o cunhado e um amigo.
Em agosto deste ano, no “Estádio dos Operários, em Pequim”, os jogadores da Inter, de Milão, realizavam um treinamento para o jogo da Supercopa da Itália contra o Milan. Até ai tudo bem. Entretanto, um torcedor do Milan de repente colocou uma camisa rubro-negra bem no meio dos torcedores da Inter. Resultado: O solitário torcedor quase foi linchado e sua camisa rasgada, até a chegada da policia que conseguiu evitar o massacre.
No dia 18 de Setembro de 2010, no jogo São José X Treze, no Estádio Roseana Sarney, em Campina Grande (PB), pelo Campeonato de Máster da cidade, o jogador Francisco de Assis, zagueiro camisa nº 4 do time do Treze, agrediu o arbitro Euvaldo Barros Ribeiro, conhecido por Reizinho.
E começou um grande tumulto, pois vários torcedores, revoltados com a atitude do jogador entraram em campo com o objetivo de linchá-lo. Se não fosse a chegada da policia, possivelmente a tragédia teria se consumado. Protegido pela policia o jogador foi algemado e conduzido para a Delegacia de Polícia da Cidade Operária, e o árbitro Reizinho levado as pressas para o Hospital Socorrão II.
No ano de 2007, em Maceió, o zagueiro Alex Mareal, do time de juniores do CRB por detalhes não foi linchado, após ser pego se masturbando na praia da Pajuçara. Ele chegou a ser agredido e levou algumas pedradas na cabeça, atiradas por pessoas que passavam pelo local. De acordo com o boletim de ocorrência, o jogador se masturbou após observar um casal namorando na mesma praia em que se encontrava.
Em 6 de agosto deste ano, um lance bastante inusitado ocorreu na 6ª Divisão do futebol argentino. Jogavam na cidade de Santa Fé as equipes do Unión, de San Guillermo e Club Atlético Tostado, ambos da Liga Ceresina, que reúne equipes da cidade. Num dado momento, o árbitro da partida, Alfedro Belén paralisou o jogo.
Não se sabe se ele marcou uma falta ou flagrou o soco que o jogador do Atlético Tostado deu num adversário. O certo é que o clima ficou bastante pesado dentro do campo, que mal tinha grama. O juiz mostrou cartão amarelo, e o infrator reagiu com ofensas, criando-se uma grande confusão.
O jogador do Atlético largou a bola e partiu para cima de Belén, com uma peitada acompanhada de um soco. Todo o time do agressor foi ajudar a bater no pobre árbitro, que levou até algumas voadoras. Ele tentou se defender dos pontapés, mas era um embate desigual, um contra nove jogadores do Atlético Tostado, batendo por todos os lados.
Poucos segundos depois, dirigentes do clube visitante também aproveitaram para descontar no árbitro a raiva. Os bandeirinhas tentaram apartar a confusão, se postando entre Belén e os jogadores, sem sucesso. A única saída que Alfredo Belén encontrou foi fugir do campo e pular as grades do estádio. Alguns jogadores ainda correram em seu encalço, mas ele conseguiu escapar.
O Tribunal de Justiça Esportiva agiu de forma dura com os agressores. O jogador Leandro Pajon, foi suspenso por 10 anos, mesmo período concedido a Marcos Plotino. Já Matias Chávez, ficará quatro anos longe dos gramados, enquanto Mariano Aguirre, não poderá jogar em campeonatos amadores argentinos por três anos.
Outros atletas, que estavam no bolo, mas não chegaram a agredir o árbitro e também não procuraram apartar a briga, tiveram punições em número de jogos. Ficarão sem jogar 15 partidas o jogador Amilcar Barreto e sete Franco Oros. Um dos dirigentes do Atlético Tostado, Fernandéz Nery Gastón foi expulso da Liga Ceresina para sempre. O placar da partida ficou em 2 X 1 para o San Guillermo.
Em março deste ano o zagueiro panamenho Luis Moreno, do Deportivo Pereira deu um chute em uma coruja que era mascote do Junior, da Colômbia. O animal morreu um dia depois pelo estresse causado pelos golpes da bola e do zagueiro. Moreno revelou estar com medo pelas ameaças que vem recebendo por telefone, e se desculpou dizendo que não teve a intenção de machucar o animal, e que só fez aquilo para que a coruja voasse.
O jogador, que precisou de proteção policial para deixar o campo, pois o público queria linchá-lo, disse estar preocupado com seus familiares no Panamá, que estão com medo da repercussão do caso. Moreno foi levado para um zoológico colombiano, onde teve uma aula sobre corujas. Ele prometeu voltar ao local uma vez por mês para realizar trabalhos voluntários. Mesmo assim, não escapou de levar uma multa de US$ 560 e dois jogos de punição.
No dia 21 de novembro do ano passado, uma tragédia chocou o povo da Ucrânia. O zagueiro Vladislav Piskun, do Sevastopol, provocou um acidente que resultou na morte de quatro pessoas. O jogador estava conduzindo seu veículo da marca BMW, conversível, acima do limite de velocidade, quando perdeu o controle. O automóvel invadiu uma calçada e atropelou uma mulher e suas duas filhas, de cinco e dois anos. As três morreram.
A outra vítima foi a mulher, que estava grávida e que acompanhava Piskun. Ela chegou a ser socorrida, mas faleceu no hospital. O jogador foi internado com uma fratura na perna e lesão cerebral, porém, não tinha sinais de embriaguez. Ciente do ocorrido, o jogador admitiu a culpa e foi preso. De acordo com informações da agência UNIAN, o jogador teria encontrado um amigo em um outro veículo, um Mitsubishi, e ambos decidiram fazer um racha.
De acordo com relatos do próprio jogador, ao ver que estava perdendo a “corrida”, o defensor tentou uma ultrapassagem pela pista oposta, mas perdeu o controle, chocou-se contra um poste, atingiu uma parede e acertou a mulher e suas filhas. A polícia teve de dar suporte ao resgate do jogador, após o acidente. Isso porque um grupo de pessoas, revoltado com o episódio, tentava linchar o jogador.
