Joseph Édouard Gaetjens, mais conhecido como Joe Gaetjens, nasceu em Porto Príncipe, no dia 19 de Março de 1924 e faleceu (provavelmente) no dia 8 de Julho de 1964. Filho de um belga com uma haitiana, começou cedo no futebol. Aos 14 anos, já atuava pelo L'Etoile, clube da capital do Haiti.
Em 1947, Gaetjens viajou para Nova York para estudar contabilidade na Universidade de Columbia. Lavou pratos num restaurante cujo dono arrumou para ele uma vaga no time do Brookhatten, que disputava a Liga Americana de "soccer".
Gaetjens se firmou na equipe e foi artilheiro do campeonato norte-americano em 1949. Porém, só foi chamado para a seleção dos Estados Unidos semanas antes da Copa. As normas da época permitiam que ele jogasse sem se naturalizar.
Além de duas partidas contra combinados, Gaetjens só disputou três jogos oficiais pelos Estados Unidos - exatamente os três da Copa de 1950. Era o único negro na equipe estadunidense, e se tornou o primeiro jogador a marcar gol contra a seleção inglesa, em Copas do Mundo. Em 1953, ele ainda defendeu a seleção do Haiti em uma oportunidade.
Logo após a Copa de 1950, Gaetjens se mudou para a França para jogar pelo Racing Club de Paris e, depois, pelo Troyes, da 2ª divisão. Voltou para o Haiti em 1954 para trabalhar nos negócios de sua família.
Joe nunca se envolveu com política, mas sua família era ligada a Louis Dejoie, rival de François "Papa Doc" Duvalier nas eleições presidenciais de 1957. "Papa Doc" venceu, implantou uma ditadura brutal e perseguiu os parentes do ex-jogador.
A família preferiu deixar o país, mas Joe quis ficar, já que não era engajado e achava que não teria problemas. Ele se enganou: em 8 de julho de 1964, dois "tonton macoute", a violenta equipe de repressão do ditador Duvalier prenderam Gaetjens e o levaram para a delegacia central de Porto Príncipe.
Gaetjens nunca mais foi visto com vida e sua família estima que ele tenha sido executado três ou quatro dias depois de sua detenção clandestina. Em 1976, época em que Pelé brilhava no novaiorquino Cosmos, Gaetjens foi incluído no Hall da Fama do futebol estadunidense. Em 1997, o Haiti, já livre das ditaduras de "Papa Doc" e de seu filho e sucessor "Baby Doc", lançou um selo em homenagem ao ex-jogador.
Naquela memorável noite, o time semi-profissional americano tinha na sua formação, além de um lavador de pratos, representantes de outras profissões que nada tinham a ver com o futebol. O goleiro Frank Borghi, por exemplo, era motorista de carro funerário. E havia também professores e carteiros. O único profissional da equipe era Ed Mcilvenny, que jogava pelo Philadelphia Nationals.
Quando, no dia 29 de junho de 1950, a redação do New York Times recebeu a notícia de que a seleção dos Estados Unidos havia vencido a Inglaterra em uma partida oficial da Copa do Mundo do Brasil, ninguém comemorou. Segundo Geoffrey Douglas, que escreveu o livro "The Game of Their Lives", sobre a partida histórica, ninguém sequer acreditou.
O despacho da agência de notícias chegou perto do horário de fechamento do jornal e o jogo, devido a desconfiança geral, acabou não sendo noticiado. Alguns jornais acreditaram haver um erro de digitação, e que o resultado deveria ser 10 X 1 para a Inglaterra, e não 1 X 0 para os EUA.
Naquela época o interesse pelo futebol nos Estados Unidos era quase nulo, e o “milagre na grama”, como ficou conhecida a partida, não ajudou a popularizar o esporte. Na verdade, os EUA passaram 40 anos sem ir para a Copa depois de 1950. Foram em 1990, sediaram o evento em 1994 e disputaram em 1998, 2002, 2006 e 2010.
