Segundo o dicionário “Aurélio”, a palavra torcer quer dizer “dobrar”, “vergar”, “entortar”. Mas é também, a maneira de simpatizar com um clube esportivo. Por quê? O que tem a ver uma coisa com a outra? Qual a razão? É claro que para tudo tem que haver uma resposta. Para descobrir a origem do termo, teremos que voltar ao passado distante.
O Fluminense F.C., fundado em 21 de julho de 1902, nasceu da elite carioca, sem dificuldades financeiras, bem diferente da maioria dos times da época. Seu fundador e primeiro presidente foi Oscar Cox, filho de família abastada, que recém retornara ao Brasil, depois de uma temporada de estudos na Suíça. O nome desejado era Rio Football, mas como já existia um time com esse nome ficou Fluminense.
O Estatuto do clube era preconceituoso. Fazia certas exigências para aceitar alguém como sócio. Era preciso passar por uma comissão de sindicância e não ter defeitos físicos, para evitar qualquer constrangimento ao meio social. O primeiro campo foi numa chácara no bairro de Laranjeiras, alugada do Banco da República com o aval da tradicional família Guinle. Um espaço grande, perfeito para a realização de jogos. Um luxo só. Havia até um jardineiro para cuidar do gramado e um burro que puxava, com luvas nas patas, a máquina de aparar a grama.
A nata da sociedade sempre foi Fluminense Football Club, desde a fundação, ocorrida num palacete na rua Marquês de Abrantes, pertencente a Horácio da Costa Santos. Nomes tradicionais das mais conceituadas e ilustres famílias do Rio de Janeiro, como Mário Rocha, Oscar Cox, Horácio da Costa Santos, Júlio de Moraes, Mário Rocha, Félix Frias, Walter Schuback, Mário Frias, Heráclito de Vasconcelos, João Carlos de Mello, Domingos Moitinho, Louis da Nóbrega Júnior, Arthur Gibbons, Virgílio Leite, Manoel Rios, Américo da Silva Couto, Eurico de Moraes, Victor Etchegaray, A. Mascarenhas, Álvaro Drolhe e A. Roberts estavam presentes na fundação do clube.
O primeiro uniforme do clube era muito bonito. As camisas nas tonalidades cinza e branco, metade de cada cor, os shorts brancos e as meias pretas. O escudo tinha as iniciais “F.F.C.” bordadas em vermelho. Já a bandeira era formada por dois triângulos escalenos, sendo um branco e outro cinza, com o escudo bordado na parte de cima, mais para o canto esquerdo, onde ficava a parte branca.
É claro que sendo o clube da sociedade carioca, a presença feminina nos jogos era uma constante. O escritor Coelho Neto, seguidor apaixonado do Fluminense, também era figura obrigatória nos gramados. Chegou até a compor um hino para o clube, mas que não fez sucesso. Seu filho, João Coelho Neto, conhecido como “Prego” e depois “Preguinho”, foi um dos mais importantes personagens da vida do tricolor, tendo sido destaque em oito modalidades esportivas. Ele, artilheiro histórico marcou o primeiro gol da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, em 1930, no Uruguai.
Pois foi esse importante personagem, o responsável pela criação do termo “torcida”, que hoje serve para designar quem simpatiza com este ou aquele clube. Observador atento, Coelho Neto notou que quando o time atacava ou era atacado, as mulheres que iam aos jogos, com seus vestidos rendados, num misto de ansiedade, calor e nervosismo, apertavam os corpetes, empunhando sombrinhas, galgando escarpins e torcendo as luvas e lenços encharcados de suor.
Em sua coluna no dia seguinte, Coelho Neto chamou essas mulheres de “torcedoras”. Pronto, estava criado o termo que agora é símbolo da paixão clubística. Em seguida ganhou similar masculino. Hoje, torcida é sinônimo de amor ao clube do coração. Sem o “torcedor”, o espetáculo perde o brilho e a razão. Nada é mais frustrante que um estádio vazio.
Serve, neste artigo, repetir o versinho de autoria de Ivan Ney, ex-atleta do Olimpic Foot-Ball Clube, de Porto Alegre, publicado em 1915 pela imprensa do Rio Grande do Sul.
"É elegante e é chic. É distincto, é de escol, rir nervosa, ter chilique, por causa do foot-ball. Vermelhinha, como encanta ouvir-lhe palmas a bater. É nossa alegria tanta que brilhamos sem querer".
Pena que esse começo elegante, onde “torcer” era coisa chique e o respeito era obrigação, tenha se perdido com o tempo. Nos dias de hoje é complicado ir ao estádio. O advento das chamadas torcidas uniformizadas ou organizadas é a meu ver o maior responsável por esse declínio. Quando Jaime de Carvalho criou em 1942, a “Charanga do Flamengo”, a intenção era a melhor possível, levar mais alegria aos campos de futebol, com uma banda que tocava durante os jogos.
E o que acontece hoje, principalmente nas grandes cidades? Meliantes, muitos deles envolvidos com o tráfico de drogas infiltram-se no seio das “organizadas”, provocando atos de violência. E o pior, com o aval de alguns dirigentes que fornecem ingressos e permitem até que esses torcedores dêem palpites em decisões importantes. Palmeiras e Corinthians são os “piores” exemplos disso.
Entre as torcidas mais violentas estão a corinthiana “Gaviões da Fiel”, a “Mancha Verde”, do Palmeiras, “Torcida Jovem do Flamengo”, que se auto denomina "Exército Rubro-Negro" e tem um tanque de guerra como símbolo. Essa torcida se divide em pelotões, ou seja, grupos espalhados em diversos pontos do Grande Rio. A “Força Jovem” do Vasco formou suas “Famílias”, buscando inspiração na velha máfia italiana. Existem outras, como: “Núcleos de Young Flu” (Fluminense), “Esquadrões da Jovem do Botafogo” e “Comandos da Raça Rubro-Negra” (Flamengo). No Rio Grande do Sul os torcedores do Grêmio criaram a “Alma Castelhana”, responsável por depredações em estádios e outras aberrações.
A violência das torcidas também chegou às cidades menores. Eu assisti, nestes mais de 50 anos de acompanhamento do futebol, cenas lamentáveis. Conto uma, apenas como ilustração. Depois de um clássico Bra-Pel (Brasil X Pelotas), torcedores enfurecidos, de ambos os lados, travaram uma verdadeira batalha campal, jogando pedras que seriam utilizadas no calçamento da rua frente o estádio. Foi um milagre ninguém ter saído ferido. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
terça-feira, 29 de julho de 2008
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Os clubes mais “ricos” do Brasil
A revista “Época” divulgou em uma de suas últimas edições um levantamento feito pela Casual Auditores, uma empresa que há quatro anos vem trabalhando na análise das finanças dos principais clubes brasileiros de futebol. O documento traz revelações interessantes mostrando que as questões referentes ao futebol já deixaram de ser restritas apenas ao campo de jogo. Vão muito além. A venda de jovens promessas, com idades cada vez menores é sério motivo de preocupação.
Agora mesmo, foi anunciada a venda do jovem Phillipe Coutinho, de 16 anos, do Vasco da Gama, para a Internazionale, de Milão, Itália, por 3,8 milhões de euros, aproximadamente R$ 9,5 milhões. O pagamento será feito em três parcelas: uma agora, uma em julho de 2009 e outra em julho de 2010. O contrato de venda foi assinado no dia 17 de junho de 2008 pelo jogador e pais do atleta, ainda na administração do ex-presidente Eurico Miranda.
Sem condições de competir financeiramente com os clubes da Europa e do Oriente Médio, e com os cofres “raspados”, a maioria dos clubes brasileiros encontra na venda de atletas uma válvula de escape para suas combalidas finanças. Ainda assim, alguns clubes, devido a más administrações não conseguem diminuir os déficits. Ao contrário, muitas vezes até conseguem a proeza de aumentá-los.
O trabalho também toca em questões estratégicas de planejamento, envolvendo estádios, marketing, gestão financeira e até mesmo escândalos de corrupção. O rombo deixado pela administração Dualib, no Corinthians Paulista, por exemplo, foi de R$ 95,7 milhões, segundo demonstrativo realizado pela atual diretoria, comandada pelo presidente Andrés Sanches, eleito em outubro do ano passado, para um mandato que vai até fevereiro de 2009. O demonstrativo da dívida é referente ao período de 1º de janeiro a 9 de outubro de 2007.
O estudo da “Casual” tomou como base os resultados dos 21 clubes mais ricos do Brasil. Um dos diretores da empresa, Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão de clubes foi bem claro ao dar o recado aos dirigentes dessas instituições esportivas: “É preciso desvincular o desempenho esportivo do econômico. Se não mudarem essa postura, criando estratégias de marketing bem estruturadas, chegarão ao final das temporadas esportivas sempre contabilizando altos índices de déficit".
A empresa de consultoria aponta algumas medidas que os clubes devem tomar para frear o déficit crescente. Entre elas, o aumento das fontes de receita, através do fortalecimento das relações entre clubes e torcedores, com a criação de mecanismos como cartões de fidelidade, desenvolvimento constante de novos produtos, planos de sócios, comercialização de carnês para temporadas e inserção da marca do time em áreas ainda pouco exploradas. Fora isso, redução de custos e despesas, com a promoção de administração eficiente e corte em gastos com futebol e administrativos. Ou seja, gestões enxutas, eficazes e eficientes e atreladas a plantéis baratos e competitivos.
Segundo dados levantados pela empresa, juntos, os 21 clubes têm potencial de aumentar o faturamento em pelo menos R$ 900 milhões. Um terço desse valor teria origem no melhor aproveitamento do espaço dos estádios – que vai além das receitas obtidas com os jogos de futebol. Outros R$ 350 milhões viriam de patrocinadores, produtos, royalties, serviços e venda de imagem.
Reproduzo abaixo a matéria divulgada pela revista Época, na íntegra.
Segundo o levantamento divulgado pela Casual Consultoria, São Paulo, Internacional e Corinthians foram os clubes com maiores receitas em 2007. Apenas seis entidades tiveram superávit acumulado entre os exercícios de 2006 e 2007.
Em todo início de Campeonato Brasileiro, os clubes de futebol do país sofrem com desfalques causados pela venda de alguns dos principais atletas. Os técnicos reclamam, os torcedores protestam e a imprensa critica, mas nada muda. Um levantamento da Casual Auditores sobre as finanças dos clubes mostrou que o processo tem uma explicação simples. Essa é a única forma de os clubes de futebol continuarem em atividade.
O levantamento mostrou que, dos 21 clubes analisados, apenas cinco tiveram superávits acumulados entre os exercícios de 2006 e 2007. O campeão foi o Atlético (PR), com R$ 37,7 milhões, enquanto o segundo colocado, o Juventude, teve lucro de R$ 9,7 milhões, graças à venda do Centro de Treinamento do clube, em Caxias do Sul (RS). Os outros que tiveram superávits foram o Santos (SP), (R$ 7,4 milhões), o São Paulo (R$ 5,1 milhões) e o Barueri (SP), (R$ 2 milhões).
Os maiores déficits são do Flamengo (RJ), (R$ 242,4 milhões), do Atlético (MG), (R$ 214,3 milhões) e do Botafogo (RJ), (R$ 209, 7 milhões). De acordo com Carlos Aragaki, sócio da empresa de auditoria, os déficits dos clubes aparecem maiores na lista deste ano porque, ao aderir à Timemania, eles foram obrigados a incluir no balanço dívidas que antes eram escondidas. A Timemania é uma loteria que usa os escudos dos times em troca do abatimento a longo prazo da dívida dos clubes com o Estado.
O levantamento mostra ainda que São Paulo, Internacional (RS) e Corinthians (SP), foram, pelo segundo ano consecutivo, os clubes com maiores receitas. Em 2007, o São Paulo teve receitas de R$ 190 milhões, sendo a maior parte por conta de negociações de jogadores. O clube também foi o que gerou mais receita com seu estádio, R$ 5,1 milhões.
O Internacional, que ganhou R$ 20,1 milhões com seu programa de associados, o maior do país, teve receita de R$ 155,8 milhões, enquanto o Corinthians ganhou R$ 134,6 milhões. O quarto lugar foi do Grêmio (RS), que entre 2006 e 2007 teve aumento de 88% em suas receitas de bilheteria e faturou R$ 18,5 milhões com os pagamentos dos sócios, passando do 11º lugar para o 4º lugar no total de receitas. O Palmeiras, que havia ficado em quarto lugar no total de receitas em 2006, caiu para o sexto lugar, sendo ultrapassado também pelo Flamengo.
Se levados em conta apenas os valores de 2007, o Internacional é o clube mais lucrativo do país. No último exercício fiscal, o clube gaúcho teve superávit de R$ 18,9 milhões, seguido pelos rivais Grêmio (R$ 14,6 milhões) e Juventude (R$ 10,5 milhões). Os outros três clubes com superávit no período foram o São Paulo (R$ 3,8 milhões), Barueri (R$ 2 milhões) e o Atlético Paranaense (R$ 1,6 milhão).
Confira a lista dos clubes de acordo com a receita total e o superávit acumulado entre 2006 e 2007:
Receita total Superávit/déficit acumulado
São Paulo 190.081 5.138
Internacional 155.881 -32.789
Corinthians 134.627 -62.481
Grêmio 109.031 -78.961
Flamengo 89.499 -242.402
Palmeiras 86.290 -24.189
Cruzeiro 77.650 -3.993
Juventude 62.147 9.700
Atlético-MG 58.326 -214.377
Atlético-PR 54.091 37.733
Santos 53.102 7.421
Vasco 51.079 -31.956
Botafogo 41.160 -209.698
Fluminense 39.335 -165.860
Paraná 24.910 -4.964
São Caetano 23.252 -996
Barueri 21.004 2.009
Náutico 19.561 -34.839
Figueirense 18.981 -2.875
Coritiba 14.916 -25.864
Vitória 11.215 -88.558
Fonte: Revista Época
Apenas como complemento, publico a lista dos clubes mais ricos do mundo, de acordo com matéria divulgada em março deste ano pela revista norte-americana “Forbes”.
O Manchester United (Inglaterra) encabeça a relação com um patrimônio de US$ 1,453 bilhão, seguido do Real Madrid (Espanha), com US$ 1,036 bilhão. O terceiro é o Arsenal (Inglaterra), com US$ 915 milhões. Seguem, na ordem: Bayern de Munique (Alemanha) US$ 838; Milan (Itália) US$ 824; Juventus (Itália) US$ 567; Internazionale, de Milão (Itália) US$ 555; Chelsea (Inglaterra) US$ 537; Barcelona (Espanha) US$ 535 e Schalke 04 (Alemanha) US$ 471. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Agora mesmo, foi anunciada a venda do jovem Phillipe Coutinho, de 16 anos, do Vasco da Gama, para a Internazionale, de Milão, Itália, por 3,8 milhões de euros, aproximadamente R$ 9,5 milhões. O pagamento será feito em três parcelas: uma agora, uma em julho de 2009 e outra em julho de 2010. O contrato de venda foi assinado no dia 17 de junho de 2008 pelo jogador e pais do atleta, ainda na administração do ex-presidente Eurico Miranda.
Sem condições de competir financeiramente com os clubes da Europa e do Oriente Médio, e com os cofres “raspados”, a maioria dos clubes brasileiros encontra na venda de atletas uma válvula de escape para suas combalidas finanças. Ainda assim, alguns clubes, devido a más administrações não conseguem diminuir os déficits. Ao contrário, muitas vezes até conseguem a proeza de aumentá-los.
O trabalho também toca em questões estratégicas de planejamento, envolvendo estádios, marketing, gestão financeira e até mesmo escândalos de corrupção. O rombo deixado pela administração Dualib, no Corinthians Paulista, por exemplo, foi de R$ 95,7 milhões, segundo demonstrativo realizado pela atual diretoria, comandada pelo presidente Andrés Sanches, eleito em outubro do ano passado, para um mandato que vai até fevereiro de 2009. O demonstrativo da dívida é referente ao período de 1º de janeiro a 9 de outubro de 2007.
O estudo da “Casual” tomou como base os resultados dos 21 clubes mais ricos do Brasil. Um dos diretores da empresa, Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão de clubes foi bem claro ao dar o recado aos dirigentes dessas instituições esportivas: “É preciso desvincular o desempenho esportivo do econômico. Se não mudarem essa postura, criando estratégias de marketing bem estruturadas, chegarão ao final das temporadas esportivas sempre contabilizando altos índices de déficit".
A empresa de consultoria aponta algumas medidas que os clubes devem tomar para frear o déficit crescente. Entre elas, o aumento das fontes de receita, através do fortalecimento das relações entre clubes e torcedores, com a criação de mecanismos como cartões de fidelidade, desenvolvimento constante de novos produtos, planos de sócios, comercialização de carnês para temporadas e inserção da marca do time em áreas ainda pouco exploradas. Fora isso, redução de custos e despesas, com a promoção de administração eficiente e corte em gastos com futebol e administrativos. Ou seja, gestões enxutas, eficazes e eficientes e atreladas a plantéis baratos e competitivos.
Segundo dados levantados pela empresa, juntos, os 21 clubes têm potencial de aumentar o faturamento em pelo menos R$ 900 milhões. Um terço desse valor teria origem no melhor aproveitamento do espaço dos estádios – que vai além das receitas obtidas com os jogos de futebol. Outros R$ 350 milhões viriam de patrocinadores, produtos, royalties, serviços e venda de imagem.
Reproduzo abaixo a matéria divulgada pela revista Época, na íntegra.