O pior mesmo, aconteceu com o goleiro Samiou Yessoufou, da Seleção Sub-20, de Benin. Ele morreu no dia 17 de janeiro de 2005, por conseqüência do espancamento que sofreu de torcedores revoltados com a derrota para a Nigéria, pelo Campeonato Juvenil Africano.
Yessou foi foi abordado por vários torcedores não identificados, que o atacaram com socos e pontapés. O goleiro sofreu lesões graves no tronco e na cabeça. A vítima jogava no Buffles, de Borgou, da Primeira Divisão. Era conhecido por Campos, em homenagem ao ex-goleiro mexicano Jorge Campos. (Pesquisa: Nilo Dias)
Árbitro argentino teve de correr para não ser linchado.
Foi uma covardia. Cerca de 30 marmanjos partiram para cima do juiz, mas este soube defender-se com galhardia, fazendo jus ao apelido. Com uma navalha na mão, desencorajou os agressores, que ficaram a distância dele. E não sofreu um arranhão sequer, pois a Brigada Militar não demorou a chegar.
Recordei esse acontecimento, que poderia ter acabado de maneira trágica, para servir de "gancho" aos fatos que conto a seguir .
Na tarde de 11 de outubro deste ano, o jogador João Vitor, da S.E. Palmeiras, de São Paulo por pouco não foi linchado por torcedores. O fato aconteceu frente a loja do clube, no bairro de Perdizes, Zona Oeste da capital paulista e foi registrado como lesão corporal e injúria no 7º Distrito Policial.
Tudo começou quando um torcedor de 29 anos cobrou mais raça do jogador, que estava em um carro importado. Ele negou ter chutado o veículo e disse que quem iniciou as agressões foram dois amigos do atleta, que se encontravam com ele.
Pouco depois outros torcedores reforçaram o protesto, o que provocou o tumulto. Policiais militares ao chegarem à Rua Turiassu se depararam com uma briga generalizada, envolvendo aproximadamente 15 pessoas. O foco maior do conflito era três pessoas, sendo o jogador, o cunhado e um amigo.
Em agosto deste ano, no “Estádio dos Operários, em Pequim”, os jogadores da Inter, de Milão, realizavam um treinamento para o jogo da Supercopa da Itália contra o Milan. Até ai tudo bem. Entretanto, um torcedor do Milan de repente colocou uma camisa rubro-negra bem no meio dos torcedores da Inter. Resultado: O solitário torcedor quase foi linchado e sua camisa rasgada, até a chegada da policia que conseguiu evitar o massacre.
No dia 18 de Setembro de 2010, no jogo São José X Treze, no Estádio Roseana Sarney, em Campina Grande (PB), pelo Campeonato de Máster da cidade, o jogador Francisco de Assis, zagueiro camisa nº 4 do time do Treze, agrediu o arbitro Euvaldo Barros Ribeiro, conhecido por Reizinho.
E começou um grande tumulto, pois vários torcedores, revoltados com a atitude do jogador entraram em campo com o objetivo de linchá-lo. Se não fosse a chegada da policia, possivelmente a tragédia teria se consumado. Protegido pela policia o jogador foi algemado e conduzido para a Delegacia de Polícia da Cidade Operária, e o árbitro Reizinho levado as pressas para o Hospital Socorrão II.
No ano de 2007, em Maceió, o zagueiro Alex Mareal, do time de juniores do CRB por detalhes não foi linchado, após ser pego se masturbando na praia da Pajuçara. Ele chegou a ser agredido e levou algumas pedradas na cabeça, atiradas por pessoas que passavam pelo local. De acordo com o boletim de ocorrência, o jogador se masturbou após observar um casal namorando na mesma praia em que se encontrava.
Em 6 de agosto deste ano, um lance bastante inusitado ocorreu na 6ª Divisão do futebol argentino. Jogavam na cidade de Santa Fé as equipes do Unión, de San Guillermo e Club Atlético Tostado, ambos da Liga Ceresina, que reúne equipes da cidade. Num dado momento, o árbitro da partida, Alfedro Belén paralisou o jogo.
Não se sabe se ele marcou uma falta ou flagrou o soco que o jogador do Atlético Tostado deu num adversário. O certo é que o clima ficou bastante pesado dentro do campo, que mal tinha grama. O juiz mostrou cartão amarelo, e o infrator reagiu com ofensas, criando-se uma grande confusão.
O jogador do Atlético largou a bola e partiu para cima de Belén, com uma peitada acompanhada de um soco. Todo o time do agressor foi ajudar a bater no pobre árbitro, que levou até algumas voadoras. Ele tentou se defender dos pontapés, mas era um embate desigual, um contra nove jogadores do Atlético Tostado, batendo por todos os lados.
Poucos segundos depois, dirigentes do clube visitante também aproveitaram para descontar no árbitro a raiva. Os bandeirinhas tentaram apartar a confusão, se postando entre Belén e os jogadores, sem sucesso. A única saída que Alfredo Belén encontrou foi fugir do campo e pular as grades do estádio. Alguns jogadores ainda correram em seu encalço, mas ele conseguiu escapar.
O Tribunal de Justiça Esportiva agiu de forma dura com os agressores. O jogador Leandro Pajon, foi suspenso por 10 anos, mesmo período concedido a Marcos Plotino. Já Matias Chávez, ficará quatro anos longe dos gramados, enquanto Mariano Aguirre, não poderá jogar em campeonatos amadores argentinos por três anos.
Outros atletas, que estavam no bolo, mas não chegaram a agredir o árbitro e também não procuraram apartar a briga, tiveram punições em número de jogos. Ficarão sem jogar 15 partidas o jogador Amilcar Barreto e sete Franco Oros. Um dos dirigentes do Atlético Tostado, Fernandéz Nery Gastón foi expulso da Liga Ceresina para sempre. O placar da partida ficou em 2 X 1 para o San Guillermo.
