Neste
dia 5 de março está completando 100 anos de existência, a Associação Atlética
Paraisense, de São Sebastião do Paraíso (MG). O clube foi fundado em 1919 pelo
coronel Alfredo Serra Júnior, mais conhecido como “Doutor Serrinha”.
Durante
esse período, o clube viveu um passado repleto de altos e baixos, tentando de
1952 a 1956 subir para a liga profissional. Em 1956, na disputa contra o time
do Valério Doce, em Itabira, na final do Campeonato Mineiro da Segunda Divisão,
a Paraisense, dependia de um empate para subi, mas o centroavante “Mingo”
perdeu os dois pênaltis, levando o time a derrota e ao desânimo da cidade em
ter um time profissional.
Esse
fato marcante na história da Paraisense, dizem, foi proposital. É o que afirma
o taxista Itamar Bonfim, conhecido da comunidade paraisense que durante muitos
anos foi árbitro de futebol e comentarista esportivo e viveu todas as glórias e
tristezas por qual o time passou.
“Diziam
que o Mingo estava comprado, que havia perdido de propósito, ele saiu fugido da
cidade”, conta Itamar que, aos 73 anos, recorda-se, emocionado, de vários
momentos importantes na história da Paraisense.
No
entanto, ao ser entrevistado em programas esportivos na então Rádio Difusora
Paraisense, na época, e quando veio a Paraíso posteriormente, “Mingo” negou,
atribuindo a perda dos pênaltis a uma infelicidade.
De
lá para cá, só em 1980 a Associação Atlética Paraisense voltou ao futebol
profissional. Em 1989 , numa partida emocionante empatou com o Ipiranga,
em Manhuaçu e subiu pela primeira vez a elite do futebol mineiro.
Hoje
a “Verdona”, como é chamada carinhosamente por seus torcedores, passa por uma
série de problemas, como a depreciação do seu patrimônio e falta de apoio.
O
cantor Raul Seixas dizia que "um sonho quando sonhado só é apenas um sonho, mas
quando sonhado juntos se torna uma realidade". O mesmo dizem os dirigentes
atuais, sonhando com a volta do clube ao futebol profissional.
Dentre
as conquistas da Associação, as que mais são lembradas, e que marcaram época para o
time de Paraíso, ocorreram no ""Campeonato Mineiro da Segunda Divisão", tendo no
currículo dois vices (1989 e 1995) e o título obtido no "Campeonato Mineiro da
Terceira Divisão", em 2001.
A Paraisense participou do "Campeonato Mineiro da 1ª Divisão" em quatro oportunidades:
1990 (8º lugar), 1991 (8º lugar), 1992 (15º lugar) e 1996 (12º lugar).
No
gramado do “Estádio Comendador João Alves”, com capacidade para 9.000 pessoas, a
Paraisense recebeu grandes equipes como Fluminense, Santos, Cruzeiro, Atlético
Mineiro, Guarani, Ponte Preta, de Campinas, Botafogo, Comercial, de Ribeirão
Preto, Ferroviária, de Araraquara, além de grandes equipes do cenário regional
e nacional.
Depois
de paralisada por algum tempo, foi nos anos 80 que a “Mais Querida” voltou a
movimentar o futebol no município. Enfrentou e ganhou de equipes que faziam
parte dos principais campeonatos mineiro e paulista.
Foi
nesse período que o ex-zagueiro da primeira formação profissional e depois
secretário de Esporte do município, Tomás Martins, atuou na Paraisense.
Tomás
é considerado um dos grandes heróis do futebol que Paraíso já teve. Ele foi
presidente da Associação de 2002 a 2004, e colecionou uma série de lembranças
saudosas, da infância até a extinção do futebol profissional do clube.
Tomás começou no clube como mascote. De 1978 até 80 ficou no futebol amador. De 80 a 82 jogou no profissional. Depois disso foi estudar e teve que parar com o futebol.
Uma
vitória que emocionou Tomás foi quando a Paraisense jogou em Manhuaçu, precisando
de um empate para subir para a “Primeira Divisão”. O
time começou ganhando de 1 X 0, depois o Ipiranga virou o jogo para 2 X 1.
Aos 43 do segundo tempo veio o empate, com um gol de Sérgio Vilela. E pela primeira vez na história da Paraisense, o time subiu para a elite do futebol mineiro.
Aos 43 do segundo tempo veio o empate, com um gol de Sérgio Vilela. E pela primeira vez na história da Paraisense, o time subiu para a elite do futebol mineiro.
Tomás
estava no estádio trabalhando na transmissão do jogo, pela emissora da sua
cidade. Lembra que foi muito emocionante, pois o empate veio justamente
quando o adversário já estava fazendo festa.
Tomás
recorda ainda de uma partida entre a Paraisense e o Milionários, que entre
outros craques tinha o legendário “Garrincha”, Djalma Santos, Amaral e uma
série de jogadores importantes.
