Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O maior artilheiro espanhol


Pedro Telmo Zarraonandia Montoya, ou simplesmente "Zarra", foi por 59 anos (desde 1955) o maior artilheiro do Campeonato Espanhol, condição que foi perdida no último dia 22 de novembro para o fenômeno argentino Leonel Messi, que superou o seu antigo recorde de 251 gols, ao chegar a marca de 253 gols, dois a mais.

"Zarra" nasceu em Erandio, Espanha no dia 20 de janeiro de 1921 e faleceu, aos 85 anos de idade, em Bilbao, Espanha, no dia 23 de fevereiro de 2006, em consequência de um infarto.

O seu sepultamento aconteceu no dia 27, um dia antes do Athletic Club lhe homenagear, quando de um jogo no "Estádio San Mamés", contra o Villarreal Club de Fútbol.

Nessa ocasião aconteceu um fato impressionante, depois de um minuto de silêncio estabelecido em sua memória, os torcedores cantaram em uma só voz o hino do clube, ao som de um piano e depois o aplaudiram de pé.

O diário esportivo “Marca” criou em 2006, em sua homenagem, o “Troféu Zarra” para premiar o artilheiro de cada temporada do Campeonato Nacional da Liga.

Pelo Athletic, "Zarra" marcou 332 gols em 357 partidas e pela Seleção Espanhola em 20 ocasiões. Seu primeiro jogo com a camisa da "Fúria", foi em 11 de março de 1945, num empate em 2 X 2 contra Portugal.

Tinha 1m80 de altura e jogava de centroavante. Jogou em quatro equipes do País Basco, Erandio Club (1939/1940); Athletic Club, de Bilbão (1940/1955); SD Intautxu (1955/1956); BarakaldoA.H.V. (1956/1957) e em apenas uma de fora, o Real Jaém. Em toda a carreira marcou 268 gols em 318 jogos disputados.

Entre 1945 a 1951 jogou 20 partidas pela Seleção Espanhola e marcou 20 gols, com a média de um por jogo. Seu primeiro jogo com a camisa do time nacional foi em 11 de março de 1945, um empate em 2 x 2 com Portugal.

Sua estréia na Primeira Divisão Espanhola pelo Athletic, principal clube de sua carreira, aconteceu no dia 29 de setembro de 1940 no empate em 2 X 2 com o Valência, tendo marcado os dois gols de sua equipe.

No Athletic Club jogou 15 anos e conquistou o título de campeão espanhol de 1942 e quatro “Copas do Generalíssimo” (1942, 1943, 1944 e 1949). A “Copa do Rei” levava o nome de Francisco Franco. Na época em que este governava a Espanha.

No Athletic formou uma das linhas dianteiras mais famosas do futebol espanhol, junto de Iriondo, Venâncio, Panizo, Gainza e Ángel María Arregui. Com este último só por uma temporada.

Com o Athletic Club, "Zarra" ganhou por seis vezes o “troféu Pichichi", reservado ao goleador máximo do Campeonato Espanhol. Até o final da semana passada, havia marcado mais gols que nenhum outro jogador na historia do futebol espanhol, 252, quando Messi chegou a 253.

Manteve por 60 anos o recorde de maior número de gols em uma temporada, 38, em 1950-1951, empatado com o mexicano Hugo Sánchez que igualou o recorde na temporada 1989-1990, com o Real Madrid. Depois, em 2011, o português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid superou "Zarra" em número de gols num ano só.

E o recorde de Ronaldo foi quebrado por Messi, na temporada 2012, com 50 gols. Na temporada 2005/2006, o diário espanhol “Marca” criou o “Troféu Zarra”, em sua homenagem, destinado temporada, contando a primeira e a segunda divisões espanholas.

Apesar dos recordes, "Zarra" marcou somente 20 gols pela “Fúria” espanhola, nos 20 jogos em que atuou. Na Copa do Mundo de 1950, no Brasil, balançou as redes quatro vezes, em quatro jogos, contra Estados Unidos, Chile, Inglaterra e Suécia.