Em março deste ano o zagueiro panamenho Luis Moreno, do Deportivo Pereira deu um chute em uma coruja que era mascote do Junior, da Colômbia. O animal morreu um dia depois pelo estresse causado pelos golpes da bola e do zagueiro. Moreno revelou estar com medo pelas ameaças que vem recebendo por telefone, e se desculpou dizendo que não teve a intenção de machucar o animal, e que só fez aquilo para que a coruja voasse.
O jogador, que precisou de proteção policial para deixar o campo, pois o público queria linchá-lo, disse estar preocupado com seus familiares no Panamá, que estão com medo da repercussão do caso. Moreno foi levado para um zoológico colombiano, onde teve uma aula sobre corujas. Ele prometeu voltar ao local uma vez por mês para realizar trabalhos voluntários. Mesmo assim, não escapou de levar uma multa de US$ 560 e dois jogos de punição.
No dia 21 de novembro do ano passado, uma tragédia chocou o povo da Ucrânia. O zagueiro Vladislav Piskun, do Sevastopol, provocou um acidente que resultou na morte de quatro pessoas. O jogador estava conduzindo seu veículo da marca BMW, conversível, acima do limite de velocidade, quando perdeu o controle. O automóvel invadiu uma calçada e atropelou uma mulher e suas duas filhas, de cinco e dois anos. As três morreram.
A outra vítima foi a mulher, que estava grávida e que acompanhava Piskun. Ela chegou a ser socorrida, mas faleceu no hospital. O jogador foi internado com uma fratura na perna e lesão cerebral, porém, não tinha sinais de embriaguez. Ciente do ocorrido, o jogador admitiu a culpa e foi preso. De acordo com informações da agência UNIAN, o jogador teria encontrado um amigo em um outro veículo, um Mitsubishi, e ambos decidiram fazer um racha.
De acordo com relatos do próprio jogador, ao ver que estava perdendo a “corrida”, o defensor tentou uma ultrapassagem pela pista oposta, mas perdeu o controle, chocou-se contra um poste, atingiu uma parede e acertou a mulher e suas filhas. A polícia teve de dar suporte ao resgate do jogador, após o acidente. Isso porque um grupo de pessoas, revoltado com o episódio, tentava linchar o jogador.
O pior mesmo, aconteceu com o goleiro Samiou Yessoufou, da Seleção Sub-20, de Benin. Ele morreu no dia 17 de janeiro de 2005, por conseqüência do espancamento que sofreu de torcedores revoltados com a derrota para a Nigéria, pelo Campeonato Juvenil Africano.
Yessou foi foi abordado por vários torcedores não identificados, que o atacaram com socos e pontapés. O goleiro sofreu lesões graves no tronco e na cabeça. A vítima jogava no Buffles, de Borgou, da Primeira Divisão. Era conhecido por Campos, em homenagem ao ex-goleiro mexicano Jorge Campos. (Pesquisa: Nilo Dias)
Árbitro argentino teve de correr para não ser linchado.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
O homem da “folha seca” (Final)
Didi era um líder nato. No jogo final da Copa do Mundo de 1958, depois que a Suécia fez 1 X 0, ele caminhou até o fundo das redes e pegou a bola. Depois, colocou-a debaixo do braço e, determinado, disse para o resto do time: “Acabou a sopa deles. Agora é a nossa vez. Vamos encher a caçapa desses gringos de gols.” E 86 minutos depois, o placar do Estádio Rasunda, encravado no Vale de Solna, em Estocolmo, apontava em números imponentes, definitivos: Brasil 5 x Suécia 2.
Ao apito final do juiz, o francês Maurice Guigue, o campo foi invadido por uma legião de fãs que queriam abraçar a “Enciclopédia” Nilton Santos. E, também, a Gilmar, Bellini, Zito, Djalma Santos, o desconcertante “Mané Garrincha” e o então menino Pelé. Só Didi é que procurou se manter distante, aparentemente alheio à grande festa, como se já previsse aquele final feliz para o futebol brasileiro.
Cumprimentado pelo Rei Gustavo Adolfo, o genial camisa 8 ouviu do monarca sueco elogios como os de “Oitava Maravilha do Mundo” e “Mr. Football”. Pela Seleção disputou 74 partidas, sendo 68 oficiais, e marcou 21 gols.
Criador da infernal “Folha-Seca”, um chute mortal por ele executado, que fazia a bola ganhar uma trajetória imprevisível para o goleiro, Didi ainda era capaz de lançamentos perfeitos, de mais de 40 metros. Ou de executar dribles desmoralizantes sobre qualquer adversário. Mas era como um perfeito maestro que se sentia, de longe, o poder do seu jogo.
Em 1950, já casado e com filhos, Didi conheceu a atriz Guiomar Batista, com quem passou a viver. Guiomar era ajudante de Ary Barroso, e se vestia de Odalisca no programa “Calouros em Desfile” da TV Tupi.
Não era segredo que Ary tinha uma paixonite por Guiomar e, quando ela se foi com Didi, ele, atordoado, escreveu o samba-canção “Risque” (“Risque, meu nome de seu caderno, pois não suporto o inferno de nosso amor fracassado...”)
Além de algumas situações escandalosas que contrariavam o clube, o Fluminense resolveu destinar parte do salário do jogador à sua primeira esposa. A insatisfação tornou-se mútua e incontornável, a relação entre craque e clube se deteriorou: Didi sempre fazendo das suas, sempre advertido, de vez em quando multado.
O amor entre Didi e Guiomar, desde o início foi sempre muito conturbado e vivia nas manchetes dos jornais e revistas. Uma tarde em 1958, poucos meses antes da Copa do Mundo, a seleção treinava no Maracanã, quando no finzinho da tarde, Didi gritou: “Meu Deus! Perdi minha aliança!”
