Um dos grandes jogadores da história do Botafogo, do Rio de Janeiro, foi sem dúvida Américo Pampolini Filho, ou simplesmente Pampolini, um centro-médio que esbanjava força e categoria. Mineiro de Belo Horizonte, Pampolini nasceu no dia 24 de dezembro de 1932 e morreu no dia 20 de dezembro de 2006, no Rio de Janeiro, vítima de um ataque cardíaco, deixando a esposa Nicéia, os filhos Genaro, Célia e Cláudia, genros, nora e cinco netos.
Pampolini era o filho mais novo do casal Américo e dona Maria Caravita. Ganhou o apelido de “Mequinho”, pois herdara o nome do pai. Desde cedo mostrou aptidão para o futebol, pois embora franzino, quando participava de peladas de rua correndo atrás de uma bola, sabia o que fazer com ela.
O futebol estava no sangue do garoto. Seu irmão mais velho, Emilio, era zagueiro daqueles que não perdoava atacante adversário e batia sem dó nem piedade; Homero era atacante; Lilo e Licinho jogavam na meia cancha. Só o irmão Santinho não quis saber de bola. Diziam que o melhor deles era o Lilo, mas uma contusão no joelho cortou uma carreira que parecia destinada ao sucesso, privilégio que caberia justamente ao mais novo, nacionalmente conhecido pelo sobrenome de família: Pampolini.
Começou a carreira muito jovem, atuando pelo São Cristóvão, do Barro Preto, time amador de Belo Horizonte, que tinha seu campo nas imediações da caixa d’ água da Lagoinha. Seu domínio de bola impressionava, e o mesmo se podia dizer do seu chute portentoso. Ditava cátedra como médio volante, o que fez com que dirigentes do Cruzeiro o contratassem em 1952.
Não demorou para conquistar a posição de titular, formando na intermediária ao lado de Adelino e Lazarotti, e mais tarde entrando Paulo Florêncio no meio de campo. Pampolini jogava muita bola e logo chamou a atenção do Botafogo carioca, que o comprou em 1955, por Cr$ 500.000.00 em moeda da época, para compor a maia cancha com o grande Didi.
Seu primeiro jogo pelo Botafogo foi um amistoso contra o Tenerife, da Espanha, disputado no dia 24 de maio de 1955, em Santa Cruz de Tenerife, Espanha, quando o alvinegro carioca perdeu por 2 X 1. Julito, aos 15 minutos do primeiro tempo abriu o marcador para os espanhóis; Vinícius, aos 7 do segundo tempo igualou para o Botafogo e Munné, aos 35’, decretou a vitória espanhola.
O Botafogo jogou com Gílson - Gérson (Thomé) e Nilton Santos - Orlando Maia - Ruarinho (Danilo) e Juvenal (Pampolini) – Garrincha – Dino - Vinícius (Wilson Moreira) - Quarentinha (Paulinho Omena) e Neyvaldo. Técnico: Zezé Moreira.
Sua última partida pelo Botafogo aconteceu no dia 4 de julho de 1962, no Estádio Independência, em Belo Horizonte. Foi um amistoso contra o Atlético Mineiro, vencido pelo Botafogo por 3 X 0, com arbitragem de Frederico Lopes e gols de Zagallo, aos 12’ e Amarildo, aos 40’ do 1° tempo e Neyvaldo, aos 20’ da fase final.
O Botafogo teve Manga (Ary Jório) – Joel - Zé Maria - Nilton Santos (Paulistinha) e Rildo - Ayrton (Pampolini) e Didi (Édison) - Garrincha – Amoroso - Amarildo (China) e Zagallo (Neyvaldo). Técnico: Marinho Rodrigues.
Atlético Mineiro: Fábio (Válter) – Reginaldo – Bueno - Procópio e Marcelino - Fifi e Zico (William) - Maurício (Afonsinho) - Jaburu (Eduardo) - Osvaldo e Noêmio (Ivo). Técnico: Antoninho.
Jogando ao lado de Didi, Pampolini completava a inteligência do “Príncipe Etíope” com a sua força em campo. Por isso, Didi gostava de afirmar: “Eu entro com a inteligência e ele com a força”. Certa vez, durante uma partida em que o Botafogo suava para aguentar a vantagem de 1 X 0, Pampolini “vingou-se” de Didi ao dizer: “Ô, crioulo, vê se põe um pouco de força nessa inteligência, porque sozinho não está dando prá segurar os home”.
Quando o técnico Vicente Feola convocou os jogadores para a Seleção Brasileira que disputaria a Copa do mundo de 1958, Pampolini era o capitão do time do Botafogo e esbanjava categoria e espírito de liderança. Isso fez com que seu nome aparecesse na lista de convocados, mas tendo que disputar posição com Zito e Dino Sani. Teve o azar de se lesionar em um dos treinos na estância hidromineral de Araxá, e por isso foi cortado.
Depois de ganhar muitos títulos pelo alvinegro carioca, onde atuou em 347 partidas e marcou 27 gols, foi contratado em 1962 pela Portuguesa de Desportos, de São Paulo, na época dirigida pelo técnico Aimoré Moreira, onde foi vice-campeão paulista em 1964. No time bandeirante jogavam entre outros, Félix, Orlando Gato Preto, Jair Marinho e Wilson Pereira.
Do Canindé voltou a Minas, dessa feita para uma ligeira passagem pelo Atlético em 1965. Jogou em 1966 pelo Taubaté, onde também acumulou a função de técnico, antes de voltar a Portuguesa de Desportos, onde encerrou a carreira em 1968.
Encerrada a carreira, ele foi morar no Rio. Em suas freqüentes visitas a Belo Horizonte, Pampolini fazia questão de jogar pelo time de veteranos do Cruzeiro, o “Raposão”. Mesmo longe, o vínculo com o clube e a cidade jamais se perdeu.
Em sua vitoriosa carreira como jogador, Pampolini foi contemporâneo de monstros sagrados do futebol brasileiro, como Garrincha, Amarildo, Quarentinha, Manga, Nilton Santos, Paulo Valentim, Didi, Zagallo, Chicão, Cacá, Zé Maria, Paulistinha, Zé Carlos, Neyvaldo, Édson, Airton Povil, Elton, Félix, Ivair, Henrique Frade e Dida, entre outros.
Já fora dos gramados, foi chamado pelo governo do então Estado da Guanabara, para ocupar um cargo no Estádio do Maracanã. Se houve tão bem na função, que logo passou a dirigir o Estádio Náutico na Lagoa Rodrigues de Freitas. Mesmo com as mudanças de governo, ele sempre permaneceu no cargo em razão de sua dedicação e competência.
Também atuou no Ginásio do Maracanãzinho. Quando morreu Pampolini morava no bairro de Copacabana, no Rio, e trabalhava no estádio do Maracanã, como funcionário do Parque Aquático Júlio Delamare. Sua família continuava em Belo Horizonte, tocando uma rede de padarias na capital mineira, ("Padarias ABC"). Durante 39 anos foi funcionário da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), entidade que administra o Complexo do Maracanã
Américo Pampolini teve seu trabalho nos gramados reconhecido pela Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, do Rio de Janeiro, que no dia 1 de outubro de 2008, inaugurou no Estádio do Maracanã uma placa em sua homenagem. Também teve às marcas dos seus pés colocadas na Calçada da Fama do Maracanã.
Títulos conquistados por Pampolini no Botafogo: Campeão Carioca (1957); Campeão Carioca de Aspirantes (1959); Campeão do Torneio Internacional da Colômbia (Quadrangular de Bogotá) (1960); Campeão do Triangular Internacional da Costa Rica (1961); Campeão do Torneio Início do Rio de Janeiro e Campeão Carioca (1961); Campeão do Pentagonal do México (1962); Campeão do Torneio Rio-São Paulo (1962); Bicampeão Carioca (Pampolini disputou o 1° jogo do BFR) (1962). (Pesquisa: Nilo Dias)
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Niginho, o "menino metralha"
Leonídio Fantoni, o “Niginho”, grande ídolo da torcida do Palestra, de Belo Horizonte, que na década de 1940 mudou o nome para Cruzeiro E.C., nasceu em 12 de fevereiro de 1912, em Belo Horizonte e faleceu em 5 de setembro de 1975, em Belo Horizonte.
Era membro de uma família palestrina. Ao menos cinco familiares atuaram pelo clube mineiro: ele, os irmãos João Fantoni (Ninão) e Orlando Fantoni, o primo Otávio Fantoni (“Nininho”) e os sobrinhos Benito e Fernando Fantoni. Excetuando os sobrinhos, todos atuaram na época em que o clube era Palestra Itália.
Com 14 anos, já atuava nas categorias de base do Palestra. “Niginho" não foi apenas seu único apelido. Ficou também conhecido como "Carrasco dos Clássicos", por ter sido o palestrino/cruzeirense que mais marcou gols contra Atlético e América.
Em toda a história do maior clássico de Minas Gerais, ninguém foi mais carrasco que o imortal “Niginho”. Carrasco de verdade. Daqueles que fazem muitos gols numa partida e só de entrarem em campo provocava calafrios nos adversários. Em sua primeira passagem pelo Palestra marcou seis vezes em 11 clássicos.
Outro apelido era "Tanque", fruto de sua especialidade, romper as defesas adversárias aproveitando-se de sua alta estatura e força física. "Menino Metralha" foi outro apelido, pois chutava tanto a gol quando chegou ao time principal, aos 19 anos, que logo passou a ser chamado dessa forma.
Por ser alto e forte, “Niginho” fazia da raça a sua principal característica. Armar jogadas não era seu forte. Em compensação tinha grande facilidade de romper defesas com piques rápidos e arremates potentes. Era um atacante de raro talento, tendo marcado 207 gols pelo clube mineiro, em 257 partidas, segundo o Almanaque do Cruzeiro, de Henrique Ribeiro. Em sua primeira passagem pelo Palestra, ganhou um tricampeonato mineiro, em 1928, 1929 e 1930.
Jogou ainda pela Lazio da Itália, Palmeiras, Vasco, Atlético Mineiro e novamente Cruzeiro, onde encerrou a carreira. Foi campeão mineiro em 1928, 1929, 1930, 1940, 1943, 1944 e 1945. Era irmão de Orlando Fantoni, que também jogou futebol e tornou-se renomado treinador após encerrar a carreira.
De acordo com o Almanaque do Palmeiras, de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti, fez seis jogos pelo clube paulista, com a marca incrível de seis gols marcados. Conquistou cinco vitórias e empatou uma partida.
“Niginho” era um dos quatro Fantoni revelados pelo futebol mineiro. Era irmão de João Fantoni (“Ninão”) e Orlando, atacantes, e primo-irmão de “Nininho”, lateral esquerdo. Todos eles começaram a carreira no Palestra (atual Cruzeiro), e um por um foram parar no futebol italiano, onde alcançaram grande sucesso jogando pela Lazio nas décadas de 1920 e 1930.
Na Itália ficaram conhecidos como Fantoni I (“Nininho”), Fantoni II (“Ninão”), Fantoni III (“Niginho”) e Fantoni IV (Orlando). Orlando Fantoni, inclusive, também teve passagens pelo Vasco, tanto como jogador quanto como técnico. “Niginho”, só não chegou a jogar ao lado de Orlando, que começou a carreira já após a morte de “Nininho”.
“Niginho” foi para a Itália em 1930, juntamente com “Ninão”. No ano seguinte receberam a companhia de “Niginho. Na Lazio, seus dois primos jogavam no ataque e ele, na meia. Além deles, a Lazio trouxe outros brasileiros na época, o que faria seu elenco ficar conhecido como “Brasilazio”. Foram os corinthianos Filó, De Maria, Del Debbio, Rato e Amílcar; os palestrinos paulistas Pepe, Duílio Salatin, Enzio Serafini; além de André Tedesco (do Santos) e Benedito (do Botafogo).
A partida mais memorável de “Niginho” pela equipe italiana deu-se contra o Milan, quando marcou quatro gols. A trajetória na Itália, terra das raízes familiares, acabou interrompida quando ele, que tinha dupla cidadania, foi convocado para lutar com as tropas fascistas na Abissinia, invadida pelo exército italiano por ordem de Mussolini.
A convocação deu-se em 1935, um mês após “Niginho” ter-se casado com a húngara Ana, que conhecera em Roma. Não querendo ficar longe de sua esposa e temendo uma guerra, retornou ao Brasil com autorização de sua equipe, que inclusive pagou as despesas com a viagem de navio.
O ano foi difícil: em fevereiro de 1935, o primo “Nininho”, que chegara a atuar pela Seleção Italiana nas eliminatórias da Copa do Mundo, morreu em virtude de uma septicemia decorrida de infecção em lesão que sofrera no nariz em uma partida contra o Torino. Sem o consentimento formal da Lazio, foi jogar em outro Palestra Itália, o de São Paulo.
De volta ao Brasil, “Niginho” incorporou-se novamente ao Palestra, e meses depois, com o campeonato carioca de 1937 já em andamento, foi contratado pelo Vasco. Logo na estréia, fez dois gols no Flamengo. Fazendo gols a rodo - só na goleada de 12 X 0 no Andaraí foram quatro - foi o artilheiro do campeonato com 25 gols em 20 jogos.
Convocado para a Copa do Mundo de 1938 na França, para a reserva de Leônidas da Silva, “Niginho” acabou não atuando. Por ocasião da partida semifinal, por ironia contra a Itália, Leônidas não podia jogar por estar contundido e a Federação Italiana, com o referendo de Mussolini, vetou a escalação de “Niginho”. A FIFA covardemente acatou a ordem e tirou do jogador a chance de participar da competição.
Mas segundo o livro “Seleção Brasileira – 90 Anos”, de Roberto Assaf e Antonio Carlos Napoleão, defendeu o Brasil em quatro jogos entre 1936 e 1937 com três vitórias, uma derrota e dois gols marcados.
De volta ao Vasco depois da Copa, na primeira rodada do campeonato carioca de 1938, “Niginho” aproveitou para fazer mais dois gols no Flamengo, decretando a vitória vascaína por 2 X 0, justamente na inauguração do estádio da Gávea. Para confirmar o hábito, ele repetiu a dose no ano seguinte, com o mesmo placar no mesmo local. Por ironia, foram os dois últimos gols do artilheiro com a camisa cruzmaltina.
“Niginho” era um jogador de invejável categoria, centro-avante artilheiro, tipo oportunista, que não deixava o goleiro picar a bola no chão sem tentar mandá-la para as redes. Segundo o jornalista Plínio Barreto, “Niginho” decidiu uma partida entre Mineiros X Cariocas, em Álvaro Chaves, no Rio, assim: “Estava 3 X 3 e ele pegou uma bola na sua intermediária e saiu driblando. Passou por um, veio o segundo, o terceiro, foi embalando, chegou na área, passou por outro, deixou o goleiro caído e só parou quando esbarrou nas redes”.
Em 1939, ele voltou ao Palestra mineiro, que se renomeou Cruzeiro em 1942. Foi novamente tricampeão estadual, em 1943, 1944 e 1945. Encerrou a carreira em 1946, atuando ao lado do irmão Orlando - que no ano seguinte iria para a Lazio. “Niginho” deixou os gramados com 207 gols em 257 partidas pelo Palestra/Cruzeiro, firmando-se como o maior ídolo do clube na era pré-Mineirão. É também o terceiro maior artilheiro da história do time, pelo qual seria novamente tricampeão estadual em 1959, 1960 e 1961, como treinador.
“Niginho” manteve-se trabalhando no clube social do Cruzeiro até sua morte, em 1975, ocasionada por um mal súbito quando estava a caminho da “”Toca da Raposa” para rever os amigos após afastar-se em virtude de recuperação de uma cirurgia. Premiações: Melhor Jogador do Ano pelo Vasco da Gama, na temporada de 1938. (Pesquisa: Nilo Dias)
Era membro de uma família palestrina. Ao menos cinco familiares atuaram pelo clube mineiro: ele, os irmãos João Fantoni (Ninão) e Orlando Fantoni, o primo Otávio Fantoni (“Nininho”) e os sobrinhos Benito e Fernando Fantoni. Excetuando os sobrinhos, todos atuaram na época em que o clube era Palestra Itália.
Com 14 anos, já atuava nas categorias de base do Palestra. “Niginho" não foi apenas seu único apelido. Ficou também conhecido como "Carrasco dos Clássicos", por ter sido o palestrino/cruzeirense que mais marcou gols contra Atlético e América.
Em toda a história do maior clássico de Minas Gerais, ninguém foi mais carrasco que o imortal “Niginho”. Carrasco de verdade. Daqueles que fazem muitos gols numa partida e só de entrarem em campo provocava calafrios nos adversários. Em sua primeira passagem pelo Palestra marcou seis vezes em 11 clássicos.
Outro apelido era "Tanque", fruto de sua especialidade, romper as defesas adversárias aproveitando-se de sua alta estatura e força física. "Menino Metralha" foi outro apelido, pois chutava tanto a gol quando chegou ao time principal, aos 19 anos, que logo passou a ser chamado dessa forma.
Por ser alto e forte, “Niginho” fazia da raça a sua principal característica. Armar jogadas não era seu forte. Em compensação tinha grande facilidade de romper defesas com piques rápidos e arremates potentes. Era um atacante de raro talento, tendo marcado 207 gols pelo clube mineiro, em 257 partidas, segundo o Almanaque do Cruzeiro, de Henrique Ribeiro. Em sua primeira passagem pelo Palestra, ganhou um tricampeonato mineiro, em 1928, 1929 e 1930.
Jogou ainda pela Lazio da Itália, Palmeiras, Vasco, Atlético Mineiro e novamente Cruzeiro, onde encerrou a carreira. Foi campeão mineiro em 1928, 1929, 1930, 1940, 1943, 1944 e 1945. Era irmão de Orlando Fantoni, que também jogou futebol e tornou-se renomado treinador após encerrar a carreira.
De acordo com o Almanaque do Palmeiras, de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti, fez seis jogos pelo clube paulista, com a marca incrível de seis gols marcados. Conquistou cinco vitórias e empatou uma partida.
“Niginho” era um dos quatro Fantoni revelados pelo futebol mineiro. Era irmão de João Fantoni (“Ninão”) e Orlando, atacantes, e primo-irmão de “Nininho”, lateral esquerdo. Todos eles começaram a carreira no Palestra (atual Cruzeiro), e um por um foram parar no futebol italiano, onde alcançaram grande sucesso jogando pela Lazio nas décadas de 1920 e 1930.
Na Itália ficaram conhecidos como Fantoni I (“Nininho”), Fantoni II (“Ninão”), Fantoni III (“Niginho”) e Fantoni IV (Orlando). Orlando Fantoni, inclusive, também teve passagens pelo Vasco, tanto como jogador quanto como técnico. “Niginho”, só não chegou a jogar ao lado de Orlando, que começou a carreira já após a morte de “Nininho”.
“Niginho” foi para a Itália em 1930, juntamente com “Ninão”. No ano seguinte receberam a companhia de “Niginho. Na Lazio, seus dois primos jogavam no ataque e ele, na meia. Além deles, a Lazio trouxe outros brasileiros na época, o que faria seu elenco ficar conhecido como “Brasilazio”. Foram os corinthianos Filó, De Maria, Del Debbio, Rato e Amílcar; os palestrinos paulistas Pepe, Duílio Salatin, Enzio Serafini; além de André Tedesco (do Santos) e Benedito (do Botafogo).
A partida mais memorável de “Niginho” pela equipe italiana deu-se contra o Milan, quando marcou quatro gols. A trajetória na Itália, terra das raízes familiares, acabou interrompida quando ele, que tinha dupla cidadania, foi convocado para lutar com as tropas fascistas na Abissinia, invadida pelo exército italiano por ordem de Mussolini.
A convocação deu-se em 1935, um mês após “Niginho” ter-se casado com a húngara Ana, que conhecera em Roma. Não querendo ficar longe de sua esposa e temendo uma guerra, retornou ao Brasil com autorização de sua equipe, que inclusive pagou as despesas com a viagem de navio.
O ano foi difícil: em fevereiro de 1935, o primo “Nininho”, que chegara a atuar pela Seleção Italiana nas eliminatórias da Copa do Mundo, morreu em virtude de uma septicemia decorrida de infecção em lesão que sofrera no nariz em uma partida contra o Torino. Sem o consentimento formal da Lazio, foi jogar em outro Palestra Itália, o de São Paulo.
