O
estádio Alberto J. Armando, do Boca Juniors, mais conhecido por “La Bombonera”,
foi sempre temido pelos adversários pelas imensas dificuldades lá encontradas
para algum adversário vencer o dono da casa, time de maior torcida no país. E
agora, notícias vindas de Buenos Aires dão conta de que os temores vão
aumentar, já que o clube parece que vai ter uma ajuda muito especial, vinda do
além.
Por
volta de 9 horas da noite, o funcionário Oscar Verna acaba de abastecer as
máquinas de café e em seguida se movimenta pelo primeiro piso do estádio de “La
Bombonera”. De repente, escuta o barulho conhecido dos torcedores descendo as
escadarias. Quando chega a porta 18, que se abre para as arquibancadas, somente
silêncio e escuridão, como ocorre nos dias em que não se realizam jogos no
estádio.
O
próprio Oscar conta que na primeira vez que passou por isso, saiu correndo, sem
poder controlar o medo. "Para mí hay algo especial en la Bombonera. Yo la
viví, no me la contaron", enfatiza. Já são muitas as histórias como essa.
Alguns acreditam, outros acham graça. Mas o certo é que algo de estranho vem
acontecendo por lá.
Durante
a madrugada, quando as luzes estão quase todas apagadas, e os funcionários
fazem vistorias de rotina são ouvidos ruídos semelhantes à queda de bandejas e
copos, além da presença de sombras que se movimentam a toda a velocidade, em
várias direções, segundo o testemunho de um vigilante. As luzes acendem e se
apagam sozinhas. Portas fechadas a chaves abrem e fecham sem que alguém toque
nelas. São outros fenômenos denunciados pelas testemunhas.
Logo
que essas coisas começaram a acontecer, chegou-se a pensar que poderia ser
brincadeira de algum companheiro. Mas depois se deram conta: quem poderia achar
graça em molestar seus colegas de trabalho às 3 horas da madrugada e com um
posto de serviço por cobrir?
Sabe-se
que alguns familiares de sócios mortos, cumpriam a última vontade desses
torcedores e jogavam suas cinzas no estádio. O parapsicólogo argentino, Ricardo
Pacuta disse que essa pode ser uma das prováveis causas do fenômeno. “É mais
comum do que parece. São fantasmas que foram chamados para ajudar o Boca, e não
para fazer mal”, explicou o especialista.
Para
evitar que as pessoas continuassem a jogar as cinzas de sócios falecidos,
dentro de “La Bombonera”, a direção do clube construiu um cemitério próprio
para sepultar seus torcedores mais fanáticos. O “campo santo” funciona desde
2006 e tem capacidade para 3 mil sepulturas, todas decoradas com flores azuis e
amarelas, as cores do Boca Juniors. Está localizado em um setor do cemitério
“Parque Iraola”, em Berazategui, a 30 km ao sul de Buenos Aires, por isso se
presume que nada tem a ver com as assombrações de “La Bombonera”.
O
cemitério foi inaugurado com a cerimônia de exumação dos restos mortais de dois
antigos atletas do clube, os goleiros Juan Estradas e Júlio Elias Musimessi,
cujas cinzas foram transferidas para lá. Nesse dia o ex-craque Antônio Ubaldo
Rattin, que defendeu o Boca nos anos 60, disse: “Está tão lindo que dá vontade
de ficar”. Com isso o Boca Juniors também pôs em prática uma das estrofes de
seu hino que diz: “nem a morte nos vai separar, desde o céu vou te
alentar".
O
auxiliar do Departamento de Basquete do Boca Juniors, Federico Retore, contou
ao jornal esportivo argentino “Olé”, que uma noite, por volta de 23 horas,
quando estava arrumando as roupas dos jogadores, que viajariam de madrugada
para jogos em Sunchales e Paraná, saiu para fumar e viu um senhor de traje
cinza, que logo desapareceu. Disseram-lhe que a descrição era como a de Tarija
Fernández, seu antecessor, que morreu há anos.
