Roberto
Lopes Miranda, um dos maiores atacantes da história do Botafogo, nasceu no dia
31 de julho de 1943, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. O
menino franzino se destacou jogando pelo Manufatura, time do Barreto que volta
e meia contava com a visita de olheiros nas partidas.
Com
boas atuações e gols diante de clubes como Bangu e América, recebeu o convite
do empresário do Fluminense para fazer teste no clube. Só
que não teve chances de demonstrar seu futebol e quando saiu das Laranjeiras
foi logo abordado e convidado a fazer testes no Botafogo. E foi em General
Severiano que ele se firmou e começou a despontar no futebol.
Era
1957 quando o jovem Roberto, vestiu o manto da estrela solitária pela primeira
vez. E logo começou a se destacar nos juniores do clube. Foi tri-campeão de
juniores em 1961, 1962 e 1963. E estreou nos profissionais em 1962, quando
também participou da campanha do título carioca.
Outra
curiosidade lembrada pelo ex-jogador foi o tratamento que recebia dos
consagrados jogadores da equipe profissional. Sem piedade alguma, Didi, Nilton
Santos, Garrincha e Quarentinha saiam do treino e, ao avistarem o garoto
jantando no refeitório, nem pensavam duas vezes antes de meterem a mão em seu
prato. “Eles diziam que era o tira-gosto deles”, contava.
Fã
dos “ladrões de comida”, que encantavam os amantes do bom futebol, Roberto
Miranda não perdia um treino dos profissionais e chegou a pensar em deixar o
clube, temendo não ter oportunidades no meio de tantos craques.
Mas,
assim como no primeiro treino pelo Botafogo, também marcou gol na sua estreia
como profissional e, com méritos, alcançou a titularidade daquele timaço.
Só
em 1962 ele deu seus primeiros passos no time profissional. Em 1963 já era
titular do time que naquela época, junto com o Santos era a base da Seleção.
Nesse time que contava com Garrincha, Nilton Santos, Zagallo (bi-campeões
mundiais). Além de craques como manga, Didi e Quarentinha.
A
disposição, somada à facilidade de balançar a rede dos adversários, logo foi
reconhecida e Roberto não demorou para cair nas graças da torcida alvi-negra.
Roberto
Miranda viu de camarote a melhor safra de jogadores da história do clube. Por
morar debaixo da antiga arquibancada de General Severiano, ele assistia
diariamente ao treino de craques como Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo,
entre outros.
E
foi Amarildo sua maior inspiração. Ele se espelhou muito no “Possesso”, que
logo foi vendido para o Milan. Roberto gostava muito do estilo dele, era
rápido.
Em
1964 foi convocado por Vicente Feola, para disputar às Olimpíadas de Tóquio. O
atacante não fez feio na competição, Foram dois gols marcados. Um no empate
contra a República Árabe Unida (1 X 1) e outro na vitória contra a Coreia do
Sul (4 X 0 ).
No
único jogo que não marcou a seleção foi derrotada pela Thecoslováquia (1 X 0).
Com a derrota o Brasil foi eliminado.
Depois
dos Jogos Olímpicos, ele voltou para o Botafogo e continuou a conquistar títulos.
Foi duas vezes campeão do Torneio Rio-São Paulo (1964 e 1966). Mais dois
títulos cariocas (1967 e 1968). E o maior título da sua carreira no Botafogo,
foi a Taça Brasil de 1968.
No
total foram 351 jogos e 152 gols, que o tornam o nono maior goleador da
história do Botafogo. Foi ainda o artilheiro do Campeonato Carioca de 1968.
Suas atuações renderam uma caricatura no muro do clube, ao lado de outros
grandes ídolos do Botafogo.
Em
1973 já sofrendo com lesões seguidas foi trocado pelo lateral Miranda do
Corinthians, mesmo a contragosto. Embora tenha sido muito bom financeiramente
para o alvinegro carioca, a contratação não gerou títulos para o time paulista.
De acordo com o craque, o time era bom, mas muito azarado.