Segundo o levantamento divulgado pela Casual Consultoria, São Paulo, Internacional e Corinthians foram os clubes com maiores receitas em 2007. Apenas seis entidades tiveram superávit acumulado entre os exercícios de 2006 e 2007.
Em todo início de Campeonato Brasileiro, os clubes de futebol do país sofrem com desfalques causados pela venda de alguns dos principais atletas. Os técnicos reclamam, os torcedores protestam e a imprensa critica, mas nada muda. Um levantamento da Casual Auditores sobre as finanças dos clubes mostrou que o processo tem uma explicação simples. Essa é a única forma de os clubes de futebol continuarem em atividade.
O levantamento mostrou que, dos 21 clubes analisados, apenas cinco tiveram superávits acumulados entre os exercícios de 2006 e 2007. O campeão foi o Atlético (PR), com R$ 37,7 milhões, enquanto o segundo colocado, o Juventude, teve lucro de R$ 9,7 milhões, graças à venda do Centro de Treinamento do clube, em Caxias do Sul (RS). Os outros que tiveram superávits foram o Santos (SP), (R$ 7,4 milhões), o São Paulo (R$ 5,1 milhões) e o Barueri (SP), (R$ 2 milhões).
Os maiores déficits são do Flamengo (RJ), (R$ 242,4 milhões), do Atlético (MG), (R$ 214,3 milhões) e do Botafogo (RJ), (R$ 209, 7 milhões). De acordo com Carlos Aragaki, sócio da empresa de auditoria, os déficits dos clubes aparecem maiores na lista deste ano porque, ao aderir à Timemania, eles foram obrigados a incluir no balanço dívidas que antes eram escondidas. A Timemania é uma loteria que usa os escudos dos times em troca do abatimento a longo prazo da dívida dos clubes com o Estado.
O levantamento mostra ainda que São Paulo, Internacional (RS) e Corinthians (SP), foram, pelo segundo ano consecutivo, os clubes com maiores receitas. Em 2007, o São Paulo teve receitas de R$ 190 milhões, sendo a maior parte por conta de negociações de jogadores. O clube também foi o que gerou mais receita com seu estádio, R$ 5,1 milhões.
O Internacional, que ganhou R$ 20,1 milhões com seu programa de associados, o maior do país, teve receita de R$ 155,8 milhões, enquanto o Corinthians ganhou R$ 134,6 milhões. O quarto lugar foi do Grêmio (RS), que entre 2006 e 2007 teve aumento de 88% em suas receitas de bilheteria e faturou R$ 18,5 milhões com os pagamentos dos sócios, passando do 11º lugar para o 4º lugar no total de receitas. O Palmeiras, que havia ficado em quarto lugar no total de receitas em 2006, caiu para o sexto lugar, sendo ultrapassado também pelo Flamengo.
Se levados em conta apenas os valores de 2007, o Internacional é o clube mais lucrativo do país. No último exercício fiscal, o clube gaúcho teve superávit de R$ 18,9 milhões, seguido pelos rivais Grêmio (R$ 14,6 milhões) e Juventude (R$ 10,5 milhões). Os outros três clubes com superávit no período foram o São Paulo (R$ 3,8 milhões), Barueri (R$ 2 milhões) e o Atlético Paranaense (R$ 1,6 milhão).
Confira a lista dos clubes de acordo com a receita total e o superávit acumulado entre 2006 e 2007:
Receita total Superávit/déficit acumulado
São Paulo 190.081 5.138
Internacional 155.881 -32.789
Corinthians 134.627 -62.481
Grêmio 109.031 -78.961
Flamengo 89.499 -242.402
Palmeiras 86.290 -24.189
Cruzeiro 77.650 -3.993
Juventude 62.147 9.700
Atlético-MG 58.326 -214.377
Atlético-PR 54.091 37.733
Santos 53.102 7.421
Vasco 51.079 -31.956
Botafogo 41.160 -209.698
Fluminense 39.335 -165.860
Paraná 24.910 -4.964
São Caetano 23.252 -996
Barueri 21.004 2.009
Náutico 19.561 -34.839
Figueirense 18.981 -2.875
Coritiba 14.916 -25.864
Vitória 11.215 -88.558
Fonte: Revista Época
Apenas como complemento, publico a lista dos clubes mais ricos do mundo, de acordo com matéria divulgada em março deste ano pela revista norte-americana “Forbes”.
O Manchester United (Inglaterra) encabeça a relação com um patrimônio de US$ 1,453 bilhão, seguido do Real Madrid (Espanha), com US$ 1,036 bilhão. O terceiro é o Arsenal (Inglaterra), com US$ 915 milhões. Seguem, na ordem: Bayern de Munique (Alemanha) US$ 838; Milan (Itália) US$ 824; Juventus (Itália) US$ 567; Internazionale, de Milão (Itália) US$ 555; Chelsea (Inglaterra) US$ 537; Barcelona (Espanha) US$ 535 e Schalke 04 (Alemanha) US$ 471. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
sábado, 19 de julho de 2008
Vovô em festa
Hoje é o "Dia do Futebol". Isso mesmo, 19 de julho, dia para comemorar o surgimento do Sport Club Rio Grande, o vovô do futebol brasileiro, que nasceu em 1900 através do jovem Arthur Cecil Lawson que retornara de seus estudos na Inglaterra e trazia consigo o gosto pelo futebol. Seu desejo era implantar o novo esporte na sua terra.
Tendo como aliado o amigo de infância Henrique Buhie, começou a projetar o seu sonho. Logo percebeu que para fundar um clube de futebol teria que contar com o apoio da vasta colônia alemã residente em Rio Grande. Porém, havia um impecilho: os alemães jamais aceitariam participar de um clube fundado por um suposto inglês, como Arthut Lawson.
Com a entrada em cena do alemão Johannes Chistian Moritz Minnemam, respeitável e influente membro da sociedade, o obstáculo foi removido. Seduzido pela idéia, no primeiro contato de Arthur Lawson e Henrique Buhie, Johannes prontamente reuniu alemães, portugueses, ingleses e brasileiros, com a finalidade de fundar um clube de futebol. Mesmo tendo enorme dificuldade em se expressar em português, teve relevante papel na fundação do Sport Club Rio Grande. Foi uma espécie de faz tudo: fundador, orador, secretário, guarda esportes, atleta e ainda auxiliou na redação dos documentos iniciais, no mais puro alemão, razão pela qual os registros da fundação do clube foram escritos nesse idioma.
A primeira reunião do nascente clube foi realizada no dia 14 de julho de 1900, tendo como local a Casa dos Atiradores, também denominada de Tiro Alemão. Naquela noite, divergências, não-superadas, impediram a lavratura da ata da fundação. O projeto teve que ser adiado para outra reunião marcada para 17 de julho, data em que Johannes festejaria 25 anos, no Clube Germânia, hoje Sociedade Germânia, na época uma instituição fechada, fundada em 1863, privativa da alta sociedade alemã. Com o protesto de um associado que não concordava com a abertura da sede para representantes de outras raças, o novo impasse foi solucionado com um novo adiamento. Finalmente, no dia 19 de julho de 1900, foi fundado o Sport Club Rio Grande.
Em 1903, o Sport Club Rio Grande excursionou pela primeira vez à Capital do Estado e, no dia 7 de julho, num campo improvisado no atual Parque Farroupilha, o povo porto-alegrense assistiu à primeira exibição do futebol, que terminou empatado. Em 1904, o Rio Grande adquiriu o seu campo no Boulevard Buarque de Macedo. Em 1906, o Rio Grande excursionou pela primeira vez a Pelotas, a fim de realizar uma partida intermunicipal. O seu adversário foi o S.C. Internacional. O time do Rio Grande venceu a partida por 6 x 0.
Ainda em 1906, o Rio Grande esteve novamente na capital gaúcha. O vapor "Vênus" foi aguardado em Porto Alegre por uma verdadeira multidão. Na primeira partida, contra o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, os rio-grandinos venceram por 3 X 1. No segundo compromisso na Capital, contra o Fussball Porto Alegre, registrou um empate em 3 X 3.
Em setembro de 1922, o Rio Grande conquistou na Capital do Estado a rica taça denominada "Centenário da Independência", instituída pelo governo do Estado. Este troféu foi disputado entre os seguintes clubes: Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Rui Barbosa, Fussball Porto Alegre e o Sport Club Rio Grande.
Em 1936, o S.C. Rio Grande levantou o título de Campeão Estadual de Futebol do Rio Grande do Sul. O título veio em melhor de duas partidas contra o Internacional. (Por: Fábio Dutra e José Finkler - Jornal Agora Rio Grande/RS)
Tendo como aliado o amigo de infância Henrique Buhie, começou a projetar o seu sonho. Logo percebeu que para fundar um clube de futebol teria que contar com o apoio da vasta colônia alemã residente em Rio Grande. Porém, havia um impecilho: os alemães jamais aceitariam participar de um clube fundado por um suposto inglês, como Arthut Lawson.
Com a entrada em cena do alemão Johannes Chistian Moritz Minnemam, respeitável e influente membro da sociedade, o obstáculo foi removido. Seduzido pela idéia, no primeiro contato de Arthur Lawson e Henrique Buhie, Johannes prontamente reuniu alemães, portugueses, ingleses e brasileiros, com a finalidade de fundar um clube de futebol. Mesmo tendo enorme dificuldade em se expressar em português, teve relevante papel na fundação do Sport Club Rio Grande. Foi uma espécie de faz tudo: fundador, orador, secretário, guarda esportes, atleta e ainda auxiliou na redação dos documentos iniciais, no mais puro alemão, razão pela qual os registros da fundação do clube foram escritos nesse idioma.
A primeira reunião do nascente clube foi realizada no dia 14 de julho de 1900, tendo como local a Casa dos Atiradores, também denominada de Tiro Alemão. Naquela noite, divergências, não-superadas, impediram a lavratura da ata da fundação. O projeto teve que ser adiado para outra reunião marcada para 17 de julho, data em que Johannes festejaria 25 anos, no Clube Germânia, hoje Sociedade Germânia, na época uma instituição fechada, fundada em 1863, privativa da alta sociedade alemã. Com o protesto de um associado que não concordava com a abertura da sede para representantes de outras raças, o novo impasse foi solucionado com um novo adiamento. Finalmente, no dia 19 de julho de 1900, foi fundado o Sport Club Rio Grande.
Em 1903, o Sport Club Rio Grande excursionou pela primeira vez à Capital do Estado e, no dia 7 de julho, num campo improvisado no atual Parque Farroupilha, o povo porto-alegrense assistiu à primeira exibição do futebol, que terminou empatado. Em 1904, o Rio Grande adquiriu o seu campo no Boulevard Buarque de Macedo. Em 1906, o Rio Grande excursionou pela primeira vez a Pelotas, a fim de realizar uma partida intermunicipal. O seu adversário foi o S.C. Internacional. O time do Rio Grande venceu a partida por 6 x 0.
Ainda em 1906, o Rio Grande esteve novamente na capital gaúcha. O vapor "Vênus" foi aguardado em Porto Alegre por uma verdadeira multidão. Na primeira partida, contra o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, os rio-grandinos venceram por 3 X 1. No segundo compromisso na Capital, contra o Fussball Porto Alegre, registrou um empate em 3 X 3.
Em setembro de 1922, o Rio Grande conquistou na Capital do Estado a rica taça denominada "Centenário da Independência", instituída pelo governo do Estado. Este troféu foi disputado entre os seguintes clubes: Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Rui Barbosa, Fussball Porto Alegre e o Sport Club Rio Grande.
Em 1936, o S.C. Rio Grande levantou o título de Campeão Estadual de Futebol do Rio Grande do Sul. O título veio em melhor de duas partidas contra o Internacional. (Por: Fábio Dutra e José Finkler - Jornal Agora Rio Grande/RS)
sexta-feira, 18 de julho de 2008
O show não pode parar
“O show tem que continuar”. Com essa frase otimista o site oficial do A.C. Milan, da Itália, anunciou a contratação do jogador brasileiro Ronaldo de Assis Moreira, o “Ronaldinho Gaúcho”, por 18,5 milhões de euros, segundo o jornal romano “La Gazetta dello Sport”. O Barcelona, da Espanha, a quem o craque pertencia receberá também mais alguns bônus que serão pagos de acordo com o desempenho do jogador na equipe do Milan nas próximas três temporadas (duração do contrato) - acerto similar àquele feito para a contratação de Ronaldo “Fenômeno”, no ano passado. Para jogar na Itália, Ronaldinho receberá 6,5 milhões de euros por ano.
O Barcelona poderia ter lucrado mais com a venda do jogador. O Manchester City, clube da Inglaterra havia oferecido 32 milhões de euros para contar com o craque brasileiro, mas este não mostrou interesse em atuar no futebol inglês, o que inviabilizou o negócio.
O Milan, que este ano não teve uma boa participação nas competições que disputou, está reformulando seu grupo de jogadores. Além de “Ronaldinho Gaúcho” foram contratados Mathieu FLAMINI, meio-campista, nascido em 7 Março de 1984, vindo do Arsenal da Inglaterra; Gianluca ZAMBROTTA, zagueiro, nascido em 19 de Fevereiro de 1977, que veio do Barcelona da Espanha; Marco BORRIELLO, atacante, nascido em 18 de Junho 1982, oriundo do Genoa da Itália e Christian ABBIATI, goleiro, nascido em 8 de Julho 1977, que pertencia ao Atlético Madrid da Espanha.
E saíram do Milan Alberto GILARDINO, atacante, cedido à Fiorentina da Itália; Yoann GOURCUFF, meio-campista, emprestado ao Bordeaux da França; CAFU, lateral que terminou o contrato; RONALDO, atacante, também com o contrato encerrado; SERGINHO, meio-campista e Valerio FIORI, goleiro, que encerraram as atividades.
“Ronaldinho Gaúcho”, 1,82 m de altura, a principal contratação milanesa, nasceu em Porto Alegre, no dia 21 de março de 1980. Oriundo de família pobre, da periferia da capital gaúcha, desde tenra idade mostrou aptidão para o futebol, destacando-se nas “peladas” no bairro onde morava e em jogos de futebol de salão. Sua fama não tardou a chegar ao Grêmio, um dos grandes times do Rio Grande do Sul, e com apenas sete anos já era um dos principais astros da escolinha de futebol tricolor.
Aos oito anos seu pai faleceu, e a partir daí recebeu apoio da mãe, irmã e de seu irmão mais velho, Roberto Assis como figura paterna. O primeiro treinador na carreira profissional de Ronaldinho no Grêmio, em 1997, foi Celso Roth, hoje novamente no tricolor. Ele foi chamado para o elenco principal, depois de ter se destacado na conquista do título da categoria sub-17. Mas foi somente no ano seguinte, 1998, 11 anos depois de ter chegado ao Estádio Olímpico, que Ronaldinho fez sua primeira aparição na equipe titular, num jogo pela Copa Libertadores da América.
Um ano depois, em 1999, Ronaldinho fez o gol do título de campeão gaúcho para o Grêmio contra o Internacional, num jogo em que deu dribles maliciosos sobre o tetracampeão Dunga. Sua atuação nessa final regional foi decisiva para que o então técnico Vanderlei Luxemburgo o convocasse para a Seleção Brasileira.
A estréia na seleção brasileira aconteceu num jogo contra a Letônia, em 26 de junho de 1999. Mas foi no seu segundo jogo com a camisa canarinho, em 30 de junho de 1999, que Ronaldinho encantou os torcedores brasileiros e deixou o anonimato ao marcar o quinto gol, na goleada de 7 x 0 sobre a Venezuela e seu primeiro pela seleção principal. Ele deu um “chapéu” no zagueiro e em seguida chutou cruzado.
Em 2001, com apenas 20 anos de idade, depois de uma verdadeira batalha judicial conseguiu a liberação do Grêmio, clube que o revelou, e por quem jogou 141 partidas e fez 68 gols. Com base em uma lacuna na recém aprovada “Lei Pelé”, se transferiu para o Paris Saint-Germain (PSG), da França. Seu irmão, o ex-jogador do próprio Grêmio, Roberto Assis, foi fundamental na conturbada negociação. O Grêmio queria receber R$ 40 milhões, enquanto o clube francês insistia em não pagar nada. A questão só teve solução depois que a FIFA estipulou em R$ 5 milhões o valor a ser pago ao clube gaúcho.
A partir daí, “Ronaldinho Gaúcho” passou a ser visto como “persona non grata” ao Grêmio. No período sem jogar, ele foi poucas vezes a Porto Alegre com medo da reação dos torcedores. Porém, para não perder a forma, treinava no campo do Esporte Clube São José, tradicional clube da Zona Norte da capital gaúcha.
Em contrapartida o menino Diego, filho de Assis, deixou o Grêmio em 2006 e hoje joga nas divisões de base do Internacional. Ronaldinho considera seu sobrinho o verdadeiro craque da família. E os torcedores colorados riem a toa com essa verdadeira possibilidade.
No Paris Saint-Germain, Ronaldinho não chegou a justificar a fama que levou a sua contratação e teve problemas com o treinador Luis Fernandez. O jogador foi acusado de freqüentar em demasia a vida noturna parisiense, o que teria interferido no seu desempenho dentro de campo. Por isso, foi durante mais de três meses reserva do nigeriano Okocha. Somente no final da temporada conseguiu ser titular.
