Cláudio
André Mergen Taffarel, ou simplesmente “Taffarel”, veio ao mundo num hospital em
Tuparendi, que na época pertencia ao município de Santa Rosa, mas em seu
registro de nascimento consta como sendo natural de Crissiumal,
coincidentemente a mesma cidade onde nasceu o também goleiro Danrlei, que jogou
no Grêmio Portoalegrense.
Pertencente
a uma família pobre de descendentes de imigrantes italianos e alemães, nasceu no dia 8 de maio de 1966 e passou a infância
na cidade de Crissiumal.
Começou
a jogar profissionalmente no Internacional em 1985 e se tornou ídolo imediato
de uma torcida acostumada com goleiros sensacionais como Manga e Benítez. Quando
surgiu no futebol ainda não era chamado de “Taffarel”, e sim de Cláudio.
Muito
jovem, marcou presença no Brasileiro de 1986, quando foi uma das revelações da
competição. E rapidamente se tornou uma presença nacional de destaque, com sua
convocação para a seleção sendo praticamente exigida por toda a torcida
brasileira, devido a suas grandes atuações no Internacional.
Foi
um dos destaques da final da “Copa União” de 1987, equivalente ao Campeonato
Brasileiro. No ano seguinte, levou o Internacional a mais uma final de
Campeonato Brasileiro, ficando com o vice-campeonato pela segunda vez
consecutiva.
Grande
defensor de pênaltis, começou a ser
destaque nesse quesito no Campeonato Mundial Sub-20, na conquista do título em
1985. Ele defendeu um pênalti no tempo normal na semifinal contra a Nigéria,
garantindo a vitória por 2 X 0 ao Brasil.
O
goleiro sofreu apenas um gol durante todo o torneio. Nas Olimpíadas de Seul, em
1988, foi novamente a grande estrela do Brasil, quando espantou o mundo,
fechando o gol na semifinal contra a Alemanha. Naquela partida, “Taffarel”
defendeu três pênaltis, um na prorrogação e, mais dois na decisão das
penalidades.
Com
o feito, levou o Brasil a grande final contra a antiga União Soviética, porém
deixou escapar o ouro, perdendo o jogo por 2 X 1 de virada, se tornado
vice-campeão olímpico, com a medalha de prata.
A
partir dali, “Taffarel” começou a aparecer no cenário do futebol mundial, com
grandes atuações no Internacional e na seleção, fazendo com que os italianos o
levassem ao Parma, para ser o primeiro goleiro brasileiro a jogar no futebol
italiano. Deixou o Internacional em 1990, tendo disputado 24 "Grenais"
e sem ter conquistado nenhum título.
Ao
deixar o “Colorado”, “Taffarel” foi para o Parma, da Itália, onde jogou por
cinco temporadas. Sua primeira passagem foi de 1990 a 1993, período em que
conquistou dois títulos importantes: a “Copa da Itália”, em 1992, e a “Recopa
Europeia”, em 1993.
Estreou
com a camisa número 1 do clube italiano na temporada 1990-1991, jogando todas as
34 partidas do Campeonato Italiano, e repetiu o feito na temporada 1991-1992. Na
temporada 1993-94, Taffarel foi emprestado pelo Parma para o Reggiana da
Itália.
O
reforço do brasileiro fez com que o time permanecesse na Serie A para a próxima
temporada. Defendeu um pênalti na última rodada do Campeonato Italiano de
1993-1994 contra o Milan. “Taffarel” foi considerado um dos melhores goleiros
do Campeonato Italiano de 1994, o que lhe rendeu a convocação para Copa do
Mundo nos EUA naquele mesmo ano.
“Taffarel”
chegou ao Atlético Mineiro em 1995, comprado do Parma da Itália por R$ 1,3
milhões de reais, até então a contratação de goleiro mais cara da história do
futebol brasileiro. Sua chegada foi celebrada por uma grande festa pelas ruas
de Belo Horizonte.
O
Atlético Mineiro organizou uma carreata com trio elétrico, que durou por cerca
de três horas e levou milhares de pessoas às ruas. “Taffarel” fez sua estreia
pelo “Galo” em um amistoso contra o Flamengo, em 10 de fevereiro de 1995, com
vitória mineira por 3 X 2.