O treinou parou, todos os jogadores foram se aproximando e um perguntou: “Mas como é que pode?” “Não sei”, respondeu Didi. “Não sei talvez tenha escorregado com o suor. E por favor, tomem cuidado onde pisam.”
Ele mesmo se ajoelhou e começou de quatro a procurar a aliança, no que foi seguido por todos os jogadores. A noite foi chegando e Didi pediu a um dirigente que mandasse acender os refletores. “Mas, Didi, vale a pena? “, perguntou o dirigente . “Não é melhor comprar outra?” “O senhor não conhece a Guiomar”, respondeu Didi , “ela vai pensar o pior.” E todos continuaram palmo a palmo procurando a aliança pelo gramado.
Não encontraram e no dia seguinte, o assunto foi manchete de todos os jornais do Rio de Janeiro. De tarde, na concentração do Hotel Corcovado, aos pés do Cristo Redentor, vieram avisar ao Didi: “Dona Guiomar está na portaria! Quer falar com o senhor!” Didi desceu procurando uma desculpa para acalmar a mulher antes que ela fizesse um escândalo.
“Meu bem… “, ia exclamando o jogador quando foi interrompido por Guiomar. “Calma, eu só vim aqui para te dizer que imprevistos acontecem. Vi tua foto no jornal, de quatro procurando a aliança. Não te preocupa não foi nada, vamos comprar outra mais bonita ainda!” Didi sorriu e abraçou a mulher que foi embora toda amorosa.
Teve gente que jurou que Didi “armou” o golpe perfeito e que provavelmente ele tinha tirado a aliança do dedo e perdido em alguma balada. A encenação com todos inocentemente procurando de joelhos, a aliança na grama do Maracanã, foi genial.
Na Copa do Mundo de 1954, na Suíça, o autoritário técnico Zezé Moreyra isolou os jogadores da Seleção Brasileira na concentração de Macolin e não permitiu “passeios” ou “voltinhas” por Lausanne. E Didi queria telefonar para Guiomar, no Rio.
Resultado: inconformado, decidiu fazer greve de fome e ficar trancado no quarto. Mas o amigo Nilton Santos ficou preocupado. E no almoço e jantar escondia comida no uniforme e alimentava o companheiro.
Casada com Didi durante quase 50 anos, Dona Guiomar, teve grande influência na carreira do ex-jogador. Negociava contratos com dirigentes e opinava sobre em que clube o marido atuaria. Na ocasião em que Didi deixou o Real Madri, existiam rumores de que Guiomar fora decisiva para a sua volta ao Brasil, depois de apenas um ano no exterior. Ela não admitia ver Didi em segundo plano, em relação às estrelas Di Stéfano e Puskas.
As atuações de Didi, segundo a crítica esportiva, alternavam de acordo com o temperamento da mulher. Antes da Copa de 1958, por exemplo, a Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF) proibiu as mulheres dos jogadores de os acompanharem à Suécia. "Só um cego de nascença não via que se tratava de separar Didi de Guiomar", disse Nélson Rodrigues, na época.
Isto porque boa parte da torcida culpava as brigas do casal pelos maus momentos daquele que foi escolhido o melhor jogador do Mundial da Suécia. As acusações contra Guiomar, ex-cantora de rádio, se deviam ao preconceito que ela sofreu por ter sido o pivô da separação de Didi, que era casado.
Pouco mais de um mês depois da morte do ex-jogador Didi, faleceu a sua viúva Guiomar Batista Pereira, de 72 anos, em decorrência de uma hemorragia estomacal. Internada no Hospital Pedro Ernesto, zona norte do Rio, mesmo local onde morreu o marido, ela tinha diabetes e cirrose hepática.
O amor da vida do bicampeão mundial foi Guiomar, com quem ele ficou junto de 1951 até a sua morte. "Tanto é verdade que ninguém conseguia imaginar Didi sem Guiomar e vice-versa", definiu Nélson Rodrigues, na crônica intitulada "Didi sem Guiomar", de 1958.
Morreram ambos com a mesma idade: 72 anos. Guiomar foi enterrada no cemitério São João Batista, no Rio, junto com Didi.
Ele era um aristocrata negro, um lorde, que tinha naquela mulher branca e forte, uma guerreira. A mulher de Didi foi o 12º jogador daquela seleção.
Naquela época não era nada comum, e a Guiomar foi à Suécia por uma deferência especial, porque sem ela o Didi não teria sido o magnífico jogador que foi, o melhor daquela Copa (em que explodiram, para o mundo, Garrincha e Pelé). Eram outros tempos, outros jogadores, outras mulheres.
Didi faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 2001 devido a complicações de um câncer no fígado, enatrando definitivamente para a galeria dos imortais. A notícia repercutiu em jornais e revistas espanholas e argentinas (como “El Gráfico”), franceses (como “L’Equipe”) e gerou uma matéria com foto no “The New York Times.” No dia seguinte, antes de se iniciarem as partidas, várias equipes, em diferentes países, fizeram um minuto de silêncio em sua memória. (Pesquisa: Nilo Dias)
Didi e Guiomar, em foto de 1957.
Ao apito final do juiz, o francês Maurice Guigue, o campo foi invadido por uma legião de fãs que queriam abraçar a “Enciclopédia” Nilton Santos. E, também, a Gilmar, Bellini, Zito, Djalma Santos, o desconcertante “Mané Garrincha” e o então menino Pelé. Só Didi é que procurou se manter distante, aparentemente alheio à grande festa, como se já previsse aquele final feliz para o futebol brasileiro.
Cumprimentado pelo Rei Gustavo Adolfo, o genial camisa 8 ouviu do monarca sueco elogios como os de “Oitava Maravilha do Mundo” e “Mr. Football”. Pela Seleção disputou 74 partidas, sendo 68 oficiais, e marcou 21 gols.
