Pedro Grané, um dos mais completos laterais direitos surgidos no futebol brasileiro, nasceu em São Paulo no dia 10 de novembro de1987 e morreu em São Paulo em 1985. Grané jogou de 1924 a 1932 no S.C. Corinthians Paulista. A simples menção de seu nome, fazia os goleiros de sua época e os meninos de uma década depois de ele ter pendurado as chuteiras tremerem de medo. Alto, forte, possuía, segundo os antigos, um petardo tão letal em seu pé direito, que logo foi apelidado de 420, o sinistro canhão do Kaiser utilizado na Primeira Grande Guerra Mundial.
Iniciou sua carreira no Ypiranga, que naquela época tinha um dos times de futebol mais fortes do cenário nacional, até se transferir para o Corinthians em 1924. Com a camisa do alvinegro do Parque São Jorge, Grané fez 51 gols em 179 partidas, o que lhe garante até hoje o título de defensor com maior números de gols na História do clube. Foram 113 vitórias, 30 empates e 36 derrotas.
No dia 22 de maio de 1932, na vitória por 5 X 1 diante do Atlético Santista, na Fazendinha, Grané cobrou um pênalti e marcou seu 50 gol com a camisa do Corinthians. Formou o mais famoso trio final do futebol paulista em todos os tempos, com o goleiro Tuffy e o zagueiro Del Debbio nos anos 20 e 30.
O sucesso do trio, chamado de “Divina Trindade”, foi tão grande, que o lateral-direito chegou a defender a Seleção Brasileira em seis oportunidades, marcando dois gols. Os principais títulos conquistados pelo Corinthians foram os Campeonatos Paulistas de 1924, 1928, 1929 e 1930.
Muitas lendas se criaram em torno de seu chute poderoso. Diziam que todas as vezes que Grané ia cobrar um tiro de meta os companheiros pediam para que chutasse devagar, senão a bola se perderia pela linha de fundo do gol adversário.
A mais célebre foi a de que Grané, num jogo decisivo viu-se na marca do pênalti diante de seu irmão Lara, goleiro do Ypiranga. Bem que Grané implorou várias vezes para o irmão sair da frente. Não saiu. Fez mais: saltou e agarrou o míssil com as duas mãos. E não mais se levantou. Estava mortinho da silva.
Num encontro entre Paulistas x Cariocas no Parque São Jorge, a "Casa Murano" oferecia uma vitrola ao jogador que marcasse o primeiro tento da partida. O juiz marcou uma penalidade contra os cariocas, e Grané que era o encarregado de bater as faltas, pois possuia o chute mais violento do Brasil, correu para a marca da cal, vibrando de alegria por dois motivos: a penalidade que na certa daria um tento para os paulistas, e pelo régio presente que iria abiscoitar. A torcida ficou apavorada e das arquibancadas pedia para Grané chutar devagar e não matar Jaguaré.
E antes do chute, gozava os companheiros: "amanhã apareçam em casa para ouvir discos em minha nova vitrola". Afastou quatro jardas e remeteu um violento chute contra o arco de Jaguaré, que era considerado o maior goleiro do Brasil na época (Jogou no Timão já no final de sua carreira em 1934).
Jaguaré que momentos antes disse "olha aqui, seu mastodonte.Vou tirar o seu chutinho com um soco. Tá ouvindo?" defendeu, mas largou a bola e foi cair meio desacordado e com um braço fraturado no fundo das redes! De Maria correu e consignou o tento! Depois, entre abraços e risos falou "amanhã vocês apareçam em casa para ouvir discos em minha nova vitrola" Grané ficou uma fera de tão brabo!
Grané seria presença certa na Seleção Brasileira que participou em 1930, no Uruguai, da primeira Copa do Mundo.Mão não foi convocado, porque naquela época, o "bairrismo" era muito presente no futebol brasileiro. Esse fator acabou prejudicando a campanha do país no Mundial, que não passou da primeira fase. A Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea) recusou-se a ceder à Confederação Brasileira de Desportos (CBD) os jogadores do Estado de São Paulo. O pretexto foi a recusa da CBD em admitir na comissão técnica um integrante da Apea. (Pesquisa: Nilo Dias)
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