Com a ascensão de Luiz Felipe Scolari a direção técnica da seleção, Ronaldinho foi convocado para as partidas finais das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2002, sendo apontado pela imprensa esportiva como a maior esperança do penta. E não deu outra. Em sete jogos e sete vitórias, o Brasil ganhou pela quinta vez o título mundial. Ronaldinho, que só não jogou a semifinal contra a Turquia, pois foi expulso no jogo anterior contra a Inglaterra, fez três gols e duas assistências geniais. Foi um dos três “erres” que encheram os olhos dos torcedores de todo o mundo. Os outros foram Ronaldo e Rivaldo. Em 2003, Ronaldinho deixou o PSG, sendo vendido para o Barcelona por 27 milhões de euros, onde ficou durante cinco temporadas, até ser contratado pelo Milan, na última terça-feira.
No clube espanhol teve um desempenho magnífico, sendo comparado aos grandes astros do futebol mundial em todos os tempos, como Pelé e o argentino Maradona. Em 2004 e 2005 foi eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo. Também conquistou em 2005 a “Bola de Ouro” (melhor jogador europeu), da revista esportiva francesa “France Footbal”. Ainda em 2005 foi campeão espanhol, acabando com um jejum de seis temporadas sem conquistas dos catalães e levantando o seu primeiro troféu em um clube fora do Brasil, além de marcar 15 gols. Em 2006 foi a principal figura do Barcelona, que ganhou a “Champions League”, pela segunda vez na história.
Na Copa do Mundo de 2006 o craque não teve o mesmo brilho de 2002 e a exemplo dos demais jogadores foi alvo da desilusão dos torcedores. Tanto é verdade que uma estátua de Ronaldinho com 7,25 metros de altura, construída pela artista plástica Kattielly Lanzini especialmente para a Copa, e que estava instalada na Avenida Getúlio Vargas, na cidade de Chapecó, em Santa Catarina, chegou a ser incendiada, um dia após a eliminação da Seleção Brasileira pela França. A obra custou R$ 5,5 mil e a artista pretendia vendê-la por R$ 7 mil.
O “dentuço” craque criou algumas verdadeiras “marcas registradas”, que hoje são imitadas pelo mundo todo, como jogar usando uma faixa na cabeça, para segurar os longos cabelos. Apesar de todo o sucesso conquistado Ronaldinho, que morava em uma mansão ao sul de Barcelona, de frente para o mar Mediterrâneo, se mantém humilde e atencioso, com jeito de garotão, ao contrário de outros jogadores famosos, mas sem a mesma classe e habilidade.
Como toda a celebridade, Ronaldinho sofre o assédio da imprensa internacional, que vasculha até sua vida amorosa. Ele assumiu a paternidade de um garoto chamado João, fruto de relacionamento com a ex-dançarina do programa “Domingão do Faustão”, Janaína Nattiele Viana Mendes. O agora jogador do Milan espera que o filho também siga a carreira futebolística.
Os torcedores brasileiros vão ter a oportunidade de ver se Ronaldinho está mesmo recuperado para o futebol. O Milan, seu novo clube concordou que ele jogue as Olimpíadas de Pequim pela seleção brasileira. O jogador foi convocado pelo técnico Dunga justamente na vaga de Kaká, que não foi autorizado a viajar a China, pelo clube italiano.
O craque gaúcho recebeu muitos prêmios: Revelação do ano no Campeonato Gaúcho (1999); Melhor jogador da Copa das Confederações (1999); Bola de Prata (2000); Melhor atacante da Liga dos Campeões (2004/2005); Melhor jogador do mundo pela FIFA (2004/2005); Jogador do Ano da revista “World Soccer” (2004/2005); Bola de Ouro da revista “France Football” (2005); Melhor jogador da Liga dos Campeões (2005/2006); Artilheiro da Copa das Confederações (1999, com 6 gols); Artilheiro do Campeonato Gaúcho (1999, com 15 gols) e Artilheiro do Torneio Pré-Olímpico (2000, com 9 gols).
Ronaldinho conquistou estes títulos: Campeão Gaúcho de 1999 (Grêmio); Copa Intertoto 2000 (PSG); Campeão espanhol em 2004/2005 e 2005/2006 (Barcelona); Supercopa da Espanha 2005/2006 (Barcelona); Liga dos Campeões da UEFA 2006 (Barcelona). E pela seleção brasileira, Copa América de 1999, Copa do Mundo de 2002 e Copa das Confederações em 2005.
Algumas curiosidades sobre Ronaldinho: se não fosse jogador de futebol, gostaria de ser pagodeiro. Afirma que grande parte das "firulas" que inventa são baseadas em vídeos do ídolo argentino Maradona, de quem é grande admirador. O astro do futebol mundial construiu o “Instituto Ronaldinho Gaúcho” em Porto Alegre para ajudar crianças carentes. E em 2006, ganhou um personagem com seu nome na revista “Turma da Mônica”. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
O Barcelona poderia ter lucrado mais com a venda do jogador. O Manchester City, clube da Inglaterra havia oferecido 32 milhões de euros para contar com o craque brasileiro, mas este não mostrou interesse em atuar no futebol inglês, o que inviabilizou o negócio.
O Milan, que este ano não teve uma boa participação nas competições que disputou, está reformulando seu grupo de jogadores. Além de “Ronaldinho Gaúcho” foram contratados Mathieu FLAMINI, meio-campista, nascido em 7 Março de 1984, vindo do Arsenal da Inglaterra; Gianluca ZAMBROTTA, zagueiro, nascido em 19 de Fevereiro de 1977, que veio do Barcelona da Espanha; Marco BORRIELLO, atacante, nascido em 18 de Junho 1982, oriundo do Genoa da Itália e Christian ABBIATI, goleiro, nascido em 8 de Julho 1977, que pertencia ao Atlético Madrid da Espanha.
E saíram do Milan Alberto GILARDINO, atacante, cedido à Fiorentina da Itália; Yoann GOURCUFF, meio-campista, emprestado ao Bordeaux da França; CAFU, lateral que terminou o contrato; RONALDO, atacante, também com o contrato encerrado; SERGINHO, meio-campista e Valerio FIORI, goleiro, que encerraram as atividades.
“Ronaldinho Gaúcho”, 1,82 m de altura, a principal contratação milanesa, nasceu em Porto Alegre, no dia 21 de março de 1980. Oriundo de família pobre, da periferia da capital gaúcha, desde tenra idade mostrou aptidão para o futebol, destacando-se nas “peladas” no bairro onde morava e em jogos de futebol de salão. Sua fama não tardou a chegar ao Grêmio, um dos grandes times do Rio Grande do Sul, e com apenas sete anos já era um dos principais astros da escolinha de futebol tricolor.
Aos oito anos seu pai faleceu, e a partir daí recebeu apoio da mãe, irmã e de seu irmão mais velho, Roberto Assis como figura paterna. O primeiro treinador na carreira profissional de Ronaldinho no Grêmio, em 1997, foi Celso Roth, hoje novamente no tricolor. Ele foi chamado para o elenco principal, depois de ter se destacado na conquista do título da categoria sub-17. Mas foi somente no ano seguinte, 1998, 11 anos depois de ter chegado ao Estádio Olímpico, que Ronaldinho fez sua primeira aparição na equipe titular, num jogo pela Copa Libertadores da América.
Um ano depois, em 1999, Ronaldinho fez o gol do título de campeão gaúcho para o Grêmio contra o Internacional, num jogo em que deu dribles maliciosos sobre o tetracampeão Dunga. Sua atuação nessa final regional foi decisiva para que o então técnico Vanderlei Luxemburgo o convocasse para a Seleção Brasileira.
A estréia na seleção brasileira aconteceu num jogo contra a Letônia, em 26 de junho de 1999. Mas foi no seu segundo jogo com a camisa canarinho, em 30 de junho de 1999, que Ronaldinho encantou os torcedores brasileiros e deixou o anonimato ao marcar o quinto gol, na goleada de 7 x 0 sobre a Venezuela e seu primeiro pela seleção principal. Ele deu um “chapéu” no zagueiro e em seguida chutou cruzado.
Em 2001, com apenas 20 anos de idade, depois de uma verdadeira batalha judicial conseguiu a liberação do Grêmio, clube que o revelou, e por quem jogou 141 partidas e fez 68 gols. Com base em uma lacuna na recém aprovada “Lei Pelé”, se transferiu para o Paris Saint-Germain (PSG), da França. Seu irmão, o ex-jogador do próprio Grêmio, Roberto Assis, foi fundamental na conturbada negociação. O Grêmio queria receber R$ 40 milhões, enquanto o clube francês insistia em não pagar nada. A questão só teve solução depois que a FIFA estipulou em R$ 5 milhões o valor a ser pago ao clube gaúcho.
A partir daí, “Ronaldinho Gaúcho” passou a ser visto como “persona non grata” ao Grêmio. No período sem jogar, ele foi poucas vezes a Porto Alegre com medo da reação dos torcedores. Porém, para não perder a forma, treinava no campo do Esporte Clube São José, tradicional clube da Zona Norte da capital gaúcha.
Em contrapartida o menino Diego, filho de Assis, deixou o Grêmio em 2006 e hoje joga nas divisões de base do Internacional. Ronaldinho considera seu sobrinho o verdadeiro craque da família. E os torcedores colorados riem a toa com essa verdadeira possibilidade.
No Paris Saint-Germain, Ronaldinho não chegou a justificar a fama que levou a sua contratação e teve problemas com o treinador Luis Fernandez. O jogador foi acusado de freqüentar em demasia a vida noturna parisiense, o que teria interferido no seu desempenho dentro de campo. Por isso, foi durante mais de três meses reserva do nigeriano Okocha. Somente no final da temporada conseguiu ser titular.
Com a ascensão de Luiz Felipe Scolari a direção técnica da seleção, Ronaldinho foi convocado para as partidas finais das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2002, sendo apontado pela imprensa esportiva como a maior esperança do penta. E não deu outra. Em sete jogos e sete vitórias, o Brasil ganhou pela quinta vez o título mundial. Ronaldinho, que só não jogou a semifinal contra a Turquia, pois foi expulso no jogo anterior contra a Inglaterra, fez três gols e duas assistências geniais. Foi um dos três “erres” que encheram os olhos dos torcedores de todo o mundo. Os outros foram Ronaldo e Rivaldo. Em 2003, Ronaldinho deixou o PSG, sendo vendido para o Barcelona por 27 milhões de euros, onde ficou durante cinco temporadas, até ser contratado pelo Milan, na última terça-feira.
No clube espanhol teve um desempenho magnífico, sendo comparado aos grandes astros do futebol mundial em todos os tempos, como Pelé e o argentino Maradona. Em 2004 e 2005 foi eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo. Também conquistou em 2005 a “Bola de Ouro” (melhor jogador europeu), da revista esportiva francesa “France Footbal”. Ainda em 2005 foi campeão espanhol, acabando com um jejum de seis temporadas sem conquistas dos catalães e levantando o seu primeiro troféu em um clube fora do Brasil, além de marcar 15 gols. Em 2006 foi a principal figura do Barcelona, que ganhou a “Champions League”, pela segunda vez na história.
Na Copa do Mundo de 2006 o craque não teve o mesmo brilho de 2002 e a exemplo dos demais jogadores foi alvo da desilusão dos torcedores. Tanto é verdade que uma estátua de Ronaldinho com 7,25 metros de altura, construída pela artista plástica Kattielly Lanzini especialmente para a Copa, e que estava instalada na Avenida Getúlio Vargas, na cidade de Chapecó, em Santa Catarina, chegou a ser incendiada, um dia após a eliminação da Seleção Brasileira pela França. A obra custou R$ 5,5 mil e a artista pretendia vendê-la por R$ 7 mil.
O “dentuço” craque criou algumas verdadeiras “marcas registradas”, que hoje são imitadas pelo mundo todo, como jogar usando uma faixa na cabeça, para segurar os longos cabelos. Apesar de todo o sucesso conquistado Ronaldinho, que morava em uma mansão ao sul de Barcelona, de frente para o mar Mediterrâneo, se mantém humilde e atencioso, com jeito de garotão, ao contrário de outros jogadores famosos, mas sem a mesma classe e habilidade.
Como toda a celebridade, Ronaldinho sofre o assédio da imprensa internacional, que vasculha até sua vida amorosa. Ele assumiu a paternidade de um garoto chamado João, fruto de relacionamento com a ex-dançarina do programa “Domingão do Faustão”, Janaína Nattiele Viana Mendes. O agora jogador do Milan espera que o filho também siga a carreira futebolística.
Os torcedores brasileiros vão ter a oportunidade de ver se Ronaldinho está mesmo recuperado para o futebol. O Milan, seu novo clube concordou que ele jogue as Olimpíadas de Pequim pela seleção brasileira. O jogador foi convocado pelo técnico Dunga justamente na vaga de Kaká, que não foi autorizado a viajar a China, pelo clube italiano.
O craque gaúcho recebeu muitos prêmios: Revelação do ano no Campeonato Gaúcho (1999); Melhor jogador da Copa das Confederações (1999); Bola de Prata (2000); Melhor atacante da Liga dos Campeões (2004/2005); Melhor jogador do mundo pela FIFA (2004/2005); Jogador do Ano da revista “World Soccer” (2004/2005); Bola de Ouro da revista “France Football” (2005); Melhor jogador da Liga dos Campeões (2005/2006); Artilheiro da Copa das Confederações (1999, com 6 gols); Artilheiro do Campeonato Gaúcho (1999, com 15 gols) e Artilheiro do Torneio Pré-Olímpico (2000, com 9 gols).
Ronaldinho conquistou estes títulos: Campeão Gaúcho de 1999 (Grêmio); Copa Intertoto 2000 (PSG); Campeão espanhol em 2004/2005 e 2005/2006 (Barcelona); Supercopa da Espanha 2005/2006 (Barcelona); Liga dos Campeões da UEFA 2006 (Barcelona). E pela seleção brasileira, Copa América de 1999, Copa do Mundo de 2002 e Copa das Confederações em 2005.
Algumas curiosidades sobre Ronaldinho: se não fosse jogador de futebol, gostaria de ser pagodeiro. Afirma que grande parte das "firulas" que inventa são baseadas em vídeos do ídolo argentino Maradona, de quem é grande admirador. O astro do futebol mundial construiu o “Instituto Ronaldinho Gaúcho” em Porto Alegre para ajudar crianças carentes. E em 2006, ganhou um personagem com seu nome na revista “Turma da Mônica”. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Vasco da Gama em busca das velhas glórias
Novos tempos de grandeza podem estar chegando para o Clube de Regatas Vasco da Gama, uma das mais tradicionais entidades esportivas de nosso país. O ex-craque vascaíno, Carlos Roberto de Oliveira, ou simplesmente Roberto “Dinamite” foi eleito recentemente presidente do clube, acabando – pelo menos é o que pensam e esperam os torcedores – com a era Eurico Ângelo de Oliveira Miranda, que desde 2000 dirigia o clube com "mão de ferro".
Eurico Miranda, o dirigente que deixou o clube é filho de portugueses que na década de 30 imigraram para o Brasil, fugindo do regime do ditador António Salazar. Criado na Zona Sul do Rio de Janeiro, estudou no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, uma escola jesuíta freqüentada por boa parte da elite carioca. Acabou por ser expulso devido a brigas com colegas, o que já demonstrava seu forte temperamento desde aqueles tempos.
Passou no vestibular para a Faculdade de Medicina, mas acabou por optar pela Faculdade de Fisioterapia, por onde formou-se. Chegou a exercer a profissão antes de decidir ingressar na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi nesse tempo, então com 23 anos, que ingressou nas atividades adminstrativas do Vasco da Gama, sendo diretor de cadastro em 1967.
Daí em diante teve intensa participação na vida do clube, de onde só saiu o mês passado. Em 1969, ganhou as manchetes dos jornais cariocas. O presidente do Vasco era Reinaldo de Matos Reis, que desagradava à maioria dos conselheiros, mas era defendido por Eurico, então já Vice-Presidente de Patrimônio. Foi realizada uma reunião na sede náutica do clube, na Lagoa Rodrigo de Freitas, para decidir a cassação do seu mandato. Porém houve uma falha de energia e a reunião foi adiada. No dia seguinte o jornal “O Globo” publicou a fotografia de uma mão desligando o quadro de energia. O título da reportagem era: "A mão de Eurico", que assim entrava para a história e política ativa do clube. O resto dessa história, todos já sabem.
As desavenças entre Eurico Miranda e Roberto “Dinamite” são antigas. Em 2002, quando o ex-jogador, acompanhado de seu filho Rodrigo, então com 10 anos, assistia a um jogo entre Vasco e Ponte Preta, o “cartola”, com sua costumeira truculência, deu ordens para que “Dinamite” fosse convidado a se retirar da Tribuna de Honra do Estádio São Januário. A raiva de Eurico se devia a uma entrevista do ex-jogador, que admitiu o sonho de um dia ser presidente do Vasco e pediu que fosse revelado quanto e para quem o clube devia.
“Dinamite” já se sentiu desprestigiado pela diretoria do Vasco dias antes do incidente, quando Eurico Miranda, na ânsia de agradar a Romário, a quem o clube devia R$ 9 milhões, anunciou a aposentadoria da camisa 11 do clube depois que o “Baixinho” parasse de jogar. Roberto, que foi o maior artilheiro da história do Vasco e defendeu o clube por muito mais tempo, nunca foi alvo de nenhum tipo de homenagem, o que o desgostou profundamente. Agora, como novo presidente do Vasco, “Dinamite” cassou a aposentadoria da camisa 11 que voltou a ativa.