Criador da infernal “Folha-Seca”, um chute mortal por ele executado, que fazia a bola ganhar uma trajetória imprevisível para o goleiro, Didi ainda era capaz de lançamentos perfeitos, de mais de 40 metros. Ou de executar dribles desmoralizantes sobre qualquer adversário. Mas era como um perfeito maestro que se sentia, de longe, o poder do seu jogo.
Em 1950, já casado e com filhos, Didi conheceu a atriz Guiomar Batista, com quem passou a viver. Guiomar era ajudante de Ary Barroso, e se vestia de Odalisca no programa “Calouros em Desfile” da TV Tupi.
Não era segredo que Ary tinha uma paixonite por Guiomar e, quando ela se foi com Didi, ele, atordoado, escreveu o samba-canção “Risque” (“Risque, meu nome de seu caderno, pois não suporto o inferno de nosso amor fracassado...”)
Além de algumas situações escandalosas que contrariavam o clube, o Fluminense resolveu destinar parte do salário do jogador à sua primeira esposa. A insatisfação tornou-se mútua e incontornável, a relação entre craque e clube se deteriorou: Didi sempre fazendo das suas, sempre advertido, de vez em quando multado.
O amor entre Didi e Guiomar, desde o início foi sempre muito conturbado e vivia nas manchetes dos jornais e revistas. Uma tarde em 1958, poucos meses antes da Copa do Mundo, a seleção treinava no Maracanã, quando no finzinho da tarde, Didi gritou: “Meu Deus! Perdi minha aliança!”
O treinou parou, todos os jogadores foram se aproximando e um perguntou: “Mas como é que pode?” “Não sei”, respondeu Didi. “Não sei talvez tenha escorregado com o suor. E por favor, tomem cuidado onde pisam.”
Ele mesmo se ajoelhou e começou de quatro a procurar a aliança, no que foi seguido por todos os jogadores. A noite foi chegando e Didi pediu a um dirigente que mandasse acender os refletores. “Mas, Didi, vale a pena? “, perguntou o dirigente . “Não é melhor comprar outra?” “O senhor não conhece a Guiomar”, respondeu Didi , “ela vai pensar o pior.” E todos continuaram palmo a palmo procurando a aliança pelo gramado.
Não encontraram e no dia seguinte, o assunto foi manchete de todos os jornais do Rio de Janeiro. De tarde, na concentração do Hotel Corcovado, aos pés do Cristo Redentor, vieram avisar ao Didi: “Dona Guiomar está na portaria! Quer falar com o senhor!” Didi desceu procurando uma desculpa para acalmar a mulher antes que ela fizesse um escândalo.
“Meu bem… “, ia exclamando o jogador quando foi interrompido por Guiomar. “Calma, eu só vim aqui para te dizer que imprevistos acontecem. Vi tua foto no jornal, de quatro procurando a aliança. Não te preocupa não foi nada, vamos comprar outra mais bonita ainda!” Didi sorriu e abraçou a mulher que foi embora toda amorosa.
Teve gente que jurou que Didi “armou” o golpe perfeito e que provavelmente ele tinha tirado a aliança do dedo e perdido em alguma balada. A encenação com todos inocentemente procurando de joelhos, a aliança na grama do Maracanã, foi genial.
Na Copa do Mundo de 1954, na Suíça, o autoritário técnico Zezé Moreyra isolou os jogadores da Seleção Brasileira na concentração de Macolin e não permitiu “passeios” ou “voltinhas” por Lausanne. E Didi queria telefonar para Guiomar, no Rio.
Resultado: inconformado, decidiu fazer greve de fome e ficar trancado no quarto. Mas o amigo Nilton Santos ficou preocupado. E no almoço e jantar escondia comida no uniforme e alimentava o companheiro.
Casada com Didi durante quase 50 anos, Dona Guiomar, teve grande influência na carreira do ex-jogador. Negociava contratos com dirigentes e opinava sobre em que clube o marido atuaria. Na ocasião em que Didi deixou o Real Madri, existiam rumores de que Guiomar fora decisiva para a sua volta ao Brasil, depois de apenas um ano no exterior. Ela não admitia ver Didi em segundo plano, em relação às estrelas Di Stéfano e Puskas.
As atuações de Didi, segundo a crítica esportiva, alternavam de acordo com o temperamento da mulher. Antes da Copa de 1958, por exemplo, a Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF) proibiu as mulheres dos jogadores de os acompanharem à Suécia. "Só um cego de nascença não via que se tratava de separar Didi de Guiomar", disse Nélson Rodrigues, na época.
Isto porque boa parte da torcida culpava as brigas do casal pelos maus momentos daquele que foi escolhido o melhor jogador do Mundial da Suécia. As acusações contra Guiomar, ex-cantora de rádio, se deviam ao preconceito que ela sofreu por ter sido o pivô da separação de Didi, que era casado.
Pouco mais de um mês depois da morte do ex-jogador Didi, faleceu a sua viúva Guiomar Batista Pereira, de 72 anos, em decorrência de uma hemorragia estomacal. Internada no Hospital Pedro Ernesto, zona norte do Rio, mesmo local onde morreu o marido, ela tinha diabetes e cirrose hepática.
O amor da vida do bicampeão mundial foi Guiomar, com quem ele ficou junto de 1951 até a sua morte. "Tanto é verdade que ninguém conseguia imaginar Didi sem Guiomar e vice-versa", definiu Nélson Rodrigues, na crônica intitulada "Didi sem Guiomar", de 1958.
Morreram ambos com a mesma idade: 72 anos. Guiomar foi enterrada no cemitério São João Batista, no Rio, junto com Didi.
Ele era um aristocrata negro, um lorde, que tinha naquela mulher branca e forte, uma guerreira. A mulher de Didi foi o 12º jogador daquela seleção.
