Com quase cem anos de existência, a agremiação, que só saiu do amadorismo há pouco mais de três anos, apenas o ano passado deixou o anonimato e se juntou pela primeira vez à elite do campeonato estadual do Rio de Janeiro. A cidade de Resende, que fica a 160 quilômetros da capital, antes só chamava a atenção pela grande quantidade de empresas automotivas lá estabelecidas, passou a ter também no seu time de futebol, mais um bom motivo para se orgulhar.
O segredo dessa meteórica ascensão do Resende foi uma bem sucedida parceria com a empresa “Gol de Placa Marketing Esportivo”, que profissionalizou o futebol no clube. Os resultados positivos apareceram de imediato, e apenas dois anos depois de iniciado o projeto (agosto/2006), o time carimbou o acesso para a primeira divisão do campeonato carioca.
Sob o comando do técnico Carlos Roy, o mesmo da decisão de hoje, o Resende terminou a “segundona” estadual com 49 pontos, 14 vitórias, sete empates e sete derrotas, 36 gols a favor, 30 contra e saldo positivo de 6 gols. Jogando em casa, no Estádio do Trabalhador, o Resende não conheceu derrota, venceu quatro partidas (Madureira 1 X 0, Americano 1 X 0, Boa Vista 5 X 4 e Cardoso Moreira 3 X 0) e empatou apenas uma (Macaé 2 X 2).
Como a história do Resende no futebol profissional é bem recente, os jogadores que fazem parte da sua galeria de ídolos também são de agora, muitos daqueles que conseguiram a proeza de colocar o time entre os principais do futebol carioca. Entre eles estão o atacante Raphael, que marcou 11 gols na competição, o experiente volante Márcio Costa, de 36 anos, que conquistou títulos importantes jogando pelo Corinthians (Mundial Interclubes de 2000) e Fluminense (Estadual de 1995), o zagueiro Edinho, que atuou na maioria dos jogos como titular e o goleiro Rodolpho.
O maior dos ídolos não joga, é o técnico Carlos Roy, que com um time sem estrelas, conseguiu formar um elenco unido e capaz de chegar ao título da segunda divisão do Estadual do Rio e agora a decisão da Taça Guanabara.
Segundo o site www.pontevelha.com o futebol chegou em Resende no início do século XX, a exemplo do que aconteceu em muitas outras cidades brasileiras. No começo o novo esporte não tinha nenhuma organização, era praticado apenas em treinos, “rachas” ou “peladas” no campo do “Manejo”, e na várzea, onde hoje se encontra o campo do Resende Futebol Clube.
Num segundo estágio e contando com um número maior de praticantes, tornou-se comum a realização de partidas de desafio entre os quadros “Vermelho” e “Azul”. Entre os jogadores daquela época destacavam-se, entre outros, os irmãos João e Luiz Ferreira de Souza Leal, os irmãos Romeu e Arthur Martins, Felipe Bruno, Adílio Monteiro Filho e Mário Guimarães, tio de Augusto de Carvalho e avô do doutor Niquinho.
O primeiro clube de futebol organizado que surgiu na cidade foi o Fluminense F.C, que depois mudou o nome para o atual Resende F.C, com uniforme nas cores preta e branca e tendo como símbolo uma estrela solitária, similar a do Botafogo do Rio, adversário de hoje. Seu primeiro time era muito forte e respeitado nos confrontos com equipes de cidades vizinhas do Vale do Paraíba. O primeiro jogo foi um empate de 3 X 3 frente um combinado de Barra Mansa (RJ).Jogavam nessa época: Dico Novais no gol – Lindo - Consentino e Tatão Anechino na zaga - Chico Soares e Barbosa na linha media - Mário Gambá - Filhinho Veloso - Rodolfo Peline - Jezer Brasileiro e Lecy Lobato no ataque.
Durante algum tempo o Resende, por influência de Noel de Carvalho, filho da terra e presidente do Bangu Atlético Clube, utilizou jogadores do clube carioca, que os adversários chamavam de “enxertos”. Eram partidas contra Barra Mansa, Cruzeiro, Guará e equipes de outras cidades vizinhas.