Ele
recorda bem dessa época que o marcou muito. O time deles estava hospedado no “Hotel
Achei”, no centro da cidade. Presenciou quando “Garrincha” estava conversando
no orelhão com a esposa, Elza Soares, momento em que ela deu a notícia
que estava grávida do “Garrinchinha”.
O
pessoal da cidade ficava tudo ali ao entorno do hotel para pegar autógrafo. Tomás
lembra como se fosse hoje, se encontrava na praça, de bermuda e chinelo,
conversando com “Garrincha” sobre o filho que ia nascer.
Não
mais como jogador, Tomás conta que já foi diretor e fez parte do departamento
médico do clube. E conta que em 1990, quando a Paraisense subiu, o time foi a
Belo Horizonte jogar contra o Cruzeiro no Mineirão.
O
ônibus quebrou na avenida Antônio Carlos. O jogo estava marcado para 8h30, já era
7h30 e ainda estavam parados na rodovia. E a torcida do Cruzeiro passando e
mexendo com a delegação. O time levou uma goleada de 4 X 1. Estava naquele dia
como membro da imprensa e da diretoria do clube.
Já
o taxista Itamar Bonfim, que foi o idealizador da “Taça Paraíso”, em 1989,
campeonato que até hoje acontece no município, relata que se emocionou quando
da estada do Corinthians Paulista na cidade, na década de 1970.
Na
ocasião, o pároco da época, “Monsenhor Mancini”, conhecido por todos por sua
seriedade e rispidez, ganhou uma camisa autografada por um dos ícones do
Corinthians, Roberto Rivellino.
Ele
chorou muito, de felicidade, recorda Bonfim, também emocionado. A camisa ficou
exposta por um bom tempo no saguão de entrada do “Cine São Sebastião”.
A
Paraisense, de 2004 para cá, não disputou mais nenhum tipo de campeonato. Hoje,
só tem o time veterano. Atualmente, ela só existe mais como nome, do que com uma
ação de clube propriamente dito.
Houve
a reinauguração da iluminação do estádio em 1996. Na época a Paraisense jogou
contra o Democratas, de Governador Valadares, que estava começando a lançar o
jogador Fábio Junior como profissional. Houve um empate. O diretor Darci
Menezes, que tinha sido zagueiro do Cruzeiro, visitou Paraíso.
O
Clube, que já possuiu invejável patrimônio e inúmeros bens, hoje conta apenas
com o “Estádio Comendador João Alves”, que de acordo com a doação feita,
pertencerá à Associação enquanto houver diretoria.
Caso
contrário retornará aos herdeiros do doador da área. Mas o atual presidente
garante que essa perda nunca vai acontecer e que, no que depender dele, a AAP
sobreviverá por muito tempo.
Nos
100 anos de existência a Associação Atlética Paraisense recebeu e revelou
atletas valorosos em suas equipes amadoras e profissionais. Contou com
diretores abnegados que com muito esforço se desdobraram para a formação e
manutenção dos elencos.
Neste
contexto, por sua visão empreendedora, bem além de seu tempo, há de se lembrar
e se reverenciar o grande presidente Fulvio Guidi, a quem cabe um capítulo
especial na história da “Mais Querida”, notadamente nos anos 50 e início da
década de 60.
E
também a Waldemar Lanzoni, o grande goleiro que depois, com muito zelo, manteve
equipes amadoras de alto nível, por muitos anos.
Um
dos seus jogadores mais famosos foi Lenílson, com passagens pelo América
Mineiro, Atlético Mineiro, São Paulo e Jaguares, do México. Além
dele, outros jogadores caíram nas graças dos torcedores da “Verdona”,
como o goleiro Waldemar Lanzoni, o folclórico atacante “Cambola”, o zagueiro “Tonho”,
Dênio, “Fusquilo”, “Biro Gomes” e “Tianinho”, entre outros.
Outro
jogador que também se destacou na história do único título da “Verdona”, foi o
goleiro Elton, que se consagrou na finalíssima contra o time da Ituiutabana, ao
defender duas cobranças na disputa de pênaltis.
Sem futebol profissional, vivendo apenas da saudade, a equipe da Associação Atlética Paraisense sagrou-se campeã do “Campeonato
Regional Quarentão”, organizado pela Liga Passense de Desportos (LPD).
A "Verdona" obteve o título após empatar em 4 X 4 no tempo normal e derrotar o
Oriente E.C., de Passos, nos pênaltis por 5 X 4. O jogador “Cambola”, meio
campista, camisa 10 da Paraisense foi o artilheiro da tarde ao marcar os quatro
gols da equipe local.
A
decisão do “Campeonato Quarentão” ocorreu no “Estádio Comendador João Alves”. A
competição tinha em disputa o “Troféu Reinaldo Correia da Silva”, o “Birigó”.
Um comentário:
Gostaríamos de saber qual era o mascote da Paraisense. Estamos elaborando uma pesquisa sobre o futebol e precisamos desta informação.
Agradecemos antecipadamente.
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