De volta ao Brasil, “Niginho” incorporou-se novamente ao Palestra, e meses depois, com o campeonato carioca de 1937 já em andamento, foi contratado pelo Vasco. Logo na estréia, fez dois gols no Flamengo. Fazendo gols a rodo - só na goleada de 12 X 0 no Andaraí foram quatro - foi o artilheiro do campeonato com 25 gols em 20 jogos.
Convocado para a Copa do Mundo de 1938 na França, para a reserva de Leônidas da Silva, “Niginho” acabou não atuando. Por ocasião da partida semifinal, por ironia contra a Itália, Leônidas não podia jogar por estar contundido e a Federação Italiana, com o referendo de Mussolini, vetou a escalação de “Niginho”. A FIFA covardemente acatou a ordem e tirou do jogador a chance de participar da competição.
Mas segundo o livro “Seleção Brasileira – 90 Anos”, de Roberto Assaf e Antonio Carlos Napoleão, defendeu o Brasil em quatro jogos entre 1936 e 1937 com três vitórias, uma derrota e dois gols marcados.
De volta ao Vasco depois da Copa, na primeira rodada do campeonato carioca de 1938, “Niginho” aproveitou para fazer mais dois gols no Flamengo, decretando a vitória vascaína por 2 X 0, justamente na inauguração do estádio da Gávea. Para confirmar o hábito, ele repetiu a dose no ano seguinte, com o mesmo placar no mesmo local. Por ironia, foram os dois últimos gols do artilheiro com a camisa cruzmaltina.
“Niginho” era um jogador de invejável categoria, centro-avante artilheiro, tipo oportunista, que não deixava o goleiro picar a bola no chão sem tentar mandá-la para as redes. Segundo o jornalista Plínio Barreto, “Niginho” decidiu uma partida entre Mineiros X Cariocas, em Álvaro Chaves, no Rio, assim: “Estava 3 X 3 e ele pegou uma bola na sua intermediária e saiu driblando. Passou por um, veio o segundo, o terceiro, foi embalando, chegou na área, passou por outro, deixou o goleiro caído e só parou quando esbarrou nas redes”.
Em 1939, ele voltou ao Palestra mineiro, que se renomeou Cruzeiro em 1942. Foi novamente tricampeão estadual, em 1943, 1944 e 1945. Encerrou a carreira em 1946, atuando ao lado do irmão Orlando - que no ano seguinte iria para a Lazio. “Niginho” deixou os gramados com 207 gols em 257 partidas pelo Palestra/Cruzeiro, firmando-se como o maior ídolo do clube na era pré-Mineirão. É também o terceiro maior artilheiro da história do time, pelo qual seria novamente tricampeão estadual em 1959, 1960 e 1961, como treinador.
“Niginho” manteve-se trabalhando no clube social do Cruzeiro até sua morte, em 1975, ocasionada por um mal súbito quando estava a caminho da “”Toca da Raposa” para rever os amigos após afastar-se em virtude de recuperação de uma cirurgia. Premiações: Melhor Jogador do Ano pelo Vasco da Gama, na temporada de 1938. (Pesquisa: Nilo Dias)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
O Olímpico deu adeus
O clássico entre Grêmio X Internacional marcou ontem a despedida do Estádio Olímpico Monumental, que foi a casa do tricolor gaúcho durante longos 58 anos. O Estádio foi inaugurado no dia 19 de setembro de 1954, com a realização de um torneio de inauguração.
O Estádio foi projetado pelo arquiteto Plínio Oliveira Almeida, que venceu o concurso realizado em 1950, para esse fim. Quando de sua construção foi tido como o maior estádio particular do mundo. O atacante Vitor entrou para a história do clube por ter anotado o primeiro gol no estádio. Aliás, ele marcou dois gols naquela oportunidade, quando do amistoso contra o Nacional de Montevidéu, vitória gremista por 2 X 0.
A impiedosa goleada da inauguração. Era para ser uma festa. E nada melhor que um jogaço, um clássico já consagrado, para a estréia. Esse deve ter sido o pensamento dos dirigentes gremistas à época da inauguração do estádio Olímpico, em setembro de 1954. Mas os planos não saíram bem conforme o planejado. O resultado da partida daquele dia – um estrondoso 6 X 2 para o maior rival – ficou tão famoso quanto o evento.
E se houve um culpado para a goleada, este culpado chama-se Larry Pinto de Faria, também conhecido pela alcunha de “Cerebral”. Dos pés do atacante – que havia chegado a Porto Alegre meses antes – saíram quatro dos gols da tarde. Jerônimo e Canhotinho completaram o placar do Inter, enquanto Sarará e Zunino marcaram os primeiros gols do Grêmio em Gre-Nais no Olímpico.
O Estádio Olímpico só foi totalmente concluído em meados de 1980, quando foi fechada a última parte do anel superior, ainda sob a coordenação do arquiteto Plínio Almeida, que teve a colaboração dos arquitetos e co-autores Rogério de Castro Oliveira e Flavio Boni. O jogo que marcou a conclusão do estádio, que acresceu ao nome a palavra Monumental, foi um amistoso em que o Grêmio derrotou o Vasco da gama, do Rio de Janeiro, por 1 X 0, disputado no dia 21 de julho de 1980.
Outros Gre-Nais marcantes na história do Estádio Olímpico. Catimba quebrou a hegemonia do Inter e arriscou salto mortal. O Inter havia empilhado oito campeonatos Gaúchos na sequência (de 1969 a 76). Para piorar, o arqui-rival tinha também se consagrado bicampeão brasileiro. E foi em setembro de 1977 que André Catimba, aos 42 minutos do segundo tempo, acabou com a hegemonia colorada.
No jogo que decidia o título do Gauchão daquela temporada, os gremistas esperaram Tarciso bater uma falta da direita, que foi desviada no meio do caminho e caiu na frente de Catimba. O atacante mandou a bola para o gol. A euforia foi enorme no estádio. Entusiasmado, o herói gremista deu um salto desajeitado e desabou de cara no chão - tão forte que foi substituído logo depois. Com o 1 X 0, o Tricolor ficou com a taça e começou a se reerguer para os anos seguintes.
A troca de faixas após a conquista do mundo. A idéia foi de Renato Portaluppi. Responsável pela conquista do Mundial Interclubes de 1983, o dono eterno da camisa 7 gremista respondeu a uma provocação do arqui-rival e marcou o clássico para o início da temporada seguinte. Tudo começou quando Mauro Galvão disse que de nada adiantava o Tricolor ser campeão mundial, se no Estado quem mandava era o Inter, tricampeão gaúcho.
O retruco foi intempestivo. Para decidir quem era melhor, foi realizado um clássico em janeiro de 1984. O jogo ficou conhecido como o Gre-Nal da troca de faixas. E Renato pintou também o Rio Grande do Sul com as cores do Tricolor. O resultado foi 4 X 2 para os donos da casa. O Inter até começou na frente, com gol de Silvio. Daí Osvaldo, Renato, Paulo Cesar e Caio marcaram em sequência para o time gremista. O Colorado ainda fez mais um no final.
Durante mais de meio século o Grêmio viu passar pelo Olímpico Monumental nomes históricos que participaram da vida do clube, como dirigentes, torcedores, técnicos e jogadores. Nesse momento de despedida não podem ser esquecidos nomes como Saturnino Vanzelotti, Fernando Kroeff (o patrono), Renato Souza, Rudi Armin Petry, Hélio Dourado, Fábio Koff e Paulo Odone, este o maior responsável pela construção da nova Arena do clube, um dos estádios mais modernos do mundo, que será inaugurado no próximo sábado, num jogo amistoso contra o Hamburgo, da Alemanha, clube a quem o Grêmio derrotou quando da memorável conquista do Mundial de Clubes, em 1983.
“Uh, Fabiano” faz um risco vermelho em década tricolor. Em 1997, o cenário era outro. Naquele ano, uma luz colorada tentava resplandecer diante de uma década em azul, preto e branco. Cena rara naquela época, o Inter brigava pelo título do Brasileirão. Antes de a bola rolar no Olímpico, provocações azuis, que usaram até um coelho para fazer analogia com a história em que a tartaruga passava na frente. Não adiantou em nada. O placar do jogo terminou em 5 X 2 para o Inter.
Camisa 7 colorado, o atacante Fabiano foi o nome do jogo. Mas não foi dele o primeiro da tarde: Christian abriu o placar logo aos 4. Sandoval aumentou antes do intervalo. No segundo tempo, Fabiano fez dois e Marcelo fez o quinto colorado. No lado do Grêmio, Sérgio Manoel descontou e Gilmar anotou um golaço no finzinho do jogo.
O clássico dos cem anos de rivalidade. Um dia após o aniversário de cem anos do primeiro Gre-Nal, o estádio Olímpico recebeu o clássico de número 377. Na tarde de 19 de julho de 2009, as duas equipes se enfrentaram por mais uma rodada do Campeonato Brasileiro. E nesse embate levou a melhor quem arriscou. Sem contar com Thiego, o técnico Paulo Autuori confiou na improvisação de Mário Fernandes na lateral-direita e confundiu Tite, então comandante do colorado.
O Inter saiu na frente. Aos 25 minutos, Nilmar puxou forte contra-ataque e bateu na saída de Victor. Só que a festa colorada durou apenas dez minutos. O meia Souza cobrou falta perto da área e colocou a bola dentro das redes. O empate entusiasmou os tricolores, que conseguiram a virada no segundo tempo. Após cobrança de escanteio, Réver chutou a bola dentro da área, Guiñazu afastou e o atacante Maxi López empurrou a bola com a cabeça para a meta – 2 X 1.
A última taça é colorada. Um Gre-Nal cheio de atrativos acabou marcando a última finalíssima do estádio Olímpico. Renato Portaluppi ocupava a casamata tricolor, enquanto Paulo Roberto Falcão comandava os colorados na decisão do Gauchão de 2011. E os colorados pisaram no campo do rival como zebras, afinal, uma semana antes, haviam levado 3 X 2 em casa. E, para piorar, saíram perdendo aos 14 minutos do primeiro tempo.
Até meados da etapa inicial só um milagre salvaria o Inter. Falcão, então, ousou. Trocou o zagueiro Juan por Zé Roberto, que deu novo gás ao time. Aos 30, Damião deixou tudo igual e, na garra, um Andrezinho lesionado conseguiu virar aos 45. Na etapa final, D’Alessandro ampliou a vantagem do Inter, que só não conquistou o título durante o jogo, porque Borges descontou antes do apito final: 3 X 2. A decisão, então, foi para os pênaltis. Daí brilhou a estrela de Renan, que defendeu três penais. As cobranças alternadas só terminaram quando, após o erro de Adilson, Zé Roberto converteu e garantiu a taça – que se tornou a última levantada do Olímpico.
Estatísticas do Gre-Nal no Olímpico. Número de clássicos – 122; Vitórias do Grêmio – 41; Vitórias do Inter – 34; Empates – 47; Gols do Grêmio –152;Gols do Inter –132
Jogadores que marcaram suas passagens pelo Grêmio e se tornaram ídolos da torcida, como Alcindo, Ancheta, Everaldo, André Catimba, Baltazar, o artilheiro de Deus, Renato Portaluppi, o uruguaio De Leon, o artilheiro Jardel, porque não Ronaldinho Gaúcho, Anderson Luis, o herói da “Guerra dos Aflitos”, e tantos outros. Os técnicos Osvaldo Rola, o “Foguinho”, Luiz Felipe Scolari, o “Felipão”, Mano Menezes e atualmente o consagrado Vanderlei Luxemburgo.
Alguns torcedores famosos do Grêmio, ainda vivos: Guri de Uruguaiana, Juliano Cazarré, Paulo Santana, Pedro Ernesto Denardin, Adriana Calcanhoto, Antônio Augusto Fagundes, João de Almeida Neto, Kleiton Ramil, Luis Marenco, Luis Carlos Borges, Pedro Ortaça, Renato Borghetti, Yamandu Costa, Luiz Felipe Scolari, Mano Meneses, Alexandre Grendene, Claudio Oderich, Jorge Gerdau, José Fortunati, Nelson Sirotski, Gisele Bundchen, Aleu Collares, Antônio Brito, José Fogaça, Marco Maia e Yeda Crusius.
A capacidade do Estádio era de 45 mil expectadores, confortavelmente instalados em dois anéis, sendo o superior composto por cadeiras. Também possuía no centro um conjunto de 40 camarotes, com 10 lugares cada e cinco camarotes com 20 lugares cada. A Tribuna de honra tinha 140 lugares especiais. Setores para deficientes físicos abrigavam 28 cadeiras de rodas e 22 acompanhantes. E o Salão Nobre do Conselho Deliberativo, composto de um auditório com 220 lugares.
O Estádio possuía seis vestiários profissionais, sendo cinco com saídas para o campo e mais um vestiário de arbitragem. Iluminação: Seis postes de iluminação, com 20 refletores de 1500 watts em cada um, numa potência: 650 Lux. Havia também 26 cabines duplas fixas para a imprensa, e mais 50 cabines provisórias. Duas salas de imprensa e duas salas para entrevistas coletivas. O estacionamento permitia 700 vagas.
A grama utilizada era a Bermuda Green, mas no inverno era trocada pela Raygrass Americana. A distância do gramado, até a torcida, era de 40,7 metros na parte da social. A altura da última fileira de cadeiras, do anel superior, em comparação com o gramado era de 15 metros. A distância da última fileira de cadeiras, do anel superior até o gramado era de 68,83 metros. O gramado possuía 105 x 68m, dimensão esta determinada pela FIFA em jogos de Copa do Mundo.
Um novo placar eletrônico havia sido instalado na parte inferior das arquibancadas. Uma parceria do clube com uma empresa substituiu o antigo,que era composto de diversas lâmpadas e que apenas podia mostrar textos, por um novo com capacidade de gerar imagens com mais de um bilhão de cores. O novo equipamento tinha 32 metros quadrados de área. A mesma empresa instalou o placar eletrônico no estádio Beira-Rio.
O maior público que o estádio recebeu em toda a sua história, foi no dia 26 de abril de 1981, quando 98.421 pessoas, sendo 85.751 pagantes, assistiram o jogo Grêmio 0 X 1 Ponte Preta, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.
O Grêmio conta com uma sede recreativa para sócios na Ilha Grande dos Marinheiros, a Escolinha de Futebol no Parque Cristal, um parque náutico as margens do Guaíba e o Centro de Treinamento Hélio Dourado para as categorias de base em Eldorado do Sul.
O Estádio Olímpico Monumental foi palco para a apresentação de diversas atrações internacionais em Porto Alegre, entre eles: Sting (1984), Rod Stewart (1984), Eric Clapton, com The Reptile Tour, em 10 de Outubro de 2001, Roger Waters, com In The Flash Tour, em 12 de Março de 2002, Rush, com Vapor Trails Tour, em 20 de Novembro de 2002 e Lenny Kravitz, com Baptism Tour, em 15 de Março de 2005. A cantora Madonna é esperada para um show da The MDNA Tour, em 9 de Dezembro de 2012, na nova Arena gremista. (Pesquisa: Nilo Dias)
O Estádio Olímpico agora vai ser demolido.
O Estádio foi projetado pelo arquiteto Plínio Oliveira Almeida, que venceu o concurso realizado em 1950, para esse fim. Quando de sua construção foi tido como o maior estádio particular do mundo. O atacante Vitor entrou para a história do clube por ter anotado o primeiro gol no estádio. Aliás, ele marcou dois gols naquela oportunidade, quando do amistoso contra o Nacional de Montevidéu, vitória gremista por 2 X 0.
A impiedosa goleada da inauguração. Era para ser uma festa. E nada melhor que um jogaço, um clássico já consagrado, para a estréia. Esse deve ter sido o pensamento dos dirigentes gremistas à época da inauguração do estádio Olímpico, em setembro de 1954. Mas os planos não saíram bem conforme o planejado. O resultado da partida daquele dia – um estrondoso 6 X 2 para o maior rival – ficou tão famoso quanto o evento.
E se houve um culpado para a goleada, este culpado chama-se Larry Pinto de Faria, também conhecido pela alcunha de “Cerebral”. Dos pés do atacante – que havia chegado a Porto Alegre meses antes – saíram quatro dos gols da tarde. Jerônimo e Canhotinho completaram o placar do Inter, enquanto Sarará e Zunino marcaram os primeiros gols do Grêmio em Gre-Nais no Olímpico.
O Estádio Olímpico só foi totalmente concluído em meados de 1980, quando foi fechada a última parte do anel superior, ainda sob a coordenação do arquiteto Plínio Almeida, que teve a colaboração dos arquitetos e co-autores Rogério de Castro Oliveira e Flavio Boni. O jogo que marcou a conclusão do estádio, que acresceu ao nome a palavra Monumental, foi um amistoso em que o Grêmio derrotou o Vasco da gama, do Rio de Janeiro, por 1 X 0, disputado no dia 21 de julho de 1980.
Outros Gre-Nais marcantes na história do Estádio Olímpico. Catimba quebrou a hegemonia do Inter e arriscou salto mortal. O Inter havia empilhado oito campeonatos Gaúchos na sequência (de 1969 a 76). Para piorar, o arqui-rival tinha também se consagrado bicampeão brasileiro. E foi em setembro de 1977 que André Catimba, aos 42 minutos do segundo tempo, acabou com a hegemonia colorada.
No jogo que decidia o título do Gauchão daquela temporada, os gremistas esperaram Tarciso bater uma falta da direita, que foi desviada no meio do caminho e caiu na frente de Catimba. O atacante mandou a bola para o gol. A euforia foi enorme no estádio. Entusiasmado, o herói gremista deu um salto desajeitado e desabou de cara no chão - tão forte que foi substituído logo depois. Com o 1 X 0, o Tricolor ficou com a taça e começou a se reerguer para os anos seguintes.
A troca de faixas após a conquista do mundo. A idéia foi de Renato Portaluppi. Responsável pela conquista do Mundial Interclubes de 1983, o dono eterno da camisa 7 gremista respondeu a uma provocação do arqui-rival e marcou o clássico para o início da temporada seguinte. Tudo começou quando Mauro Galvão disse que de nada adiantava o Tricolor ser campeão mundial, se no Estado quem mandava era o Inter, tricampeão gaúcho.
O retruco foi intempestivo. Para decidir quem era melhor, foi realizado um clássico em janeiro de 1984. O jogo ficou conhecido como o Gre-Nal da troca de faixas. E Renato pintou também o Rio Grande do Sul com as cores do Tricolor. O resultado foi 4 X 2 para os donos da casa. O Inter até começou na frente, com gol de Silvio. Daí Osvaldo, Renato, Paulo Cesar e Caio marcaram em sequência para o time gremista. O Colorado ainda fez mais um no final.
Durante mais de meio século o Grêmio viu passar pelo Olímpico Monumental nomes históricos que participaram da vida do clube, como dirigentes, torcedores, técnicos e jogadores. Nesse momento de despedida não podem ser esquecidos nomes como Saturnino Vanzelotti, Fernando Kroeff (o patrono), Renato Souza, Rudi Armin Petry, Hélio Dourado, Fábio Koff e Paulo Odone, este o maior responsável pela construção da nova Arena do clube, um dos estádios mais modernos do mundo, que será inaugurado no próximo sábado, num jogo amistoso contra o Hamburgo, da Alemanha, clube a quem o Grêmio derrotou quando da memorável conquista do Mundial de Clubes, em 1983.
“Uh, Fabiano” faz um risco vermelho em década tricolor. Em 1997, o cenário era outro. Naquele ano, uma luz colorada tentava resplandecer diante de uma década em azul, preto e branco. Cena rara naquela época, o Inter brigava pelo título do Brasileirão. Antes de a bola rolar no Olímpico, provocações azuis, que usaram até um coelho para fazer analogia com a história em que a tartaruga passava na frente. Não adiantou em nada. O placar do jogo terminou em 5 X 2 para o Inter.
Camisa 7 colorado, o atacante Fabiano foi o nome do jogo. Mas não foi dele o primeiro da tarde: Christian abriu o placar logo aos 4. Sandoval aumentou antes do intervalo. No segundo tempo, Fabiano fez dois e Marcelo fez o quinto colorado. No lado do Grêmio, Sérgio Manoel descontou e Gilmar anotou um golaço no finzinho do jogo.
O clássico dos cem anos de rivalidade. Um dia após o aniversário de cem anos do primeiro Gre-Nal, o estádio Olímpico recebeu o clássico de número 377. Na tarde de 19 de julho de 2009, as duas equipes se enfrentaram por mais uma rodada do Campeonato Brasileiro. E nesse embate levou a melhor quem arriscou. Sem contar com Thiego, o técnico Paulo Autuori confiou na improvisação de Mário Fernandes na lateral-direita e confundiu Tite, então comandante do colorado.