Depois do incidente, “Dinamite” juntou-se à oposição e concorreu à presidência do clube em 2003, sendo derrotado. Em 2006 concorreu outra vez e perdeu. Mas as eleições foram anuladas pela oitava Câmara Cível do Rio de Janeiro e novas eleições para o Conselho Deliberativo do Clube foram realizadas em 21 de Junho de 2008, nas quais a chapa de Eurico Miranda saiu derrotada. No dia 27 de Junho de 2008 o Conselho Deliberativo do Vasco da Gama finalmente elegeu Roberto “Dinamite” presidente.
O ex-craque cruzmaltino, que em criança torcia pelo Botafogo, nasceu em Duque de Caxias (RJ), no dia 13 de abril de 1954. Quem o descobriu para o futebol foi o "olheiro" e ex-atacante do Flamengo na década de 30, Francisco Ferreira de Souza, o “Gradim”, que em 1969, quando tinha apenas 14 anos, o levou para a escolinha do Vasco, treinada por “Seu Rubens”. Foi com o treinador dos juvenis, Célio de Souza, que Roberto aprimorou sua técnica. No início de carreira, com seu 1,86 de altura era apenas um centroavante daqueles chamados de “trombador”.
Em 25 de novembro de 1971, soube aproveitar a segunda chance que o técnico Admildo Chirol lhe deu no time de profissionais, e marcou um gol na vitória de 2 x 0 sobre o Internacional. Com habilidade, dominou a bola na intermediária e chutou com extrema violência, não dando chances ao goleiro adversário, marcando o primeiro de suas centenas de gols. O apelido “Dinamite” ele ganhou no outro dia. O jornalista Aparício Pires, do “Jornal dos Sports”, maravilhado com o chute forte do jovem atacante estampou em manchete: "Garoto dinamite explode no Maracanã".
Foi com os ensinamentos do técnico Oto Glória, em 1979, que “Dinamite” alcançou o auge técnico, transformando-se em um jogador moderno, de rara mobilidade, capaz de participar de jogadas geniais. Assim, foi protagonista de um “duelo” pela artilharia carioca, em igualdade de condições com o craque flamenguista Zico, de quem era grande amigo fora de campo. Mas nas quatro linhas eram adversários ferrenhos, defendendo com galhardia suas equipes.
Em 1978, num primeiro momento, Roberto não foi convocado pelo técnico Cláudio Coutinho para a Seleção Brasileira que disputou o Mundial na Argentina. Mas, o então presidente da CBF, almirante Heleno Nunes, exigiu que o chamassem. Depois de ficar na reserva nos primeiros jogos foi colocado em campo e classificou o Brasil com um gol histórico contra a Áustria, tendo terminado a Copa como co-artilheiro do time com 3 gols. Em 1982, foi convocado em cima da hora para disputar o Mundial da Espanha devido à contusão de Careca. Mas ficou apenas treinando durante todo o torneio, pois o técnico Telê Santana preferiu escalar Serginho Chulapa no seu lugar. Apesar de tudo, Roberto marcou 26 gols em 53 jogos pela seleção, alcançando a maior média de gols entre os atacantes de sua época.
Jogou no Vasco da Gama de 1971 a 1979, quando se transferiu para o Barcelona, da Espanha. Porém, a passagem de “Dinamite” pelo clube catalão foi péssima. Muito cobrado pela torcida, insatisfeita com a campanha no Campeonato Espanhol do mesmo ano, o centroavante não reeditou suas boas apresentações e não contou com a mesma sorte de antes. Três meses depois de deixar o Rio de Janeiro, “Dinamite” retornou ao clube da Cruz de Malta em 1980, pelas mãos de Eurico Miranda, onde permaneceu até 1988. No jogo de reestréia, contra o Corinthians marcou os cinco gols no massacre sobre o time paulista, que só conseguiu fazer dois. Foi a consagração.
Em 1989 jogou pela Portuguesa de Desportos (SP). Voltou ao Vasco em 1990, e em 1991 defendeu o Campo Grande (RJ). Em 1993, no próprio Vasco, trazido de volta pelo técnico Joel Santana, na condição de titular encerrou a carreira com tratamento de quase embaixador do clube. Foi campeão carioca em 1977, 1982, 1987 e 1992 (Vasco) e Campeão brasileiro de 1974 (Vasco).
Foi o maior goleador da história vascaína por 13 temporadas consecutivas, superando Ademir de Menezes, o “Queixada”, e maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro com 617 gols. Jogou 1.108 vezes com a camisa do Vasco e marcou 708 gols. Ao todo foram 1.199 jogos em 22 anos de carreira: Vasco, 1108; Seleção Brasileira, 49; Barcelona, 8; Portuguesa de Desportos, 14; Rio Negro, 1; Seleção de Masters, 4; Despedida de Júnior, 1 e Campo Grande, 14. E exatos 754 gols, assim distribuídos: Vasco, 708; Seleção Brasileira, 26; Barcelona, 3; Portuguesa de Desportos, 11; Rio Negro, (Amistoso contra o Flamengo), 2; Seleção de Masters (Copa Pelé), 2; Despedida do Júnior (Amistoso na Itália), 2, o que dá a incrível média de 36 gols por temporada nos 22 anos de carreira. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Eurico Miranda, o dirigente que deixou o clube é filho de portugueses que na década de 30 imigraram para o Brasil, fugindo do regime do ditador António Salazar. Criado na Zona Sul do Rio de Janeiro, estudou no Colégio Santo Inácio, em Botafogo, uma escola jesuíta freqüentada por boa parte da elite carioca. Acabou por ser expulso devido a brigas com colegas, o que já demonstrava seu forte temperamento desde aqueles tempos.
Passou no vestibular para a Faculdade de Medicina, mas acabou por optar pela Faculdade de Fisioterapia, por onde formou-se. Chegou a exercer a profissão antes de decidir ingressar na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi nesse tempo, então com 23 anos, que ingressou nas atividades adminstrativas do Vasco da Gama, sendo diretor de cadastro em 1967.
Daí em diante teve intensa participação na vida do clube, de onde só saiu o mês passado. Em 1969, ganhou as manchetes dos jornais cariocas. O presidente do Vasco era Reinaldo de Matos Reis, que desagradava à maioria dos conselheiros, mas era defendido por Eurico, então já Vice-Presidente de Patrimônio. Foi realizada uma reunião na sede náutica do clube, na Lagoa Rodrigo de Freitas, para decidir a cassação do seu mandato. Porém houve uma falha de energia e a reunião foi adiada. No dia seguinte o jornal “O Globo” publicou a fotografia de uma mão desligando o quadro de energia. O título da reportagem era: "A mão de Eurico", que assim entrava para a história e política ativa do clube. O resto dessa história, todos já sabem.
As desavenças entre Eurico Miranda e Roberto “Dinamite” são antigas. Em 2002, quando o ex-jogador, acompanhado de seu filho Rodrigo, então com 10 anos, assistia a um jogo entre Vasco e Ponte Preta, o “cartola”, com sua costumeira truculência, deu ordens para que “Dinamite” fosse convidado a se retirar da Tribuna de Honra do Estádio São Januário. A raiva de Eurico se devia a uma entrevista do ex-jogador, que admitiu o sonho de um dia ser presidente do Vasco e pediu que fosse revelado quanto e para quem o clube devia.
“Dinamite” já se sentiu desprestigiado pela diretoria do Vasco dias antes do incidente, quando Eurico Miranda, na ânsia de agradar a Romário, a quem o clube devia R$ 9 milhões, anunciou a aposentadoria da camisa 11 do clube depois que o “Baixinho” parasse de jogar. Roberto, que foi o maior artilheiro da história do Vasco e defendeu o clube por muito mais tempo, nunca foi alvo de nenhum tipo de homenagem, o que o desgostou profundamente. Agora, como novo presidente do Vasco, “Dinamite” cassou a aposentadoria da camisa 11 que voltou a ativa.
Depois do incidente, “Dinamite” juntou-se à oposição e concorreu à presidência do clube em 2003, sendo derrotado. Em 2006 concorreu outra vez e perdeu. Mas as eleições foram anuladas pela oitava Câmara Cível do Rio de Janeiro e novas eleições para o Conselho Deliberativo do Clube foram realizadas em 21 de Junho de 2008, nas quais a chapa de Eurico Miranda saiu derrotada. No dia 27 de Junho de 2008 o Conselho Deliberativo do Vasco da Gama finalmente elegeu Roberto “Dinamite” presidente.
O ex-craque cruzmaltino, que em criança torcia pelo Botafogo, nasceu em Duque de Caxias (RJ), no dia 13 de abril de 1954. Quem o descobriu para o futebol foi o "olheiro" e ex-atacante do Flamengo na década de 30, Francisco Ferreira de Souza, o “Gradim”, que em 1969, quando tinha apenas 14 anos, o levou para a escolinha do Vasco, treinada por “Seu Rubens”. Foi com o treinador dos juvenis, Célio de Souza, que Roberto aprimorou sua técnica. No início de carreira, com seu 1,86 de altura era apenas um centroavante daqueles chamados de “trombador”.
Em 25 de novembro de 1971, soube aproveitar a segunda chance que o técnico Admildo Chirol lhe deu no time de profissionais, e marcou um gol na vitória de 2 x 0 sobre o Internacional. Com habilidade, dominou a bola na intermediária e chutou com extrema violência, não dando chances ao goleiro adversário, marcando o primeiro de suas centenas de gols. O apelido “Dinamite” ele ganhou no outro dia. O jornalista Aparício Pires, do “Jornal dos Sports”, maravilhado com o chute forte do jovem atacante estampou em manchete: "Garoto dinamite explode no Maracanã".
Foi com os ensinamentos do técnico Oto Glória, em 1979, que “Dinamite” alcançou o auge técnico, transformando-se em um jogador moderno, de rara mobilidade, capaz de participar de jogadas geniais. Assim, foi protagonista de um “duelo” pela artilharia carioca, em igualdade de condições com o craque flamenguista Zico, de quem era grande amigo fora de campo. Mas nas quatro linhas eram adversários ferrenhos, defendendo com galhardia suas equipes.
Em 1978, num primeiro momento, Roberto não foi convocado pelo técnico Cláudio Coutinho para a Seleção Brasileira que disputou o Mundial na Argentina. Mas, o então presidente da CBF, almirante Heleno Nunes, exigiu que o chamassem. Depois de ficar na reserva nos primeiros jogos foi colocado em campo e classificou o Brasil com um gol histórico contra a Áustria, tendo terminado a Copa como co-artilheiro do time com 3 gols. Em 1982, foi convocado em cima da hora para disputar o Mundial da Espanha devido à contusão de Careca. Mas ficou apenas treinando durante todo o torneio, pois o técnico Telê Santana preferiu escalar Serginho Chulapa no seu lugar. Apesar de tudo, Roberto marcou 26 gols em 53 jogos pela seleção, alcançando a maior média de gols entre os atacantes de sua época.
Jogou no Vasco da Gama de 1971 a 1979, quando se transferiu para o Barcelona, da Espanha. Porém, a passagem de “Dinamite” pelo clube catalão foi péssima. Muito cobrado pela torcida, insatisfeita com a campanha no Campeonato Espanhol do mesmo ano, o centroavante não reeditou suas boas apresentações e não contou com a mesma sorte de antes. Três meses depois de deixar o Rio de Janeiro, “Dinamite” retornou ao clube da Cruz de Malta em 1980, pelas mãos de Eurico Miranda, onde permaneceu até 1988. No jogo de reestréia, contra o Corinthians marcou os cinco gols no massacre sobre o time paulista, que só conseguiu fazer dois. Foi a consagração.
Em 1989 jogou pela Portuguesa de Desportos (SP). Voltou ao Vasco em 1990, e em 1991 defendeu o Campo Grande (RJ). Em 1993, no próprio Vasco, trazido de volta pelo técnico Joel Santana, na condição de titular encerrou a carreira com tratamento de quase embaixador do clube. Foi campeão carioca em 1977, 1982, 1987 e 1992 (Vasco) e Campeão brasileiro de 1974 (Vasco).
Foi o maior goleador da história vascaína por 13 temporadas consecutivas, superando Ademir de Menezes, o “Queixada”, e maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro com 617 gols. Jogou 1.108 vezes com a camisa do Vasco e marcou 708 gols. Ao todo foram 1.199 jogos em 22 anos de carreira: Vasco, 1108; Seleção Brasileira, 49; Barcelona, 8; Portuguesa de Desportos, 14; Rio Negro, 1; Seleção de Masters, 4; Despedida de Júnior, 1 e Campo Grande, 14. E exatos 754 gols, assim distribuídos: Vasco, 708; Seleção Brasileira, 26; Barcelona, 3; Portuguesa de Desportos, 11; Rio Negro, (Amistoso contra o Flamengo), 2; Seleção de Masters (Copa Pelé), 2; Despedida do Júnior (Amistoso na Itália), 2, o que dá a incrível média de 36 gols por temporada nos 22 anos de carreira. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
segunda-feira, 14 de julho de 2008
O zoológico do futebol
A gíria faz parte do futebol, por ser um esporte popular nos dias de hoje, embora tivesse chegado ao Brasil através de classes elitistas, e assim permanecido por muitos anos. A criativa lista de apelidos dados a jogadas e acontecimentos envolvendo o esporte é bastante extensa. Neste artigo, vou me limitar a explicar as origens de algumas expressões batizadas com nomes de animais e que volta e meia nos deparamos com elas nos noticiários esportivos. E ainda outras "participações" dos amigos bichos no esporte "bretão". E é bom que se diga, a maioria dos integrantes da imprensa se limita a repetir o óbvio, mas não sabe como e onde algumas expressçoes surgiram.
Começo com o “gato”. A definição surgiu em Pernambuco, há décadas, quando a direção do Sport descobriu que um zagueiro de apelido “Gato”, usara de tal expediente para poder jogar na equipe juvenil. E cada vez que aparecia outra situação semelhante, falava-se em "um novo Gato". Daí a expressão ganhou o Brasil. “Gato”, no futebol serve para identificar o jogador que diminui a idade, quase sempre para se inscrever nas categorias de base.
O nome “gato” também está presente numa jogada faltosa e que pode ocasionar lesão séria em quem a sofre. É quando um jogador pula para cabecear uma bola e um adversário o escora pelas pernas provocando sua queda. É a chamada “Cama de Gato”. Mas por que esse nome? Segundo o pesquisador Márcio Cotrin, em sua coluna “O Berço da palavra”, no Diário de Natal (RN) é porque o gato faz sua cama no chão. E os jogadores que sofrem a falta, caem espalhafatosamente, como os bichanos lançados pelo rabo em direção ao solo.
Tem o “frango”, prato indigesto para os goleiros. O criador da expressão foi o jornalista “Zé de São Januário” que nos anos 40, escrevia uma coluna no “Jornal dos Sports”. Como o próprio nome sugere, “Zé” era torcedor fanático do Vasco da Gama. Foi ele quem chamou de “frangueiro” um goleiro do seu time que se agachou bem ao estilo de um “pegador de frango” para defender uma bola fácil e acabou levando o gol. No dia seguinte “Zé de São Januário” escreveu, que o goleiro engolira um “frango”. A partir daí a expressão é usada toda vez que acontece um lance parecido.
Foi uma questão de observação. Naqueles tempos era comum criar galinhas nos quintais das casas. E quando alguém tentava pegar uma “penosa” para o almoço dominical, tinha que agachar-se com as mãos encostadas ao chão. E muitas vezes os frangos enganavam seus algozes, passando rápido por entre as pernas ou os braços. Situação idêntica a do goleiro que se prepara para pegar a bola e esta o engana.
E o que dizer do jogador “cabeça de bagre”? É o nome que define aquele que não pensa a jogada, um “cabeça oca”, segundo a sabedoria popular. Quem criou o termo foi o ex-goleiro do Atlético Mineiro, Olavo Leite Bastos, o “Kafunga”, que depois de encerrar a carreira de jogador, tornou-se deputado estadual por Minas Gerais e comentarista esportivo em rádio, TV e jornal de Belo Horizonte.
Quem diria, o inverso de “cabeça de bagre”, o animal que denomina o bom jogador de futebol, o craque, é nada mais, nada menos do que a “cobra”. E por que? Em 1929, na Várzea do Carmo, em São Paulo, havia um time chamado “Heróis do Fogo”, formado por militares do corpo de Bombeiros. O astro do time era um jogador de grande habilidade chamado Moacir Cobra, que ganhou fama em toda a região. A partir daí, toda a vez que aparecia um bom jogador era logo chamado de “cobra”, lembrando o craque bombeiro.
E porque razão a gratificação paga aos jogadores cada vez que o time ganha um jogo, é chamada de “bicho”? Os torcedores do Vasco da Gama foram pioneiros nessa prática. Tudo começou em 1923, na primeira participação da equipe vascaína na principal divisão carioca. Como o time era formado, na maioria, por jogadores negros, operários e analfabetos, os torcedores recolhiam dinheiro para ajudar seus craques, pagando-lhes prêmios por vitória ou empate.
O valor do prêmio era calculado por fatores como o adversário, a importância do jogo e o resultado, e era anunciado segundo uma senha inspirada no jogo do bicho: um cachorro (numero 5 no jogo do bicho) significava um prêmio de 5 mil réis; um coelho, 10. E assim por diante. Uma outra versão, que não é confiável, conta que os torcedores premiavam os jogadores com galinhas, patos ou leitões.
