De imediato foi convidado para fazer testes no clube e, dias depois, já estreava pelo time principal às vésperas de completar 18 anos, algo absolutamente extraordinário para a época. Seu primeiro jogo com a camisa palestrina aconteceu no dia 13 de novembro de 1927, com vitória de 6 X 2 sobre o Americano, de Santos (SP). Nesse jogo também marcou seu primeiro gol pelo Palestra.
E, de cara foi chamado pelo então diretor Ítalo Bossetto, de “Ministrinho”, apelido que o consagraria durante toda a carreira, porque seu estilo de jogo se assemelhava a Giovanni del Ministro, antigo ídolo palestrino dos anos 20, que atuava com o nome de “Ministro”.
Em 1929, foi considerado o jogador mais popular da cidade de São Paulo, quando de uma votação promovida por um jornal da época, graças ao seu estilo irreverente e atrevido de jogar, mesmo sendo franzino, media menos de 1,60 m. “Ministrinho” teve três passagens pelo Palestra Itália. De1927 a 1931. De 1934 a 1935. E de 1941 a 1943, período em que o clube mudou a denominação para Palmeiras. Jogou 118 partidas e marcou 42 gols.
Seus duelos contra Grané, lendário zagueiro corintiano eram memoráveis. Grané chutava muito forte, era alto, 1,90 e pesava 100 quilos. Era chamado de 420, o canhão mais potente da época. Ele parecia ter o dobro do tamanho de “Ministrinho”, mas isso não intimidava o ponteiro palestrino. Ao contrário.
Nos primeiros duelos aconteceu um certo equilíbrio, embora o Palestra houvesse ganho as duas últimas partidas. Mas tudo desfez-se para os corintianos, no dia 24 de agosto de 1929. Nesse dia “Ministrinho” esteve impecável, marcou gol na goleada diante do Corinthians, 4 x 0, e driblou Grané tantas vezes, que ao final do jogo este preferiu trocar de posição com Leone a ter que ser violento com o veloz adversário.
Lépido, driblador e inteligente foi um dos primeiros jogadores brasileiros a se transferir para a Europa. Isso aconteceu em 1931, quando foi contratado pela Juventus, de Turim (Itália). Por engano, assinou contrato com dois times ao mesmo tempo, um com o Torino e outro com a Juventus, tradicionais adversários.
Ficou um ano suspenso, mas a Juventus sabendo das qualidades do jogador custeou todo o tempo e pode escalá-lo somente em 1933. Valeu a pena. “La Vecchia Signora” ganhou o bicampeonato 33 e 34, com soberba contribuição do craque brasileiro.
Embora se tratasse de um jogador de excelentes qualidades, conseguiu apenas três títulos em 16 anos de carreira: bi-campeão italiano pela Juventus (1933 e 1934) e campeão paulista pelo Palmeiras (1942). “Ministrinho” jogou ainda na Seleção Brasileira, Portuguesa de Desportos, no São Paulo e em outros times de menor expressão.
Sua despedida dos gramados ocorreu no dia 14 de outubro de 1943, quando o Palmeiras perdeu um jogo amistoso por 2 x1, para o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro.
Assim que encerrou a carreira, reabriu a sapataria onde trabalhava antes de ser convidado a jogar no Palestra Itália, que se localizava na esquina das ruas Marques de Paranaguá e Augusta. Ele era proprietário, também, de uma bomba de combustível, adquirida com o dinheiro ganho no futebol, que ficava instalada na própria rua Augusta, do outro lado da calçada.
Sempre que era procurado por algum jornalista interessado em saber como vivia o grande ídolo do passado, tinha sempre uma resposta pronta na ponta da língua: “Sigo fazendo o que sempre fiz: torcer pelo Palmeiras”. “Ministrinho” faleceu em São Paulo, no dia 5 de abril de 1965, aos 57 anos de idade. (Pesquisa: Nilo Dias)