O Inter saiu na frente. Aos 25 minutos, Nilmar puxou forte contra-ataque e bateu na saída de Victor. Só que a festa colorada durou apenas dez minutos. O meia Souza cobrou falta perto da área e colocou a bola dentro das redes. O empate entusiasmou os tricolores, que conseguiram a virada no segundo tempo. Após cobrança de escanteio, Réver chutou a bola dentro da área, Guiñazu afastou e o atacante Maxi López empurrou a bola com a cabeça para a meta – 2 X 1.
A última taça é colorada. Um Gre-Nal cheio de atrativos acabou marcando a última finalíssima do estádio Olímpico. Renato Portaluppi ocupava a casamata tricolor, enquanto Paulo Roberto Falcão comandava os colorados na decisão do Gauchão de 2011. E os colorados pisaram no campo do rival como zebras, afinal, uma semana antes, haviam levado 3 X 2 em casa. E, para piorar, saíram perdendo aos 14 minutos do primeiro tempo.
Até meados da etapa inicial só um milagre salvaria o Inter. Falcão, então, ousou. Trocou o zagueiro Juan por Zé Roberto, que deu novo gás ao time. Aos 30, Damião deixou tudo igual e, na garra, um Andrezinho lesionado conseguiu virar aos 45. Na etapa final, D’Alessandro ampliou a vantagem do Inter, que só não conquistou o título durante o jogo, porque Borges descontou antes do apito final: 3 X 2. A decisão, então, foi para os pênaltis. Daí brilhou a estrela de Renan, que defendeu três penais. As cobranças alternadas só terminaram quando, após o erro de Adilson, Zé Roberto converteu e garantiu a taça – que se tornou a última levantada do Olímpico.
Estatísticas do Gre-Nal no Olímpico. Número de clássicos – 122; Vitórias do Grêmio – 41; Vitórias do Inter – 34; Empates – 47; Gols do Grêmio –152;Gols do Inter –132
Jogadores que marcaram suas passagens pelo Grêmio e se tornaram ídolos da torcida, como Alcindo, Ancheta, Everaldo, André Catimba, Baltazar, o artilheiro de Deus, Renato Portaluppi, o uruguaio De Leon, o artilheiro Jardel, porque não Ronaldinho Gaúcho, Anderson Luis, o herói da “Guerra dos Aflitos”, e tantos outros. Os técnicos Osvaldo Rola, o “Foguinho”, Luiz Felipe Scolari, o “Felipão”, Mano Menezes e atualmente o consagrado Vanderlei Luxemburgo.
Alguns torcedores famosos do Grêmio, ainda vivos: Guri de Uruguaiana, Juliano Cazarré, Paulo Santana, Pedro Ernesto Denardin, Adriana Calcanhoto, Antônio Augusto Fagundes, João de Almeida Neto, Kleiton Ramil, Luis Marenco, Luis Carlos Borges, Pedro Ortaça, Renato Borghetti, Yamandu Costa, Luiz Felipe Scolari, Mano Meneses, Alexandre Grendene, Claudio Oderich, Jorge Gerdau, José Fortunati, Nelson Sirotski, Gisele Bundchen, Aleu Collares, Antônio Brito, José Fogaça, Marco Maia e Yeda Crusius.
A capacidade do Estádio era de 45 mil expectadores, confortavelmente instalados em dois anéis, sendo o superior composto por cadeiras. Também possuía no centro um conjunto de 40 camarotes, com 10 lugares cada e cinco camarotes com 20 lugares cada. A Tribuna de honra tinha 140 lugares especiais. Setores para deficientes físicos abrigavam 28 cadeiras de rodas e 22 acompanhantes. E o Salão Nobre do Conselho Deliberativo, composto de um auditório com 220 lugares.
O Estádio possuía seis vestiários profissionais, sendo cinco com saídas para o campo e mais um vestiário de arbitragem. Iluminação: Seis postes de iluminação, com 20 refletores de 1500 watts em cada um, numa potência: 650 Lux. Havia também 26 cabines duplas fixas para a imprensa, e mais 50 cabines provisórias. Duas salas de imprensa e duas salas para entrevistas coletivas. O estacionamento permitia 700 vagas.
A grama utilizada era a Bermuda Green, mas no inverno era trocada pela Raygrass Americana. A distância do gramado, até a torcida, era de 40,7 metros na parte da social. A altura da última fileira de cadeiras, do anel superior, em comparação com o gramado era de 15 metros. A distância da última fileira de cadeiras, do anel superior até o gramado era de 68,83 metros. O gramado possuía 105 x 68m, dimensão esta determinada pela FIFA em jogos de Copa do Mundo.
Um novo placar eletrônico havia sido instalado na parte inferior das arquibancadas. Uma parceria do clube com uma empresa substituiu o antigo,que era composto de diversas lâmpadas e que apenas podia mostrar textos, por um novo com capacidade de gerar imagens com mais de um bilhão de cores. O novo equipamento tinha 32 metros quadrados de área. A mesma empresa instalou o placar eletrônico no estádio Beira-Rio.
O maior público que o estádio recebeu em toda a sua história, foi no dia 26 de abril de 1981, quando 98.421 pessoas, sendo 85.751 pagantes, assistiram o jogo Grêmio 0 X 1 Ponte Preta, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.
O Grêmio conta com uma sede recreativa para sócios na Ilha Grande dos Marinheiros, a Escolinha de Futebol no Parque Cristal, um parque náutico as margens do Guaíba e o Centro de Treinamento Hélio Dourado para as categorias de base em Eldorado do Sul.
O Estádio Olímpico Monumental foi palco para a apresentação de diversas atrações internacionais em Porto Alegre, entre eles: Sting (1984), Rod Stewart (1984), Eric Clapton, com The Reptile Tour, em 10 de Outubro de 2001, Roger Waters, com In The Flash Tour, em 12 de Março de 2002, Rush, com Vapor Trails Tour, em 20 de Novembro de 2002 e Lenny Kravitz, com Baptism Tour, em 15 de Março de 2005. A cantora Madonna é esperada para um show da The MDNA Tour, em 9 de Dezembro de 2012, na nova Arena gremista. (Pesquisa: Nilo Dias)
O Estádio Olímpico agora vai ser demolido.
sábado, 17 de novembro de 2012
A morte de Alex Alves
Alexsandro Alves do Nascimento, ou simplesmente Alex Silva, o artilheiro que comemorava seus gols com lances de capoeira, faleceu na última quarta-feira, em Jaú (SP), onde se encontrava internado no Hospital Amaral Carvalho. Alex tinha 37 anos. Na luta de cinco anos contra a doença na medula que causou a sua morte, o ex-jogador mantinha contato apenas com os familiares e os amigos mais próximos
A doença se manifestou em 2007, mas só em setembro deste ano ele foi internado para o tratamento e chegou a fazer um transplante de medula óssea no mês passado, cujo doador foi o irmão. Mas não apresentou evolução após o procedimento e a causa da morte foi "doença do enxerto contra o hospedeiro aguda", que é uma forma de agressão da medula do doador contra o órgão do receptor. Essa agressão atingiu pele, fígado e intestino.
“Ele brigou heroicamente, foi colaborativo em todos os aspectos, mas teve muitas dificuldades. O transplante foi um sucesso, a medula se recuperou, mas essa mesma medula causou a rejeição ao corpo dele”, afirmou o hematologista do hospital Amaral Carvalho, Mair Pedro de Souza.
O óbito do atleta foi confirmado durante a manhã e a sua causa foi decorrente de uma rara doença apresentada por seu organismo. O ex-jogador sofria de hemoglobinúria paroxística noturna e tinha dificuldades para produzir sangue. Um mês antes da morte, ele havia sido submetido a um transplante de medula óssea.
O corpo do ex-jogador Alex Alves foi velado e cremado na quinta-feira, no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador. O corpo do ex-jogador foi envolto em uma bandeira do Vitória e mantido ao lado de uma flâmula do Hertha Berlin, clube alemão em que jogou. Entre os que foram até o cemitério para se despedir do ídolo, nomes conhecidos do futebol nordestino marcaram presença na cerimônia.
Além de Paulo Isidoro, que ajudou Alex Alves a bancar boa parte de seu tratamento contra a leucemia, e financiou o traslado do corpo de Jaú até Salvador, os ex-jogadores Osni, Sapatão, Ronaldo, Flávio Tanajura, João Marcelo, Bobô e Rodrigo também confirmaram presença e prestaram suas homenagens ao ex-atacante. O ex-presidente Paulo Carneiro também estava lá.
Os clubes por onde passou também lhe prestaram inúmeras homenagens. O Vitória, por sua vez, arcou com todos os gastos da cremação, e confirmou que a equipe entrará no jogo contra o Joinville, hoje, em Santa Catarina, carregando uma faixa com os dizeres “um nome na história”. Além disso, os jogadores rubro-negros atuarão com uma tarja preta no braço. Nos outros jogos pelo Brasil afora, deve ocorrer um minuto de silêncio.
O ex-jogador tinha planos de fazer um jogo festivo entre amigos no “Zezinho Magalhães”, estádio do XV de Jaú, assim que fosse liberado pelos médicos. Ele queria jogar 15 minutos pelo Vitória e 15 pelo Cruzeiro. Enquanto esteve internado, recebia ligações constantes de Vampeta, grande amigo que fez ainda nas categorias de base do Vitória.
Alex Alves nasceu em Campo Formoso (BA), no dia 30 de dezembro de 1974. Revelado pelo Vitória, onde assinou seu primeiro contrato profissional em 1993, foi vice-campeão brasileiro pelo clube baiano naquele mesmo ano, numa geração de jogadores como Dida, Vampeta, Rodrigo, Paulo Isidoro, entre outros.
Depois virou um verdadeiro cigano do futebol, jogando por vários clubes: Palmeiras, Portuguesa de Desportos, Juventude (RS), Cruzeiro (MG), Hertha Berlim (Alemanha), Vasco da Gama, Vitória, outra vez, Boavista (RJ), Fortaleza (CE), Kavala (Grécia) e União Rondonópolis (MT), onde encerrou a carreira.
Alex se destacou não só pelo bom futebol, marcado por arrancadas velozes e oportunismo na área, mas também pelos cuidados com a beleza, que o transformaram no primeiro jogador brasileiro a ser reconhecido como "metrossexual", na linha do craque inglês David Beckham.
No currículo, tem o campeonato baiano de 1994, pelo Vitória, quando foi artilheiro com 20 gols, Brasileiro de 1994, como reserva do Palmeiras, vices nacionais por Vitória, em 1993, Portuguesa, em 1996, Cruzeiro, em 1998 e também campeonato mineiro pelo Cruzeiro, em 1998, Copa dos Campeões de Minas Gerais, pelo Cruzeiro, em 1999, Copa Centro-Oeste, pelo Cruzeiro, ainda em 1999 e Copa da Liga da Alemanha, pelo Hertha Berlim, em 2001 e 2002.
Ele foi casado com Nádia França, modelo que também namorou Ronaldo Fenômeno, e teve uma filha com ela. (Pesquisa: Nilo Dias)
A doença se manifestou em 2007, mas só em setembro deste ano ele foi internado para o tratamento e chegou a fazer um transplante de medula óssea no mês passado, cujo doador foi o irmão. Mas não apresentou evolução após o procedimento e a causa da morte foi "doença do enxerto contra o hospedeiro aguda", que é uma forma de agressão da medula do doador contra o órgão do receptor. Essa agressão atingiu pele, fígado e intestino.
“Ele brigou heroicamente, foi colaborativo em todos os aspectos, mas teve muitas dificuldades. O transplante foi um sucesso, a medula se recuperou, mas essa mesma medula causou a rejeição ao corpo dele”, afirmou o hematologista do hospital Amaral Carvalho, Mair Pedro de Souza.
O óbito do atleta foi confirmado durante a manhã e a sua causa foi decorrente de uma rara doença apresentada por seu organismo. O ex-jogador sofria de hemoglobinúria paroxística noturna e tinha dificuldades para produzir sangue. Um mês antes da morte, ele havia sido submetido a um transplante de medula óssea.
O corpo do ex-jogador Alex Alves foi velado e cremado na quinta-feira, no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador. O corpo do ex-jogador foi envolto em uma bandeira do Vitória e mantido ao lado de uma flâmula do Hertha Berlin, clube alemão em que jogou. Entre os que foram até o cemitério para se despedir do ídolo, nomes conhecidos do futebol nordestino marcaram presença na cerimônia.
Além de Paulo Isidoro, que ajudou Alex Alves a bancar boa parte de seu tratamento contra a leucemia, e financiou o traslado do corpo de Jaú até Salvador, os ex-jogadores Osni, Sapatão, Ronaldo, Flávio Tanajura, João Marcelo, Bobô e Rodrigo também confirmaram presença e prestaram suas homenagens ao ex-atacante. O ex-presidente Paulo Carneiro também estava lá.
Os clubes por onde passou também lhe prestaram inúmeras homenagens. O Vitória, por sua vez, arcou com todos os gastos da cremação, e confirmou que a equipe entrará no jogo contra o Joinville, hoje, em Santa Catarina, carregando uma faixa com os dizeres “um nome na história”. Além disso, os jogadores rubro-negros atuarão com uma tarja preta no braço. Nos outros jogos pelo Brasil afora, deve ocorrer um minuto de silêncio.
O ex-jogador tinha planos de fazer um jogo festivo entre amigos no “Zezinho Magalhães”, estádio do XV de Jaú, assim que fosse liberado pelos médicos. Ele queria jogar 15 minutos pelo Vitória e 15 pelo Cruzeiro. Enquanto esteve internado, recebia ligações constantes de Vampeta, grande amigo que fez ainda nas categorias de base do Vitória.
Alex Alves nasceu em Campo Formoso (BA), no dia 30 de dezembro de 1974. Revelado pelo Vitória, onde assinou seu primeiro contrato profissional em 1993, foi vice-campeão brasileiro pelo clube baiano naquele mesmo ano, numa geração de jogadores como Dida, Vampeta, Rodrigo, Paulo Isidoro, entre outros.
Depois virou um verdadeiro cigano do futebol, jogando por vários clubes: Palmeiras, Portuguesa de Desportos, Juventude (RS), Cruzeiro (MG), Hertha Berlim (Alemanha), Vasco da Gama, Vitória, outra vez, Boavista (RJ), Fortaleza (CE), Kavala (Grécia) e União Rondonópolis (MT), onde encerrou a carreira.
Alex se destacou não só pelo bom futebol, marcado por arrancadas velozes e oportunismo na área, mas também pelos cuidados com a beleza, que o transformaram no primeiro jogador brasileiro a ser reconhecido como "metrossexual", na linha do craque inglês David Beckham.
No currículo, tem o campeonato baiano de 1994, pelo Vitória, quando foi artilheiro com 20 gols, Brasileiro de 1994, como reserva do Palmeiras, vices nacionais por Vitória, em 1993, Portuguesa, em 1996, Cruzeiro, em 1998 e também campeonato mineiro pelo Cruzeiro, em 1998, Copa dos Campeões de Minas Gerais, pelo Cruzeiro, em 1999, Copa Centro-Oeste, pelo Cruzeiro, ainda em 1999 e Copa da Liga da Alemanha, pelo Hertha Berlim, em 2001 e 2002.
Ele foi casado com Nádia França, modelo que também namorou Ronaldo Fenômeno, e teve uma filha com ela. (Pesquisa: Nilo Dias)
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
A Raposa do Parquê
Tem pessoas que não deveriam morrer. Bento Peixoto Castelã era uma delas. Alegre, sempre com uma resposta inteligente e divertida na ponta da língua. Foi o “terror” dos repórteres esportivos da época. Meu amigo e compadre, até hoje sinto sua falta.
Bento foi jogador de futebol. Centro-avante a moda antiga, daqueles que levavam os zagueiros por diante. Jogou nos três times de Pelotas, mas era “xavante” de coração.
Foi treinador dos profissionais do Brasil por duas vezes, em 1973 e 1979, num total de 14 jogos. Depois que deixou o futebol profissional se dedicou ao futebol de salão do clube rubro-negro pelotense. Foi a consagração. Ganhou cinco títulos estaduais e outros tantos da cidade e o apelido de "Raposa do Parquê", porque era realmente um grande estrategista. (Em outras regiões do país "parquê" é conhecido por "taco")
Montou um time fabuloso. Carlota, goleiro vindo de Caxias do Sul, dono de um lançamento até hoje insuperável. Cassiano e Pedalão, que impunham respeito pela raça com que disputavam cada jogada. Peto, outro caxiense, chamado de “bailarino” tal a técnica que possuía. E Torino, o “Canhão da Baixada”, que também deixou nome no futebol de campo jogando no próprio Brasil e no Grêmio de Porto Alegre.
A fama de folclórico Bento começou a ganhar nesse tempo. E teve razões de sobra para isso. Certa vez o Brasil ia decidir o título salonista da cidade contra o Paulista F.C., no ginásio do E.C. Cruzeiro. O mando de jogo era do adversário, famoso por buscar ajuda do além entre as macumbeiras da cidade. Sabedor disso, Bento fez com que os jogadores de sua equipe entrassem no ginásio pulando o muro para escaparem de um possível feitiço no portão de acesso.
Outra ocasião, depois de ouvir criticas sobre o preparo físico de seus jogadores, “estaria faltando “gás”, Bento instalou ao lado do banco de reservas alguns tubos de oxigênio. Perguntado pelos repórteres para que serviria aquilo, respondeu: “é para dar mais gás ao time”.
A “Raposa do Parquê”, apelido criado pelo narrador esportivo Paulo Corrêa, da Rádio Pelotense, ganhou fama e chamou atenção dos clubes profissionais da cidade. Como treinador do G.A.Farroupilha, que andava mal das pernas, teve como auxiliar o não menos folclórico Antônio Freitas, o “Fervido”, também de saudosa memória.
Com menos de uma semana para treinar a equipe, Bento resolveu buscar ajuda fora de campo. Domingo, antes do jogo, no vestiário do Farroupilha, montou uma espécie de altar onde se misturavam imagens católicas e de umbanda. O time teria que jogar de branco e os diretores vestirem roupas claras.
O ritual não parou aí. Um por um, jogadores, diretores e funcionários deitaram no chão e bateram cabeça no altar, para pedir proteção e boa sorte. O resultado do jogo não lembro, mas sei que o Farroupilha venceu e motivou a repetição da cena até a primeira derrota.
A glória folclórica de Bento Castelã, porém, se deu no F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande onde foi praticamente tudo: conselheiro, presidente e treinador. Tive a alegria de acompanhá-lo como assessor, tanto no futebol profissional como no de salão.
O “colorado da Noiva do Mar”, como o Rio-Grandense era chamado, jogava contra o Internacional de Santa Maria, no antigo Estádio Torquato Pontes, num sábado à tarde. Terminado o primeiro tempo um repórter correu, e antes que Bento entrasse no vestiário lascou a pergunta: “Como está vendo o jogo?”. Resposta pronta e seca: “Com os olhos”.
Certa feita o Rio-Grandense atravessava mais uma crise e não ganhava de ninguém. O repórter da rádio local querendo saber o que Bento Castelã achava daquele momento, perguntou: “Com toda sinceridade, você ainda tem fé nesse time?” Sem pestanejar veio a resposta: “Uns tem fé demais, outros fé de menos. Eu prefiro o meio-termo”.
Jogo contra o E.C. Uruguaiana. Primeiro tempo, escore em branco. O repórter veio para a tradicional entrevista de intervalo. “Bento, como corre esse time do Uruguaiana, não é mesmo?”. O treinador respondeu rápido: “Isso não é nada. Precisa ver eles correndo com muamba de Passo de los Libres para Uruguaiana”.
Certa ocasião o Rio-Grandense enfrentava o Cachoeira F.C., e para variar não podia nem empatar. Só a vitória interessava. Segundo tempo, 40 minutos, escore apertado de 1 X 0 e o adversário em cima a procura do gol de igualdade. Bento, para esfriar o adversário, invadiu o campo pedalando uma bicicleta que mandara buscar no vestiário. Imaginem a cena, Bento de bicicleta de um lado ao outro do gramado perseguido pelos jogadores do Cachoeira e pela Polícia.
O público em delírio. Até que as coisas se acalmassem passaram 10 longos minutos. Reiniciado o jogo os cachoeirenses não tiveram ânimo para buscar o empate e o jogo terminou com a vitória “colorada”.
