A imprensa esportiva paranaense e brasileira está de luto, com o falecimento ocorrido na tarde de hoje (14h20min), do jornalista e escritor, Vinicius Coelho. Ele morreu atropelado por um carro Gol, em acidente acontecido na Linha Verde (BR-476), próximo ao Auto Shopping Curitiba, na região do bairro Tarumã, na capital paranaense.
De acordo com informações da Polícia, Coelho cruzava a rua quando foi atingido por um automóvel. Ele chegou a ser atendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. De acordo com testemunhas, ele era morador da região e frequentemente caminhava pela rodovia. O motorista do veículo Gol, que o atropelou, foi encaminhado com escoriações leves ao Hospital Cajuru.
O corpo do jornalista será velado no estádio do Coritiba, o Couto Pereira, no bairro Alto da Glória a partir de amanhã (28) pela manhã. Coelho tinha 80 anos e era torcedor do Coritiba. Ele foi autor do segundo hino do alviverde, "Eterno Campeão", composto na década de 70. Além disso, foi o responsável pela narração televisiva para o Estado do título de campeão brasileiro do clube, em 1985.
Livros também estão no currículo de Vinícius Coelho. Ele escreveu três obras que têm o Coxa como tema: a biografia do ex-presidente do clube, Aryon Cornelsen; Atle-Tiba – Paixão de Multidões; e Evangelino: Campeoníssimo. Os dois últimos foram feitos em parceria com o jornalista e colunista da Gazeta do Povo, Carneiro Neto.
Nascido em 1932, em Curitiba, Vinícius Coelho ingressou na crônica esportiva duas décadas mais tarde, no Diário do Paraná, em 1953. Em 1962, foi contratado pelo Canal 6, aonde viria a ser locutor esportivo.
Coelho trabalhou no jornal e na televisão até 1969, quando se mudou para o Rio de Janeiro, onde foi repórter do jornal O Globo. Nesse ano, conseguiu em primeira mão a informação de que Zagallo seria escolhido para dirigir a seleção brasileira na Copa de 1970.
Retornou a Curitiba em 1974 para ser chefe da editoria de esportes da Gazeta do Povo, onde trabalhou por dez anos. Simultaneamente, trabalhou na TV Paranaense (hoje RPC TV), empresa que deixou em 1986. Vinícius Coelho também acumulou várias passagens por rádios da cidade. Trabalhou nas rádios Colombo, Independência, Universo e Cidade.
Com nove Copas do Mundo e duas Olimpíadas currículo, ele acumulou carimbos em seus passaportes. A primeira cobertura internacional do jornalista foi em 1959, no extinto Campeonato Sul-Americano de futebol (atual Copa América), na Argentina. O curitibano também foi presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos e da secção da América da AIPS (Association Della Presse Sportive). Seu último trabalho foi como colunista do jornal Tribuna no Paraná, em 2009.
Vinícius Coelho também vivia um drama pessoal desde 2007, quando o filho dele, Bruno Strobel Coelho, foi morto após ser supostamente agredido por agentes de uma empresa de segurança. O jovem desapareceu em 2 de outubro daquele ano e uma semana depois foi encontrado morto, com dois tiros na cabeça e marcas de espancamento, num matagal nas proximidades da Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré.
Segundo as investigações, o jovem teria sido flagrado por funcionários da empresa de vigilância Centronic pichando o muro de uma clínica no bairro Alto da Glória, em Curitiba. Depois de rendido pelos seguranças, Bruno foi levado até a sede da empresa, onde foi espancado. O jovem teria revelado que era filho de um jornalista, o que levou os vigias a decidirem executar o estudante para que ele não contasse o ocorrido.
Assistiu a nove Copas do Mundo e duas Olimpíadas. Foi também autor de três livros: “Atletiba”, “Campeonísssimo” e a biografia de Aryon Cornelsen, destaque pela excelente gestão como presidente do Coritiba.
Em 2010 Vinicius foi um dos homenageados pelo Jockey Club do Paraná, que dedicou sete páreos em homenagem ao Dia do Jornalista, comemorado em 07 de abril. Os prêmios foram intitulados: “Jornalista Vinicius Coelho dos Santos”, “Jornalista Rosy de Sá Cardoso”, “Jornalista Luiz Geraldo Mazza”, “Jornalista Milton Ivan Heller”, “Jornalista Haraton Cezar Maravalhas”, “Sindicado dos Jornalistas Profissionais do Paraná” e “Dia dos Jornalistas - 07 de Abril”.
Famoso por seus textos sobre o futebol, ele nunca escreveu sobre turfe, mas revelou que frequentava com a família o Jockey Club do Paraná, quando este se encontrava em outro endereço.
A última entrevista dele foi ao ar na Rádio 98 FM na manhã de terça-feira (26), quando revelou um de seus principais desejos, voltar a escrever colunas em jornais. Vinicius também foi responsável pelo sucesso de muita gente, pessoas as quais indicou e auxiliou no inicio de suas carreiras. (Pesquisa: Nilo Dias)