Um deles ficou conhecido como o “gol de "Zarra”, que deu a vitória a Espanha sobre a Inglaterra por 1 X 0 e garantiu a “Fúria” na semifinal. Messi, que é argentino, se consagrou como o maior artilheiro do Campeonato Espanhol. Mas "Zarra" continua sendo o jogador espanhol que mais gols fez na história do Campeonato Nacional. (Pesquisa: Nilo Dias)



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Cachoeira centenário

O Cachoeira Futebol Clube, da cidade de Cachoeira Paulista (SP), foi fundado no dia 1 de janeiro de 1912. Em 1957 a agremiação se profissionalizou, tendo participado de quatro edições do Campeonato Paulista da 3ª Divisão, atual A3, em 1957, 1958, 1967 e 1968; e duas edições do Campeonato Paulista da 4ª Divisão, atual Série B, em 1965 e 1966.

Em 1965 disputou a 4ª Divisão Paulista, ao lado de outras tradicionais equipes do futebol paulista, Andradina F.C., C.A. Jalesense, Guarani F.C., de Adamantina, Marília A.C., Mirandópolis F.C., SORE Auriflama, entre outras.

Em 1966 novamente na 4ª Divisão, o clube voltou a enfrentar equipes fortes como União F.C., de Potirendaba, Serra Negra E.C., Tupi E.C., Guararapes E.C., Itapira E.C., C.A. Pirassununguense e C.A. Ipauçuense, entre outras equipes.

Em 1967, na 3ª Divisão enfrentou adversários categorizados como Pirajú F.C., Olimpia F.C., Catanduva E.C., A.E. Velo clube Rioclarense, A.A. Internacional, de Bebedouro, entre outras. A União A. Barbarense sagrou-se campeã na oportunidade.

Em 1968 voltou a disputar a "Terceirona", e ao final do campeonato desistiu do profissionalismo, passando a se dedicar somente ao futebol amador da região.

Atualmente se encontra licenciado da Federação Paulista de Futebol (FPF), disputando jogos na Liga Atibaiense de Futebol (LAF). O Cachoeira F.C. manda seus jogos no estádio João Gomes Xavier com capacidade para 4.500 pessoas e tem como cores oficias o preto e branco.


 Veteranos cachoeirenses, na festa de aniversário do clube.

sábado, 1 de novembro de 2014

Uma torcida diferente

Sabidamente, muitas torcidas organizadas de clubes de futebol no Brasil tem sido protagonistas de espetáculos de extrema violência, que recheiam os noticiáros policiais país afora. É claro que existem algumas torcidas que se preocupam em ajudar seus clubes, comparecendo aos estádios apenas para torcer.

Mas existe uma, que realmente é bastante diferente de todas as outras. Trata-se da “Ultras Resistência Coral”, torcida organizada do Ferroviário, terceira força futebolistica de Fortaleza, capital do Ceará. Ao contrário das organizadas de outros clubes, os integrantes da “Resistência Coral” não aceitam ingressos gratuitos e proibem seus componentes de ofender os adversários com termos machistas ou homofóbicos.

Os componentes da torcida também enveredam pelos lados da política. Todos são militantes de esquerda e críticos do sistema capitalista, o que não impede os dirigentes do clube de gostarem deles, apesar de alguns serem empresários. Eles até compram camisas da organizada.

Dizem que a torcida do Ferroviário é composta só por idosos. Mas não é verdade, tanto que o viés de esquerda acabou atraindo muitos torcedores jovens, alguns militantes do movimento estudantil que não torciam para time nenhum, mas que se aliaram a “Resistência Coral”, exatamente por ser diferente e por sua atuação política.

A torcida não é grande em número de componentes, saõ apenas 20, que resolveram juntar o amor ao clube a crença política. Ao contrário de Ceará e Fortaleza, as duas maiores forças futebolisticas do Estado, o Ferroviário tem raízes operárias e foi fundado por funcionários da antiga Rede de Viação Cearense (RVC).