No domingo seguinte o Rio-Grandense ia jogar no Joaquim Vidal, em Cachoeira do Sul. Para evitar ser linchado Bento viajou engessado e disse que havia sofrido um acidente de carro. Sob os olhares desconfiados dos cachoeirenses.
Decisão de vaga para a Divisão Principal com o Gaúcho de Passo Fundo. Estádio lotado e o Rio-Grandense perdendo no primeiro tempo. Bento pegou um revólver de brinquedo, colocou bem a mostra na cintura e foi bater na porta do vestiário do juiz. Quando este apareceu Bento sentenciou: “Se a gente perder esse jogo não sei o que poderá acontecer”.
O juiz não autorizou a realização do segundo tempo. Formou-se uma confusão enorme. A torcida protestou e os soldados da Brigada Militar evacuaram o campo com cavalos e espadas. O Rio-Grandense perdeu os pontos e a classificação.
No futebol de salão do Rio-Grandense um grande feito. O Ipiranga A.C. mantinha uma invencibilidade de três anos contra as equipes locais no campeonato da cidade. Bento escalou quatro zagueiros contra o poderoso adversário. Naquela época, depois de cinco faltas o jogador era substituído. Não existiam cobranças diretas sem barreira, como acontece hoje. Saía um zagueiro, entrava outro.
Os jogadores do Ipiranga entraram em desespero. O jogo próximo do fim e o placar em 0 X 0. A equipe se jogou toda para o ataque e a bola sobrou para um jogador do Rio-Grandense que estava no meio da quadra, sem marcação e apenas com o goleiro Piva à sua frente. Não deu outra, bola na rede e o Rio-Grandense cometendo o “crime”.
Naquela época nos tornamos os terrores dos árbitros salonistas de Rio Grande. Bento de técnico e eu de seu auxiliar,os dois sentados no banco de reservas. Mal começava o jogo e o Bento perguntava: "Quem vai expulso primeiro, eu ou tu". E quem se habilitava esperava o outro na copa do Ginásio de esportes. E dê-lhe cachaça com limão. E o importante, sem violência, só na gozação para delirio dos torcedores. Tempo bom, que deixou muita saudade.
Bento foi durante alguns anos o responsaável pelo Cartório do Foro de Rio Grande. Foi ele que recebeu todo o processo envolvendo a "fabulosa" herança do comendador Domingos Faustino Corrêa, o mais longo da história judiciária do Brasil.
O processo, que ocupava 13 estantes e uma sala inteira do Foro de Rio Grande tornou-se documento histórico e foi doado ao Centro de Documentação Histórica (CDH), da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg). A decisão de doação à Furg foi do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado, em sessão realizada dia 30 de maio de 2011.
O processo, que tramitou durante 107 anos, já está no CDH, que vai abrigar, tratar e preservar a história da migração de centenas de famílias que se habilitaram a receber a “herança” do comendador. São 500 caixas devidamente catalogadas, graças ao trabalho da pesquisadora e servidora do Foro estadual Virgilina Fidelis de Palma. O material contém dados desde o ano de 1874, quando começou a disputa pela mais famosa herança do Brasil e que inclui “herdeiros” em várias regiões e até outros países.
Eu não lembro a data em que Bento Castelã faleceu. Sei que se encontrava no Café Aquário, centro de Pelotas, local de encontro de desportistas e de todos os tipos de pessoas, quando sofreu um infarto fulminante. (Texto: Nilo Dias)
Bento foi jogador de futebol. Centro-avante a moda antiga, daqueles que levavam os zagueiros por diante. Jogou nos três times de Pelotas, mas era “xavante” de coração.
Foi treinador dos profissionais do Brasil por duas vezes, em 1973 e 1979, num total de 14 jogos. Depois que deixou o futebol profissional se dedicou ao futebol de salão do clube rubro-negro pelotense. Foi a consagração. Ganhou cinco títulos estaduais e outros tantos da cidade e o apelido de "Raposa do Parquê", porque era realmente um grande estrategista. (Em outras regiões do país "parquê" é conhecido por "taco")
Montou um time fabuloso. Carlota, goleiro vindo de Caxias do Sul, dono de um lançamento até hoje insuperável. Cassiano e Pedalão, que impunham respeito pela raça com que disputavam cada jogada. Peto, outro caxiense, chamado de “bailarino” tal a técnica que possuía. E Torino, o “Canhão da Baixada”, que também deixou nome no futebol de campo jogando no próprio Brasil e no Grêmio de Porto Alegre.
A fama de folclórico Bento começou a ganhar nesse tempo. E teve razões de sobra para isso. Certa vez o Brasil ia decidir o título salonista da cidade contra o Paulista F.C., no ginásio do E.C. Cruzeiro. O mando de jogo era do adversário, famoso por buscar ajuda do além entre as macumbeiras da cidade. Sabedor disso, Bento fez com que os jogadores de sua equipe entrassem no ginásio pulando o muro para escaparem de um possível feitiço no portão de acesso.
Outra ocasião, depois de ouvir criticas sobre o preparo físico de seus jogadores, “estaria faltando “gás”, Bento instalou ao lado do banco de reservas alguns tubos de oxigênio. Perguntado pelos repórteres para que serviria aquilo, respondeu: “é para dar mais gás ao time”.
A “Raposa do Parquê”, apelido criado pelo narrador esportivo Paulo Corrêa, da Rádio Pelotense, ganhou fama e chamou atenção dos clubes profissionais da cidade. Como treinador do G.A.Farroupilha, que andava mal das pernas, teve como auxiliar o não menos folclórico Antônio Freitas, o “Fervido”, também de saudosa memória.
Com menos de uma semana para treinar a equipe, Bento resolveu buscar ajuda fora de campo. Domingo, antes do jogo, no vestiário do Farroupilha, montou uma espécie de altar onde se misturavam imagens católicas e de umbanda. O time teria que jogar de branco e os diretores vestirem roupas claras.
O ritual não parou aí. Um por um, jogadores, diretores e funcionários deitaram no chão e bateram cabeça no altar, para pedir proteção e boa sorte. O resultado do jogo não lembro, mas sei que o Farroupilha venceu e motivou a repetição da cena até a primeira derrota.
A glória folclórica de Bento Castelã, porém, se deu no F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande onde foi praticamente tudo: conselheiro, presidente e treinador. Tive a alegria de acompanhá-lo como assessor, tanto no futebol profissional como no de salão.
O “colorado da Noiva do Mar”, como o Rio-Grandense era chamado, jogava contra o Internacional de Santa Maria, no antigo Estádio Torquato Pontes, num sábado à tarde. Terminado o primeiro tempo um repórter correu, e antes que Bento entrasse no vestiário lascou a pergunta: “Como está vendo o jogo?”. Resposta pronta e seca: “Com os olhos”.
Certa feita o Rio-Grandense atravessava mais uma crise e não ganhava de ninguém. O repórter da rádio local querendo saber o que Bento Castelã achava daquele momento, perguntou: “Com toda sinceridade, você ainda tem fé nesse time?” Sem pestanejar veio a resposta: “Uns tem fé demais, outros fé de menos. Eu prefiro o meio-termo”.
Jogo contra o E.C. Uruguaiana. Primeiro tempo, escore em branco. O repórter veio para a tradicional entrevista de intervalo. “Bento, como corre esse time do Uruguaiana, não é mesmo?”. O treinador respondeu rápido: “Isso não é nada. Precisa ver eles correndo com muamba de Passo de los Libres para Uruguaiana”.
Certa ocasião o Rio-Grandense enfrentava o Cachoeira F.C., e para variar não podia nem empatar. Só a vitória interessava. Segundo tempo, 40 minutos, escore apertado de 1 X 0 e o adversário em cima a procura do gol de igualdade. Bento, para esfriar o adversário, invadiu o campo pedalando uma bicicleta que mandara buscar no vestiário. Imaginem a cena, Bento de bicicleta de um lado ao outro do gramado perseguido pelos jogadores do Cachoeira e pela Polícia.
O público em delírio. Até que as coisas se acalmassem passaram 10 longos minutos. Reiniciado o jogo os cachoeirenses não tiveram ânimo para buscar o empate e o jogo terminou com a vitória “colorada”.
No domingo seguinte o Rio-Grandense ia jogar no Joaquim Vidal, em Cachoeira do Sul. Para evitar ser linchado Bento viajou engessado e disse que havia sofrido um acidente de carro. Sob os olhares desconfiados dos cachoeirenses.
Decisão de vaga para a Divisão Principal com o Gaúcho de Passo Fundo. Estádio lotado e o Rio-Grandense perdendo no primeiro tempo. Bento pegou um revólver de brinquedo, colocou bem a mostra na cintura e foi bater na porta do vestiário do juiz. Quando este apareceu Bento sentenciou: “Se a gente perder esse jogo não sei o que poderá acontecer”.
O juiz não autorizou a realização do segundo tempo. Formou-se uma confusão enorme. A torcida protestou e os soldados da Brigada Militar evacuaram o campo com cavalos e espadas. O Rio-Grandense perdeu os pontos e a classificação.
No futebol de salão do Rio-Grandense um grande feito. O Ipiranga A.C. mantinha uma invencibilidade de três anos contra as equipes locais no campeonato da cidade. Bento escalou quatro zagueiros contra o poderoso adversário. Naquela época, depois de cinco faltas o jogador era substituído. Não existiam cobranças diretas sem barreira, como acontece hoje. Saía um zagueiro, entrava outro.
Os jogadores do Ipiranga entraram em desespero. O jogo próximo do fim e o placar em 0 X 0. A equipe se jogou toda para o ataque e a bola sobrou para um jogador do Rio-Grandense que estava no meio da quadra, sem marcação e apenas com o goleiro Piva à sua frente. Não deu outra, bola na rede e o Rio-Grandense cometendo o “crime”.
Naquela época nos tornamos os terrores dos árbitros salonistas de Rio Grande. Bento de técnico e eu de seu auxiliar,os dois sentados no banco de reservas. Mal começava o jogo e o Bento perguntava: "Quem vai expulso primeiro, eu ou tu". E quem se habilitava esperava o outro na copa do Ginásio de esportes. E dê-lhe cachaça com limão. E o importante, sem violência, só na gozação para delirio dos torcedores. Tempo bom, que deixou muita saudade.
Bento foi durante alguns anos o responsaável pelo Cartório do Foro de Rio Grande. Foi ele que recebeu todo o processo envolvendo a "fabulosa" herança do comendador Domingos Faustino Corrêa, o mais longo da história judiciária do Brasil.
O processo, que ocupava 13 estantes e uma sala inteira do Foro de Rio Grande tornou-se documento histórico e foi doado ao Centro de Documentação Histórica (CDH), da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg). A decisão de doação à Furg foi do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado, em sessão realizada dia 30 de maio de 2011.
O processo, que tramitou durante 107 anos, já está no CDH, que vai abrigar, tratar e preservar a história da migração de centenas de famílias que se habilitaram a receber a “herança” do comendador. São 500 caixas devidamente catalogadas, graças ao trabalho da pesquisadora e servidora do Foro estadual Virgilina Fidelis de Palma. O material contém dados desde o ano de 1874, quando começou a disputa pela mais famosa herança do Brasil e que inclui “herdeiros” em várias regiões e até outros países.
Eu não lembro a data em que Bento Castelã faleceu. Sei que se encontrava no Café Aquário, centro de Pelotas, local de encontro de desportistas e de todos os tipos de pessoas, quando sofreu um infarto fulminante. (Texto: Nilo Dias)
terça-feira, 30 de outubro de 2012
O primeiro campeão de Porto Alegre
Fundado em julho de 1909, o Militar Foot Ball Club foi o primeiro time a se sagrar Campeão Municipal de Porto Alegre. O feito aconteceu em 1910, ano em que foi criada a Liga Porto Alegrense de Foot-Ball (LPAF), pelos clubes Militar, 7 de Setembro, Grêmio, Internacional, Nacional, Fussball e Frisch Auf. O Militar sagrou-se campeão citadino de forma invicta. Também conquistou o Campeonato de segundos quadros.
O time era formado por alunos da Escola de Guerra, cuja sede ficava no antigo “Casarão da Várzea”, prédio que viu nascer a Escola de Educação Física do Rio Grande do Sul, na década de 1940, por iniciativa do capitão Olavo Amaro da Silveira, que era instrutor da Escola Preparatória de Cadetes, junto com outros oficiais e civis, tornando-se o seu primeiro diretor. Hoje o prédio abriga o Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA).
A primeira partida da história do clube ocorreu em 7 de setembro de 1909, um empate sem gols contra o Internacional, no campo da Várzea, que foi utilizado pelo colorado entre 1910 e 1912, e se localizava onde hoje fica o Parque da redenção.
O primeiro time do Militar era formado por: Prado - Aché e Abacílio – Américo - Fiuza e Costa – Atahualpa – Mendes – Souza - Lima e Vasconcelos. O Militar foi o primeiro time a ser derrotado pelo Internacional. No dia 12 de outubro de 1909, o time colorado venceu por 2 X 1, tendo Benjamin Vignoles marcado o primeiro gol da história colorada.
A vida do clube da Escola de Guerra foi curta. Em 1911 a Escola de Guerra foi transferida para o Rio de Janeiro e o clube foi extinto. Alguns dos seus ex-jogadores, como o zagueiro Aché e o meia Mendes transferiram-se para o América ao chegarem no Rio de Janeiro, enquanto outros que ficaram em Porto Alegre, ajudaram a fundar o Esporte Clube Cruzeiro, que ano que vem comemorará seu centenário.
O time azul e branco da capital gaúcha foi campeão municipal nos anos de 1918, 1921 e 1929, quando também conquistou o seu único título de campeão gaúcho. Sua equipe era formada por jogadores da UFRGS e do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA).
Em 1912 foi criado o Colégio Militar de Porto Alegre, sucessor das conceituadas Escola Militar do Rio Grande do Sul e Escola de Guerra, que formavam oficiais do Exército, ocupando o velho “Casarão da Várzea”.
O Colégio Militar de Porto Alegre é conhecido como "Colégio dos Presidentes", isto porque nas suas salas já foram formados sete Presidentes da República. São eles: Getúlio Dornelles Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Humberto de Alencar Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazú Médici, Ernesto Geisel e João Batista de Oliveira Figueiredo.
Outros ex-alunos ilustres foram: Adalberto Pereira dos Santos (Vice-Presidente da República); Mário Quintana (poeta); Vasco Prado (artista plástico); Jarbas Gonçalves Passarinho ( foi presidente do Senado, em 1981, ministro do Trabalho e da Previdência, 1967 a 1969, ministro da Educação e da Cultura, 1969 a 1974, ministro da Previdência Social, 1983 a 1986 e ministro da Justiça, 1990 a 1992; Plácido de Castro, o “Libertador do Acre”, herói nacional; Armando Pereira da Câmara, filósofo,reitor da UFRGS e primeiro reitor da Pontifícia Universidade Católica (PUC); Guilherme Paraense, o primeiro medalhista de Ouro do Brasil numa Olimpíada, com tiro rápido de pistola; Carlos de Paula Couto, paleontólogo renomado; Ruy Figueira, radialista e primeiro Repórter Esso do rio Grande do Sul; Pedro Ernesto Denardin, jornalista esportivo gaúcho; Darcy Pereira de Azambuja, romancista, advogado e escritor da obra jurídica “A Teoria Geral do Estado” e Nelson Mendonça Mattos, um dos vice-presidentes do Google, em 2008.
O tradicionalismo gaúcho nasceu no “Velho Casarão da Várzea” com a criação, por iniciativa do major João Cezimbra Jacques, professor da Escola Militar, do “Grêmio Gaúcho”, em 1898, primeira entidade destinada ao estudo e ao culto das tradições rio-grandenses, motivo pelo qual foi consagrado como “Patrono do Tradicionalismo Gaúcho”.
Em um dedicado trabalho de pesquisa, realizado no bojo de um amplo projeto esportivo para o CMPA, o professor Gustavo Otto Aquere Hagen procurou e localizou nos arquivos do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, a mais antiga fotografia de uma equipe esportiva do “Casarão da Várzea”, o Militar Foot Ball Club, em lance do histórico jogo decisivo do Campeonato Porto Alegrense de 1910, que também foi a primeira competição do gênero no Rio Grande do Sul, quando o clube militar se sagrou campeão.
Uma outra foto encontrada na pesquisa é do “Casarão da Várzea”, frente a então Escola de Guerra e não onde é o HPS, como afirmam alguns autores. (Pesquisa: Nilo Dias)
O velho "Casarão da Várzea", onde foi fundado o Militar Foot Ball Club.
O time era formado por alunos da Escola de Guerra, cuja sede ficava no antigo “Casarão da Várzea”, prédio que viu nascer a Escola de Educação Física do Rio Grande do Sul, na década de 1940, por iniciativa do capitão Olavo Amaro da Silveira, que era instrutor da Escola Preparatória de Cadetes, junto com outros oficiais e civis, tornando-se o seu primeiro diretor. Hoje o prédio abriga o Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA).
A primeira partida da história do clube ocorreu em 7 de setembro de 1909, um empate sem gols contra o Internacional, no campo da Várzea, que foi utilizado pelo colorado entre 1910 e 1912, e se localizava onde hoje fica o Parque da redenção.
O primeiro time do Militar era formado por: Prado - Aché e Abacílio – Américo - Fiuza e Costa – Atahualpa – Mendes – Souza - Lima e Vasconcelos. O Militar foi o primeiro time a ser derrotado pelo Internacional. No dia 12 de outubro de 1909, o time colorado venceu por 2 X 1, tendo Benjamin Vignoles marcado o primeiro gol da história colorada.
A vida do clube da Escola de Guerra foi curta. Em 1911 a Escola de Guerra foi transferida para o Rio de Janeiro e o clube foi extinto. Alguns dos seus ex-jogadores, como o zagueiro Aché e o meia Mendes transferiram-se para o América ao chegarem no Rio de Janeiro, enquanto outros que ficaram em Porto Alegre, ajudaram a fundar o Esporte Clube Cruzeiro, que ano que vem comemorará seu centenário.
O time azul e branco da capital gaúcha foi campeão municipal nos anos de 1918, 1921 e 1929, quando também conquistou o seu único título de campeão gaúcho. Sua equipe era formada por jogadores da UFRGS e do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA).
Em 1912 foi criado o Colégio Militar de Porto Alegre, sucessor das conceituadas Escola Militar do Rio Grande do Sul e Escola de Guerra, que formavam oficiais do Exército, ocupando o velho “Casarão da Várzea”.
O Colégio Militar de Porto Alegre é conhecido como "Colégio dos Presidentes", isto porque nas suas salas já foram formados sete Presidentes da República. São eles: Getúlio Dornelles Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Humberto de Alencar Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazú Médici, Ernesto Geisel e João Batista de Oliveira Figueiredo.
Outros ex-alunos ilustres foram: Adalberto Pereira dos Santos (Vice-Presidente da República); Mário Quintana (poeta); Vasco Prado (artista plástico); Jarbas Gonçalves Passarinho ( foi presidente do Senado, em 1981, ministro do Trabalho e da Previdência, 1967 a 1969, ministro da Educação e da Cultura, 1969 a 1974, ministro da Previdência Social, 1983 a 1986 e ministro da Justiça, 1990 a 1992; Plácido de Castro, o “Libertador do Acre”, herói nacional; Armando Pereira da Câmara, filósofo,reitor da UFRGS e primeiro reitor da Pontifícia Universidade Católica (PUC); Guilherme Paraense, o primeiro medalhista de Ouro do Brasil numa Olimpíada, com tiro rápido de pistola; Carlos de Paula Couto, paleontólogo renomado; Ruy Figueira, radialista e primeiro Repórter Esso do rio Grande do Sul; Pedro Ernesto Denardin, jornalista esportivo gaúcho; Darcy Pereira de Azambuja, romancista, advogado e escritor da obra jurídica “A Teoria Geral do Estado” e Nelson Mendonça Mattos, um dos vice-presidentes do Google, em 2008.
O tradicionalismo gaúcho nasceu no “Velho Casarão da Várzea” com a criação, por iniciativa do major João Cezimbra Jacques, professor da Escola Militar, do “Grêmio Gaúcho”, em 1898, primeira entidade destinada ao estudo e ao culto das tradições rio-grandenses, motivo pelo qual foi consagrado como “Patrono do Tradicionalismo Gaúcho”.
