Creio que foi ao início dos anos 80, quando eu trabalhava na Rádio Cultura, de Rio Grande (RS), que aconteceu o fato que vou narrar a seguir. A emissora realizava durante o verão, na praia do Cassino, um campeonato de futebol amador denominado “Culturão”. Num domingo pela manhã durante um jogo, em que não recordo entre quais equipes, torcedores de uma delas, descontentes com a atuação do árbitro, um sujeito conhecido como Paulinho “Navalha”, tentaram linchá-lo.
Foi uma covardia. Cerca de 30 marmanjos partiram para cima do juiz, mas este soube defender-se com galhardia, fazendo jus ao apelido. Com uma navalha na mão, desencorajou os agressores, que ficaram a distância dele. E não sofreu um arranhão sequer, pois a Brigada Militar não demorou a chegar.
Recordei esse acontecimento, que poderia ter acabado de maneira trágica, para servir de "gancho" aos fatos que conto a seguir .
Na tarde de 11 de outubro deste ano, o jogador João Vitor, da S.E. Palmeiras, de São Paulo por pouco não foi linchado por torcedores. O fato aconteceu frente a loja do clube, no bairro de Perdizes, Zona Oeste da capital paulista e foi registrado como lesão corporal e injúria no 7º Distrito Policial.
Tudo começou quando um torcedor de 29 anos cobrou mais raça do jogador, que estava em um carro importado. Ele negou ter chutado o veículo e disse que quem iniciou as agressões foram dois amigos do atleta, que se encontravam com ele.
Pouco depois outros torcedores reforçaram o protesto, o que provocou o tumulto. Policiais militares ao chegarem à Rua Turiassu se depararam com uma briga generalizada, envolvendo aproximadamente 15 pessoas. O foco maior do conflito era três pessoas, sendo o jogador, o cunhado e um amigo.
Em agosto deste ano, no “Estádio dos Operários, em Pequim”, os jogadores da Inter, de Milão, realizavam um treinamento para o jogo da Supercopa da Itália contra o Milan. Até ai tudo bem. Entretanto, um torcedor do Milan de repente colocou uma camisa rubro-negra bem no meio dos torcedores da Inter. Resultado: O solitário torcedor quase foi linchado e sua camisa rasgada, até a chegada da policia que conseguiu evitar o massacre.
No dia 18 de Setembro de 2010, no jogo São José X Treze, no Estádio Roseana Sarney, em Campina Grande (PB), pelo Campeonato de Máster da cidade, o jogador Francisco de Assis, zagueiro camisa nº 4 do time do Treze, agrediu o arbitro Euvaldo Barros Ribeiro, conhecido por Reizinho.
E começou um grande tumulto, pois vários torcedores, revoltados com a atitude do jogador entraram em campo com o objetivo de linchá-lo. Se não fosse a chegada da policia, possivelmente a tragédia teria se consumado. Protegido pela policia o jogador foi algemado e conduzido para a Delegacia de Polícia da Cidade Operária, e o árbitro Reizinho levado as pressas para o Hospital Socorrão II.
No ano de 2007, em Maceió, o zagueiro Alex Mareal, do time de juniores do CRB por detalhes não foi linchado, após ser pego se masturbando na praia da Pajuçara. Ele chegou a ser agredido e levou algumas pedradas na cabeça, atiradas por pessoas que passavam pelo local. De acordo com o boletim de ocorrência, o jogador se masturbou após observar um casal namorando na mesma praia em que se encontrava.
Em 6 de agosto deste ano, um lance bastante inusitado ocorreu na 6ª Divisão do futebol argentino. Jogavam na cidade de Santa Fé as equipes do Unión, de San Guillermo e Club Atlético Tostado, ambos da Liga Ceresina, que reúne equipes da cidade. Num dado momento, o árbitro da partida, Alfedro Belén paralisou o jogo.
Não se sabe se ele marcou uma falta ou flagrou o soco que o jogador do Atlético Tostado deu num adversário. O certo é que o clima ficou bastante pesado dentro do campo, que mal tinha grama. O juiz mostrou cartão amarelo, e o infrator reagiu com ofensas, criando-se uma grande confusão.
O jogador do Atlético largou a bola e partiu para cima de Belén, com uma peitada acompanhada de um soco. Todo o time do agressor foi ajudar a bater no pobre árbitro, que levou até algumas voadoras. Ele tentou se defender dos pontapés, mas era um embate desigual, um contra nove jogadores do Atlético Tostado, batendo por todos os lados.