Atuou
pelo Atlético de 1995 até 1998, se despedindo na vitória sobre a Caldense por 2
X 0 em jogo válido pelo Campeonato Estadual. Foi para a Copa de 1998 convocado
pelo técnico Zagallo, e de lá partiu para o Galatasaray, da Turquia, numa
negociação que custou US$ 600 mil.
Devido
ao carinho que criou pela torcida atleticana, escreveu em sua saída uma carta
pública explicando os motivos que o fizeram decidir por deixar o clube. Essa
carta foi publicada no jornal ”Estado de Minas” em 12 de julho de 1998.
Pelo
“Galo”, o goleiro participou de 191 jogos e levou 203 gols no total, conquistando
três títulos: o “Campeonato Mineiro de Futebol“ de 1995, a “Copa Centenário de
Belo Horizonte” de 1997 e a “Copa Conmebol” de 1997. “Taffarel“ é, também, o
quarto goleiro que mais atuou pelo clube em sua história.
O
sonho de seus parentes que residiam em Minas Gerais era vê-lo jogando no
América Mineiro. E foi até homenageado com uma placa de prata pelo clube
alviverde mineiro e tem seu nome escrito no salão de troféus.
Seu
retorno ao Parma aconteceu já no final decarreira, na temporada 2001-2002, com
tempo de conquistar mais um título no seu currículo: a “Copa da Itália” de
2002, após boas defesas na vitória na final contra a Juventus.
Nessa
época, “Taffarel” era sondado por vários clubes do Brasil: Corinthians,
Cruzeiro e Fluminense. Entretanto, em 2003, aos 37 anos, o brasileiro preferiu
encerrar sua carreira em território italiano.
Muitos
experientes cronistas esportivos o consideram como o melhor goleiro que vestiu
a camisa número 1 da Seleção Brasileira, até hoje. Atualmente é o treinador de
goleiros da Seleção Brasileira e do Galatasaray, da Turquia.
Pela
Seleção Brasileira, “Taffarel“ tem o maior número de jogos de um goleiro na
história. Foram 123 aparições, com 113 jogos pela seleção principal. E ainda
soma quatro jogos oficiais restritivos pela seleção dos Jogos Pan-Americanos de
1987 em Indianápolis e seis jogos nas Olimpíadas de Seul 1988.
Jogou
também as Copas do Mundo de 1990 na Itália, 1994 nos Estados Unidos e 1998 na
França. “Taffarel” sofreu 15 gols nos 18 jogos em que defendeu o Brasil nas
Copas do Mundo. Seu grande ápice na Seleção Brasileira foi a campanha rumo ao título
na Copa do Mundo de 1994, defendendo a cobrança de Daniele Massaro na disputa
por pênaltis contra a Itália em plena final.
Na
semifinal da Copa América de 1995 contra a Argentina, “Taffarel” defendeu duas
cobranças. Na Copa do Mundo de 1998, na França, ele mostrou ao mundo que era
mesmo o maior pegador de pênaltis de sua época.
Fechou
o gol na semifinal contra a Holanda, acertou o canto nas quatro cobranças e
defendeu duas, garantindo a vitória ao Brasil por 4 X 2 e levando o país a sua
segunda final de Copa do Mundo consecutiva.
A
última disputa por pênaltis da sua carreira foi na final da Copa da UEFA, em 17
de maio de 2000, quando defendia as cores do Galatasaray, da Turquia.
O
bordão "Vai que é sua, Taffarel!" foi criado pelo narrador Galvão
Bueno para as defesas do goleiro na copa do mundo de 1994. Apesar da crença
geral que a frase foi criada e repetida pelo locutor devido à colocação
perfeita e às defesas difíceis do arqueiro, em entrevista a Pedro Bial o
locutor revelou que a expressão fora criada devido ao costume do atleta em não
sair de perto da trave do gol, utilizando originalmente a frase para incentivar
que “Taffarel” fosse mais proativo nas partidas.
Na
Europa, ainda é lembrado por ter parado o grande atacante francês Thierry Henry
na final da Copa da UEFA do ano 2000. Era, na época, goleiro do Galatasaray e
esse foi o primeiro título continental do clube turco.
Na
Final, o Galatasaray e o Arsenal se enfrentaram no “Estádio Parken”, na
Dinamarca, num jogo bastante equilibrado, que terminou empatado em 0 X 0 nos 90
minutos e na prorrogação. Na decisão por pênaltis o Galatasaray levou a melhor,
vencendo por 4 X 1.