Em um dedicado trabalho de pesquisa, realizado no bojo de um amplo projeto esportivo para o CMPA, o professor Gustavo Otto Aquere Hagen procurou e localizou nos arquivos do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, a mais antiga fotografia de uma equipe esportiva do “Casarão da Várzea”, o Militar Foot Ball Club, em lance do histórico jogo decisivo do Campeonato Porto Alegrense de 1910, que também foi a primeira competição do gênero no Rio Grande do Sul, quando o clube militar se sagrou campeão.
Uma outra foto encontrada na pesquisa é do “Casarão da Várzea”, frente a então Escola de Guerra e não onde é o HPS, como afirmam alguns autores. (Pesquisa: Nilo Dias)
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Um presidente macho
Osório Cardoso Villas Boas, foi o presidente mais popular de toda a história do E.C. Bahia. Nasceu em Salvador, a 7 de outubro de 1914, filho de Cícero Lopes Villas Boas e Maria Júlia Rodrigues Cardoso Villas Boas. Foi casado com a senhora Lúcia Mendonça Villas Boas, de cuja união não deixou descendentes. Faleceu em Salvador no dia 7 de janeiro de 1999, aos 85 anos de idade.
Cursou o Ginasial nos Colégio Marista e Antônio Vieira, ambos em Salvador. Foi jogador do E.C. Bahia, ingressou na Polícia Civil como inspetor de polícia em 1935, permanecendo até 1963. Depois foi secretário de Segurança.
Iniciou na política como vereador pela Câmara Municipal de Salvador em 1950. Repetiu tal façanha nas eleições de 1954, 1958, 1982 e de 1988. Foi presidente da Câmara de 1989 a 1990 e de 1991 a 1992. E prefeito interino de Salvador em 1991.
Eleito deputado estadual, esteve no cargo de 1967 a 1969, quando no dia 1º de julho foi cassado após a implantação do AI 5. Na Assembléia Legislativa da Bahia foi o 3º secretário nos anos de 1967 e 1968, e titular da Comissão de Finanças, Orçamento e Contas, em 1969 e suplente das Comissões de Economia e Finanças, em 1967 e de Constituição e Justiça, em 1969.
No E.C. Bahia foi conselheiro, vice-presidente e presidente, nos anos de 1958 a 1960 e 1961 a 1969. Foi ele que dirigiu o clube quando da conquista do Campeonato Brasileiro de 1959, primeiro torneio nacional a indicar um representante do país à Taça Libertadores da América.
Ainda trabalhou como gerente do Lloyd Brasileiro, em Salvador, no ano de 1964; subgerente do Grupo Univest, em 1970 e gerente geral da Aplitec, nos Estados da Bahia e Sergipe e assessor legislativo na Câmara Municipal de Salvador.
O nome de Villas Boas até hoje é amaldiçoado entre os torcedores do E.C. Vitória, o grande rival do Bahia, porque ele foi o responsável por colocar o futebol baiano além das fronteiras do Estado, para ser reverenciado por todo o país. O título do clube baiano foi definitivo, inquestionável, aflitivo para os rivais, que jamais poderão lhe tirar esta marca.
O livro que o ex-presidente do tricolor baiano escreveu, “Futebol, paixão e catimba”, publicado em 1973, é tido pelos torcedores rubro-negros como uma real confissão de que tenha subornado e praticado vários delitos que depõem contra o futebol baiano.
O livro de Osório conta episódios que marcaram o imaginário do povo de sua época. Como nem todas as histórias mostravam um lado positivo do Bahia, o livro foi censurado durante muito tempo pela direção do clube.
Teve um "causo" em que um presidente do Vitória mandou desenhar e fixar na parede do vestiário do seu time, um cartaz com os jogadores rubro-negros vestidos de mulher. Depois atribuiu a autoria disso ao presidente do Bahia, Osório Villas Boas, na tentativa de provocar o brio dos atletas de seu time. Esses "causos" e muitos outros estão no livro.
Algumas pessoas, mesmo sem ao menos ter visto a capa do livro, acusam o velho Osório de praticas como se tivesse feito uma confissão efetiva.
Em um dos episódios mais curiosos do livro, o “cartola” explica o “mata-mata” contra o Sport, no caminho para o título da Taça Brasil. Era uma melhor de três jogos. No primeiro confronto, em Salvador, o Bahia venceu por 3 X 2. No segundo, na Ilha do Retiro, com João Havelange na tribuna de honra, o “Leão” aplicou 6 X 0. Aí, ele narra a história até a vitória na “negra”, por 2 X 0, na Ilha. Basta dizer que, na véspera do jogo, o dirigente pagou várias rodadas de cerveja para os jogadores do Sport. O time entrou em campo cambaleando e deu no que deu.
Por sua vez Osório mandou deixar no placar o resultado do jogo anterior, para mexer com os brios dos seus jogadores. A partir daquele momento o Bahia seguiu em frente para se tornar o primeiro campeão da Taça Brasil, em 1959.
No tempo em que Osório Villas Boas presidiu o Bahia, vivia-se uma época romântica do futebol brasileiro, que era mais apaixonante. Nossos dirigentes eram ingênuos, comparados aos de hoje. O Bahia ganhou dois campeonatos brasileiros, lutando contra tudo e contra todos. Mas tinha a sua frente um “presidente macho”, que enfrentava arbitragens e dava moral aos jogadores que atuavam com raça e responsabilidade.
O Bahia não esqueceu seu grande presidente, e lhe fez justiça dando ao moderno Centro de Treinamento o nome de Osório Villas Boas. O complexo esportivo, apelidado de “Fazendão” foi construído em 1979, na gestão do presidente Fernando Schimidt e ocupa uma área de 120.000 m². O CT dispõe de quatro campos de treinamentos, sendo três com medidas oficiais, além da sede administrativa do clube, hotelaria das divisões de base, sala de imprensa, etc.
Outra passagem bastante interessante aconteceu quando o Bahia excursionava pela Europa, em 1957. O “Tricolor de Aço” encontrava-se na Escócia, onde segundo Osório estão os juízes mais “ladrões” do mundo. O dirigente baiano contou que já tinha sido informado com antecedência sobre o comportamento desses árbitros. O Flamengo, quando jogou em Glasgow teve em 15 minutos de jogo quatro jogadores expulsos, e em conseqüência levou 9 X 2.
Também está no livro um diálogo que Osório teve com Vicente, um jogador de defesa, por vezes até desleal: “Presidente, se o Flamengo tomou nove gols, vamos levar 30”, disse Vicente. “Jogue manso”, limitou-se Osório a aconselhar. O mesmo conselho foi dado aos demais jogadores baianos: “Joguem manso, mas não acovardados”.
Foram dois jogos do Bahia na Escócia, ambos contra o Abderdeen, um em Glasgow, a capital escocesa, e outro em Aberdeen, cidade-sede dodversário. O Bahia perdeu os dois jogos, por 3 X 2 e 2 X 0.
Num desses amistosos, o árbitro roubou tanto, que Villas Boas chegou a correr ao seu encalço, a fim de dar-lhe um esculacho, no que foi acompanhado por Octávio, um membro da delegação que fazia as vezes de intérprete. O presidente teria dito: “Octávio, meu irmão, diga a esse ladrão que estou xingando ele, a mãe, o pai, o avô. Diga que se ele continuar a roubar eu tiro o time de campo”.
O intérprete não cumpriu a ordem, sob a alegação de que aprendera inglês na gramática, e nela não tem xingamentos. Osório, roxo de raiva revidou: “Se você não sabe xingar em inglês, pra que diabo veio pra cá?”
Em matéria publicada pela revista “Placar”, foi destacada a vivacidade do dirigente baiano Osório Villas Boas, contra a falsa malandragem do presidente do Santos F.C., Atiê Jorge Cury, antes da grande final.
O Santos, achando que o titulo seria decidido em dois jogos acertou uma excursão pelo exterior para após a decisão da Taça Brasil. O clube paulista era poderoso, tinha Pelé e surgia como o grande favorito da competição. Entretanto, já no primeiro jogo realizado na Vila Belmiro, o Bahia mostrou que não estava para brincadeiras.
O Santos fez 2 x 0 logo ao início do jogo. Foi quando veio a reação que ninguém esperava. O Bahia venceu por 3 X 2, com um gol de Alencar marcado em cima da hora. O segundo jogo foi em Salvador. E Pelé estava num dia de genialidade e estragou a festa baiana. O Santos venceu por 2 X 0.
O Santos negou-se a jogar a terceira partida em Salvador e exigiu campo neutro. A CBD atendeu. O confronto decisivo foi marcado para o dia 30 de dezembro, mas o clube paulista alegou que não tinha datas disponíveis. Mas a CBD manteve o jogo para a data programada. Foi então que o presidente do Bahia, Osório Vilas Boas entrou na jogada, mostrando toda a sua malandragem e sabedoria.
Psicologicamente, seu time não estava nada bem depois da derrota em Salvador. A temporada do Santos no exterior iria desgastar a equipe paulista. O Bahia teria tempo para se refazer. Por isso, concordou com o Santos e fez a CBD aceitar uma outra data: 29 de março, no Maracanã.
Enquanto o Santos se arrebentava na Europa, jogando um dia sim outro não, o Bahia se preparava para a decisão. Na volta do clube da Vila Belmiro, Pelé teve que ser operado das amígdalas e ficou de fora da final. Entre os baianos, o treinador Geninho teve que retornar ao Rio de Janeiro por problemas particulares. Assumiu Carlos Volante.
Na noite de 29 de março de 1960, o Maracanã recebeu um bom público, quase todo torcendo pelo Bahia que entrou em campo com Nadinho – Beto – Henrique - Vicente e Nezinho - Flavio e Mário – Marito – Alencar - Léo e Biriba. O Santos jogou com Lalá – Getulio – Mauro - Formiga e Zé Carlos - Zito e Mário – Dorval – Pagão - Coutinho e Pepe. O carioca Frederico Lopes foi o juiz.
O Santos fez X 0 através de Coutinho. O Bahia empatou com Vicente, em cobrança de falta da intermediária. Os baianos dominavam o jogo e os santistas demonstravam um cansaço, com pouca disposição para disputar as bolas divididas. No primeiro minuto do segundo tempo, Léo marcou o segundo gol do Bahia. O Santos entrou em desespero. Coutinho tentava romper a defensiva dos baianos, mas tinha a marcação de Vicente em todas as partes do campo.
O treinador Lula ainda tentou com Tite no lugar de Pagão, mas não deu certo. Aos 24 minutos, o juiz expulsou Getulio. Formiga reclamou exageradamente e também foi expulso. Aos 32 minutos, Coutinho agrediu Nezinho e foi colocado para fora. Vicente deu um soco em Coutinho e também foi obrigado a sair.
Perdido por dois, perdido por mil, os santistas resolveram parar os baianos no pau. A policia entrou em campo e esfriou os ânimos. O juiz Frederico Lopes expulsou outro santista. Dorval deu um tapa em Henrique e também saiu mais cedo. Aos 37 minutos, o Bahia sacramentou o titulo assinalando o terceiro gol.
A festa já tinha começado na Bahia de todos os Santos. Era também a vitória da malícia de Osório Vilas Boas que se impunha contra a pretensão de Atiê Jorge Cury. O dirigente do Santos, antes da decisão, havia enviado um telegrama ao San Lorenzo de Almagro, da Argentina, propondo datas e locais para os dois jogos pela Taça libertadores. Só que o San Lorenzo jogou mesmo foi contra o Esporte Clube Bahia, o campeão da primeira Taça Brasil.
Campanha do 1º campeão brasileiro: 14 jogos, 9 vitórias, 2 empates, 3 derrotas, 26 gols marcados, 17 sofridos : Bahia 5 X 0 CSA / Bahia 2 X 0 CSA / Bahia 0 X 0 Ceará / Bahia 2 X 2 Ceará / Bahia 2 X 1 Ceará / Bahia 3 X 1 Sport / Bahia 0 X 6 Sport / Bahia 2 X 0 Sport / Bahia 1 X 0 Vasco / Bahia 1 X 2 Vasco / Bahia 1 X 0 Vasco / Bahia 3 X 2 Santos / Bahia 1 X 2 Santos / Bahia 3 X 1 Santos. (Pesquisa: Nilo Dias)
O pol~emico livro de Osório Villas- Boas.
Cursou o Ginasial nos Colégio Marista e Antônio Vieira, ambos em Salvador. Foi jogador do E.C. Bahia, ingressou na Polícia Civil como inspetor de polícia em 1935, permanecendo até 1963. Depois foi secretário de Segurança.
Iniciou na política como vereador pela Câmara Municipal de Salvador em 1950. Repetiu tal façanha nas eleições de 1954, 1958, 1982 e de 1988. Foi presidente da Câmara de 1989 a 1990 e de 1991 a 1992. E prefeito interino de Salvador em 1991.
Eleito deputado estadual, esteve no cargo de 1967 a 1969, quando no dia 1º de julho foi cassado após a implantação do AI 5. Na Assembléia Legislativa da Bahia foi o 3º secretário nos anos de 1967 e 1968, e titular da Comissão de Finanças, Orçamento e Contas, em 1969 e suplente das Comissões de Economia e Finanças, em 1967 e de Constituição e Justiça, em 1969.
No E.C. Bahia foi conselheiro, vice-presidente e presidente, nos anos de 1958 a 1960 e 1961 a 1969. Foi ele que dirigiu o clube quando da conquista do Campeonato Brasileiro de 1959, primeiro torneio nacional a indicar um representante do país à Taça Libertadores da América.
Ainda trabalhou como gerente do Lloyd Brasileiro, em Salvador, no ano de 1964; subgerente do Grupo Univest, em 1970 e gerente geral da Aplitec, nos Estados da Bahia e Sergipe e assessor legislativo na Câmara Municipal de Salvador.
O nome de Villas Boas até hoje é amaldiçoado entre os torcedores do E.C. Vitória, o grande rival do Bahia, porque ele foi o responsável por colocar o futebol baiano além das fronteiras do Estado, para ser reverenciado por todo o país. O título do clube baiano foi definitivo, inquestionável, aflitivo para os rivais, que jamais poderão lhe tirar esta marca.
O livro que o ex-presidente do tricolor baiano escreveu, “Futebol, paixão e catimba”, publicado em 1973, é tido pelos torcedores rubro-negros como uma real confissão de que tenha subornado e praticado vários delitos que depõem contra o futebol baiano.
O livro de Osório conta episódios que marcaram o imaginário do povo de sua época. Como nem todas as histórias mostravam um lado positivo do Bahia, o livro foi censurado durante muito tempo pela direção do clube.
Teve um "causo" em que um presidente do Vitória mandou desenhar e fixar na parede do vestiário do seu time, um cartaz com os jogadores rubro-negros vestidos de mulher. Depois atribuiu a autoria disso ao presidente do Bahia, Osório Villas Boas, na tentativa de provocar o brio dos atletas de seu time. Esses "causos" e muitos outros estão no livro.
Algumas pessoas, mesmo sem ao menos ter visto a capa do livro, acusam o velho Osório de praticas como se tivesse feito uma confissão efetiva.
Em um dos episódios mais curiosos do livro, o “cartola” explica o “mata-mata” contra o Sport, no caminho para o título da Taça Brasil. Era uma melhor de três jogos. No primeiro confronto, em Salvador, o Bahia venceu por 3 X 2. No segundo, na Ilha do Retiro, com João Havelange na tribuna de honra, o “Leão” aplicou 6 X 0. Aí, ele narra a história até a vitória na “negra”, por 2 X 0, na Ilha. Basta dizer que, na véspera do jogo, o dirigente pagou várias rodadas de cerveja para os jogadores do Sport. O time entrou em campo cambaleando e deu no que deu.
Por sua vez Osório mandou deixar no placar o resultado do jogo anterior, para mexer com os brios dos seus jogadores. A partir daquele momento o Bahia seguiu em frente para se tornar o primeiro campeão da Taça Brasil, em 1959.
No tempo em que Osório Villas Boas presidiu o Bahia, vivia-se uma época romântica do futebol brasileiro, que era mais apaixonante. Nossos dirigentes eram ingênuos, comparados aos de hoje. O Bahia ganhou dois campeonatos brasileiros, lutando contra tudo e contra todos. Mas tinha a sua frente um “presidente macho”, que enfrentava arbitragens e dava moral aos jogadores que atuavam com raça e responsabilidade.
O Bahia não esqueceu seu grande presidente, e lhe fez justiça dando ao moderno Centro de Treinamento o nome de Osório Villas Boas. O complexo esportivo, apelidado de “Fazendão” foi construído em 1979, na gestão do presidente Fernando Schimidt e ocupa uma área de 120.000 m². O CT dispõe de quatro campos de treinamentos, sendo três com medidas oficiais, além da sede administrativa do clube, hotelaria das divisões de base, sala de imprensa, etc.
Outra passagem bastante interessante aconteceu quando o Bahia excursionava pela Europa, em 1957. O “Tricolor de Aço” encontrava-se na Escócia, onde segundo Osório estão os juízes mais “ladrões” do mundo. O dirigente baiano contou que já tinha sido informado com antecedência sobre o comportamento desses árbitros. O Flamengo, quando jogou em Glasgow teve em 15 minutos de jogo quatro jogadores expulsos, e em conseqüência levou 9 X 2.
Também está no livro um diálogo que Osório teve com Vicente, um jogador de defesa, por vezes até desleal: “Presidente, se o Flamengo tomou nove gols, vamos levar 30”, disse Vicente. “Jogue manso”, limitou-se Osório a aconselhar. O mesmo conselho foi dado aos demais jogadores baianos: “Joguem manso, mas não acovardados”.
Foram dois jogos do Bahia na Escócia, ambos contra o Abderdeen, um em Glasgow, a capital escocesa, e outro em Aberdeen, cidade-sede dodversário. O Bahia perdeu os dois jogos, por 3 X 2 e 2 X 0.
Num desses amistosos, o árbitro roubou tanto, que Villas Boas chegou a correr ao seu encalço, a fim de dar-lhe um esculacho, no que foi acompanhado por Octávio, um membro da delegação que fazia as vezes de intérprete. O presidente teria dito: “Octávio, meu irmão, diga a esse ladrão que estou xingando ele, a mãe, o pai, o avô. Diga que se ele continuar a roubar eu tiro o time de campo”.
O intérprete não cumpriu a ordem, sob a alegação de que aprendera inglês na gramática, e nela não tem xingamentos. Osório, roxo de raiva revidou: “Se você não sabe xingar em inglês, pra que diabo veio pra cá?”
Em matéria publicada pela revista “Placar”, foi destacada a vivacidade do dirigente baiano Osório Villas Boas, contra a falsa malandragem do presidente do Santos F.C., Atiê Jorge Cury, antes da grande final.
O Santos, achando que o titulo seria decidido em dois jogos acertou uma excursão pelo exterior para após a decisão da Taça Brasil. O clube paulista era poderoso, tinha Pelé e surgia como o grande favorito da competição. Entretanto, já no primeiro jogo realizado na Vila Belmiro, o Bahia mostrou que não estava para brincadeiras.
O Santos fez 2 x 0 logo ao início do jogo. Foi quando veio a reação que ninguém esperava. O Bahia venceu por 3 X 2, com um gol de Alencar marcado em cima da hora. O segundo jogo foi em Salvador. E Pelé estava num dia de genialidade e estragou a festa baiana. O Santos venceu por 2 X 0.
O Santos negou-se a jogar a terceira partida em Salvador e exigiu campo neutro. A CBD atendeu. O confronto decisivo foi marcado para o dia 30 de dezembro, mas o clube paulista alegou que não tinha datas disponíveis. Mas a CBD manteve o jogo para a data programada. Foi então que o presidente do Bahia, Osório Vilas Boas entrou na jogada, mostrando toda a sua malandragem e sabedoria.
Psicologicamente, seu time não estava nada bem depois da derrota em Salvador. A temporada do Santos no exterior iria desgastar a equipe paulista. O Bahia teria tempo para se refazer. Por isso, concordou com o Santos e fez a CBD aceitar uma outra data: 29 de março, no Maracanã.
Enquanto o Santos se arrebentava na Europa, jogando um dia sim outro não, o Bahia se preparava para a decisão. Na volta do clube da Vila Belmiro, Pelé teve que ser operado das amígdalas e ficou de fora da final. Entre os baianos, o treinador Geninho teve que retornar ao Rio de Janeiro por problemas particulares. Assumiu Carlos Volante.