Naquela época não era nada comum, e a Guiomar foi à Suécia por uma deferência especial, porque sem ela o Didi não teria sido o magnífico jogador que foi, o melhor daquela Copa (em que explodiram, para o mundo, Garrincha e Pelé). Eram outros tempos, outros jogadores, outras mulheres.
Didi faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de maio de 2001 devido a complicações de um câncer no fígado, enatrando definitivamente para a galeria dos imortais. A notícia repercutiu em jornais e revistas espanholas e argentinas (como “El Gráfico”), franceses (como “L’Equipe”) e gerou uma matéria com foto no “The New York Times.” No dia seguinte, antes de se iniciarem as partidas, várias equipes, em diferentes países, fizeram um minuto de silêncio em sua memória. (Pesquisa: Nilo Dias)
Didi e Guiomar, em foto de 1957.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
O homem da “folha seca” (I)
Waldir Pereira (ele afirmava que seu nome era com W), o Didi nasceu no dia 8 de outubro de 1928, na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), terra de craques como Amarildo, Pinheiro, Tite, Evaldo, parceiro de Tostão no Cruzeiro (MG) e Paulinho Almeida, artilheiro com o Flamengo no início dos anos 50. Mas nenhum deles se igualou ao extraordinário Didi.
Apelidado de “Príncipe Etíope” pelo jornalista Nélson Rodrigues e “Mr. Football” pela imprensa européia foi um dos mais completos e elegantes jogadores do futebol brasileiro em todos os tempos. Jogava no meio de campo e era especialista em bater faltas, tendo sido o inventor da “folha seca”, uma técnica que consistia em bater na bola com o lado externo do pé, hoje vulgarmente chamada "trivela".
Didi criou a “folha seca” quase que por acaso. Tudo aconteceu em 1956, já defendendo o Botafogo, num jogo contra o América, por causa de uma lesão que o impedia de chutar a bola normalmente. Por isso, ao bater com o lado externo do pé, no meio da bola, o público viu a bola subir, fazer uma curva e cair repentinamente no gol, trajetória semelhante ao que ocorre com uma folha.
O lance ficou famoso quando “Didi” marcou um gol de falta nesse estilo contra a Seleção do Peru, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958. Ele dizia que aprendeu a arte observando outro gênio em bolas envenenadas: Jair da Rosa Pinto, o “Mestre Jajá”.
A criação do termo “folha seca” foi do comentarista esportivo Luiz Mendes, que percebeu a semelhança, quando a bola descia, com uma folha de outono vagando ao sabor do vento. E ganhou popularidade na voz de Oduvaldo Cozzi, considerado o maior narrador de futebol da época.
Por pouco o craque Didi não surgiu para o futebol. Quando criança foi atropelado por um caminhão e quase teve uma perna amputada. Mas acabou se safando e ficando com uma perna mais curta que a outra. A diferença entre uma perna e outra foi desaparecendo com o passar dos anos. E ele dizia que talvez tenha sido essa perna mais curta que lhe permitiu criar o famoso chute da “folha seca”.
Didi começou a carreira em 1944, jogando no Industrial (RJ); em 1945 defendeu o Rio Branco (RJ) e o Goytacaz (RJ); em 1946 atuou no São Cristóvão (RJ) e Americano, de Campos (RJ). Ainda em 1946, profissionalizou-se vestindo a camisa do Clube Atlético Lençoense, de Lençóis Paulistas (SP).
Depois foi contratado pelo Madureira (RJ), onde começou a mostrar seu grande futebol, tendo ido em seguida para o Fluminense F.C., onde jogou de 1949 a 1956. Foi o clube pelo qual jogou mais tempo sem interrupções, tendo realizado 298 partidas e feito 91 gols.
Didi foi um dos grandes responsáveis pela conquista tricolor do Campeonato Carioca de 1951 e da Copa Rio de 1952, tendo jogado ao lado de Castilho, Waldo, Telê Santana, Orlando Pingo de Ouro, Altair e Pinheiro, entre outros. Foi ele o autor do primeiro gol da história do Maracanã pela Seleção Carioca em 1950.
A estréia de Didi na seleção brasileira aconteceu no Campeonato Pan-Americano de 1952, em Santiago, no dia 6 de abril, quando foi escalado pelo técnico Zezé Moreira, no jogo em que o Brasil venceu o México por 2 X 0. Na Copa do Mundo de 1954, na Suíça, o inventor da “folha seca” disputou os três jogos como titular, mas o time brasileiro perdeu o último jogo da fase para a Hungria, por 4 X 2, e foi eliminado.
Foi campeão mundial em 1958, já atuando pelo Botafogo de Futebol e Regatas, clube pelo qual também acabou se apaixonando. No alvinegro, era o maestro de um grande elenco. Jogou ao lado de Garrincha, Nilton Santos, Zagallo, Quarentinha, Gérson, Manga e Amarildo.
O Botafogo foi o clube pelo qual Didi mais disputou partidas: fez 313 jogos e marcou 114 gols. Foi campeão carioca pelo clube em 1957, 1961 e 1962 e também venceu o Torneio Rio-São Paulo de 1962, mesmo ano em que ganhou o Pentagonal do México e, no ano de 1963, o Torneio de Paris.
Em 1959, antes do bi-mundial no Chile (1962), chegou a jogar no famoso time do Real Madrid. Como os espanhóis mesmo gostam de dizer, tratava-se de um time de galácticos, com Kopa, Puskas, Di Stefano, Santamaria, Kocsis e Dominguez. Mesmo conseguindo algumas conquistas importantes, o time sofria com a guerra de vaidades. Segundo o historiador Peris Ribeiro, o boicote a Didi, o único jogador negro da equipe mais cara do mundo foi liderado por Di Stéfano.
O boicote na equipe, segundo se comentava, teria partido de Di Stéfano. Depois jogou pelo Sporting Cristal, do Peru. No retorno ao Brasil vestiu de novo a camisa alvinegra do Botafogo. Teve uma passagem pelo São Paulo F.C., antes de voltar ao exterior, para atuar no Vera Cruz, do México. Encerrou a carreira vitoriosa no São Paulo F.C., em 1962.