E nessa relação de animais e clubes foram criadas as mascotes. A mais comum no Brasil é o “leão”. Dados estatísticos mostram que pelo menos 38 times escolheram o rei das selvas, embora eu tenha convicção de que o número é bem maior. O mesmo acontece em relação ao “galo”, que vem logo a seguir com 17 escolhas e tem no Atlético Mineiro sua principal referência. O Oratória, time do Amapá, tem como mascote uma “orca”. O Santos, uma “baleia”. O Cruzeiro de Alagoas preferiu uma “hiena” azul. Pura imaginação. Já o Cruzeiro de Minas Gerais optou pela “raposa”.
A Associação Atlética Portuguesa, do Rio de Janeiro tem como símbolo uma “zebra”, para lembrar o célebre jogo em 1964, em que derrotou o na época poderoso Vasco da Gama por 2 x 1. Gentil Cardoso, então técnico da Lusa, disse que seria uma tremenda “zebra” (não existe no jogo do bicho) uma vitória de seu time.
Algumas mascotes de clubes surgiram de provocações dos adversários. As mais famosas dizem respeito a Palmeiras e Flamengo. O “porco” palmeirense surgiu numa comemoração de gol do atacante Viola, na época no Corinthians. No princípio os palmeirenses não admitiam o “porco” como mascote e sim o “periquito”. Com o passar dos anos os torcedores e o clube aderiram à idéia e o “porco” foi adotado oficialmente.
O Flamengo, o clube mais popular do país tem como mascote um “urubu” nas cores vermelho e preto. E porque um pássaro tão feio e de hábitos pouco comuns? A escolha aconteceu depois que o professor de educação física, Luis Octávio, torcedor fanático do Botafogo, teve a idéia de levar ao Maracanã um urubu chamado “Caju”, quando de um jogo pelo campeonato carioca de 1969.
Naquela época, os torcedores do Botafogo viviam implicando com os do Flamengo. E como o time rubro-negro contava com vários jogadores negros, os botafoguenses em atos racistas diziam que o Flamengo era um "time de urubu". Por isso, amarrou uma bandeirinha do Flamengo na perna do pássaro e o soltou dentro do estádio. Em vez de ficarem brabos, os flamenguistas gostaram da brincadeira e resolveram adotar a mascote, que deu sorte naquele jogo que o Flamengo ganhou por 2 X 0.
Mas tem animais que os clubes e torcedores não querem nem ouvir falar, pois nasceram de xingamentos adversários e simbolizam coisas desagradáveis: é o caso do “bambi” (veado), São Paulo, e “gambá”, Corinthians. E quem quer ser "traíra", então, sinônimo de quem joga contra o próprio time e os companheiros?
A extensa lista não para por aí: tem “periquito” (Palmeiras-SP, Gama-DF e Goiás), “papagaio (Juventude-RS e Tocantinópoles-TO), "caturrita" (São Paulo-RS), "lobão" (E.C. Pelotas-RS), “canarinho” (Seleção Brasileira), “águia” (Juventus-AC e São Gabriel-RS), “touro” (Sertãozinho F.C.-SP, Intercap-TO e Araguaina-TO), “burro” (Taubaté-SP), “coelho” (América Mineiro), “macaca” (Ponte Preta-SP), “bacalhau” (Vasco da Gama), “jacaré” (Brasiliense-DF), “tigre” (Criciúma –SC, Marília-SP e Ipatinga-MG), “dragão” (América-RN, Oriente-RS e Camaçariense-BA), “morcegão” (Andirá-AC), “castor” (Bangu-RJ), “galo da campina” (CRB-AL), “abelha” (Grêmio Barueri-SP e Grêmio Bagé-RS), “tubarão” (Londrina E.C.-PR), “peixe guarajuba” (Camaçari-BA), “carcará” (Alagoinhas-BA), “timbu” (Náutico-PE), “tucano” (Ipitanga-BA), “gralha azul” (Paraná Clube), “bem-te-vi” (Catuense-BA), “cobra coral” (Santa Cruz-PE), “gavião” (Colinas-TO) e “arara” (União São João-SP e Palmas-TO).
E quantos jogadores e técnicos de futebol carregam nomes ou apelidos de animais? Certamente são muitos, cito apenas alguns: "Leão", ex-goleiro e atual técnico; Donizete "Pantera", ex-atacante do Vasco; "Aranha", goleiro da Ponte Preta; "Ratinho", ex-jogador do Corinthians; "Formiga", ex-jogador do Santos; "Bodinho", "Lula" e "Falcão", ex-jogadores do Internacional; "Coelho", lateral do Atlético Mineiro; "Cardeal", ex-craque do extinto Regimento, de Pelotas-RS; "Canário" e "Pintinho", ex-jogadores do Brasil, de Pelotas-RS; "Galo", ex-jogador do Santos e atual técnico de futebol; "Porca", ex-jogador do Guarany, de Bagé (RS); "Pavão", ex-zagueiro do Flamengo; Walter "Minhoca", ex-Flamengo e Ipatinga; Edmundo,"Bacalhau" ou "Animal", atacante do Vasco e Roberto "Cavalo", ex-jogador do Vitória-BA e atual técnico de futebol. E por aí, vai.
Tem até times: "Guará" e "Jaguar", de Brasília; "Águia de Marabá", de Marabá-PR; "Maracanã", de Maracanaú-CE; "Estrela do Mar", de Fortaleza-CE (extinto); "Fenix", de São Luiz-MA (extinto); "Tangará", de Tangará da Serra-MT; "Formiga", de Formiga-MG; Adap "Galo" Maringá, de Maringá-PR; "Cascavel", de Cascavel-PR; "Ybis", de Olinda-PE; "Tigres do Brasil", Rio de Janeiro; "Condor", de Queimados-RJ (extinto); "Piranhas", Jardim de Piranhas-RN; Atlético "Tubarão", de Tubarão-SC e "Perdigão", de Videira-SC.
Não podemos esquecer dos estádios. O mais famoso é o "Maracanã", nome de uma ave comum na região onde o estádio foi construido; "Morada dos Quero-queros", em Alvorada-RS; "Mariscão", em Capão da Canoa-RS; "Boca do Lobo", do E.C. Pelotas-RS; "Boca do Jacaré", apelido dado ao estádio de Taguatinga-DF, onde o Brasiliense manda seus jogos; "Lobo Solitário", em Guarapuava-PR; "Ninho da Águia", em Rio Brilhante-MS e "Arena do Touro", em Araguaína-TO; (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Começo com o “gato”. A definição surgiu em Pernambuco, há décadas, quando a direção do Sport descobriu que um zagueiro de apelido “Gato”, usara de tal expediente para poder jogar na equipe juvenil. E cada vez que aparecia outra situação semelhante, falava-se em "um novo Gato". Daí a expressão ganhou o Brasil. “Gato”, no futebol serve para identificar o jogador que diminui a idade, quase sempre para se inscrever nas categorias de base.
O nome “gato” também está presente numa jogada faltosa e que pode ocasionar lesão séria em quem a sofre. É quando um jogador pula para cabecear uma bola e um adversário o escora pelas pernas provocando sua queda. É a chamada “Cama de Gato”. Mas por que esse nome? Segundo o pesquisador Márcio Cotrin, em sua coluna “O Berço da palavra”, no Diário de Natal (RN) é porque o gato faz sua cama no chão. E os jogadores que sofrem a falta, caem espalhafatosamente, como os bichanos lançados pelo rabo em direção ao solo.
Tem o “frango”, prato indigesto para os goleiros. O criador da expressão foi o jornalista “Zé de São Januário” que nos anos 40, escrevia uma coluna no “Jornal dos Sports”. Como o próprio nome sugere, “Zé” era torcedor fanático do Vasco da Gama. Foi ele quem chamou de “frangueiro” um goleiro do seu time que se agachou bem ao estilo de um “pegador de frango” para defender uma bola fácil e acabou levando o gol. No dia seguinte “Zé de São Januário” escreveu, que o goleiro engolira um “frango”. A partir daí a expressão é usada toda vez que acontece um lance parecido.
Foi uma questão de observação. Naqueles tempos era comum criar galinhas nos quintais das casas. E quando alguém tentava pegar uma “penosa” para o almoço dominical, tinha que agachar-se com as mãos encostadas ao chão. E muitas vezes os frangos enganavam seus algozes, passando rápido por entre as pernas ou os braços. Situação idêntica a do goleiro que se prepara para pegar a bola e esta o engana.
E o que dizer do jogador “cabeça de bagre”? É o nome que define aquele que não pensa a jogada, um “cabeça oca”, segundo a sabedoria popular. Quem criou o termo foi o ex-goleiro do Atlético Mineiro, Olavo Leite Bastos, o “Kafunga”, que depois de encerrar a carreira de jogador, tornou-se deputado estadual por Minas Gerais e comentarista esportivo em rádio, TV e jornal de Belo Horizonte.
Quem diria, o inverso de “cabeça de bagre”, o animal que denomina o bom jogador de futebol, o craque, é nada mais, nada menos do que a “cobra”. E por que? Em 1929, na Várzea do Carmo, em São Paulo, havia um time chamado “Heróis do Fogo”, formado por militares do corpo de Bombeiros. O astro do time era um jogador de grande habilidade chamado Moacir Cobra, que ganhou fama em toda a região. A partir daí, toda a vez que aparecia um bom jogador era logo chamado de “cobra”, lembrando o craque bombeiro.
E porque razão a gratificação paga aos jogadores cada vez que o time ganha um jogo, é chamada de “bicho”? Os torcedores do Vasco da Gama foram pioneiros nessa prática. Tudo começou em 1923, na primeira participação da equipe vascaína na principal divisão carioca. Como o time era formado, na maioria, por jogadores negros, operários e analfabetos, os torcedores recolhiam dinheiro para ajudar seus craques, pagando-lhes prêmios por vitória ou empate.
O valor do prêmio era calculado por fatores como o adversário, a importância do jogo e o resultado, e era anunciado segundo uma senha inspirada no jogo do bicho: um cachorro (numero 5 no jogo do bicho) significava um prêmio de 5 mil réis; um coelho, 10. E assim por diante. Uma outra versão, que não é confiável, conta que os torcedores premiavam os jogadores com galinhas, patos ou leitões.
E nessa relação de animais e clubes foram criadas as mascotes. A mais comum no Brasil é o “leão”. Dados estatísticos mostram que pelo menos 38 times escolheram o rei das selvas, embora eu tenha convicção de que o número é bem maior. O mesmo acontece em relação ao “galo”, que vem logo a seguir com 17 escolhas e tem no Atlético Mineiro sua principal referência. O Oratória, time do Amapá, tem como mascote uma “orca”. O Santos, uma “baleia”. O Cruzeiro de Alagoas preferiu uma “hiena” azul. Pura imaginação. Já o Cruzeiro de Minas Gerais optou pela “raposa”.
A Associação Atlética Portuguesa, do Rio de Janeiro tem como símbolo uma “zebra”, para lembrar o célebre jogo em 1964, em que derrotou o na época poderoso Vasco da Gama por 2 x 1. Gentil Cardoso, então técnico da Lusa, disse que seria uma tremenda “zebra” (não existe no jogo do bicho) uma vitória de seu time.
Algumas mascotes de clubes surgiram de provocações dos adversários. As mais famosas dizem respeito a Palmeiras e Flamengo. O “porco” palmeirense surgiu numa comemoração de gol do atacante Viola, na época no Corinthians. No princípio os palmeirenses não admitiam o “porco” como mascote e sim o “periquito”. Com o passar dos anos os torcedores e o clube aderiram à idéia e o “porco” foi adotado oficialmente.
O Flamengo, o clube mais popular do país tem como mascote um “urubu” nas cores vermelho e preto. E porque um pássaro tão feio e de hábitos pouco comuns? A escolha aconteceu depois que o professor de educação física, Luis Octávio, torcedor fanático do Botafogo, teve a idéia de levar ao Maracanã um urubu chamado “Caju”, quando de um jogo pelo campeonato carioca de 1969.
Naquela época, os torcedores do Botafogo viviam implicando com os do Flamengo. E como o time rubro-negro contava com vários jogadores negros, os botafoguenses em atos racistas diziam que o Flamengo era um "time de urubu". Por isso, amarrou uma bandeirinha do Flamengo na perna do pássaro e o soltou dentro do estádio. Em vez de ficarem brabos, os flamenguistas gostaram da brincadeira e resolveram adotar a mascote, que deu sorte naquele jogo que o Flamengo ganhou por 2 X 0.
Mas tem animais que os clubes e torcedores não querem nem ouvir falar, pois nasceram de xingamentos adversários e simbolizam coisas desagradáveis: é o caso do “bambi” (veado), São Paulo, e “gambá”, Corinthians. E quem quer ser "traíra", então, sinônimo de quem joga contra o próprio time e os companheiros?
A extensa lista não para por aí: tem “periquito” (Palmeiras-SP, Gama-DF e Goiás), “papagaio (Juventude-RS e Tocantinópoles-TO), "caturrita" (São Paulo-RS), "lobão" (E.C. Pelotas-RS), “canarinho” (Seleção Brasileira), “águia” (Juventus-AC e São Gabriel-RS), “touro” (Sertãozinho F.C.-SP, Intercap-TO e Araguaina-TO), “burro” (Taubaté-SP), “coelho” (América Mineiro), “macaca” (Ponte Preta-SP), “bacalhau” (Vasco da Gama), “jacaré” (Brasiliense-DF), “tigre” (Criciúma –SC, Marília-SP e Ipatinga-MG), “dragão” (América-RN, Oriente-RS e Camaçariense-BA), “morcegão” (Andirá-AC), “castor” (Bangu-RJ), “galo da campina” (CRB-AL), “abelha” (Grêmio Barueri-SP e Grêmio Bagé-RS), “tubarão” (Londrina E.C.-PR), “peixe guarajuba” (Camaçari-BA), “carcará” (Alagoinhas-BA), “timbu” (Náutico-PE), “tucano” (Ipitanga-BA), “gralha azul” (Paraná Clube), “bem-te-vi” (Catuense-BA), “cobra coral” (Santa Cruz-PE), “gavião” (Colinas-TO) e “arara” (União São João-SP e Palmas-TO).
E quantos jogadores e técnicos de futebol carregam nomes ou apelidos de animais? Certamente são muitos, cito apenas alguns: "Leão", ex-goleiro e atual técnico; Donizete "Pantera", ex-atacante do Vasco; "Aranha", goleiro da Ponte Preta; "Ratinho", ex-jogador do Corinthians; "Formiga", ex-jogador do Santos; "Bodinho", "Lula" e "Falcão", ex-jogadores do Internacional; "Coelho", lateral do Atlético Mineiro; "Cardeal", ex-craque do extinto Regimento, de Pelotas-RS; "Canário" e "Pintinho", ex-jogadores do Brasil, de Pelotas-RS; "Galo", ex-jogador do Santos e atual técnico de futebol; "Porca", ex-jogador do Guarany, de Bagé (RS); "Pavão", ex-zagueiro do Flamengo; Walter "Minhoca", ex-Flamengo e Ipatinga; Edmundo,"Bacalhau" ou "Animal", atacante do Vasco e Roberto "Cavalo", ex-jogador do Vitória-BA e atual técnico de futebol. E por aí, vai.
Tem até times: "Guará" e "Jaguar", de Brasília; "Águia de Marabá", de Marabá-PR; "Maracanã", de Maracanaú-CE; "Estrela do Mar", de Fortaleza-CE (extinto); "Fenix", de São Luiz-MA (extinto); "Tangará", de Tangará da Serra-MT; "Formiga", de Formiga-MG; Adap "Galo" Maringá, de Maringá-PR; "Cascavel", de Cascavel-PR; "Ybis", de Olinda-PE; "Tigres do Brasil", Rio de Janeiro; "Condor", de Queimados-RJ (extinto); "Piranhas", Jardim de Piranhas-RN; Atlético "Tubarão", de Tubarão-SC e "Perdigão", de Videira-SC.
Não podemos esquecer dos estádios. O mais famoso é o "Maracanã", nome de uma ave comum na região onde o estádio foi construido; "Morada dos Quero-queros", em Alvorada-RS; "Mariscão", em Capão da Canoa-RS; "Boca do Lobo", do E.C. Pelotas-RS; "Boca do Jacaré", apelido dado ao estádio de Taguatinga-DF, onde o Brasiliense manda seus jogos; "Lobo Solitário", em Guarapuava-PR; "Ninho da Águia", em Rio Brilhante-MS e "Arena do Touro", em Araguaína-TO; (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
quinta-feira, 10 de julho de 2008
Drogas, uma praga também no futebol
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) suspendeu o jogador Rodrigo Souto, do Santos F.C. que foi pego com vestígios de cocaína, no exame antidoping realizado após o jogo da Copa Libertadores da América entre San José e Santos, realizado em Oruro, na Bolívia, no último dia 17 de março. O primeiro exame e contraprova acusaram a presença da substância benzoilecgonina, metabólico primário da cocaína.
Por enquanto a punição só é válida para jogos promovidos pela entidade, mas é bem possível que ela seja ampliada a toda e qualquer competição. A punição está valendo desde o dia 20 de junho, quando foi realizado o segundo exame (contraprova), em um laboratório do Rio. O processo será encaminhado a FIFA, que deverá julgar a conveniência de recomendar a CBF que também aplique uma suspensão ao atleta.
Rodrigo Souto alegou inocência, mas admitiu ter ingerido líquido e comido "alguma coisa" no hotel de Oruro, onde o Santos estava concentrado para o jogo contra o San José, insinuando que poderia ter sido vítima de sabotagem. O clube paulista pretendia equilibrar suas debilitadas finanças com a venda do jogador para o Lokomotiv, de Moscou, por cerca de seis milhões de Euros. Mas com a acusação de doping, parece que o negócio não sai mais.