Na noite de 29 de março de 1960, o Maracanã recebeu um bom público, quase todo torcendo pelo Bahia que entrou em campo com Nadinho – Beto – Henrique - Vicente e Nezinho - Flavio e Mário – Marito – Alencar - Léo e Biriba. O Santos jogou com Lalá – Getulio – Mauro - Formiga e Zé Carlos - Zito e Mário – Dorval – Pagão - Coutinho e Pepe. O carioca Frederico Lopes foi o juiz.
O Santos fez X 0 através de Coutinho. O Bahia empatou com Vicente, em cobrança de falta da intermediária. Os baianos dominavam o jogo e os santistas demonstravam um cansaço, com pouca disposição para disputar as bolas divididas. No primeiro minuto do segundo tempo, Léo marcou o segundo gol do Bahia. O Santos entrou em desespero. Coutinho tentava romper a defensiva dos baianos, mas tinha a marcação de Vicente em todas as partes do campo.
O treinador Lula ainda tentou com Tite no lugar de Pagão, mas não deu certo. Aos 24 minutos, o juiz expulsou Getulio. Formiga reclamou exageradamente e também foi expulso. Aos 32 minutos, Coutinho agrediu Nezinho e foi colocado para fora. Vicente deu um soco em Coutinho e também foi obrigado a sair.
Perdido por dois, perdido por mil, os santistas resolveram parar os baianos no pau. A policia entrou em campo e esfriou os ânimos. O juiz Frederico Lopes expulsou outro santista. Dorval deu um tapa em Henrique e também saiu mais cedo. Aos 37 minutos, o Bahia sacramentou o titulo assinalando o terceiro gol.
A festa já tinha começado na Bahia de todos os Santos. Era também a vitória da malícia de Osório Vilas Boas que se impunha contra a pretensão de Atiê Jorge Cury. O dirigente do Santos, antes da decisão, havia enviado um telegrama ao San Lorenzo de Almagro, da Argentina, propondo datas e locais para os dois jogos pela Taça libertadores. Só que o San Lorenzo jogou mesmo foi contra o Esporte Clube Bahia, o campeão da primeira Taça Brasil.
Campanha do 1º campeão brasileiro: 14 jogos, 9 vitórias, 2 empates, 3 derrotas, 26 gols marcados, 17 sofridos : Bahia 5 X 0 CSA / Bahia 2 X 0 CSA / Bahia 0 X 0 Ceará / Bahia 2 X 2 Ceará / Bahia 2 X 1 Ceará / Bahia 3 X 1 Sport / Bahia 0 X 6 Sport / Bahia 2 X 0 Sport / Bahia 1 X 0 Vasco / Bahia 1 X 2 Vasco / Bahia 1 X 0 Vasco / Bahia 3 X 2 Santos / Bahia 1 X 2 Santos / Bahia 3 X 1 Santos. (Pesquisa: Nilo Dias)
O pol~emico livro de Osório Villas- Boas.
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Os campeões esquecidos (Final)
Paralelamente aos jogos do campeonato da Liga, a Associação Pernambucana de Esportes Atléticos também programou seus jogos com times suburbanos, o que dividiu o público. A briga durou seis messes, e quando terminou, a competição já se encontrava no turno final. Mesmo assim Sport e América dela tomaram parte, embora não tivessem chances de chegar ao título. O Peres não voltou, e seu presidente, João Duarte Dias, declarou pelos jornais que tinha sido traído.
Quem terminou beneficiado com a briga e as ausências de Sport e América, favoritos ao título foi o Torre. O “Madeira Rubra” acabou sendo o campeão de 1926, o primeiro da sua existência, conquistado a 2 de janeiro de 1927, nos Aflitos, quando derrotou o América por 2 X O, com gols de Péricles e Piaba. O árbitro foi o dirigente tricolor, Carlos Rios, arranjado de última hora, uma vez que o escalado, Renato Silveira, também dirigente (Sport), não apareceu no estádio.
O time do Torre, que se sagrou campeão tinha: Valença - Aquino e Pedro Barreto – Arnaldo - Hermes e Dantas – Osvaldo – Piaba – Péricles - Policarpo e Galvão. Esse onze interrompeu um predomínio de 10 anos de Sport e América, únicos campeões pernambucanos, desde 1916. Muito embora alguns afirmassem que o Torre não teve méritos na conquista do título, a verdade é que armara um bom time. Seu primeiro grande passo foi tirar do Sport Club do Recife um dos melhores atacantes da Região, o artilheiro Péricles.
Em 27 de novemro de 1927 o Torre aplicou a maiorgoleada da história do futebol pernambucano ao ganhar nos segundos quadros do Equador, um time do bairro do Arruda, por 27 X 0. O Equador jogou com 7 apenas e e seu goleiro deixava a bola passar propositalmente. Nesse mesmo dia o Equador levou 8 X 0 nos primeiros quadros e 4 X 0 nos terceiros.
Na noite em que o time se filiou a Liga o dirigente do Equador, Pedro Franciscode Souza, conhecido como “Seu Souza” ofereceu uma festa de arromba no Bar Aurora, que foi até de manhã.
Se alguém colocou dúvidas sobre o mérito do Torre na conquista do campeonato de 1926, em 1929 o “Madeira Rubra” não deu margem a qualquer questionamento, sagrando-se campeão de forma invicta, tendo batido Santa Cruz, Náutico, América e empatado apenas duas vezes com o Sport. O campeonato teve oito equipes participantes e foi disputado no sistema de pontos corridos, com jogos de ida e volta.
Em 1930, quando da revolução que depôs o presidente Washington Luiz e colocou Getulio Vargas no poder, Recife ficou em polvorosa. O governador Estácio Coimbra teve que fugir para não ser preso e Carlos de Lima Cavalcanti, seu opositor, ligado aos revolucionários, assumiu o Governo de Pernambuco.
Em conseqüência o campeonato foi paralisado, pois não havia condições de sua continuidade. O líder era o Torre. O presidente da LPTD, Renato Silveira, convocou uma assembléia geral para dar por encerrado o certame. A reunião aconteceu na noite de 12de dezembro, sendo um documento assinado pelos representantes dos times disputantes, exceto Torre e Encruzilhada:
“Os abaixo firmados, representantes dos clubes filiados, Sport, América, Náutico, Íris, e Santa Cruz, reunidos aos 12 dias do mês de outubro de 1930, sob a presidência do Sr. Renato Silveira, presidente da LPDT, atendendo às circunstâncias especiais criadas pelos acontecimentos imprevistos que sacudiram o País, anormalizando a vida esportiva do Estado e tornando materialmente impraticável o prosseguimento do campeonato de 1930, resolveram acordar que seja o mesmo encerrado, considerando-se vencedores do campeonato deste ano os quadros dos clubes colocados em primeiro lugar na contagem dos pontos dos jogos já aprovados, sugerindo-se à diretoria da Liga instituir prêmios especiais para os citados vencedores”. O Torre foi assim proclamado campeão de 1930.
No campeonato de 1931 quando de um jogo entre Náutico X Torres, se o clube vermelho e branco empatasse ou perdesse para o Torre, quem se beneficiaria seria o Sport, que se credenciaria a um jogo extra contra o “Madeira Rubra”, e o vencedor decidiria o titulo contra o Santa cruz. O Náutico, mesmo sem chances de ser campeão venceu por 1 X 0 e tirou o rival da disputa.
Mas o jogo não saiu na data em que deveria, visto que dirigentes do Náutico mandaram serrar as traves do Estádio dos Aflitos, à véspera do embate. Isso, na tentativa de deixar o jogo para depois que as partidas restantes do campeonato fossem disputadas, como era praxe. Mas a Liga mandou jogar no domingo seguinte.
A direção do Náutico justificou o problema com as traves, como resultado da má conservação com a parte que se encontrava enterrada, que estaria caromida pela umidade. E pela proximidade do horário do jogo, não houve tempo hábil para a recuperação.
Os clássicos do Bairro da Torre tinham nomes pitorescos. Clássico da Paixão: era o nome dado ao jogo entre Torre Sport Club X Íris Sport Club. O jogo recebeu este nome porque o primeiro jogo disputado entre ambos foi no dia 5 de março de 1920, uma Sexta Feira da Paixão, no Campo do Alagado da Torre, com empate em 1 X 1.
Em toda a história Torre e Iris disputaram um total de 28 jogos. O Iris venceu 9 e o Torre 16, havendo 3 empates. As maiores goleadas foram: Iris 5 X Torre e Torre 8 X 0 Iris. O último “Clássico da Paixão” foi disputado no dia 12 de abril de 1939, no Campo da Fábrica, com vitória do Torre por 3 X 0.
Clássico Guerreiro era o nome do clássico entre Torre Sport Club X Israelita Sport Club, fundado no dia 8 de setembro de 1922 por um grupo de alunos do Colégio Israelita do Recife.
“Clássico dos Maestros” era o nome dado ao jogo entre Torre Sport Club X Santa Maria Athletico Club, outro clube também já extinto.
O Santa Maria Athletico Club foi fundado no dia 21 de novembro de 1906 por um grupo de alunos do antigo colegio Santa Maria, do bairro da Torre. O primeiro esporte que o clube praticou foi o remo, mais tarde o pólo aquático e o boxe foram agregados. O futebol só veio a ter espaço no ano de 1910, mas de forma amadora. O Santa Maria nunca disputou um Campeonato Pernambucano de Futebol.
O Santa Maria Athletico Club foi o primeiro clube de pólo aquático do Recife e o primeiro clube do bairro da Torre a ter uma sede, que se encontrava na rua Dom João VI. clube chegou a ser considerado a terceira força do remo pernambucano, superando os tradicionais Clube Internacionaldo recife e a Academia deCadetes da Marinha, ficando somente atrás dos até então imbatíveis Clube Náutico Capibaribe e Sport Club do Recife.
Outros jogos famosos da época: “Clássico Simpático”, entre Tramways Sport Club X Íris Sport Club, amos do Bairro da torre. Por terem boas relações as equipes acabaram sendo chamados de times irmãos ou clubes simpatizantes.
“Clássico Azul e Branco”, era o nome dado ao jogo entre Iris Sport Club X Israelita Sport Club, oas dois também do bairro da Torre. As diputas entres as equipes recebeu esse nome por causa das cores de ambos, azul e branco. O “Clássico Azul e Branco” era visto como o segundo maior clássico do bairro, perdendo somente para o “Clássico Bairrense”, entre Torre e Tramways as duas maiores potências do local.
O Torre conquistou estes títulos. Estaduais: Campeonato pernambucano (1926, 1929, invicto e 1930). Vice-Campeonato Pernambucano: (1924, 1925, 1927 e 1928). Torneio Início: (1922 e 1929). Outras conquistas: Liga Desportiva da Torre (1911); Liga Suburbana: (1915, 1919, 1920 e 1921); Copa Torre: (1921, 1926, 1928, 1929, 1930, 1932, 1940 e 1942); Taça Maviavel do Prado - Ao vencedor da “Melhor de Três” entre Náutico X Torre (1930); Taça “A Província” - Temporada Baihana - Associação X Torre (1922); “Taça Maternidade”, oferecida pela Liga Pro-Mater (1919); “Taça Macth de Luta Romana - Floriano x Goldstein”, ao vencedor da preliminar Torre X Sport (1928). Outras Taças: “Taça
entregue pelo CRB pela excursão em Maceió (1923) e “Taça entregue pelo CSA”, por outra excursão em Maceió (1928). (Pesquisa: Nilo Dias)
Torre Sport Club, campeão pernambucano de 1926.
Quem terminou beneficiado com a briga e as ausências de Sport e América, favoritos ao título foi o Torre. O “Madeira Rubra” acabou sendo o campeão de 1926, o primeiro da sua existência, conquistado a 2 de janeiro de 1927, nos Aflitos, quando derrotou o América por 2 X O, com gols de Péricles e Piaba. O árbitro foi o dirigente tricolor, Carlos Rios, arranjado de última hora, uma vez que o escalado, Renato Silveira, também dirigente (Sport), não apareceu no estádio.
O time do Torre, que se sagrou campeão tinha: Valença - Aquino e Pedro Barreto – Arnaldo - Hermes e Dantas – Osvaldo – Piaba – Péricles - Policarpo e Galvão. Esse onze interrompeu um predomínio de 10 anos de Sport e América, únicos campeões pernambucanos, desde 1916. Muito embora alguns afirmassem que o Torre não teve méritos na conquista do título, a verdade é que armara um bom time. Seu primeiro grande passo foi tirar do Sport Club do Recife um dos melhores atacantes da Região, o artilheiro Péricles.
Em 27 de novemro de 1927 o Torre aplicou a maiorgoleada da história do futebol pernambucano ao ganhar nos segundos quadros do Equador, um time do bairro do Arruda, por 27 X 0. O Equador jogou com 7 apenas e e seu goleiro deixava a bola passar propositalmente. Nesse mesmo dia o Equador levou 8 X 0 nos primeiros quadros e 4 X 0 nos terceiros.
Na noite em que o time se filiou a Liga o dirigente do Equador, Pedro Franciscode Souza, conhecido como “Seu Souza” ofereceu uma festa de arromba no Bar Aurora, que foi até de manhã.
Se alguém colocou dúvidas sobre o mérito do Torre na conquista do campeonato de 1926, em 1929 o “Madeira Rubra” não deu margem a qualquer questionamento, sagrando-se campeão de forma invicta, tendo batido Santa Cruz, Náutico, América e empatado apenas duas vezes com o Sport. O campeonato teve oito equipes participantes e foi disputado no sistema de pontos corridos, com jogos de ida e volta.
Em 1930, quando da revolução que depôs o presidente Washington Luiz e colocou Getulio Vargas no poder, Recife ficou em polvorosa. O governador Estácio Coimbra teve que fugir para não ser preso e Carlos de Lima Cavalcanti, seu opositor, ligado aos revolucionários, assumiu o Governo de Pernambuco.
Em conseqüência o campeonato foi paralisado, pois não havia condições de sua continuidade. O líder era o Torre. O presidente da LPTD, Renato Silveira, convocou uma assembléia geral para dar por encerrado o certame. A reunião aconteceu na noite de 12de dezembro, sendo um documento assinado pelos representantes dos times disputantes, exceto Torre e Encruzilhada:
“Os abaixo firmados, representantes dos clubes filiados, Sport, América, Náutico, Íris, e Santa Cruz, reunidos aos 12 dias do mês de outubro de 1930, sob a presidência do Sr. Renato Silveira, presidente da LPDT, atendendo às circunstâncias especiais criadas pelos acontecimentos imprevistos que sacudiram o País, anormalizando a vida esportiva do Estado e tornando materialmente impraticável o prosseguimento do campeonato de 1930, resolveram acordar que seja o mesmo encerrado, considerando-se vencedores do campeonato deste ano os quadros dos clubes colocados em primeiro lugar na contagem dos pontos dos jogos já aprovados, sugerindo-se à diretoria da Liga instituir prêmios especiais para os citados vencedores”. O Torre foi assim proclamado campeão de 1930.
No campeonato de 1931 quando de um jogo entre Náutico X Torres, se o clube vermelho e branco empatasse ou perdesse para o Torre, quem se beneficiaria seria o Sport, que se credenciaria a um jogo extra contra o “Madeira Rubra”, e o vencedor decidiria o titulo contra o Santa cruz. O Náutico, mesmo sem chances de ser campeão venceu por 1 X 0 e tirou o rival da disputa.
Mas o jogo não saiu na data em que deveria, visto que dirigentes do Náutico mandaram serrar as traves do Estádio dos Aflitos, à véspera do embate. Isso, na tentativa de deixar o jogo para depois que as partidas restantes do campeonato fossem disputadas, como era praxe. Mas a Liga mandou jogar no domingo seguinte.
A direção do Náutico justificou o problema com as traves, como resultado da má conservação com a parte que se encontrava enterrada, que estaria caromida pela umidade. E pela proximidade do horário do jogo, não houve tempo hábil para a recuperação.
Os clássicos do Bairro da Torre tinham nomes pitorescos. Clássico da Paixão: era o nome dado ao jogo entre Torre Sport Club X Íris Sport Club. O jogo recebeu este nome porque o primeiro jogo disputado entre ambos foi no dia 5 de março de 1920, uma Sexta Feira da Paixão, no Campo do Alagado da Torre, com empate em 1 X 1.
Em toda a história Torre e Iris disputaram um total de 28 jogos. O Iris venceu 9 e o Torre 16, havendo 3 empates. As maiores goleadas foram: Iris 5 X Torre e Torre 8 X 0 Iris. O último “Clássico da Paixão” foi disputado no dia 12 de abril de 1939, no Campo da Fábrica, com vitória do Torre por 3 X 0.
Clássico Guerreiro era o nome do clássico entre Torre Sport Club X Israelita Sport Club, fundado no dia 8 de setembro de 1922 por um grupo de alunos do Colégio Israelita do Recife.
“Clássico dos Maestros” era o nome dado ao jogo entre Torre Sport Club X Santa Maria Athletico Club, outro clube também já extinto.
O Santa Maria Athletico Club foi fundado no dia 21 de novembro de 1906 por um grupo de alunos do antigo colegio Santa Maria, do bairro da Torre. O primeiro esporte que o clube praticou foi o remo, mais tarde o pólo aquático e o boxe foram agregados. O futebol só veio a ter espaço no ano de 1910, mas de forma amadora. O Santa Maria nunca disputou um Campeonato Pernambucano de Futebol.
O Santa Maria Athletico Club foi o primeiro clube de pólo aquático do Recife e o primeiro clube do bairro da Torre a ter uma sede, que se encontrava na rua Dom João VI. clube chegou a ser considerado a terceira força do remo pernambucano, superando os tradicionais Clube Internacionaldo recife e a Academia deCadetes da Marinha, ficando somente atrás dos até então imbatíveis Clube Náutico Capibaribe e Sport Club do Recife.
Outros jogos famosos da época: “Clássico Simpático”, entre Tramways Sport Club X Íris Sport Club, amos do Bairro da torre. Por terem boas relações as equipes acabaram sendo chamados de times irmãos ou clubes simpatizantes.
“Clássico Azul e Branco”, era o nome dado ao jogo entre Iris Sport Club X Israelita Sport Club, oas dois também do bairro da Torre. As diputas entres as equipes recebeu esse nome por causa das cores de ambos, azul e branco. O “Clássico Azul e Branco” era visto como o segundo maior clássico do bairro, perdendo somente para o “Clássico Bairrense”, entre Torre e Tramways as duas maiores potências do local.
O Torre conquistou estes títulos. Estaduais: Campeonato pernambucano (1926, 1929, invicto e 1930). Vice-Campeonato Pernambucano: (1924, 1925, 1927 e 1928). Torneio Início: (1922 e 1929). Outras conquistas: Liga Desportiva da Torre (1911); Liga Suburbana: (1915, 1919, 1920 e 1921); Copa Torre: (1921, 1926, 1928, 1929, 1930, 1932, 1940 e 1942); Taça Maviavel do Prado - Ao vencedor da “Melhor de Três” entre Náutico X Torre (1930); Taça “A Província” - Temporada Baihana - Associação X Torre (1922); “Taça Maternidade”, oferecida pela Liga Pro-Mater (1919); “Taça Macth de Luta Romana - Floriano x Goldstein”, ao vencedor da preliminar Torre X Sport (1928). Outras Taças: “Taça
entregue pelo CRB pela excursão em Maceió (1923) e “Taça entregue pelo CSA”, por outra excursão em Maceió (1928). (Pesquisa: Nilo Dias)
Torre Sport Club, campeão pernambucano de 1926.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Os campeões esquecidos (I)
Três clubes que hoje não existem mais, tiveram papel importante na história do futebol pernambucano: Sport Club Flamengo, Torre Sport Club e Tramways Sport Club. Os três foram campeões estaduais, e até invictos, nas primeiras décadas e juntos somam seis títulos e muitas histórias.
O Sport Club Flamengo foi fundado no dia 20 de abril de 1914 na cidade do Recife. A escolha do nome surgiu porque a maioria dos fundadores torcia para o Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro. O Flamengo foi o primeiro campeão estadual de Pernambuco, em 1915, de forma invicta, quando derrotou na partida final, jogada em 12 de dezembro, ao Sport Club Torre, por 3 X 1.
A competição foi promovida pela Liga Sportiva Pernambucana. A disputa pelo título foi em formato de triangular e o Flamengo, além de ter batido o Torre, superou também o Santa Cruz. O time campeão era formado por: Luiz Cavalcante – Albuquerque e Francisco Alves – Frederico – Ruy e Abdon – Farias – Parcy – Taylor - Gastão e Waldemar.