A vinda para Resende do Fiscal de Imposto de Consumo, doutor Pedro Rocha, irmão do famoso Carlito Rocha, e muito ligado ao Botafogo F. R, foi fundamental para o desenvolvimento do futebol na cidade. Não demorou para chegar a presidente do Resende F.C. Em sua administração o campo ganhou muros e foi lançada a pedra fundamental das arquibancadas. E conscientizou os demais dirigentes de que o clube deveria dar prioridade ao aproveitamento de jogadores da terra. Foi assim que o Resende conseguiu formar um dos melhores times de toda a sua história: Mendonça - Waldhy e Gumercindo - Mineiro ou Villaça - Castorino e Silva Sapateiro - Mário Gambá – Nélson – Jézer - Silveira e Joaquim Fernandes.
O estádio do Resende começou a ser erguido em 1916, durante os festejos da visita de Santos Dumont, o “pai da aviação”, à cidade. E no local, até hoje são realizadas atividades sociais, recreativas e educacionais. Hoje, o clube realiza seus jogos no “Estádio Municipal do Trabalhador”, inaugurado em 1 de outubro de 1992 e que tem capacidade para 10 mil torcedores.
Construído na década de 80, pertence ao Serviço Social da Indústria (SESI) e é administrado pela prefeitura de Resende. Está situado em bairro nobre de Resende na região central da cidade, rodeado por edifícios residenciais, árvores, parques e clubes e aos principais serviços da cidade. Sua alta arquibancada, com 140m de comprimento por 20m de largura é um excelente mirante da cidade.
Na década de 1930 o futebol na cidade já havia virado uma verdadeira coqueluche. Os praticantes eram muitos e além do Resende existiam, o Aventureiro F.C., de Campos Elíseos e o Juvenil e o “Charuto que não jogava contra nenhum adversário, apenas promovia animados treinos nas manhãs de domingo. O nome era uma homenagem a um crioulo, querido por todos, e que era o dono da bola. O “Charuto”, com o advento da Liga Desportiva de Resende (LDR), se tornou o Cruzeiro do Sul F.C., que teve vida curta. O futebol também se desenvolveu nos distritos. Em Itatiaia havia o Campo Belo F.C. e em Porto Real o Colônia.
Com a vinda da Escola Militar e com uma população maior, o esporte na cidade, de maneira geral, ganhou nova feição. Surgiram novos clubes: Tabajaras, Campos Elíseos, Alambari, Ordem e Progresso, Lavapés, Flamenguinho, Nacional de Itatiaia e Agulhas Negras, formado por cadetes da Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN).
Posteriormente foi fundado o Paraíso F. C. que possui hoje uma ótima praça de esportes. A Liga organizou acirrados campeonatos, disputados por clubes da cidade, Campos Elíseos, Itatiaia, Engenheiro Passos e Porto Real.
Com a construção da rodovia Presidente Dutra e do Maracanã, ficou fácil sair após o almoço para assistir jogos do Campeonato Carioca, e voltar no mesmo dia. Com isso, os jogos locais foram perdendo interesse. Depois, com o televisionamento dos jogos do Campeonato Carioca, tudo piorou ainda mais.
Nestes quase 100 anos, o Resende conseguiu estes títulos: Torneio Início do Vale do Paraíba (1957); Copa Vale do Paraíba (1968); Campeão da categoria Dente de Leite, no Torneio Prefeito Noel de Carvalho (1981); Campeão do Torneio Juniors da Cidade de Resende (1982); Campeão da Categoria Mirim, na Copa da Cidade de Resende (1983); Bicampeão da Mini Copa Dente de Leite (1983/1984); Campeão Amador da Cidade de Resende (1985); Campeão da Primeira Fase do Torneio Brasil e USA (1987); Campeão de Juniores da Liga Desportiva de Resende (1990); Vice Campeão da categoria mirim da cidade de Resende (1991); Vice Campeão Juvenil do Troféu Brasil (2000); Vice Campeão Infantil da Copa João Queiroz (2003) e Campeão Carioca da Segunda Divisão (2007).
A mascote do Resende é um lobo Guará. Os patrocinadores são a Prefeitura Municipal de Resende e Volkswagen Caminhões que pela primeira vez patrocina um time de futebol do Rio de Janeiro. O material esportivo é fornecido pela UM2 e o presidente do clube é o desportista Ricardo Tuffick. (Pesquisa: Nilo Dias)

COMENTÁRIOS DE LEITORES
Luiz Felipe disse...
Oi Nilo,
Eu vi seu artigo e acho que o atacante Lecy Lobato era meu bizavô, será que vc teria uma foto daquele time?
Obrigado
23 de agosto de 2009 22:25