Com
esta vitória na Copa da UEFA, o Galatasaray fez história ao conquistar quatro
troféus numa só época, juntando esta conquista ao Campeonato Turco, Taça da
Turquia e a Supercopa Europeia em 2000. A decisão da Supercopa Europeia,
disputada em agosto de 2000 no Estádio Olimpíco de Mônaco, reuniu o
Galatasaray, campeão da Copa da UEFA e o Real Madrid, campeão da Champions
League.
O
Galatasaray venceu por 2 X 1, conquistando assim o quarto título da temporada,
um recorde não superado até hoje no futebol turco. A contribuição de “Taffarel “naquela
temporada, foi espetacular, levando o Galatasaray a ser o segundo no ranking da
Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS), ficando
atrás apenas do clube madrilenho.
Sua
atuação pelo time de Istambul entre 1998 e 2001 foi intensa, e “Taffarel” foi
considerado um verdadeiro fenômeno entre a garotada turca. É até hoje idolatrado
pela fanática torcida do Galatasaray, um dos grandes clubes da Turquia. Em 2012
foi contratado para ser o treinador de goleiros no clube turco.
A
Federação Internacional de História e Estatística do Futebol retratou Taffarel
como um dos melhores da história. Entre 1989 e 2013, esteve presente em 13
listas. Quando ainda era jogador, destacou-se por oito vezes entre os 10
melhores do mundo.
Com
a carreira finalizada em 2003, aos 37 anos, “Taffarel“ ainda foi considerado o
10º melhor goleiro do mundo na história da IFFHS por cinco anos consecutivos
(2009, 2010, 2011, 2012, 2013).
“Taffarel”
é o único goleiro campeão mundial da história a defender um pênalti numa final
de Copa do Mundo. Tornou-se também o único jogador da Seleção Brasileira a nunca
ser substituído em três Copas do Mundo consecutivas: 1990, 1994 e 1998, num
total de 18 jogos como titular absoluto.
Taffarel
é dono do recorde em jogos de um goleiro brasileiro na história da Copa América,
com 25 partidas em cinco edições disputadas: 1989, 1991, 1993, 1995 e 1997. Foi
bicampeão, vencendo em 1989 e 1997.
Em
1998 teve seu nome especulado em clubes do interior dos Emirados Árabes Unid. Mesmo
sendo um grande goleiro, por muitos era considerado baixo.
Títulos
conquistados. Internacional: Vice-campeão brasileiro (1987) e 1988); Parma:
Copa da Itália (1992 e 2002); Recopa Europeia (1993). Atlético Mineiro: Campeão
Mineiro (1995); Copa Centenário de Belo Horizonte (1997); Copa Conmebol (1997).
Galatasaray: Campeão Turco (1999 e 2000); Copa da Turquia (1999 e 2000); Liga
Europa da UEFA (2000); Supercopa Europeia (2000). Seleção Brasileira: Copa do
Mundo FIFA Sub-20 (1985); Ouro nos Jogos Panamericanos (1987); Torneio
Bicentenário da Austrália (1988), Taça das Nações (1988); Copa América (1989 e
1997), Copa do Mundo FIFA (1994).
Campanhas
de destaque. Seleção Brasileira: Jogos Olímpicos, medalha de prata – Seul (1988);
Copa do Mundo FIFA: vice-campeão (1998).
Prêmios
individuais. Bola de Ouro da Revista Placar (1988); Bola de Prata da Revista
Placar (1987 e 1988); Terceiro melhor goleiro do mundo pela IFFHS (1991 e 1994);
Quinto melhor goleiro do mundo pela IFFHS (1990); Sétimo melhor goleiro do
mundo pela IFFHS (1989, 1992, 1998 e 2000); Nono melhor goleiro do mundo pela
IFFHS (1997); Terceiro melhor jogador das Américas, eleito pelo jornal uruguaio
El País (1988); Terceiro melhor goleiro da Copa do Mundo FIFA (1994); Melhor
jogador na final da Copa da UEFA (2000) e Segundo melhor goleiro da América do
Sul dos últimos 25 anos pela IFFHS. (Pesquisa: Nilo Dias)