Didi já pensava em se retirar dos campos de futebol, não conseguindo êxito como nos clubes anteriores em conquista de títulos. A equipe do São Paulo naquela época, não tinha grandes jogadores e a direção estava empenhada em terminar a construção do seu principal patrimônio, o Estádio do Morumbi.
No começo de 1981, Didi chegou a ser o técnico do Botafogo, mas foi substituído do cargo durante o ano, tendo sido ele um dos técnicos do Fluminense, na fase que o time tricolor era conhecido como a “Máquina Tricolor”, pela qualidade excepcional de seus jogadores.
Além da dupla carioca, Didi treinou os seguintes clubes: Sporting Cristal, do Peru; River Plate, da Argentina; Fenerbahçe, da Turquia; Cruzeiro, de Belo Horizonte; Alianza Lima, do Peru e Seleção Peruana, que alcançou classificação em 1970, para disputar a Copa do Mundo. Antes disso, a única vez que o país esteve num Mundial, foi em 1930, no Uruguai.
Títulos conquistados, como jogador: Fluminense: Copa Rio (1952); Campeonato Carioca (1951); Taça General A. Odria, Peru, enfrentando o Sucre (1950); Taça Embajada de Brasil ,Peru, contra o Sucre (1950); Taça Cinquentenário do Fluminense, na Copa Rio, frente o Corinthians (1952); Taça Milone, na Copa Rio, contra o Corinthians (1952); Taça Adriano Ramos Pinto, na Copa Rio, ante o Corinthians (1952); Torneio José de Paula Júnior, Quadrangular de Belo Horizonte (1952); Copa das Municipalidades do Paraná (1953); Taça Secretário da Viação de Obras Públicas da Bahia, contra o Esporte Clube Bahia, (1951); Taça Desafio Fluminense, versus Uberaba Sport Club (1954); Taça Presidente Afonsio Dorazio, contra a Seleção de Araguari-MG (1956).
Pelo Botafogo: Torneio Rio-São Paulo (1962); Campeonato Carioca de Futebol (1957/1961/1962); Torneio Pentagonal do México (1962); Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz (1964); Torneio do Suriname (1964); Torneio Governador Magalhães Pinto (1964).
Pelo Real Madrid: Liga dos Campeões da UEFA (1959/1960). Pela Seleção Brasileira: Pan Americano de Futebol (1952); Copa do Mundo (1958/1962).
Como Treinador: Campeão peruano pelo Sporting Cristal (1952); Campeão Turco, pelo Fenerbahçe (1973/1974,1974/1975); Supercopa da Turquia (1974); pelo Fluminense, Campeão Carioca (1975); Botafogo, Taça Guanabara (1975); Cruzeiro, Campeão Mineiro (1977).
Prêmios: Bola de Ouro da Copa do Mundo da FIFA (1958); All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA (1958); Craque do Time das Estrelas da Copa do Mundo (1958); 7º Maior jogador Brasileiro do Século XX pela IFFHS (1999); 18º Maior jogador da América do Sul no Século XX pela IFFHS (1999); 19º Maior jogador do Mundo no Século XX pela IFFHS (1999); 100 Craques do Século - World Soccer (1999); e 25º Maior Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA (2000). (Pesquisa: Nilo Dias)
Gol de Didi, de "folha seca", que classificou o Brasil para a Copa do Mundo de 1958.
Apelidado de “Príncipe Etíope” pelo jornalista Nélson Rodrigues e “Mr. Football” pela imprensa européia foi um dos mais completos e elegantes jogadores do futebol brasileiro em todos os tempos. Jogava no meio de campo e era especialista em bater faltas, tendo sido o inventor da “folha seca”, uma técnica que consistia em bater na bola com o lado externo do pé, hoje vulgarmente chamada "trivela".
Didi criou a “folha seca” quase que por acaso. Tudo aconteceu em 1956, já defendendo o Botafogo, num jogo contra o América, por causa de uma lesão que o impedia de chutar a bola normalmente. Por isso, ao bater com o lado externo do pé, no meio da bola, o público viu a bola subir, fazer uma curva e cair repentinamente no gol, trajetória semelhante ao que ocorre com uma folha.
O lance ficou famoso quando “Didi” marcou um gol de falta nesse estilo contra a Seleção do Peru, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958. Ele dizia que aprendeu a arte observando outro gênio em bolas envenenadas: Jair da Rosa Pinto, o “Mestre Jajá”.
A criação do termo “folha seca” foi do comentarista esportivo Luiz Mendes, que percebeu a semelhança, quando a bola descia, com uma folha de outono vagando ao sabor do vento. E ganhou popularidade na voz de Oduvaldo Cozzi, considerado o maior narrador de futebol da época.
Por pouco o craque Didi não surgiu para o futebol. Quando criança foi atropelado por um caminhão e quase teve uma perna amputada. Mas acabou se safando e ficando com uma perna mais curta que a outra. A diferença entre uma perna e outra foi desaparecendo com o passar dos anos. E ele dizia que talvez tenha sido essa perna mais curta que lhe permitiu criar o famoso chute da “folha seca”.
Didi começou a carreira em 1944, jogando no Industrial (RJ); em 1945 defendeu o Rio Branco (RJ) e o Goytacaz (RJ); em 1946 atuou no São Cristóvão (RJ) e Americano, de Campos (RJ). Ainda em 1946, profissionalizou-se vestindo a camisa do Clube Atlético Lençoense, de Lençóis Paulistas (SP).
Depois foi contratado pelo Madureira (RJ), onde começou a mostrar seu grande futebol, tendo ido em seguida para o Fluminense F.C., onde jogou de 1949 a 1956. Foi o clube pelo qual jogou mais tempo sem interrupções, tendo realizado 298 partidas e feito 91 gols.