Com o caso Rodrigo Souto, a questão do doping volta com força à tona. E com ele a discussão: será que os exames realizados são realmente confiáveis? A pergunta é de difícil resposta, ainda mais depois que se soube que o jogador Marion Jones ao longo da sua carreira, passou por mais de 160 exames antidoping e nada foi encontrado. O próprio jogador admitiu que usou e abusou do doping durante vários anos. Ele usou esteróides, hormônio de crescimento, insulina e até eritropoietina, substâncias com efeitos dopantes a longo prazo e que figuram no grupo de produtos mais procurados pelas autoridades antidoping, fora ou durante competições esportivas.
Espantoso também é o caso do atacante Jardel, ex-Vasco, Grêmio, F.C. do Porto e Sporting, que acaba de confessar que se tornou dependente de cocaína, uma substância que sempre foi proibida no esporte, mas que nos últimos tempos vem se tornando um problema de difícil solução entre os jogadores. Jardel disse que consumiu cocaína apenas nos períodos de férias e nunca durante competições. Se um futebolista usar cocaína após um jogo de fim-de-semana ou no dia de folga, só se jogar no meio da semana e for sorteado para o controle é que poderá ser apanhado.
A cocaína produz efeitos de curta duração, que dão a sensação de hiper-estimulação, redução da fadiga e clarividência mental. É um estimulante forte e provavelmente o agente que mais vicia, segundo a Federação Internacional de Futebol (FIFA) num documento publicado no seu site. O problema é que o uso de cocaína só é proibido durante competições. Mesmo que a droga seja detectada em amostras recolhidas em outras circunstâncias, legalmente nada pode ser feito. Mesma situação para os canabinóides, que são despistados ao mesmo tempo que os anabolizantes: se não forem detectados anabolizantes, as análises devem ser declaradas negativas e os resultados não podem ser comunicados a terceiros, nem por motivos pedagógicos.
O caso mais famoso de doping aconteceu na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos e envolveu o craque argentino Diego Maradona. O jogador já tinha se envolvido com drogas, quando atuava pelo Napoli (Itália). Dessa vez, a substância encontrada na urina do atleta foi “Ephedrina”. Por isso a FIFA o puniu com um ano de suspensão.
No Campeonato Brasileiro do ano passado o jogador Dodô, então no Botafogo foi flagrado no exame antidoping, com a substância “Femproporex”, depois de um jogo contra o Vasco. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu Dodô com 120 dias de suspensão, mas em novo julgamento foi absolvido. O Comitê Antidoping da FIFA julgou o atleta no mês passado e até agora ainda não foi revelado o resultado, que poderá custar dois anos de suspensão ao agora jogador do Fluminense.
Ainda no ano passado o atacante Romário, do Vasco e o lateral Marcão, do Internacional, estiveram envolvidos em casos de uso de substâncias proibidas. Ambos valiam-se de um tônico capilar, para combater a queda de cabelos, porém o STJD entendeu que a droga garantia um rendimento extra dentro de campo.Romário foi absolvido e Marcão teve a pena de 120 dias reduzida em 29 dias.
Nem mesmo a Seleção Brasileira escapou de uma suspeita de doping. Foi durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, quando o goleiro Zeti foi flagrado no exame antidoping, após um jogo contra a Bolívia. O jogador se defendeu dizendo ter tomado um chá de coca servido no hotel onde a delegação brasileira estava concentrada e acabou sendo absolvido.
O primeiro caso de doping conhecido no futebol brasileiro, aconteceu em 1973, envolvendo o jogador Campos, centroavante do Atlético Mineiro em jogo pelo Campeonato Brasileiro contra o Vasco da Gama. Campos, no jogo anterior contra o mesmo Vasco sofreu um choque e ao cair perdeu três dentes, por isso tomou antibióticos e antiinflamatórios, mas o departamento médico do Atlético não informou a CBD. O jogador foi punido, injustamente.
Que se preparem os jogadores: vem aí medidas mais fortes apregoadas pelas agências fiscalizadoras, que levantam a hipótese de proibir até o uso de Viagra. A Agência Mundial Antidoping (WADA), garante que o medicamento, além de melhorar o rendimento sexual, também melhora a performance do atleta, por estimular a circulação sanguínea. (Texto e pesquisa: Nilo Dias).
Por enquanto a punição só é válida para jogos promovidos pela entidade, mas é bem possível que ela seja ampliada a toda e qualquer competição. A punição está valendo desde o dia 20 de junho, quando foi realizado o segundo exame (contraprova), em um laboratório do Rio. O processo será encaminhado a FIFA, que deverá julgar a conveniência de recomendar a CBF que também aplique uma suspensão ao atleta.
Rodrigo Souto alegou inocência, mas admitiu ter ingerido líquido e comido "alguma coisa" no hotel de Oruro, onde o Santos estava concentrado para o jogo contra o San José, insinuando que poderia ter sido vítima de sabotagem. O clube paulista pretendia equilibrar suas debilitadas finanças com a venda do jogador para o Lokomotiv, de Moscou, por cerca de seis milhões de Euros. Mas com a acusação de doping, parece que o negócio não sai mais.
Com o caso Rodrigo Souto, a questão do doping volta com força à tona. E com ele a discussão: será que os exames realizados são realmente confiáveis? A pergunta é de difícil resposta, ainda mais depois que se soube que o jogador Marion Jones ao longo da sua carreira, passou por mais de 160 exames antidoping e nada foi encontrado. O próprio jogador admitiu que usou e abusou do doping durante vários anos. Ele usou esteróides, hormônio de crescimento, insulina e até eritropoietina, substâncias com efeitos dopantes a longo prazo e que figuram no grupo de produtos mais procurados pelas autoridades antidoping, fora ou durante competições esportivas.
Espantoso também é o caso do atacante Jardel, ex-Vasco, Grêmio, F.C. do Porto e Sporting, que acaba de confessar que se tornou dependente de cocaína, uma substância que sempre foi proibida no esporte, mas que nos últimos tempos vem se tornando um problema de difícil solução entre os jogadores. Jardel disse que consumiu cocaína apenas nos períodos de férias e nunca durante competições. Se um futebolista usar cocaína após um jogo de fim-de-semana ou no dia de folga, só se jogar no meio da semana e for sorteado para o controle é que poderá ser apanhado.
A cocaína produz efeitos de curta duração, que dão a sensação de hiper-estimulação, redução da fadiga e clarividência mental. É um estimulante forte e provavelmente o agente que mais vicia, segundo a Federação Internacional de Futebol (FIFA) num documento publicado no seu site. O problema é que o uso de cocaína só é proibido durante competições. Mesmo que a droga seja detectada em amostras recolhidas em outras circunstâncias, legalmente nada pode ser feito. Mesma situação para os canabinóides, que são despistados ao mesmo tempo que os anabolizantes: se não forem detectados anabolizantes, as análises devem ser declaradas negativas e os resultados não podem ser comunicados a terceiros, nem por motivos pedagógicos.
O caso mais famoso de doping aconteceu na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos e envolveu o craque argentino Diego Maradona. O jogador já tinha se envolvido com drogas, quando atuava pelo Napoli (Itália). Dessa vez, a substância encontrada na urina do atleta foi “Ephedrina”. Por isso a FIFA o puniu com um ano de suspensão.
No Campeonato Brasileiro do ano passado o jogador Dodô, então no Botafogo foi flagrado no exame antidoping, com a substância “Femproporex”, depois de um jogo contra o Vasco. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu Dodô com 120 dias de suspensão, mas em novo julgamento foi absolvido. O Comitê Antidoping da FIFA julgou o atleta no mês passado e até agora ainda não foi revelado o resultado, que poderá custar dois anos de suspensão ao agora jogador do Fluminense.
Ainda no ano passado o atacante Romário, do Vasco e o lateral Marcão, do Internacional, estiveram envolvidos em casos de uso de substâncias proibidas. Ambos valiam-se de um tônico capilar, para combater a queda de cabelos, porém o STJD entendeu que a droga garantia um rendimento extra dentro de campo.Romário foi absolvido e Marcão teve a pena de 120 dias reduzida em 29 dias.
Nem mesmo a Seleção Brasileira escapou de uma suspeita de doping. Foi durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, quando o goleiro Zeti foi flagrado no exame antidoping, após um jogo contra a Bolívia. O jogador se defendeu dizendo ter tomado um chá de coca servido no hotel onde a delegação brasileira estava concentrada e acabou sendo absolvido.
O primeiro caso de doping conhecido no futebol brasileiro, aconteceu em 1973, envolvendo o jogador Campos, centroavante do Atlético Mineiro em jogo pelo Campeonato Brasileiro contra o Vasco da Gama. Campos, no jogo anterior contra o mesmo Vasco sofreu um choque e ao cair perdeu três dentes, por isso tomou antibióticos e antiinflamatórios, mas o departamento médico do Atlético não informou a CBD. O jogador foi punido, injustamente.
Que se preparem os jogadores: vem aí medidas mais fortes apregoadas pelas agências fiscalizadoras, que levantam a hipótese de proibir até o uso de Viagra. A Agência Mundial Antidoping (WADA), garante que o medicamento, além de melhorar o rendimento sexual, também melhora a performance do atleta, por estimular a circulação sanguínea. (Texto e pesquisa: Nilo Dias).
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Um palco de grandes frustrações
Perder no Maracanã e frustrar a torcida, não foi privilégio do Fluminense. Muitos outros clubes cariocas já passaram por isso, inclusive a Seleção Brasileira, que nos proporcionou a maior das tristezas da história do nosso futebol. Foi no dia 16 de julho de 1950, quando o Brasil foi sede da primeira Copa do Mundo de após guerra. Nosso “scratch” era fortíssimo e apontado como virtual campeão. Mas no futebol ninguém ganha de véspera e os uruguaios comandados pelo legendário Obdúlio Varela, calaram 200 mil pessoas que lotaram o estádio, na época o maior do mundo.
Eu lembro que o Bangu, no tempo em que dava seus últimos suspiros como clube de projeção, proporcionou aos cariocas a primeira frustração numa disputa nacional. Foi no dia 1º de agosto de 1985, na mais inusitada final de um campeonato brasileiro, frente o Coritiba. Depois de empate em 1 x 1 no tempo normal e na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis. Na primeira série, 5 x 5. Na seqüência, o ponteiro esquerdo banguense Ado desperdiçou a penalidade, colocando a bola para fora. O zagueiro Gomes não errou e o time paranaense fez a festa.
O Botafogo foi o primeiro dos chamados grandes clubes do futebol carioca a sentir o amargor de uma inesperada derrota no Maracanã. Foi no dia 27 de junho de 1999. Os 127 mil torcedores alvinegros que foram ao estádio comemoravam antecipadamente o título da Copa do Brasil contra o Juventude de Caxias do Sul (RS), que vencera o primeiro jogo por 2 x 1, na Serra Gaúcha. Uma vitória simples do Botafogo por 1 x 0 seria o suficiente para carimbar as faixas de campeões.
Mas não foi isso que aconteceu. O time gaúcho não se intimidou e conseguiu segurar um empate sem gols, garantindo a maior conquista de sua história e o direito de participar pela primeira vez de uma Copa Libertadores da América.
Depois foi a vez do Vasco da Gama, na primeira edição do Campeonato Mundial de Clubes organizado pela FIFA. O clube da Cruz de Malta tinha a segunda oportunidade em sua história para ganhar o planeta. Antes, em plena comemoração do centenário, em 1998, no Japão já havia jogado fora a primeira chance, ao perder para o Real Madrid, da Espanha por 2 x 1. Dessa vez, frente sua torcida e enfrentando o brasileiro Corinthians, não podia desiludir seus torcedores.
Mas o título mundial escapou entre os dedos dos pés de Edmundo. Foi no dia 14 de janeiro de 2000. Um final trágico, parecido com o ocorrido recentemente com o co-irmão Fluminense. Decisão por pênaltis, depois de empates sem gols no tempo normal e na prorrogação. Vitória corinthiana por 4 x 3, com Edmundo jogando para fora a última cobrança.
Nem o Flamengo escapou. Diante de 70 mil torcedores, na fatídica noite de 30 de junho de 2004, perdeu a Copa do Brasil para o interiorano Santo André, do ABC paulista. Bastava uma vitória simples de 1 x 0 para ganhar o título e o direito de jogar a próxima Copa Libertadores da América. Em São Paulo havia empatado o primeiro jogo em 0 x 0. Mas o inesperado aconteceu: vitória do Santo André por 2 x 0.
Na noite de 22 de junho de 2005 o técnico Abel Braga conseguiu a façanha de ser bi-vice da Copa do Brasil, dessa vez comandando o Fluminense. O tricolor carioca, que havia perdido o primeiro jogo para o Paulista, em Jundiaí, por 2 x 0, não conseguiu furar o bloqueio adversário e ficou no 0 x 0. O clube do interior paulista foi campeão e se classificou para a Copa Libertadores da América. Foi uma grande frustração para os torcedores do Fluminense, que já haviam conhecido o “inferno” da segunda e terceira divisão.
E neste ano de 2008, antes do Fluminense perder o título da Copa Libertadores para a LDU, do Equador o Flamengo sofreu a humilhação de ser goleado no Maracanã por 3 x 0, pelo América do México, a quem havia vencido por 4 x 2, na altitude do Estádio Azteca, na capital mexicana. Os rubro-negros tiveram que agüentar a gozação dos torcedores dos outros clubes cariocas, que lembravam a todo o momento o nome do atacante paraguaio Cabañas, grande herói do jogo. Certamente outras tragédias menores ocorreram, mas creio que apenas essas já são suficientes para que o torcedor carioca chegue às lágrimas. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Eu lembro que o Bangu, no tempo em que dava seus últimos suspiros como clube de projeção, proporcionou aos cariocas a primeira frustração numa disputa nacional. Foi no dia 1º de agosto de 1985, na mais inusitada final de um campeonato brasileiro, frente o Coritiba. Depois de empate em 1 x 1 no tempo normal e na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis. Na primeira série, 5 x 5. Na seqüência, o ponteiro esquerdo banguense Ado desperdiçou a penalidade, colocando a bola para fora. O zagueiro Gomes não errou e o time paranaense fez a festa.
O Botafogo foi o primeiro dos chamados grandes clubes do futebol carioca a sentir o amargor de uma inesperada derrota no Maracanã. Foi no dia 27 de junho de 1999. Os 127 mil torcedores alvinegros que foram ao estádio comemoravam antecipadamente o título da Copa do Brasil contra o Juventude de Caxias do Sul (RS), que vencera o primeiro jogo por 2 x 1, na Serra Gaúcha. Uma vitória simples do Botafogo por 1 x 0 seria o suficiente para carimbar as faixas de campeões.
Mas não foi isso que aconteceu. O time gaúcho não se intimidou e conseguiu segurar um empate sem gols, garantindo a maior conquista de sua história e o direito de participar pela primeira vez de uma Copa Libertadores da América.
Depois foi a vez do Vasco da Gama, na primeira edição do Campeonato Mundial de Clubes organizado pela FIFA. O clube da Cruz de Malta tinha a segunda oportunidade em sua história para ganhar o planeta. Antes, em plena comemoração do centenário, em 1998, no Japão já havia jogado fora a primeira chance, ao perder para o Real Madrid, da Espanha por 2 x 1. Dessa vez, frente sua torcida e enfrentando o brasileiro Corinthians, não podia desiludir seus torcedores.
Mas o título mundial escapou entre os dedos dos pés de Edmundo. Foi no dia 14 de janeiro de 2000. Um final trágico, parecido com o ocorrido recentemente com o co-irmão Fluminense. Decisão por pênaltis, depois de empates sem gols no tempo normal e na prorrogação. Vitória corinthiana por 4 x 3, com Edmundo jogando para fora a última cobrança.
Nem o Flamengo escapou. Diante de 70 mil torcedores, na fatídica noite de 30 de junho de 2004, perdeu a Copa do Brasil para o interiorano Santo André, do ABC paulista. Bastava uma vitória simples de 1 x 0 para ganhar o título e o direito de jogar a próxima Copa Libertadores da América. Em São Paulo havia empatado o primeiro jogo em 0 x 0. Mas o inesperado aconteceu: vitória do Santo André por 2 x 0.
Na noite de 22 de junho de 2005 o técnico Abel Braga conseguiu a façanha de ser bi-vice da Copa do Brasil, dessa vez comandando o Fluminense. O tricolor carioca, que havia perdido o primeiro jogo para o Paulista, em Jundiaí, por 2 x 0, não conseguiu furar o bloqueio adversário e ficou no 0 x 0. O clube do interior paulista foi campeão e se classificou para a Copa Libertadores da América. Foi uma grande frustração para os torcedores do Fluminense, que já haviam conhecido o “inferno” da segunda e terceira divisão.
E neste ano de 2008, antes do Fluminense perder o título da Copa Libertadores para a LDU, do Equador o Flamengo sofreu a humilhação de ser goleado no Maracanã por 3 x 0, pelo América do México, a quem havia vencido por 4 x 2, na altitude do Estádio Azteca, na capital mexicana. Os rubro-negros tiveram que agüentar a gozação dos torcedores dos outros clubes cariocas, que lembravam a todo o momento o nome do atacante paraguaio Cabañas, grande herói do jogo. Certamente outras tragédias menores ocorreram, mas creio que apenas essas já são suficientes para que o torcedor carioca chegue às lágrimas. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
domingo, 6 de julho de 2008
Nossos eternos rivais argentinos
Nossos eternos rivais são os argentinos. Em qualquer coisa. É uma disputa histórica que vai muito além do que se pensa. É a liderança do continente que está em constante jogo. A balança econômica ora pende para cá, ora para lá. Em meio a tudo isso uma paixão que iguala os dois povos: o futebol. E aí reside a “mãe” de todas as rivalidades. Nem com os ingleses e a questão das Ilhas Malvinas, os argentinos duelam com tanto ardor. Talvez por terem sido dos mais aplicados discípulos dos inventores do futebol em todo o mundo.