No
Parque São Jorge, Roberto Miranda não conseguiu uma grande sequencia de jogos
devido as lesões. Jogou pouco, por causa de diversas contusões. Uma operação no
joelho direito acabou por fazê-lo encerrar prematuramente a carreira, ainda no
Corinthians, em 1976, aos 33 anos. Foram 77 jogos e 21 gols, com a camisa do “Timão”.
Teve
também uma curta passagem pelo Flamengo, onde sentiu a sensação mais estranha
de sua carreira: jogar e vencer o Botafogo por 2 X 0, no Maracanã.
“Graças
a Deus não marquei gol nessa partida. O Botafogo foi tudo na minha vida. Tudo
que eu tenho hoje eu devo ao Botafogo”, dizia.
Além
da Seleção Olímpica, ele também teve sua chance na Seleção principal. E a sua
maior conquista da carreira foi a conquista da Copa do Mundo do México, em
1970.
Um
título que ele jamais teria no currículo se o técnico João Saldanha não tivesse
sido trocado por Zagallo: Ele tinha uma diferença com o Saldanha desde o
juvenil do Botafogo, quando se recusou a fazer uma jogada, que ele pediu. Pouca
gente sabe disso.
Mas
com a saída de Saldanha tudo mudou. Um dia, ele foi cercado pela imprensa no
treino, em General Severiano. Depois ele pediu para sair do treino. Estranhou,
mas quando chegou ao vestiário ficou sabendo da sua convocação.
Em
uma época de ouro do futebol brasileiro, com dezenas de jogadores que entraram
para a história dos seus clubes, o artilheiro assegurou uma vaga entre os
convocados para a Copa de 70, no histórico tri mundial.
Reserva
imediato do ataque, entrou nas partidas contra Inglaterra e Peru, substituindo
à altura Tostão e Jairzinho, respectivamente. “Jogar com aquelas feras foi tudo
de melhor. Chegar ate a Copa do Mundo foi o auge. O “Dadá” nem mudava de roupa,
ficava de terno, e eu que entrava”, tirava onda.
Além
da Copa de 1970, ele esteve cotado para disputar as Copas de 1966 e 1974. Só
que devido as lesões ele não foi convocado. Pela Seleção Brasileira, fez 18
partidas oficiais e marcou nove gols. Também atuou em dois jogos não oficiais,
ambos em 1970, e marcou um gol.
Em
sua carreira sofreu todo o tipo de lesão. Costela, braço, clavícula e tornozelo
são apenas algumas partes do corpo que sofreram ao longo do tempo em que esteve
nos gramados.
E
ainda rompeu o “Tendão de Aquiles”, dessa vez em um acidente doméstico, quando
da queda de um litro (vidro) de leite. Teve de fazer muitas cirurgias depois
que parou de jogar. Até uma cirurgia
plástica
O
antigo narrador de futebol da “Rádio Globo”, Valdir Amaral, foi quem o apelidou
de “Vendaval”, porque partia para cima dos adversários que lhe batiam muito,
mas encarava os caras também.
Tinha
fama de "não fugir do pau", que cresceu quando, logo depois de marcar
o gol de empate em uma partida contra o Vasco, levou um tapa do zagueiro
Fontana e revidou, o que gerou uma enorme briga e causou a expulsão de ambos.
Inclusive,
saiu do Maracanã sangrando e indo direto para a Delegacia de Polícia. “Iam me
matar? Não! Então eu ia para a briga, mesmo”, comentava com bom humor.
Títulos
conquistados. Pelo Botafogo: Campeonato Carioca (1962, 1967 e 1968); Torneio
Roberto Gomes Pedrosa (1964 e 1966); Campeonato Brasileiro de Futebol (1968); Tri-campeão
da Copa do Mundo de Clubes (1967,1968 e 1970); Campeão do Torneio de Carranza, Argentina
(1966) e campeão do Troféu Jornalista de Caracas (1966). Seleção Brasileira: Copa
do Mundo (1970).
Hoje,
aos 75 anos, o ex-jogador continua vivendo do futebol. Participa de eventos, de
palestras e descobriu uma nova paixão em Niterói, onde vive.
As
cinco horas da manhã vai para a academia e aproveito para malhar. É um viciado
em exercícios. Vai dormir pensando nisso. Fica até uma hora e meia na academia
e ainda malha aos sábados.
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