Retore
também recorda da noite em que escutou barulho de bolas jogadas contra as
paredes do ginásio de esportes, e ruídos de tênis chocando com o piso. O som
era bem claro, mas não havia ninguém jogando basquete no local.
Mais
assustadora ainda, é a declaração de um segurança, que preferiu não ser
identificado, mas que garantiu ter visto sombras esfumaçadas e vultos correndo
pelas grades do local. Acrescentou que em geral aparecem de madrugada, quando
não tem mais ninguém e há muito silêncio.
Segundo
a reportagem publicada pelo jornal, os depoimentos colhidos entre os vários
funcionários do clube são bastante parecidos. Todos garantem que o estádio do
Boca vive durante as noites, repleto de personagens que aparecem entre as
grades ou entre a arquibancada e que desaparecem quando alguém se aproxima.
Um
homem de camisa branca sentado no setor "L" das arquibancadas; uma
mulher vestida de noiva, e um menino de bermuda, sapatos brancos e uma blusa
azul são freqüentemente vistos durante a noite, disse outro segurança.
O
homem de camisa branca, um dia chegou a ser quase encurralado. Os seguranças
correram em sua direção, vindos de vários setores do estádio. Contam que deu
para vê-lo bem por uma fração de segundos, para depois desaparecer.
Fantasmas
a parte, ir a Buenos Aires e não conhecer “La Bombonera” é como ir ao Rio de
Janeiro e não conhecer o Maracanã, principalmente para quem gosta de futebol. O
estádio do Boca Juniors tornou-se um verdadeiro templo do futebol argentino e
também um ponto turístico de Buenos Aires. As agências de turismo o incluem em
seus pacotes para turistas estrangeiros e o oferecem com a mesma importância de
um passeio às Cataratas do Iguaçu ou à Patagônia.
“La
Bombonera” encanta pela magia e pela fama. Não é para menos: inaugurado em
1940, completou 70 anos em 2010. O nome se deve a sua forma retangular parecida
com uma caixa de bombons. Com uma área reduzida para a construção, o arquiteto
José Luiz Delpini criou três anéis de arquibancadas bastante inclinados,
envolvendo o gramado em forma de retângulo. Devido à sua arquitetura, logo
ganhou o apelido de “caixa de bombom”.
A
torcida fica muito próxima ao campo e, geralmente, lota os 57.395 lugares
disponíveis, transformando a “Bombonera” num alçapão. Em competições oficiais,
foram poucas as vitórias brasileiras por lá. Pela Libertadores, apenas o Santos
(em 1963), o Cruzeiro (1994), Paysandu (2003). São Paulo (1995) e Internacional
(2008) também já venceram pela Supercopa e Sul-Americana, respectivamente.
O
estádio está localizado à Rua Brandsen n° 805, no bairro “La Boca”, na cidade
de Buenos Aires, que fica próximo ao porto. Além do estádio, o bairro possui
outra grande atração, o “Caminito”, parte que foi restaurada e tem uma
característica peculiar: as casas são contruídas com tábuas, placas e telhas de
metal e pintadas com muitas cores.
O
maior adversário do Boca Juniors, o River Plate, também teve origem em “La
Boca”, mas depois mudou-se para a área mais nobre de Belgrano. A rivalidade
originou-se justamente da proximidade entre os dois clubes,mas posteriormente
acentuou-se em razão de o River passar a representar a elite portenha, enquanto
o Boca popularizou-se como o clube dos operários.
Para
chegar ao estádio existem diversas opções, entre elas os ônibus coletivos através
das linhas 20, 25, 29, 33, 46, 53, 64 ou 152; de táxi com o valor dependendo do
local de partida; e a outra opção é o “Buenos Aires Bus”, que é o ônibus que
faz o city tour na capital argentina. E um dos pontos em que o ônibus para é
exatamente o estádio. Em frente existem algumas lojas que vendem “souvenirs” do
clube. Dentro de “La Bombonera” tem a loja oficial e também o “Museu de la
Pasion Boquense”. (Pesquisa: Nilo Dias)
Estádio "La Bombonera". (Foto: Divulgação)
Cemitério do Boca Juniors. (Foto: Divulgação)
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