O jornal “Diário de Pernambuco”, em sua edição de 14 de dezembro de 1915, noticiou a conquista flamenguista:
"Encerrou-se anteontem, com a vitória do Sport Club Flamengo contra o Torre Sport Club, o campeonato da Liga Sportiva Pernambucana, instituído para o football. Depois de uma série de matchs emocionantes, que trouxeram em constante delírio o público esportivo do Recife, teve o Flamengo coroado os seus esforços e firmada a sua força dentre os seus dignos adversários nas lutas pacíficas do esporte. O Flamengo do Recife quis ser o êmulo do seu congênere do Rio, e vencendo a tática do Santa Cruz e a tenacidade do Torre, soube guardar para si os louros da vitória - e as "louras medalhas".
O Flamengo pernambucano ainda conquistou a “Taça Casa Amarela” em 1929 e o “Torneio de Verão da Cidade do Recife”, em 1939. O clube participou de 34 edições do certame Pernambucano. De 1915 a 1938, 1940 a 1947 e se despediu da competição no ano de 1949.
O Tramways Sport Club, levava o nome da companhia elétrica inglesa “Pernambuco Tramways and Power Company Limited”, que foi concessionária dos serviços elétricos e de bondes do Estado durante 50 anos (até 1962). Como o próprio nome indicava, o Tramways era patrocinado pela empresa inglesa, que foi responsável pela transição dos bondes puxados por burros para os elétricos, na primeira metade do século 20. Daí, a equipe de futebol também ser conhecida como os “Elétricos”.
O clube é até hoje o único, bicampeão invicto da história do Campeonato Pernambucano. O Tramways Sport Club disputou a elite do futebol pernambucano por sete anos.
Quando começou a disputar a elite do futebol pernambucano os seus principais jogadores eram funcionários da empresa, casos de Domingos, Furlan e Rubinho, que despachavam no Escritório Central, que ficava na esquina da Rua Aurora com a Princesa Isabel. O ponteiro Olivio era da Seção de Energia. O goleiro Zé Miguel trabalhava a noite, como chefe de quarto do Departamento de Luz. Sopinha, Guaberinha, Paisinho e Faustino exerciam outras funções na empresa.
Nos anos de 1936/1937, o Tramways Sport Club dominou o futebol pernambucano. O tricolor transviário, que tinha às cores branco, azul e vermelho, não perdeu um único jogo nesses dois anos em que se sobressaiu ao chamado “Quarteto de Ferro” da época: Sport, Náutico, Santa Cruz e América.
Em 1997 o médico cardiologista e nas horas vagas também escritor, Rostand Paraíso, lançou o livro “Esses Ingleses”, no qual comenta a presença e a influência inglesa no Recife.
Ele destaca na obra que na época o profissionalismo ainda não tinha se consolidado em Pernambuco, e a maioria dos jogadores não tinham contrato e em consequência nada ganhavam para defender seus clubes. Mas no caso dos do Tramways, a situação era diferente. Muitos de seus jogadores atuavam em troca de emprego na empresa, o que se caracterizava como uma espécie de amadorismo marrom. Recebiam salários, não pelo futebol, mas pelas funções que exerciam na empresa.
Os “Elétricos” participaram de seis edições do Campeonato Estadual, de 1935 a 1941. O primeiro título, ganho em 1936, foi tumultuado. Quando faltavam 16 partidas para o fim da competição, os clubes e a Federação Pernambucana de Desportos resolveram encerrar o campeonato. Com sete pontos na frente de Náutico e Santa Cruz, o Tramways foi declarado campeão. Sua última partida foi contra o Sport, a quem venceu por 3 X 2, com dois gols de Sopinha e um de Olívio. Foram 11 vitórias e dois empates.
Mas ficou uma dúvida: mesmo com a superiodade demonstrada, alguns dirigentes adversários duvidavam que o Tramways teria condições para chegar ao título, caso o campeonato tivese continuidade normal.
No ano seguinte, para dizimar qualquer dúvida o time dos “Elétricos” realizou uma campanha ainda mais arrebatadora. Foram 14 vitórias e apenas um empate, 64 gols marcados e 16 sofridos. No último jogo do campeonato, uma vitória de 5 X 2 sobre o Sport mostrou toda a superiodade da equipe. Os gols foram marcados por Olívio, Navarra, Alcides, Quetreco e Sopinha.
O time campeão pernambucano de 1937 tinha: Zé Miguel - Domingos e Ernesto - Guaberinha - Paizinho e Furlan – Alvides – Omar – Sopinha - Quetreco e Olívio.
Muitos dos jogadores que atuaram pelo Tramways, também vestiram as camisetas de times de bairros, que disputavam o Campeonato da Liga Suburbana, que era muito forte na época. Casos de Zé Miguel, Olívio, Paisinho e Quetreco.
Mas para chegar ao bi-campeonato estadual, o Tramways precisou tirar do Santa Cruz os players Zezé, Júlio Fernandes e Alcides Cachorrinho, que marcou 56 gols pelo clube “Elétrico”, sendo o maior artilheiro da equipe na história da competição. Como não faltava dinheiro, o técnico Joaquim Loureiro veio de São Paulo para armar a equipe.
Em 1941 o Tramways disputou o seu último Estadual. No livro “O Gol de Haroldo”, lançado em 2001, o escritor Haroldo Praça explicou como aconteceu o fim do tradicional clube. “Não obstante reunir bons jogadores e armar equipes destacadas, o “Elétrico” foi vitimado por moléstia incurável: clube de dono, Antônio Rodrigues de Souza, diretor da empresa britânica, responsável pelo investimento na montagem dos times de 1936/1937, começou a entrar para a história como mais uma aparição brilhante efêmera.”
O Tramways conquistou 6 vezes a Copa Torre (1934, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939) e tinha o Torre Sport Club como seu maior rival, ambos do bairro da Torre, que disputavam o chamado “Clássico Bairrense”.
Já o Torre Sport Club, foi fundado no bairro da Torre, em Recife, no dia 13 de maio de 1909. Era o time do governador do Estado, Estácio Coimbra, e seus dirigentes eram da Antiga Fábrica de Tecelagem da Torre. O local foi no século XVI um engenho de açúcar de propriedade de Marcos André Uchoa. A denominação Torre vem da torre da capela da propriedade, onde hoje é erguida a Matriz da Torre.
Seus torcedores o chamavam de “Madeira Rubra”, porque era uma equipe dificil de ser batida e pela corvermelha de seu uniforme. O mascote do time era o "Pica-Pau". Durante o seu periodo de atividade conquistou três campeonatos estaduais, nos anos de 1926, 1929 (invicto) e 1930. O Torre disputou 26 edições do Campeonato Pernambucano, nos anos de 1915 a 1940.
O clube participou do primeiro campeonato promovido pela Liga Sportiva Pernambuca, tendo o Flamengo se sagrado campeão de 1915. O campeonato teve Torre, Flamengo, América, Centro Sportivo do Peres e Coligação Sportiva Recifense.
Também conquistou o Torneio Início (1922 e 1929), a Liga Desportiva da Torre (1911), a Liga Suburbana (1915, 1919, 1920, 1921) e a "Copa Torre" (1921, 1926, 1928, 1929, 1930, 1932, 1940 e 1942).
No ano de 1925 o Torre, que havia sido vice-campeão no ano anterior, organizou um torneio chamado “Trófeu Torre Sport Club”, que seria disputado em uma única partida contra o Flamengo. A equipe do Torre venceu o jogo por 3 X 1, com dois gols de Junqueira, e sagrou-se campeão.
No início de 1926 o ambiente esportivo pernambucano estava bastante agitado. Os presidentes de Sport, América e Peres, respectivamente, Roberto Rabello, José Fernandes Filho e João Duarte Dias, em manifesto publicado nos principais jornais comunicaram terem se desfiliado da Liga Pernambucana de Desportos Terrestres e fundado a Associação Pernambucana de Esportes Atléticos.
No documento, os clubes dissidentes denunciavam a existência de um plano, entre Santa Cruz, Náutico, Flamengo e Torre, com a participação do presidente da Liga, Cícero Brasileiro de Melo, que fora recentemente eleito, para colocá-los à margem da política interna da entidade, pois enquanto os quatro clubes denunciados tiveram, cada um, dois diretores na composição da nova diretória, dos denunciantes, apenas América e Sport com um cada e o Peres sem participação.
Em nota no “Jornal do Commercio”, edição de 1º janeiro, a LPDT explicou que tudo fora feito para evitar a crise, “conseqüência funesta”, enfatizava, salientando que Sport e América, haviam declarado por ocasião da eleição, conforme constava da ata, que não aceitariam nenhum cargo eletivo na nova diretoria. Quanto ao Peres, a LPDT dizia ser um clube em situação irregular, sem sede e sem time, existindo somente, mercê do oxigênio que lhe soprava o Sport, para dar-se ao luxo de ter um representante em duplicata. (Pesquisa: Nilo Dias)
Seus torcedores o chamavam de “Madeira Rubra”. Durante o seu periodo de atividade conquistou três campeonatos estaduais, nos anos de 1926, 1929 (invicto) e 1930. O Torre disputou 26 edições do Campeonato Pernambucano, nos anos de 1915 a 1940.
O Sport Club Flamengo foi fundado no dia 20 de abril de 1914 na cidade do Recife. A escolha do nome surgiu porque a maioria dos fundadores torcia para o Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro. O Flamengo foi o primeiro campeão estadual de Pernambuco, em 1915, de forma invicta, quando derrotou na partida final, jogada em 12 de dezembro, ao Sport Club Torre, por 3 X 1.
A competição foi promovida pela Liga Sportiva Pernambucana. A disputa pelo título foi em formato de triangular e o Flamengo, além de ter batido o Torre, superou também o Santa Cruz. O time campeão era formado por: Luiz Cavalcante – Albuquerque e Francisco Alves – Frederico – Ruy e Abdon – Farias – Parcy – Taylor - Gastão e Waldemar.
O jornal “Diário de Pernambuco”, em sua edição de 14 de dezembro de 1915, noticiou a conquista flamenguista:
"Encerrou-se anteontem, com a vitória do Sport Club Flamengo contra o Torre Sport Club, o campeonato da Liga Sportiva Pernambucana, instituído para o football. Depois de uma série de matchs emocionantes, que trouxeram em constante delírio o público esportivo do Recife, teve o Flamengo coroado os seus esforços e firmada a sua força dentre os seus dignos adversários nas lutas pacíficas do esporte. O Flamengo do Recife quis ser o êmulo do seu congênere do Rio, e vencendo a tática do Santa Cruz e a tenacidade do Torre, soube guardar para si os louros da vitória - e as "louras medalhas".
O Flamengo pernambucano ainda conquistou a “Taça Casa Amarela” em 1929 e o “Torneio de Verão da Cidade do Recife”, em 1939. O clube participou de 34 edições do certame Pernambucano. De 1915 a 1938, 1940 a 1947 e se despediu da competição no ano de 1949.
O Tramways Sport Club, levava o nome da companhia elétrica inglesa “Pernambuco Tramways and Power Company Limited”, que foi concessionária dos serviços elétricos e de bondes do Estado durante 50 anos (até 1962). Como o próprio nome indicava, o Tramways era patrocinado pela empresa inglesa, que foi responsável pela transição dos bondes puxados por burros para os elétricos, na primeira metade do século 20. Daí, a equipe de futebol também ser conhecida como os “Elétricos”.
O clube é até hoje o único, bicampeão invicto da história do Campeonato Pernambucano. O Tramways Sport Club disputou a elite do futebol pernambucano por sete anos.
Quando começou a disputar a elite do futebol pernambucano os seus principais jogadores eram funcionários da empresa, casos de Domingos, Furlan e Rubinho, que despachavam no Escritório Central, que ficava na esquina da Rua Aurora com a Princesa Isabel. O ponteiro Olivio era da Seção de Energia. O goleiro Zé Miguel trabalhava a noite, como chefe de quarto do Departamento de Luz. Sopinha, Guaberinha, Paisinho e Faustino exerciam outras funções na empresa.
Nos anos de 1936/1937, o Tramways Sport Club dominou o futebol pernambucano. O tricolor transviário, que tinha às cores branco, azul e vermelho, não perdeu um único jogo nesses dois anos em que se sobressaiu ao chamado “Quarteto de Ferro” da época: Sport, Náutico, Santa Cruz e América.
Em 1997 o médico cardiologista e nas horas vagas também escritor, Rostand Paraíso, lançou o livro “Esses Ingleses”, no qual comenta a presença e a influência inglesa no Recife.
Ele destaca na obra que na época o profissionalismo ainda não tinha se consolidado em Pernambuco, e a maioria dos jogadores não tinham contrato e em consequência nada ganhavam para defender seus clubes. Mas no caso dos do Tramways, a situação era diferente. Muitos de seus jogadores atuavam em troca de emprego na empresa, o que se caracterizava como uma espécie de amadorismo marrom. Recebiam salários, não pelo futebol, mas pelas funções que exerciam na empresa.
Os “Elétricos” participaram de seis edições do Campeonato Estadual, de 1935 a 1941. O primeiro título, ganho em 1936, foi tumultuado. Quando faltavam 16 partidas para o fim da competição, os clubes e a Federação Pernambucana de Desportos resolveram encerrar o campeonato. Com sete pontos na frente de Náutico e Santa Cruz, o Tramways foi declarado campeão. Sua última partida foi contra o Sport, a quem venceu por 3 X 2, com dois gols de Sopinha e um de Olívio. Foram 11 vitórias e dois empates.
Mas ficou uma dúvida: mesmo com a superiodade demonstrada, alguns dirigentes adversários duvidavam que o Tramways teria condições para chegar ao título, caso o campeonato tivese continuidade normal.
No ano seguinte, para dizimar qualquer dúvida o time dos “Elétricos” realizou uma campanha ainda mais arrebatadora. Foram 14 vitórias e apenas um empate, 64 gols marcados e 16 sofridos. No último jogo do campeonato, uma vitória de 5 X 2 sobre o Sport mostrou toda a superiodade da equipe. Os gols foram marcados por Olívio, Navarra, Alcides, Quetreco e Sopinha.
O time campeão pernambucano de 1937 tinha: Zé Miguel - Domingos e Ernesto - Guaberinha - Paizinho e Furlan – Alvides – Omar – Sopinha - Quetreco e Olívio.
Muitos dos jogadores que atuaram pelo Tramways, também vestiram as camisetas de times de bairros, que disputavam o Campeonato da Liga Suburbana, que era muito forte na época. Casos de Zé Miguel, Olívio, Paisinho e Quetreco.
Mas para chegar ao bi-campeonato estadual, o Tramways precisou tirar do Santa Cruz os players Zezé, Júlio Fernandes e Alcides Cachorrinho, que marcou 56 gols pelo clube “Elétrico”, sendo o maior artilheiro da equipe na história da competição. Como não faltava dinheiro, o técnico Joaquim Loureiro veio de São Paulo para armar a equipe.
Em 1941 o Tramways disputou o seu último Estadual. No livro “O Gol de Haroldo”, lançado em 2001, o escritor Haroldo Praça explicou como aconteceu o fim do tradicional clube. “Não obstante reunir bons jogadores e armar equipes destacadas, o “Elétrico” foi vitimado por moléstia incurável: clube de dono, Antônio Rodrigues de Souza, diretor da empresa britânica, responsável pelo investimento na montagem dos times de 1936/1937, começou a entrar para a história como mais uma aparição brilhante efêmera.”
O Tramways conquistou 6 vezes a Copa Torre (1934, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939) e tinha o Torre Sport Club como seu maior rival, ambos do bairro da Torre, que disputavam o chamado “Clássico Bairrense”.
Já o Torre Sport Club, foi fundado no bairro da Torre, em Recife, no dia 13 de maio de 1909. Era o time do governador do Estado, Estácio Coimbra, e seus dirigentes eram da Antiga Fábrica de Tecelagem da Torre. O local foi no século XVI um engenho de açúcar de propriedade de Marcos André Uchoa. A denominação Torre vem da torre da capela da propriedade, onde hoje é erguida a Matriz da Torre.
Seus torcedores o chamavam de “Madeira Rubra”, porque era uma equipe dificil de ser batida e pela corvermelha de seu uniforme. O mascote do time era o "Pica-Pau". Durante o seu periodo de atividade conquistou três campeonatos estaduais, nos anos de 1926, 1929 (invicto) e 1930. O Torre disputou 26 edições do Campeonato Pernambucano, nos anos de 1915 a 1940.
O clube participou do primeiro campeonato promovido pela Liga Sportiva Pernambuca, tendo o Flamengo se sagrado campeão de 1915. O campeonato teve Torre, Flamengo, América, Centro Sportivo do Peres e Coligação Sportiva Recifense.
Também conquistou o Torneio Início (1922 e 1929), a Liga Desportiva da Torre (1911), a Liga Suburbana (1915, 1919, 1920, 1921) e a "Copa Torre" (1921, 1926, 1928, 1929, 1930, 1932, 1940 e 1942).
No ano de 1925 o Torre, que havia sido vice-campeão no ano anterior, organizou um torneio chamado “Trófeu Torre Sport Club”, que seria disputado em uma única partida contra o Flamengo. A equipe do Torre venceu o jogo por 3 X 1, com dois gols de Junqueira, e sagrou-se campeão.
No início de 1926 o ambiente esportivo pernambucano estava bastante agitado. Os presidentes de Sport, América e Peres, respectivamente, Roberto Rabello, José Fernandes Filho e João Duarte Dias, em manifesto publicado nos principais jornais comunicaram terem se desfiliado da Liga Pernambucana de Desportos Terrestres e fundado a Associação Pernambucana de Esportes Atléticos.
No documento, os clubes dissidentes denunciavam a existência de um plano, entre Santa Cruz, Náutico, Flamengo e Torre, com a participação do presidente da Liga, Cícero Brasileiro de Melo, que fora recentemente eleito, para colocá-los à margem da política interna da entidade, pois enquanto os quatro clubes denunciados tiveram, cada um, dois diretores na composição da nova diretória, dos denunciantes, apenas América e Sport com um cada e o Peres sem participação.
Em nota no “Jornal do Commercio”, edição de 1º janeiro, a LPDT explicou que tudo fora feito para evitar a crise, “conseqüência funesta”, enfatizava, salientando que Sport e América, haviam declarado por ocasião da eleição, conforme constava da ata, que não aceitariam nenhum cargo eletivo na nova diretoria. Quanto ao Peres, a LPDT dizia ser um clube em situação irregular, sem sede e sem time, existindo somente, mercê do oxigênio que lhe soprava o Sport, para dar-se ao luxo de ter um representante em duplicata. (Pesquisa: Nilo Dias)
Os campeões esquecidos (I)
Três clubes que hoje não existem mais, tiveram papel importante na história do futebol pernambucano: Sport Club Flamengo, Torre Sport Club e Tramways Sport Club. Os três foram campeões estaduais, e até invictos, nas primeiras décadas e juntos somam seis títulos e muitas histórias.
O Sport Club Flamengo foi fundado no dia 20 de abril de 1914 na cidade do Recife. A escolha do nome surgiu porque a maioria dos fundadores torcia para o Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro. O Flamengo foi o primeiro campeão estadual de Pernambuco, em 1915, de forma invicta, quando derrotou na partida final, jogada em 12 de dezembro, ao Sport Club Torre, por 3 X 1.
A competição foi promovida pela Liga Sportiva Pernambucana. A disputa pelo título foi em formato de triangular e o Flamengo, além de ter batido o Torre, superou também o Santa Cruz. O time campeão era formado por: Luiz Cavalcante – Albuquerque e Francisco Alves – Frederico – Ruy e Abdon – Farias – Parcy – Taylor - Gastão e Waldemar.
O jornal “Diário de Pernambuco”, em sua edição de 14 de dezembro de 1915, noticiou a conquista flamenguista:
"Encerrou-se anteontem, com a vitória do Sport Club Flamengo contra o Torre Sport Club, o campeonato da Liga Sportiva Pernambucana, instituído para o football. Depois de uma série de matchs emocionantes, que trouxeram em constante delírio o público esportivo do Recife, teve o Flamengo coroado os seus esforços e firmada a sua força dentre os seus dignos adversários nas lutas pacíficas do esporte. O Flamengo do Recife quis ser o êmulo do seu congênere do Rio, e vencendo a tática do Santa Cruz e a tenacidade do Torre, soube guardar para si os louros da vitória - e as "louras medalhas".