A “Associación de Fútbol Argentino” (AFA) é a mais antiga da América do Sul e a oitava no mundo. Fundada em 21 de fevereiro de 1893, foi a primeira entidade futebolística do Continente a filiar-se a FIFA, em 1912. Nesses 115 anos de existência a AFA colecionou títulos da maior importância: a Seleção Nacional da Argentina ganhou os Mundiais de 1978 e 1986 e foi vice-campeã em 1930 e 1990.
Mostrou muita força nas Olimpíadas, ao ser Medalha de Ouro em 2004 e Prata em 1928 e 1996, além de conquistar 14 campeonatos Sul-Americanos. No seu acervo estão os troféus de mais de 100 torneios internacionais. Nas categorias de base, também um sem fim de títulos: 5 campeonatos mundiais “Sub 20” (1979, 95, 97, 2001 e 2005); 2 Torneios “Esperanzas de Toulón” (1975 e 98); 4 campeonatos Sul-Americanos “Sub 20/21” (1967, 97, 99 e 2003); 2 campeonatos Sul-Americanos “Sub 16/17” (1985 e 2003); 3 Torneios “Pré-Olímpicos” (1960, 64, 80 e 2004); 2 Jogos “Odesur” (1982 e 86) e 6 campeonatos Pan-Americanos (1951, 55, 59, 71, 95 e 2003).
O futebol argentino é hoje considerado um dos melhores do planeta. Os grandes clubes do mundo inteiro contam em seus plantéis com pelo menos um jogador argentino. A Seleção Nacional sempre ocupa as primeiras posições no ranking da FIFA.
A exemplo do que aconteceu no Brasil, o futebol chegou a Argentina por intermédio dos ingleses que vieram trabalhar, principalmente na construção de ferrovias. Na busca de uma vida melhor para seus familiares, criaram colônias e muitos colégios para a educação de seus filhos. E trouxeram nas bagagens, para o lazer, como diz a história "una vejiga de vaca como pelota y un par de piedras para demarcar los arcos”.
Um grupo de sócios do “Buenos Aires Cricket Club”, liderados pelos irmãos Thomas e James Hogg através de um edital publicado no jornal “The Standard”, no início de maio de 1867, convocaram os demais associados para uma reunião visando a prática e propagação do futebol.
O passo seguinte foi a fundação em 9 do mesmo mês do “Buenos Aires Football Club” e a organização de dois times: “Colorados” e “Blancos”. O primeiro jogo de futebol acontecido em solo argentino foi no dia 20 de junho de 1867, nos Bosques do Palermo, em Buenos Aires, próximo de onde hoje se encontra o Planetário. Os “Colorados” ganharam por 4 x 0, em uma partida que se iniciou às 12h30min e terminou às 14h30min. Thomas Hogg, eufórico, disse: "Esse é o maior passatempo, o mais fácil e mais barato para a juventude da classe média e para o povo". Mas na verdade durante muitos anos só jogavam futebol os ingleses e os clubes exclusivos da colônia.
Mas o grande impulso dado ao novo esporte, na Argentina, aconteceu quando da chegada de mais de 500 mil imigrantes ao país, entre os anos de 1880 e 1882. Entre eles estava o professor escocês graduado em Humanidades na Universidade de Edimburgo, Alejandro Watson Hutton, nascido em Glasgow, que desembarcou no porto de Buenos Aires em 1882, trazendo algumas bolas de futebol e "infladores".
Contratado para trabalhar no “Colégio Saint Andrew”, ali implantou a prática desportiva e cultural, fazendo com que os alunos se interessassem pelo futebol. Por causa disso, a relação entre Hutton e a direção da escola não era boa e foi obrigado a pedir demissão e fundou a "English High School", que deu origem ao mítico clube "Alumni".
O primeiro campeonato de futebol realizado na Argentina aconteceu no ano de 1891, com a participação apenas de clubes de Buenos Aires e foi organizado pela "Argentine Association Football League", presidida pelo senhor F.L. Wooley, com validade nacional. O “Saint Andrew’School” foi campeão. Além dele participaram do certame as equipes do “Buenos Aires Football Club”, “Buenos Aires al Rosario Railway”, “Old Caledonians”,”Belgrano Football Club” e “Hurlingham Football Club”. Essa liga teve pouca duração, pois o “Quilmes Rowers”, o mais importante clube daquela época e principal impulsor do esporte no vizinho país, não lhe deu apoio.
O clube foi fundado pelo professor Alejandro Watson Hutton, considerado "El Padre del Fútbol Argentino", que em 21 de fevereiro de 1893 também fundou uma nova "The Argentine Association Football League" (o mesmo nome da anterior), tendo como primeiros filiados o “Quilmes Athletic Club”, “Caledonian's”, “Saint Andrews”, “English High School”, “Lomas” e “Flores”. No mesmo ano foi disputado um campeonato que teve como campeão a equipe do “Lomas Athletic”.
Com a popularidade cada vez maior do futebol no país, muitos novos clubes surgiram e uma Liga Amadora foi fundada. Como o número de atletas aumentou desproporcionalmente, os clubes criaram os segundos quadros, o que originou muitas controvérsias. Por causa disso, entre 1912 e 1914 e entre 1929 e 1926 foram disputados campeonatos paralelos. Em 1926 houve a pacificação com a fusão das ligas, dando origem a "Associación Amateurs Argentina de Football".
Mas a nova associação não prosperou. Tanto que, em 10 de maio de 1931, uma nova reunião foi realizada, com a presença de representantes dos clubes "Atlanta”, “Boca Juniors”, “Chacarita Juniors”, “Estudiantes” de La Plata, “Huracán”, “Independiente”, “Platense”, “Quilmes”, “Lanús”, “Racing”, “River Plate”, “Tigre”, “Vélez Sarfield”, “Talleres”, “San Lorenzo” de Almagro, “Argentinos Juniors” e “Ferro Carril Oeste”", para fundação da “Liga Argentina de Football”.
Com a implantação do profissionalismo no futebol argentino, em 31 de maio de 1931, com a anuência de 18 clubes foi preciso reestruturar administrativamente a entidade maior, que passou a se chamar "Associación del Fútbol Argentino", nome que resiste até os dias de hoje. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
A “Associación de Fútbol Argentino” (AFA) é a mais antiga da América do Sul e a oitava no mundo. Fundada em 21 de fevereiro de 1893, foi a primeira entidade futebolística do Continente a filiar-se a FIFA, em 1912. Nesses 115 anos de existência a AFA colecionou títulos da maior importância: a Seleção Nacional da Argentina ganhou os Mundiais de 1978 e 1986 e foi vice-campeã em 1930 e 1990.
Mostrou muita força nas Olimpíadas, ao ser Medalha de Ouro em 2004 e Prata em 1928 e 1996, além de conquistar 14 campeonatos Sul-Americanos. No seu acervo estão os troféus de mais de 100 torneios internacionais. Nas categorias de base, também um sem fim de títulos: 5 campeonatos mundiais “Sub 20” (1979, 95, 97, 2001 e 2005); 2 Torneios “Esperanzas de Toulón” (1975 e 98); 4 campeonatos Sul-Americanos “Sub 20/21” (1967, 97, 99 e 2003); 2 campeonatos Sul-Americanos “Sub 16/17” (1985 e 2003); 3 Torneios “Pré-Olímpicos” (1960, 64, 80 e 2004); 2 Jogos “Odesur” (1982 e 86) e 6 campeonatos Pan-Americanos (1951, 55, 59, 71, 95 e 2003).
O futebol argentino é hoje considerado um dos melhores do planeta. Os grandes clubes do mundo inteiro contam em seus plantéis com pelo menos um jogador argentino. A Seleção Nacional sempre ocupa as primeiras posições no ranking da FIFA.
A exemplo do que aconteceu no Brasil, o futebol chegou a Argentina por intermédio dos ingleses que vieram trabalhar, principalmente na construção de ferrovias. Na busca de uma vida melhor para seus familiares, criaram colônias e muitos colégios para a educação de seus filhos. E trouxeram nas bagagens, para o lazer, como diz a história "una vejiga de vaca como pelota y un par de piedras para demarcar los arcos”.
Um grupo de sócios do “Buenos Aires Cricket Club”, liderados pelos irmãos Thomas e James Hogg através de um edital publicado no jornal “The Standard”, no início de maio de 1867, convocaram os demais associados para uma reunião visando a prática e propagação do futebol.
O passo seguinte foi a fundação em 9 do mesmo mês do “Buenos Aires Football Club” e a organização de dois times: “Colorados” e “Blancos”. O primeiro jogo de futebol acontecido em solo argentino foi no dia 20 de junho de 1867, nos Bosques do Palermo, em Buenos Aires, próximo de onde hoje se encontra o Planetário. Os “Colorados” ganharam por 4 x 0, em uma partida que se iniciou às 12h30min e terminou às 14h30min. Thomas Hogg, eufórico, disse: "Esse é o maior passatempo, o mais fácil e mais barato para a juventude da classe média e para o povo". Mas na verdade durante muitos anos só jogavam futebol os ingleses e os clubes exclusivos da colônia.
Mas o grande impulso dado ao novo esporte, na Argentina, aconteceu quando da chegada de mais de 500 mil imigrantes ao país, entre os anos de 1880 e 1882. Entre eles estava o professor escocês graduado em Humanidades na Universidade de Edimburgo, Alejandro Watson Hutton, nascido em Glasgow, que desembarcou no porto de Buenos Aires em 1882, trazendo algumas bolas de futebol e "infladores".
Contratado para trabalhar no “Colégio Saint Andrew”, ali implantou a prática desportiva e cultural, fazendo com que os alunos se interessassem pelo futebol. Por causa disso, a relação entre Hutton e a direção da escola não era boa e foi obrigado a pedir demissão e fundou a "English High School", que deu origem ao mítico clube "Alumni".
O primeiro campeonato de futebol realizado na Argentina aconteceu no ano de 1891, com a participação apenas de clubes de Buenos Aires e foi organizado pela "Argentine Association Football League", presidida pelo senhor F.L. Wooley, com validade nacional. O “Saint Andrew’School” foi campeão. Além dele participaram do certame as equipes do “Buenos Aires Football Club”, “Buenos Aires al Rosario Railway”, “Old Caledonians”,”Belgrano Football Club” e “Hurlingham Football Club”. Essa liga teve pouca duração, pois o “Quilmes Rowers”, o mais importante clube daquela época e principal impulsor do esporte no vizinho país, não lhe deu apoio.
O clube foi fundado pelo professor Alejandro Watson Hutton, considerado "El Padre del Fútbol Argentino", que em 21 de fevereiro de 1893 também fundou uma nova "The Argentine Association Football League" (o mesmo nome da anterior), tendo como primeiros filiados o “Quilmes Athletic Club”, “Caledonian's”, “Saint Andrews”, “English High School”, “Lomas” e “Flores”. No mesmo ano foi disputado um campeonato que teve como campeão a equipe do “Lomas Athletic”.
Com a popularidade cada vez maior do futebol no país, muitos novos clubes surgiram e uma Liga Amadora foi fundada. Como o número de atletas aumentou desproporcionalmente, os clubes criaram os segundos quadros, o que originou muitas controvérsias. Por causa disso, entre 1912 e 1914 e entre 1929 e 1926 foram disputados campeonatos paralelos. Em 1926 houve a pacificação com a fusão das ligas, dando origem a "Associación Amateurs Argentina de Football".
Mas a nova associação não prosperou. Tanto que, em 10 de maio de 1931, uma nova reunião foi realizada, com a presença de representantes dos clubes "Atlanta”, “Boca Juniors”, “Chacarita Juniors”, “Estudiantes” de La Plata, “Huracán”, “Independiente”, “Platense”, “Quilmes”, “Lanús”, “Racing”, “River Plate”, “Tigre”, “Vélez Sarfield”, “Talleres”, “San Lorenzo” de Almagro, “Argentinos Juniors” e “Ferro Carril Oeste”", para fundação da “Liga Argentina de Football”.
Com a implantação do profissionalismo no futebol argentino, em 31 de maio de 1931, com a anuência de 18 clubes foi preciso reestruturar administrativamente a entidade maior, que passou a se chamar "Associación del Fútbol Argentino", nome que resiste até os dias de hoje. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
sábado, 5 de julho de 2008
LDU entra para a história
A Liga Deportiva Universitaria Quito (LDU), fundada em 7 de janeiro de 1930 precisou de 78 anos para vencer uma competição internacional importante como a Copa Libertadores da América. Já o Fluminense F.C., do Rio de Janeiro, derrotado na cobrança de pênaltis, foi fundado em 21 de julho de 1902, e apesar de seus 103 anos até agora não passou de um colecionador de títulos regionais – 30 campeonatos cariocas, uma Taça do Brasil (1970), o campeonato brasileiro de 1984 e uma Copa do Brasil (2007), que lhe garantiu pela segunda vez na história participar do maior torneio do continente.
Ao contrário do que aconteceu no Brasil, onde a torcida se dividiu no apoio ao Fluminense, no Equador houve uma união de todos os torcedores em torno de seu representante: "Li-Li-Li- Liga campeón", gritou a multidão que foi à base da Força Aérea Equatoriana, no norte de Quito, receber a delegação da LDU, na última quinta-feira (3). "Isto é a prova de que o Equador cresceu no futebol, foi uma vitória do país e não só da Liga de Quito", disse o atacante Agustín Delgado, em meio ao assédio dos torcedores.
O reencontro dos “heróis” da LDU com sua torcida se dará neste domingo (6), por ocasião do jogo contra o Emelec, pelo campeonato nacional do Equador, quando será dada a volta olímpica no gramado do Estádio Casa Blanca.
Na verdade a LDU deveria ter 90 anos e não 78. O clube surgiu em 1918, por iniciativa de professores e alunos da Universidade Central de Quito, com o nome de “Universitário”, mas não de forma oficial, e durante 12 anos disputou apenas jogos amistosos. Somente em 1930, quando dirigido pelo desportista Bolívar Leon, que contou com a ajuda do presidente do Equador, José María Velasco Ibarra, o “Universitário” conseguiu regularizar sua situação, mudou o nome para LDU e passou a disputar competições amadoras de nível nacional.
O primeiro título veio em 1932, campeão nacional amador, feito que se repetiria em 1952. A LDU voltou a vencer em 1954, 1959, 1960, 1961, 1966 e 1967, no campeonato amador da província de Pichincha, na região noroeste do país. O destaque do time era o atacante brasileiro José Gomes Nogueira, hoje empresário de jogadores de futebol, que teve uma passagem como técnico interino do Corinthians em 1957 e depois treinou a Seleção do Peru nos anos 60.
Outro brasileiro que defendeu a LDU foi Paulo Massa, que comandou a equipe na conquista do título nacional de 1998. Quando era técnico do El Nacional, também do Equador, ele foi protagonista de um episódio envolvendo uma emissora de televisão do Brasil. Num jogo entre Santos e sua equipe, um comentarista o confundiu com outro treinador, Paulo Matta, que ficou conhecido por ter protestado contra a arbitragem, abaixando a calça em um jogo do Itaperuna pelo campeonato carioca nos anos 90. O comentarista foi devidamente processado.
A filiação a Federación Ecuatoriana de Fútbol ocorreu somente ao final da década de 60, quando passou a disputar o Campeonato Nacional. O primeiro título na principal divisão foi conquistado em 1969, tendo ainda como principal peça o meia atacante brasileiro Gomes Nogueira, um dos maiores ídolos da história dos “Azucenas” ou “Los Albos”, como a LDU é carinhosamente chamada por seus torcedores.
Em 1972, depois de uma crise técnica o time foi rebaixado para a segunda divisão, onde ficou apenas uma temporada. Foi campeão invicto e no ano seguinte estava de volta a divisão principal, onde retomou o caminho das vitórias. Em 1974 e 1975, a equipe venceu o Campeonato Equatoriano e obteve pela terceira vez vaga na Copa Libertadores da América. Em 1976, quando chegou as semifinais, a LDU fez sua segunda melhor campanha na competição, ficando atrás, obviamente, da conquista desta semana.
Nos anos 80 a equipe não venceu nenhuma competição nacional, o que voltou a acontecer na década de 1990, quando ganhou três campeonatos do Equador, em 1990, 1998 e 1999. Em 1997 foi inaugurado o Estádio Casa Blanca, com capacidade para 55 mil espectadores e conhecido como “La Marvilla de Ponceano”.
Em 2000 nova visita a segunda divisão. E repetindo 1972, no ano seguinte voltou à elite. E em seguida novos títulos nacionais: em 2003, 2005 e 2007, se tornando o quarto maior vencedor do país com nove conquistas, ficando atrás de Barcelona (13), El Nacional (13) e Emelec (10).
Entre os principais jogadores que defenderam a LDU estão o argentino Roberto “El Pibe” Ortega, que também foi treinador, o brasileiro José Gomes Nogueira, o chileno Román Soto, o paraguaio José Maria Ocampo, o colombiano Leonel Montoya, e os equatorianos Cristian Mora, goleiro e os meias Alex Aguinaga e Edison Mendes. E, naturalmente os recentes campeões da América: José Cevallos – Campos - Calle e Araújo – Jofre Guerron (vendido ao Getafe da Espanha) – Vera – Urrutia - Bolaños – Salas – Agustín Delgado - Ambrosi - Manso - Willian Araújo – Bieler, o técnico Edgardo Bauza e os demais atletas que participaram do elenco vitorioso.