Walter Alfred Bahr, que deu o passe para o gol de Gaetgens, hoje com 84 anos, foi o primeiro norte-americano na seleção oficial dos melhores jogadores de uma Copa. Depois dele, só Claudio Reyna, na Copa de 2002. Os outros ex-jogadores, remanescentes daquela memorável jornada são: Borghi Frank, 86 anos, Harry Keough, 84 anos e John Souza, 91 anos.
A vitória americana sobre a Inglaterra motivou o filme “Duelo de Campeões” (The Game of Their Lives), produzido em 2005, pelo diretor David Anspaugh. O filme conta a história de um grupo de jovens americanos, na maioria, ex-soldados, praticantes do “soccer”.
Esses rapazes recebem a notícia de um teste para a Seleção de Futebol dos Estados Unidos. Os jogadores escolhidos irão para o Brasil participar da Copa do Mundo de 1950. A seletiva é feita em Saint Louis, cidade onde é forte a presença de imigrantes e o “soccer” se destaca bastante. Participam dessa seletiva os rapazes de Saint Louis e os da Costa Leste.
A fragilidade do time é grande, todos os jogadores são amadores, isso acaba causando desânimo em alguns atletas da própria seleção antes da seletiva. Os jogadores, após a escalação, percebem a importância que tem para seu país. Nesse contexto entra a Inglaterra, que é considerada uma das melhores seleções do mundo além de ter inventado o futebol. A partir de então, os ingleses passam a ser o grande desafio dos americanos.
Inglaterra a grande rival é destacada, principalmente, por intermédio do jogador Stanley Mortenson, que é o craque inglês, e o maior temor americano na seleção inglesa.
Na seleção americana os jogadores que se destacam mais são o goleiro Frank Borghi, que faz grandes defesas, além de ser um dos líderes do time. Walter Bahr, o mais empenhado em unir os jogadores e fazer da seleção americana uma grande equipe.
Importantes jogadores como Pee Wee Wallace, Gino Pariani, Gaetjens, são também destacados no filme e que exercem um papel fundamental no decorrer da trama.
O filme se baseia nessa única partida da Copa filmada no Brasil no Estádio das Laranjeiras (o jogo verdadeiro foi no Estádio Independência, em Belo Horizonte), onde os Estados Unidos ganharam de 1 X 0. O gol de Gaetjens, um negro, deu a vitória aos norte-americanos. Neste período os Estados Unidos era palco de sangrentos conflitos racistas no sul do país.
Esse jogo para os americanos foi como a final da Copa do Mundo. O filme não precisaria de mais nada, afinal se fossem falar das outras partidas contra Chile e Espanha, apenas estariam danificando uma boa trama. Após a vitória contra a Inglaterra, os americanos, que antes foram derrotados pelos espanhóis, depois perderam para os chilenos e ficaram em último lugar no grupo.
O filme mostra que mesmo em dificuldades e diferenças de cada jogador, com a união e a força de vontade eles conseguiram alcançar o seu objetivo. Mostraram quem era a seleção americana, um time que buscou algo mais do que uma simples vitória dentro de campo.
No final do longa-metragem os jogadores da seleção americana de 1950 são homenageados. Os jogadores Gino Pariani (falecido em 09-05-2007), Walter Bahr, Frank Borghi, John Souza e Harry Keough ganham destaque pelo bom desempenho apresentado na partida.
Destacam-se no filme a grande aproximação da realidade feita pelo diretor, além dos jogos e treinos serem muito bem caracterizados. A caracterização do Brasil da década de 50 foi bem realizada, mostrando nos botecos da Lapa, um samba sendo tocado sem a sensualidade presente na cultura de hoje.
O jogo principal não possui uma grande valorização dos Estados Unidos, se for levado em conta aquele jogo foi considerado uma das maiores “zebras” da história das Copas. Em contra partida, já que o filme é baseado nesse jogo contra a Inglaterra, o diretor deveria ter dado um destaque maior ao gol de Gaetjens, o que daria mais emoção ao filme. (Pesquisa: Nilo Dias)
Joe Gaetgens carregado por torcedores brasileiros, após a vitória contra a Inglaterra.
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