O Flamengo pernambucano ainda conquistou a “Taça Casa Amarela” em 1929 e o “Torneio de Verão da Cidade do Recife”, em 1939. O clube participou de 34 edições do certame Pernambucano. De 1915 a 1938, 1940 a 1947 e se despediu da competição no ano de 1949.
O Tramways Sport Club, levava o nome da companhia elétrica inglesa “Pernambuco Tramways and Power Company Limited”, que foi concessionária dos serviços elétricos e de bondes do Estado durante 50 anos (até 1962). Como o próprio nome indicava, o Tramways era patrocinado pela empresa inglesa, que foi responsável pela transição dos bondes puxados por burros para os elétricos, na primeira metade do século 20. Daí, a equipe de futebol também ser conhecida como os “elétricos”.
O clube é até hoje o único, bicampeão invicto da história do Campeonato Pernambucano. O Tramways Sport Club disputou a elite do futebol pernambucano por sete anos.
Quando começou a disputar a elite do futebol pernambucano os seus principais jogadores eram funcionários da empresa, casos de Domingos, Furlan e Rubinho, que despachavam no escritório central, que ficava na esquina da Rua Aurora com a Princesa Isabel. O ponteiro Olivio era da seção de energia. O goleiro Zé Miguel trabalhava a noite, como chefe de quarto do departamento de luz. Sopinha, Guaberinha, Paisinho e Faustino exerciam outras funções na empresa.
Nos anos de 1936/1937, o Tramways Sport Club dominou o futebol pernambucano. O tricolor transviário, que tinha às cores branco, azul e vermelho, não perdeu um único jogo nesses dois anos em que se sobressaiuao chamado “quarteto de ferro” da época: Sport, Náutico, Santa Cruz e América.
Em 1997 o médico cardiologista e nas horas vagas também escrito, Rostand Paraíso, lançou o livro “Esses Ingleses”, no qual comenta a presença e a influência inglesa no Recife.
Ele destaca na obra que na época, o profissionalismo ainda não tinha se consolidado em Pernambuco, e a maioria dos jogadores não tinham contrato e em consequência nada ganhavam para defender seus clubes. Mas no caso dos do Tramways, a situação era diferente. Muitos de seus jogadores atuavam em troca de emprego na empresa, o que se caracterizava como uma espécie de amadorismo marrom. Recebiam salários, não pelo futebol, mas pelas funções que exerciam na empresa.
Os “Elétricos” participaram de seis edições do Campeonato Estadual, de 1935 a 1941. O primeiro título, ganho em 1936, foi tumultuado. Quando faltavam 16 partidas para o fim da competição, os clubes e a Federação Pernambucana de Desportos resolveram encerrar o campeonato. Com sete pontos na frente de Náutico e Santa Cruz, o Tramways foi declarado campeão. Sua última partida foi contra o Sport, a quem venceu por 3 X 2, com dois gols de Sopinha e um de Olívio. Foram 11 vitórias e dois empates.
Mas ficou uma dúvida: mesmo com a superiodade demonstrada, alguns dirigentes adversários duvidavam que o Tramways teria condições para chegar ao título, caso o campeonato tivese continuidade normal.
No ano seguinte, para dizimar qualquer dúvida o time dos “Elétricos” realizaram uma campanha ainda mais arrebatadora. Foram 14 vitórias e apenas um empate, 64 gols marcados e 16 sofridos. No último jogo do campeonato,uma vitória de 5 X 2 sobre o Sport, mostrou toda a superiodade da equipe. Os gols foram marcados por Olívio, Navarra, Alcides, Quetreco e Sopinha.
O time campeão pernambucano de 1937 tinha: Zé Miguel - Domingos e Ernesto - Guaberinha - Paizinho e Furlan – Alvides – Omar – Sopinha - Quetreco e Olívio.
Muitos dos jogadores que atuaram pelo Tramways, também vestiam as camisetas de times de bairros, que disputavam o Campeonato da na Liga Suburbana, que era muito forte na época. Casos de Zé Miguel, Olívio, Paisinho e Quetreco.
Mas para chegar ao bi-campeonato estadual, o Tramways precisou tirar do Santa Cruz os players Zezé, Júlio Fernandes e Alcides Cachorrinho, que marcou 56 gols pelo clube “Elétrico”, sendo o maior artilheiro da equipe na história da competição. Como não faltava dinheiro, o técnico Joaquim Loureiro veio de São Paulo para armar a equipe.
Em 1941 o Tramways disputou o seu último Estadual. No livro “O Gol de Haroldo”, lançado em 2001, o escritor Haroldo Praça explicou como aconteceu o fim do tradicional clube. “Não obstante reunir bons jogadores e armar equipes destacadas, o “Elétrico” foi vitimado por moléstia incurável: clube de dono, Antônio Rodrigues de Souza, diretor da empresa britânica, responsável pelo investimento na montagem dos times de 1936/1937, começou a entrar para a história como mais uma aparição brilhante efêmera.”
O Tramways conquistou 6 vezes a Copa Torre (1934, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939) e tinha o Torre Sport Club como seu maior rival, ambos do bairro da Torre, que disputavam o chamado “Clássico Bairrense”.
Já o Torre Sport Club, foi fundado no bairro da Torre, em Recife, no dia 13 de maio de 1909. Era o time do governador do Estado, Estácio Coimbra, e seus dirigentes eram da Antiga Fábrica de Tecelagem da Torre. O local foi no século XVI um engenho de açúcar de propriedade de Mrcos André Uchoa. A denominação Torre vem da torre da capela da propriedade, onde hoje é erguida a Matriz da Torre.
O clube participou do primeiro campeonato promovido pela Liga Sportiva Pernambuca, tendo o Flamengo se sagrado campeão de 1915. O campeonato teve Torre, Flamengo, América, Centro Sportivo do Peres e Coligação Sportiva Recifense.
Também conquistou o Torneio Início (1922 e 1929), a Liga Desportiva da Torre (1911), a Liga Suburbana (1915, 1919, 1920, 1921) e a Copa Torre (1921, 1926, 1928, 1929, 1930, 1932, 1940 e 1942).
No ano de 1925 o Torre, que havia sido vice-campeão no ano anterior, organizou um torneio chamado “Trófeu Torre Sport Club”, que seria disputado em uma única partida contra o Flamengo. A equipe do Torre venceu o jogo por 3 X 1, com dois gols de Junqueira, e sagrou-se campeão.
No início de 1926 o ambiente esportivo pernambucano ficou bastante agitado. Os presidentes de Sport, América e Peres, respectivamente, Roberto Rabello, José Fernandes Filho e João Duarte Dias, em manifesto publicado nos principais jornais comunicam terem se desfiliado da Liga Pernambucana de Desportos Terrestres e fundado a Associação Pernambucana de Esportes Atléticos.
No documento, os clubes dissidentes denunciavam a existência de um plano, entre Santa Cruz, Náutico, Flamengo e Torre, com a participação do presidente da Liga, Cícero Brasileiro de Melo, que fora recentemente eleito, para colocá-los à margem da política interna da entidade, pois enquanto os quatro clubes denunciados tiveram, cada um, dois diretores na composição da nova diretória. E dos denunciantes, apenas América e Sport com um cada e o Peres sem participação.
Em nota no “Jornal do Commercio”, edição de 1º janeiro, a LPDT explicou que tudo fora feito para evitar a crise, “conseqüência funesta”, enfatizava, salientando que Sport e América, haviam declarado por ocasião da eleição, conforme constava da ata, que não aceitariam nenhum cargo eletivo na nova diretoria. Quanto ao Peres, a LPDT dizia ser um clube em situação irregular, sem sede e sem time, existindo somente,mercê do oxigênio que lhe soprava o Sport para dar-se ao luxo de ter um representante em duplicata.
Sport Club Flamengo, o primeiro campeão pernambucano de futebol, título conquistado em 1915.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
O paraguaio Bria
Modesto “Cachito” Bria, que foi jogador e técnico de futebol, nasceu em Encarnación, Paraguai, no dia 3 de Agosto de 1922 e faleceu no Rio de Janeiro, em 30 de Agosto de 1996. Em sua carreira só defendeu dois clubes, o Nacional, de Assunción e o Flamengo, além da Seleção de seu país. Graças a suas grandes atuações pelo clube paraguaio, chamou a atenção do rubro-negro carioca.
Quem o levou para o Flamengo foi o narrador e compositor Ary Barroso, que era rubro-negro fanático. Para não chamar a atenção dos dirigentes do Nacional, Ary viajou para o Paraguai em vôo fretado. Quando eles se deram conta já tinham perdido a sua grande promessa.
Seu primeiro jogo com a camisa 5 do Flamengo foi um clássico Fla-Flu, disputado em 12 de setembro de 1943, que terminou empatado em 2 X 2. Disputou 369 jogos pelo Flamengo e marcou 8 gols, segundo o “Almanaque do Flamengo”, de Roberto Assaf e Clóvis Martis. Foi o estrangeiro que mais vezes atuou pelo clube.
Ele foi parte importante daquele histórico time, que conquistou o primeiro tri-campeonato carioca, em 1942, 1943 e 1944, que até hoje provoca choro nos vascaínos. Volante de estilo clássico, Bria foi o ponto de equilíbrio de uma linha média que contava ainda com Biguá e Jaime, trio que foi fundamental na conquista do primeiro Tri-Campeonato Carioca da história do clube. Aquele time fabuloso formava com Jurandir - Newton e Quirino – Biguá - Bria e Jaime de Almeida – Tião – Zizinho – Pirilo - Perácio e Vevé.
Em 1953, Bria pendurou as chuteiras, mas seguiu ligado às cores vermelha e preta, tendo sido treinador do clube em quatro períodos. O primeiro, de 25/11/1959 até 22/06/1960; o segundo, de 16/07/1967 até 14/10/1967; o terceiro, de 28/05/1971 até 10/06/1971, junto com Newton Canegal. E o último, de 14/01/1981 até 05/04/1981. Comandou o Flamengo em 80 partidas, venceu 44, empatou 15 e perdeu 21.
Seu primeiro jogo como técnico foi um amistoso contra o Spartak Moscou, com vitória de 3 X 0, disputado em 25 de novembro de 1959, na antiga União Soviética. O último foi uma vitória de 2 x 1 frente o Colorado,do Paraná,em 5 de abril de 1981.
Como treinador do time principal, foram 83 jogos, com 45 vitórias, 15 empates e 21 derrotas. Modesto Bria era o treinador do time na maior goleada do Flamengo em Campeonatos Brasileiros, 8 X 0, contra o Fortaleza, em 4 de fevereiro de 1981.
Em 1967, quando era técnico dos juvenis do Flamengo, o radialista Celso Garcia levou até a Gávea um menino franzino, 13 anos de idade, de apelido Zico, seu vizinho no bairro de Quentino, para fazer um teste. Celso havia visto Zico jogando futsal em um torneio e após o jogo foi à casa dele, pedir autorização para levá-lo ao Flamengo.
No clube, usou sua influência para convencer o treinador Modesto Bria a observar o menino. Porém, poucos o levaram a sério quando chegou com Zico na Gávea, para treinar na escolinha. Quando o Bria viu o garoto, perguntou: “É esse? Desse tamanho?” Em principio Bria não acreditou muito no potencial do jovem, em razão de seu físico franzino.
Bria deixou ele treinar um pouquinho, só para que não voltasse para casa sem suar. Zico estava de short verde e camisa vermelha. No meio do treino, Bria o chamou para entrar. As pessoas que olhavam o treino debocharam do tamanho dele. Alguns falavam “coitado, é muito pequeno”. Na primeira jogada, o Zico colocou a bola embaixo da perna de um zagueiro alto, chamado “Cidade”. Todo mundo aplaudiu. E continuou driblando o treino todo.
Dias depois Zico estreou pelo Flamengo. A equipe da escolinha venceu o Everest por 4 X 3, e Zico marcou duas vezes. E logo começou a fazer uma preparação física especial com o professor José Roberto Francalacci. Zico ganhou massa muscular para suportar os choques com os marcadores adversários. O resultado começou a ser escrito quatro anos depois, quando o meia entrou pela primeira vez em campo pelo time profissional. De 1971 a 1983, o habilidoso atleta conquistou 22 títulos com o Rubro-Negro.
Outro jogador que deve muito do sucesso alcançado a Bria, é Mozer. Quando o paraguaio treinava as categorias de base do Flamengo, Mozer havia sido dispensado do Botafogo devido ao seu porte físico franzino e apareceu na Gávea para tentar a sorte. Em principio queria ser atacante, mas Bria disse que ele não passava de um centroavante deselegante, sem muito futuro no futebol. E fez com que Mozer virasse zagueiro. E a troca só lhe trouxe lucro.
Também o lateral Júnior foi descoberto por Bria. Logo que chegou ao Rio de Janeiro, vindo da Paraíba, ele chamou a atenção do treinador das categorias de base do Flamengo, quando disputava peladas na Praia de Copabacana. Levado para a Gávea estreou como profissional em 1974. No início era lateral direita, mas atuava também no meio-de-campo.
É verdade que Bria revelou grandes valores para o Flamengo, mas também errou em algumas avaliações. Nunes, que foi um dos maiores artilheiros da história do clube, quando ainda era adolescente foi fazer testes na escolinha do rubro-negro e foi dispensado pelo técnico Modesto Bria.
Ao deixar a Gávea, profetizou com os companheiros: "Um dia eles vão me querer de volta, mas aí terão que desembolsar muito dinheiro". Foi o que aconteceu alguns anos depois, quando o Flamengo teve que pagar caro para ter Nunes como seu atacante.
Títulos conquistados como jogador: Campeão Paraguaio (1942); Campeão Carioca (1943, 1944 e 1953); Torneio Relâmpago do Rio de Janeiro (1943 e 1944); Torneio Inicio do Campeonato Carioca (1946, 1951 e 1952); Troféu Cezar Aboud (1948); Troféu Embaixada Brasileira na Guatemala (1949), Troféu El Comite Nacional Olímpico da Guatemala (1949); Taça Cidade de Ilhéus (1950); Elfsborg Cup (1951); Torneio Quadrangular de Lima (1952); Troféu Cidade de Arequipa (1952); Troféu Juan Domingo Perón, na Argentina (1953) e Torneio Triangular de Curitiba (1953).
Sua paixão pelo Flamengo fez com que adotasse o Brasil como sua segunda pátria, vivendo aqui até sua morte, em 1996 no Rio de Janeiro. (Pesquisa: Nilo Dias)
Quem o levou para o Flamengo foi o narrador e compositor Ary Barroso, que era rubro-negro fanático. Para não chamar a atenção dos dirigentes do Nacional, Ary viajou para o Paraguai em vôo fretado. Quando eles se deram conta já tinham perdido a sua grande promessa.
Seu primeiro jogo com a camisa 5 do Flamengo foi um clássico Fla-Flu, disputado em 12 de setembro de 1943, que terminou empatado em 2 X 2. Disputou 369 jogos pelo Flamengo e marcou 8 gols, segundo o “Almanaque do Flamengo”, de Roberto Assaf e Clóvis Martis. Foi o estrangeiro que mais vezes atuou pelo clube.
Ele foi parte importante daquele histórico time, que conquistou o primeiro tri-campeonato carioca, em 1942, 1943 e 1944, que até hoje provoca choro nos vascaínos. Volante de estilo clássico, Bria foi o ponto de equilíbrio de uma linha média que contava ainda com Biguá e Jaime, trio que foi fundamental na conquista do primeiro Tri-Campeonato Carioca da história do clube. Aquele time fabuloso formava com Jurandir - Newton e Quirino – Biguá - Bria e Jaime de Almeida – Tião – Zizinho – Pirilo - Perácio e Vevé.
Em 1953, Bria pendurou as chuteiras, mas seguiu ligado às cores vermelha e preta, tendo sido treinador do clube em quatro períodos. O primeiro, de 25/11/1959 até 22/06/1960; o segundo, de 16/07/1967 até 14/10/1967; o terceiro, de 28/05/1971 até 10/06/1971, junto com Newton Canegal. E o último, de 14/01/1981 até 05/04/1981. Comandou o Flamengo em 80 partidas, venceu 44, empatou 15 e perdeu 21.
Seu primeiro jogo como técnico foi um amistoso contra o Spartak Moscou, com vitória de 3 X 0, disputado em 25 de novembro de 1959, na antiga União Soviética. O último foi uma vitória de 2 x 1 frente o Colorado,do Paraná,em 5 de abril de 1981.
Como treinador do time principal, foram 83 jogos, com 45 vitórias, 15 empates e 21 derrotas. Modesto Bria era o treinador do time na maior goleada do Flamengo em Campeonatos Brasileiros, 8 X 0, contra o Fortaleza, em 4 de fevereiro de 1981.
Em 1967, quando era técnico dos juvenis do Flamengo, o radialista Celso Garcia levou até a Gávea um menino franzino, 13 anos de idade, de apelido Zico, seu vizinho no bairro de Quentino, para fazer um teste. Celso havia visto Zico jogando futsal em um torneio e após o jogo foi à casa dele, pedir autorização para levá-lo ao Flamengo.
No clube, usou sua influência para convencer o treinador Modesto Bria a observar o menino. Porém, poucos o levaram a sério quando chegou com Zico na Gávea, para treinar na escolinha. Quando o Bria viu o garoto, perguntou: “É esse? Desse tamanho?” Em principio Bria não acreditou muito no potencial do jovem, em razão de seu físico franzino.
Bria deixou ele treinar um pouquinho, só para que não voltasse para casa sem suar. Zico estava de short verde e camisa vermelha. No meio do treino, Bria o chamou para entrar. As pessoas que olhavam o treino debocharam do tamanho dele. Alguns falavam “coitado, é muito pequeno”. Na primeira jogada, o Zico colocou a bola embaixo da perna de um zagueiro alto, chamado “Cidade”. Todo mundo aplaudiu. E continuou driblando o treino todo.
Dias depois Zico estreou pelo Flamengo. A equipe da escolinha venceu o Everest por 4 X 3, e Zico marcou duas vezes. E logo começou a fazer uma preparação física especial com o professor José Roberto Francalacci. Zico ganhou massa muscular para suportar os choques com os marcadores adversários. O resultado começou a ser escrito quatro anos depois, quando o meia entrou pela primeira vez em campo pelo time profissional. De 1971 a 1983, o habilidoso atleta conquistou 22 títulos com o Rubro-Negro.
Outro jogador que deve muito do sucesso alcançado a Bria, é Mozer. Quando o paraguaio treinava as categorias de base do Flamengo, Mozer havia sido dispensado do Botafogo devido ao seu porte físico franzino e apareceu na Gávea para tentar a sorte. Em principio queria ser atacante, mas Bria disse que ele não passava de um centroavante deselegante, sem muito futuro no futebol. E fez com que Mozer virasse zagueiro. E a troca só lhe trouxe lucro.
Também o lateral Júnior foi descoberto por Bria. Logo que chegou ao Rio de Janeiro, vindo da Paraíba, ele chamou a atenção do treinador das categorias de base do Flamengo, quando disputava peladas na Praia de Copabacana. Levado para a Gávea estreou como profissional em 1974. No início era lateral direita, mas atuava também no meio-de-campo.
É verdade que Bria revelou grandes valores para o Flamengo, mas também errou em algumas avaliações. Nunes, que foi um dos maiores artilheiros da história do clube, quando ainda era adolescente foi fazer testes na escolinha do rubro-negro e foi dispensado pelo técnico Modesto Bria.
Ao deixar a Gávea, profetizou com os companheiros: "Um dia eles vão me querer de volta, mas aí terão que desembolsar muito dinheiro". Foi o que aconteceu alguns anos depois, quando o Flamengo teve que pagar caro para ter Nunes como seu atacante.
Títulos conquistados como jogador: Campeão Paraguaio (1942); Campeão Carioca (1943, 1944 e 1953); Torneio Relâmpago do Rio de Janeiro (1943 e 1944); Torneio Inicio do Campeonato Carioca (1946, 1951 e 1952); Troféu Cezar Aboud (1948); Troféu Embaixada Brasileira na Guatemala (1949), Troféu El Comite Nacional Olímpico da Guatemala (1949); Taça Cidade de Ilhéus (1950); Elfsborg Cup (1951); Torneio Quadrangular de Lima (1952); Troféu Cidade de Arequipa (1952); Troféu Juan Domingo Perón, na Argentina (1953) e Torneio Triangular de Curitiba (1953).
Sua paixão pelo Flamengo fez com que adotasse o Brasil como sua segunda pátria, vivendo aqui até sua morte, em 1996 no Rio de Janeiro. (Pesquisa: Nilo Dias)