O futebol chegou ao Equador em 1899, através os irmãos, Juan Alfredo e Roberto Wright, que levaram a primeira bola ao país e fizeram uma demonstração do novo esporte no Club Deportivo Guayaquil. O primeiro jogo oficial no país aconteceu um ano depois, em 1900.
Em 1925, nasceu a federação equatoriana, que em seguida se filiou à Fifa, e surgiram os times mais populares do país, Barcelona e Emelec. A primeira liga organizada pela federação foi criada em 1957. A seleção nacional só começou a disputar jogos internacionais fora da América do Sul em 1970.
O primeiro campeonato equatoriano de futebol ocorreu em 1957 e o Club Sport Emelec foi o campeão. Participam da primeira divisão dez clubes, que jogam entre si uma primeira etapa em turno e returno, classificando os seis melhores para uma fase final, também em turno e returno. A maior goleada do futebol equatoriano em todos os tempos foi obra da LDU, ao vencer o América de Ambato por 11 x 0, quando o atacante uruguaio Francisco Bertocchi, fez oito gols, outro recorde no país.
A evolução do futebol no Equador foi lenta, o que até certo ponto se justifica porque não era o esporte mais difundido no país. Essa situação começou a mudar com a chegada do técnico iugoslavo Dussan Draskovic, que treinou a seleção nacional entre 1988 e 1994. Nessa época surgiram grandes jogadores como Alex Aguinaga e Hermán Darío “El Bolillo” Gómez, que posteriormente ajudaram a Seleção a conquistar vaga para a primeira participação equatoriana em uma Copa do Mundo, 2002, no Japão/Coréia do Sul. Foi uma presença fraca, sendo eliminada na primeira fase. O time somou uma vitória contra a Croácia e duas derrotas diante de Itália e México. Em 2006, disputou o Mundial da Alemanha, sendo eliminada pela Inglaterra nas oitavas-de-final.
Agora, com a LDU, o futebol do Equador vai conhecer uma nova experiência internacional: em dezembro deste ano vai disputar o Mundial de Clubes, no Japão, contra Manchester United (Inglaterra), Pachuca (México) e Waitakere United (Nova Zelândia). Os outros três participantes - os campeões da África, da Ásia e do Japão - serão conhecidos até novembro. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Ao contrário do que aconteceu no Brasil, onde a torcida se dividiu no apoio ao Fluminense, no Equador houve uma união de todos os torcedores em torno de seu representante: "Li-Li-Li- Liga campeón", gritou a multidão que foi à base da Força Aérea Equatoriana, no norte de Quito, receber a delegação da LDU, na última quinta-feira (3). "Isto é a prova de que o Equador cresceu no futebol, foi uma vitória do país e não só da Liga de Quito", disse o atacante Agustín Delgado, em meio ao assédio dos torcedores.
O reencontro dos “heróis” da LDU com sua torcida se dará neste domingo (6), por ocasião do jogo contra o Emelec, pelo campeonato nacional do Equador, quando será dada a volta olímpica no gramado do Estádio Casa Blanca.
Na verdade a LDU deveria ter 90 anos e não 78. O clube surgiu em 1918, por iniciativa de professores e alunos da Universidade Central de Quito, com o nome de “Universitário”, mas não de forma oficial, e durante 12 anos disputou apenas jogos amistosos. Somente em 1930, quando dirigido pelo desportista Bolívar Leon, que contou com a ajuda do presidente do Equador, José María Velasco Ibarra, o “Universitário” conseguiu regularizar sua situação, mudou o nome para LDU e passou a disputar competições amadoras de nível nacional.
O primeiro título veio em 1932, campeão nacional amador, feito que se repetiria em 1952. A LDU voltou a vencer em 1954, 1959, 1960, 1961, 1966 e 1967, no campeonato amador da província de Pichincha, na região noroeste do país. O destaque do time era o atacante brasileiro José Gomes Nogueira, hoje empresário de jogadores de futebol, que teve uma passagem como técnico interino do Corinthians em 1957 e depois treinou a Seleção do Peru nos anos 60.
Outro brasileiro que defendeu a LDU foi Paulo Massa, que comandou a equipe na conquista do título nacional de 1998. Quando era técnico do El Nacional, também do Equador, ele foi protagonista de um episódio envolvendo uma emissora de televisão do Brasil. Num jogo entre Santos e sua equipe, um comentarista o confundiu com outro treinador, Paulo Matta, que ficou conhecido por ter protestado contra a arbitragem, abaixando a calça em um jogo do Itaperuna pelo campeonato carioca nos anos 90. O comentarista foi devidamente processado.
A filiação a Federación Ecuatoriana de Fútbol ocorreu somente ao final da década de 60, quando passou a disputar o Campeonato Nacional. O primeiro título na principal divisão foi conquistado em 1969, tendo ainda como principal peça o meia atacante brasileiro Gomes Nogueira, um dos maiores ídolos da história dos “Azucenas” ou “Los Albos”, como a LDU é carinhosamente chamada por seus torcedores.
Em 1972, depois de uma crise técnica o time foi rebaixado para a segunda divisão, onde ficou apenas uma temporada. Foi campeão invicto e no ano seguinte estava de volta a divisão principal, onde retomou o caminho das vitórias. Em 1974 e 1975, a equipe venceu o Campeonato Equatoriano e obteve pela terceira vez vaga na Copa Libertadores da América. Em 1976, quando chegou as semifinais, a LDU fez sua segunda melhor campanha na competição, ficando atrás, obviamente, da conquista desta semana.
Nos anos 80 a equipe não venceu nenhuma competição nacional, o que voltou a acontecer na década de 1990, quando ganhou três campeonatos do Equador, em 1990, 1998 e 1999. Em 1997 foi inaugurado o Estádio Casa Blanca, com capacidade para 55 mil espectadores e conhecido como “La Marvilla de Ponceano”.
Em 2000 nova visita a segunda divisão. E repetindo 1972, no ano seguinte voltou à elite. E em seguida novos títulos nacionais: em 2003, 2005 e 2007, se tornando o quarto maior vencedor do país com nove conquistas, ficando atrás de Barcelona (13), El Nacional (13) e Emelec (10).
Entre os principais jogadores que defenderam a LDU estão o argentino Roberto “El Pibe” Ortega, que também foi treinador, o brasileiro José Gomes Nogueira, o chileno Román Soto, o paraguaio José Maria Ocampo, o colombiano Leonel Montoya, e os equatorianos Cristian Mora, goleiro e os meias Alex Aguinaga e Edison Mendes. E, naturalmente os recentes campeões da América: José Cevallos – Campos - Calle e Araújo – Jofre Guerron (vendido ao Getafe da Espanha) – Vera – Urrutia - Bolaños – Salas – Agustín Delgado - Ambrosi - Manso - Willian Araújo – Bieler, o técnico Edgardo Bauza e os demais atletas que participaram do elenco vitorioso.
O futebol chegou ao Equador em 1899, através os irmãos, Juan Alfredo e Roberto Wright, que levaram a primeira bola ao país e fizeram uma demonstração do novo esporte no Club Deportivo Guayaquil. O primeiro jogo oficial no país aconteceu um ano depois, em 1900.
Em 1925, nasceu a federação equatoriana, que em seguida se filiou à Fifa, e surgiram os times mais populares do país, Barcelona e Emelec. A primeira liga organizada pela federação foi criada em 1957. A seleção nacional só começou a disputar jogos internacionais fora da América do Sul em 1970.
O primeiro campeonato equatoriano de futebol ocorreu em 1957 e o Club Sport Emelec foi o campeão. Participam da primeira divisão dez clubes, que jogam entre si uma primeira etapa em turno e returno, classificando os seis melhores para uma fase final, também em turno e returno. A maior goleada do futebol equatoriano em todos os tempos foi obra da LDU, ao vencer o América de Ambato por 11 x 0, quando o atacante uruguaio Francisco Bertocchi, fez oito gols, outro recorde no país.
A evolução do futebol no Equador foi lenta, o que até certo ponto se justifica porque não era o esporte mais difundido no país. Essa situação começou a mudar com a chegada do técnico iugoslavo Dussan Draskovic, que treinou a seleção nacional entre 1988 e 1994. Nessa época surgiram grandes jogadores como Alex Aguinaga e Hermán Darío “El Bolillo” Gómez, que posteriormente ajudaram a Seleção a conquistar vaga para a primeira participação equatoriana em uma Copa do Mundo, 2002, no Japão/Coréia do Sul. Foi uma presença fraca, sendo eliminada na primeira fase. O time somou uma vitória contra a Croácia e duas derrotas diante de Itália e México. Em 2006, disputou o Mundial da Alemanha, sendo eliminada pela Inglaterra nas oitavas-de-final.
Agora, com a LDU, o futebol do Equador vai conhecer uma nova experiência internacional: em dezembro deste ano vai disputar o Mundial de Clubes, no Japão, contra Manchester United (Inglaterra), Pachuca (México) e Waitakere United (Nova Zelândia). Os outros três participantes - os campeões da África, da Ásia e do Japão - serão conhecidos até novembro. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Um baile ao ritmo de “Touradas de Madrid”
Quem não conhece ou não cantou a marcha carnavalesca “Touradas de Madrid?”. Não foi só nos bailes carnavalescos de outrora que ela fez sucesso. João de Barro, o Braguinha, e o médico Alberto Ribeiro, autores da música talvez não imaginassem que um dia ela seria cantada por cerca de 200 mil vozes num estádio de futebol. E isso aconteceu. Foi no dia 13 de julho de 1950, no Maracanã, quando a Seleção Brasileira massacrou a Seleção Espanhola por 6 x 1, em jogo válido pela Copa do mundo disputada em nosso país. Essa é a melhor recordação que temos daquela competição, em que na final perdemos o título para o Uruguai, num jogo que gostaríamos de nunca mais lembrar.
A cada gol brasileiro o canto da torcida: "Eu fui às touradas de Madri e conheci uma espanhola natural da Catalunha. Queria que eu tocasse castanholas e pegasse um touro à unha. Caramba, caracoles, sou do samba, não me amoles pro Brasil eu vou partir. Isso é conversa mole pra boi dormir. Para-tchim-bum-bum-bum. Para-tchim-bum-bum-bum. Eu fui às touradas em Madri. Para-tchim-bum-bum-bum. E quase não volto mais aqui-i-i pra ver Peri-i-i, beijar Ceci. Para-tchim-bum-bum-bum....."
A marcha eternizou-se naquele momento mágico e ali ganhou força a tradição do canto da massa apaixonada por futebol em todos os estádios do país. Foi uma experiência inesquecível, para nunca mais ser esquecida. A melodia parecia ter sido feita sob encomenda para aquele jogo, em que o extraordinário Zizinho, ao marcar três gols, ditou o ritmo para o bailado. Pena é que aquele time cheio de craques não tenha sido campeão. A base da equipe treinada por Flávio Costa era: Barbosa - Augusto e Juvenal – Bauer - Danilo e Bigode – Friaça – Zizinho – Ademir - Jair e Chico.
O canto das torcidas nos estádios acompanha o futebol brasileiro desde os primórdios, com músicas como “1 x 0”, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, de 1919, que foi receber letra 74 anos depois, escrita pelo mineiro Nelson Ângelo, que o gravou com participação de Chico Buarque. E os cânticos corintianos que homenageavam Cláudio e Baltazar, nos anos 40 e 50. Mas, indiscutivelmente foi a partir da goleada contra a Espanha, que o canto ganhou projeção e até hoje serve para extravasar a empolgação dos torcedores.
Em 1918, quando o América do Rio de Janeiro era um clube de grande popularidade e torcida, o compositor Francisco Teles o contemplou com a marcha esportiva "Ale-Guá”, cujo refrão repetia o grito das torcidas da época: "Ale-guá, guá, guá, hurrah! hurrah!"
O jornalista Mauricio Azevedo, autor do mais completo trabalho sobre relações entre música e futebol, aponta o chorinho “Flamengo”, de Bonfiglio de Oliveira, como a primeira musica abordando o tema. Mas há quem garanta que ela foi dedicada ao bairro e não ao time. Já o pesquisador José Ramos Tinhorão cita a polca “Amadores da Pelota”, de Borges Teixeira, gravada entre 1913 e 1915 como a primeira música dedicada ao futebol.
O jornalista mineiro Beto Xavier, escreveu o livro “O futebol no país da música", onde em 400 páginas relaciona mais de 350 músicas que falam, direta ou indiretamente de futebol. A inspiração para escrever o livro surgiu com a música de Jorge Bem Jor, “Fio Maravilha”, que transformou o ex-jogador do Flamengo num mito futebolístico.
Segundo Beto Xavier, entre todos os times brasileiros, o Flamengo é o mais cantado. Depois vem o Corinthians. Ele confirma que o choro “1 x 0”, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, foi a primeira composição feita no Brasil falando de futebol.
Durante todos esses anos é praticamente incontável o número de músicas feitas para clubes de futebol e a Seleção Brasileira. Muitas delas se tornaram célebres e são repetidas até hoje como o “Pra frente Brasil” e “Voa Passarinho”. E até as escolas de samba cantam nas passarelas carnavalescas as glórias dos grandes clubes do país do futebol.
A torcida do Flamengo tem sido a mais criativa nos últimos tempos. A música “Poeira”, cantada por Ivete Sangalo já fez sucesso nas arquibancadas rubro-negras. E mais recentemente “Ninguém cala esse chororô” e “Creu”, em alusão a vitória sobre o Botafogo no último Campeonato Carioca e as lamentações alvinegras. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
A cada gol brasileiro o canto da torcida: "Eu fui às touradas de Madri e conheci uma espanhola natural da Catalunha. Queria que eu tocasse castanholas e pegasse um touro à unha. Caramba, caracoles, sou do samba, não me amoles pro Brasil eu vou partir. Isso é conversa mole pra boi dormir. Para-tchim-bum-bum-bum. Para-tchim-bum-bum-bum. Eu fui às touradas em Madri. Para-tchim-bum-bum-bum. E quase não volto mais aqui-i-i pra ver Peri-i-i, beijar Ceci. Para-tchim-bum-bum-bum....."
A marcha eternizou-se naquele momento mágico e ali ganhou força a tradição do canto da massa apaixonada por futebol em todos os estádios do país. Foi uma experiência inesquecível, para nunca mais ser esquecida. A melodia parecia ter sido feita sob encomenda para aquele jogo, em que o extraordinário Zizinho, ao marcar três gols, ditou o ritmo para o bailado. Pena é que aquele time cheio de craques não tenha sido campeão. A base da equipe treinada por Flávio Costa era: Barbosa - Augusto e Juvenal – Bauer - Danilo e Bigode – Friaça – Zizinho – Ademir - Jair e Chico.
O canto das torcidas nos estádios acompanha o futebol brasileiro desde os primórdios, com músicas como “1 x 0”, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, de 1919, que foi receber letra 74 anos depois, escrita pelo mineiro Nelson Ângelo, que o gravou com participação de Chico Buarque. E os cânticos corintianos que homenageavam Cláudio e Baltazar, nos anos 40 e 50. Mas, indiscutivelmente foi a partir da goleada contra a Espanha, que o canto ganhou projeção e até hoje serve para extravasar a empolgação dos torcedores.
Em 1918, quando o América do Rio de Janeiro era um clube de grande popularidade e torcida, o compositor Francisco Teles o contemplou com a marcha esportiva "Ale-Guá”, cujo refrão repetia o grito das torcidas da época: "Ale-guá, guá, guá, hurrah! hurrah!"
O jornalista Mauricio Azevedo, autor do mais completo trabalho sobre relações entre música e futebol, aponta o chorinho “Flamengo”, de Bonfiglio de Oliveira, como a primeira musica abordando o tema. Mas há quem garanta que ela foi dedicada ao bairro e não ao time. Já o pesquisador José Ramos Tinhorão cita a polca “Amadores da Pelota”, de Borges Teixeira, gravada entre 1913 e 1915 como a primeira música dedicada ao futebol.
O jornalista mineiro Beto Xavier, escreveu o livro “O futebol no país da música", onde em 400 páginas relaciona mais de 350 músicas que falam, direta ou indiretamente de futebol. A inspiração para escrever o livro surgiu com a música de Jorge Bem Jor, “Fio Maravilha”, que transformou o ex-jogador do Flamengo num mito futebolístico.
Segundo Beto Xavier, entre todos os times brasileiros, o Flamengo é o mais cantado. Depois vem o Corinthians. Ele confirma que o choro “1 x 0”, de Pixinguinha e Benedito Lacerda, foi a primeira composição feita no Brasil falando de futebol.
Durante todos esses anos é praticamente incontável o número de músicas feitas para clubes de futebol e a Seleção Brasileira. Muitas delas se tornaram célebres e são repetidas até hoje como o “Pra frente Brasil” e “Voa Passarinho”. E até as escolas de samba cantam nas passarelas carnavalescas as glórias dos grandes clubes do país do futebol.
A torcida do Flamengo tem sido a mais criativa nos últimos tempos. A música “Poeira”, cantada por Ivete Sangalo já fez sucesso nas arquibancadas rubro-negras. E mais recentemente “Ninguém cala esse chororô” e “Creu”, em alusão a vitória sobre o Botafogo no último Campeonato Carioca e as lamentações alvinegras. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
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