Os atuais membros da “Resistência Coral” já pertenceram a outras torcidas organizadas, mas não gostavam dos cantos machistas e homofóbicos e a incitação a violência. Por isso, em 2005 resolveram criar a sua própria torcida.

Queríam formar uma torcida organizada que tivesse uma ideologia compatível à história do time, que retomasse a tradição da origem de classe do Ferroviário, que foi sendo esquecida desde que terminou a parceria com a Rede Ferroviária Federal (RFFSA).

O exemplo da “Resistência Coral” já está sendo seguido por torcedores de outros clubes, como Atlético Mineiro, Bahia, Palmeiras, Flamengo e São Paulo. Na Europa, futebol e política estão juntos há muito tempo.

Como a “Resistência Coral” prega a paz nos estádios, poderia se pensar que o seu relacionamento com as demais organizadas não é bom. Muito pelo contrário, às vezes torcem até juntas nas arquibancadas, caso da “Falange Coral”, embora não acompanhe os canticos de cunho preconceituoso.

Mas não estão livres de hostilidades das torcidas de outros clubes. Cera ocasião, torcedores do Fortaleza tentaram roubar uma faixa. Como estavam em desvantagem numérica, os torcedores do Ferroviário se limitaram a salvar a faixa, pois entrar em luta corporal seria suicidio.

Mesmo com toda a apologia a não violência, ainda assim a “Resistência Coral” não escapa da repressão por parte da Polícia cearense, que proibiu a entrada nos estádios de uma faixa com os dizeres “Nem guerra entre torcidas, nem paz entre classes”.

Também não são permitidas as faixas que contenham o símbolo da “foice e o martelo” e de apoio à resistência palestina, sob o pretexto de terrorismo. A torcida se compõe de pessoas com pensamentos variáveis, como comunistas e anarquistas.

Se já era ruím para as organizadas se expressarem, depois da Copa a coisa piorou. Agora, tem o tal “padrão Fifa de torcedor”. No “Estádio Castelão”, não tem mais como colocar faixas, tiraram as muretas e as grades e a Policia diz que não pode. Não tem espaço nem mesmo para estar de pé, pulando, queixam-se os torcedores. Agora tem que se conviver com essa idéia de futebol moderno, higienizado.

A confecção de material é cara, e como não recebe auxilio nenhum dos “cartolas”, o negócio é sobreviver com a venda de camisas e outros produtos da torcida e da ajuda de alguns sócios.

Suas mensagens podem ser vistas não só nos jogos do Ferroviário, mas também em manifestações populares, inclusive contra a Fifa e a Copa do Mundo que foi realizada recentemente em nosso país. Para eles, a Fifa é um grande mal, uma entidade mais preocupada em lucros do que permitir que  futebol continue a ser um esporte popular.

O Ferroviário já foi bem maior no passado, quando seus torcedires rivalizavam com os do Fortaleza e Ceará. O clube já foi nove vezes campeão cearense, e revelou grandes jogadores para o futebol brasileiro, casos do goleiro Clemer, os volantes Nasa e Lima e os atacantes Mirandinha, Jardel e Iarley.

A decadência do Ferroviário e de outros clubes ligados a Rede Ferroviária Federal (RFFSA), começou quando o ex-presidente Itamar Franco privatiozu a empresa. Como a maior parte da renda desses clubes vinha dos trabalhadores, descontado em folha, com a privatização perderam tais recursos.

Hoje, o Ferroviário busca sobreviver com as cotas de TV, parceria com o “Castelão” para conseguir renda, já que o patrocínio é cada vez mais difícil, visto que as atuações do time não recomendam uma boa marca na visão das empresas.

Além do mais, Diretorias que passaram não valorizaram as categorias de base e o clube acabou sendo rebaixado este ano, pela primeira vez em sua história, para a Segunda Divisão Cearense do ano que vem. (Pesquisa: Nilo Dias)

A "Resistência Coral" prega a paz nos estádios. (Foto: Divulgação)