Didi foi um dos grandes responsáveis pela conquista tricolor do Campeonato Carioca de 1951 e da Copa Rio de 1952, tendo jogado ao lado de Castilho, Waldo, Telê Santana, Orlando Pingo de Ouro, Altair e Pinheiro, entre outros. Foi ele o autor do primeiro gol da história do Maracanã pela Seleção Carioca em 1950.
A estréia de Didi na seleção brasileira aconteceu no Campeonato Pan-Americano de 1952, em Santiago, no dia 6 de abril, quando foi escalado pelo técnico Zezé Moreira, no jogo em que o Brasil venceu o México por 2 X 0. Na Copa do Mundo de 1954, na Suíça, o inventor da “folha seca” disputou os três jogos como titular, mas o time brasileiro perdeu o último jogo da fase para a Hungria, por 4 X 2, e foi eliminado.
Foi campeão mundial em 1958, já atuando pelo Botafogo de Futebol e Regatas, clube pelo qual também acabou se apaixonando. No alvinegro, era o maestro de um grande elenco. Jogou ao lado de Garrincha, Nilton Santos, Zagallo, Quarentinha, Gérson, Manga e Amarildo.
O Botafogo foi o clube pelo qual Didi mais disputou partidas: fez 313 jogos e marcou 114 gols. Foi campeão carioca pelo clube em 1957, 1961 e 1962 e também venceu o Torneio Rio-São Paulo de 1962, mesmo ano em que ganhou o Pentagonal do México e, no ano de 1963, o Torneio de Paris.
Em 1959, antes do bi-mundial no Chile (1962), chegou a jogar no famoso time do Real Madrid. Como os espanhóis mesmo gostam de dizer, tratava-se de um time de galácticos, com Kopa, Puskas, Di Stefano, Santamaria, Kocsis e Dominguez. Mesmo conseguindo algumas conquistas importantes, o time sofria com a guerra de vaidades. Segundo o historiador Peris Ribeiro, o boicote a Didi, o único jogador negro da equipe mais cara do mundo foi liderado por Di Stéfano.
O boicote na equipe, segundo se comentava, teria partido de Di Stéfano. Depois jogou pelo Sporting Cristal, do Peru. No retorno ao Brasil vestiu de novo a camisa alvinegra do Botafogo. Teve uma passagem pelo São Paulo F.C., antes de voltar ao exterior, para atuar no Vera Cruz, do México. Encerrou a carreira vitoriosa no São Paulo F.C., em 1962.
Didi já pensava em se retirar dos campos de futebol, não conseguindo êxito como nos clubes anteriores em conquista de títulos. A equipe do São Paulo naquela época, não tinha grandes jogadores e a direção estava empenhada em terminar a construção do seu principal patrimônio, o Estádio do Morumbi.
No começo de 1981, Didi chegou a ser o técnico do Botafogo, mas foi substituído do cargo durante o ano, tendo sido ele um dos técnicos do Fluminense, na fase que o time tricolor era conhecido como a “Máquina Tricolor”, pela qualidade excepcional de seus jogadores.
Além da dupla carioca, Didi treinou os seguintes clubes: Sporting Cristal, do Peru; River Plate, da Argentina; Fenerbahçe, da Turquia; Cruzeiro, de Belo Horizonte; Alianza Lima, do Peru e Seleção Peruana, que alcançou classificação em 1970, para disputar a Copa do Mundo. Antes disso, a única vez que o país esteve num Mundial, foi em 1930, no Uruguai.
Títulos conquistados, como jogador: Fluminense: Copa Rio (1952); Campeonato Carioca (1951); Taça General A. Odria, Peru, enfrentando o Sucre (1950); Taça Embajada de Brasil ,Peru, contra o Sucre (1950); Taça Cinquentenário do Fluminense, na Copa Rio, frente o Corinthians (1952); Taça Milone, na Copa Rio, contra o Corinthians (1952); Taça Adriano Ramos Pinto, na Copa Rio, ante o Corinthians (1952); Torneio José de Paula Júnior, Quadrangular de Belo Horizonte (1952); Copa das Municipalidades do Paraná (1953); Taça Secretário da Viação de Obras Públicas da Bahia, contra o Esporte Clube Bahia, (1951); Taça Desafio Fluminense, versus Uberaba Sport Club (1954); Taça Presidente Afonsio Dorazio, contra a Seleção de Araguari-MG (1956).
Pelo Botafogo: Torneio Rio-São Paulo (1962); Campeonato Carioca de Futebol (1957/1961/1962); Torneio Pentagonal do México (1962); Torneio Jubileu de Ouro da Associação de Futebol de La Paz (1964); Torneio do Suriname (1964); Torneio Governador Magalhães Pinto (1964).
Pelo Real Madrid: Liga dos Campeões da UEFA (1959/1960). Pela Seleção Brasileira: Pan Americano de Futebol (1952); Copa do Mundo (1958/1962).
Como Treinador: Campeão peruano pelo Sporting Cristal (1952); Campeão Turco, pelo Fenerbahçe (1973/1974,1974/1975); Supercopa da Turquia (1974); pelo Fluminense, Campeão Carioca (1975); Botafogo, Taça Guanabara (1975); Cruzeiro, Campeão Mineiro (1977).
Prêmios: Bola de Ouro da Copa do Mundo da FIFA (1958); All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA (1958); Craque do Time das Estrelas da Copa do Mundo (1958); 7º Maior jogador Brasileiro do Século XX pela IFFHS (1999); 18º Maior jogador da América do Sul no Século XX pela IFFHS (1999); 19º Maior jogador do Mundo no Século XX pela IFFHS (1999); 100 Craques do Século - World Soccer (1999); e 25º Maior Jogador do Século XX pelo Grande Júri FIFA (2000). (Pesquisa: Nilo Dias)
Gol de Didi, de "folha seca", que classificou o Brasil para a Copa do Mundo de 1958.