Poucos segundos depois, dirigentes do clube visitante também aproveitaram para descontar no árbitro a raiva. Os bandeirinhas tentaram apartar a confusão, se postando entre Belén e os jogadores, sem sucesso. A única saída que Alfredo Belén encontrou foi fugir do campo e pular as grades do estádio. Alguns jogadores ainda correram em seu encalço, mas ele conseguiu escapar.
O Tribunal de Justiça Esportiva agiu de forma dura com os agressores. O jogador Leandro Pajon, foi suspenso por 10 anos, mesmo período concedido a Marcos Plotino. Já Matias Chávez, ficará quatro anos longe dos gramados, enquanto Mariano Aguirre, não poderá jogar em campeonatos amadores argentinos por três anos.
Outros atletas, que estavam no bolo, mas não chegaram a agredir o árbitro e também não procuraram apartar a briga, tiveram punições em número de jogos. Ficarão sem jogar 15 partidas o jogador Amilcar Barreto e sete Franco Oros. Um dos dirigentes do Atlético Tostado, Fernandéz Nery Gastón foi expulso da Liga Ceresina para sempre. O placar da partida ficou em 2 X 1 para o San Guillermo.
Em março deste ano o zagueiro panamenho Luis Moreno, do Deportivo Pereira deu um chute em uma coruja que era mascote do Junior, da Colômbia. O animal morreu um dia depois pelo estresse causado pelos golpes da bola e do zagueiro. Moreno revelou estar com medo pelas ameaças que vem recebendo por telefone, e se desculpou dizendo que não teve a intenção de machucar o animal, e que só fez aquilo para que a coruja voasse.
O jogador, que precisou de proteção policial para deixar o campo, pois o público queria linchá-lo, disse estar preocupado com seus familiares no Panamá, que estão com medo da repercussão do caso. Moreno foi levado para um zoológico colombiano, onde teve uma aula sobre corujas. Ele prometeu voltar ao local uma vez por mês para realizar trabalhos voluntários. Mesmo assim, não escapou de levar uma multa de US$ 560 e dois jogos de punição.
No dia 21 de novembro do ano passado, uma tragédia chocou o povo da Ucrânia. O zagueiro Vladislav Piskun, do Sevastopol, provocou um acidente que resultou na morte de quatro pessoas. O jogador estava conduzindo seu veículo da marca BMW, conversível, acima do limite de velocidade, quando perdeu o controle. O automóvel invadiu uma calçada e atropelou uma mulher e suas duas filhas, de cinco e dois anos. As três morreram.
A outra vítima foi a mulher, que estava grávida e que acompanhava Piskun. Ela chegou a ser socorrida, mas faleceu no hospital. O jogador foi internado com uma fratura na perna e lesão cerebral, porém, não tinha sinais de embriaguez. Ciente do ocorrido, o jogador admitiu a culpa e foi preso. De acordo com informações da agência UNIAN, o jogador teria encontrado um amigo em um outro veículo, um Mitsubishi, e ambos decidiram fazer um racha.
De acordo com relatos do próprio jogador, ao ver que estava perdendo a “corrida”, o defensor tentou uma ultrapassagem pela pista oposta, mas perdeu o controle, chocou-se contra um poste, atingiu uma parede e acertou a mulher e suas filhas. A polícia teve de dar suporte ao resgate do jogador, após o acidente. Isso porque um grupo de pessoas, revoltado com o episódio, tentava linchar o jogador.
O pior mesmo, aconteceu com o goleiro Samiou Yessoufou, da Seleção Sub-20, de Benin. Ele morreu no dia 17 de janeiro de 2005, por conseqüência do espancamento que sofreu de torcedores revoltados com a derrota para a Nigéria, pelo Campeonato Juvenil Africano.
Yessou foi foi abordado por vários torcedores não identificados, que o atacaram com socos e pontapés. O goleiro sofreu lesões graves no tronco e na cabeça. A vítima jogava no Buffles, de Borgou, da Primeira Divisão. Era conhecido por Campos, em homenagem ao ex-goleiro mexicano Jorge Campos. (Pesquisa: Nilo Dias)
Árbitro argentino teve de correr para não ser linchado.
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