Em 1958, quando o Brasil conquistou pela primeira vez o título mundial de futebol eu tinha 17 anos, estava na flor da idade. No final do ano deixamos Dom Pedrito, minha terra natal para irmos morar em Pelotas, onde meu pai encontrou melhores condições para trabalhar. E foi nesse ano de 1958 que surgiu na Rádio Gaúcha, de Porto Alegre o programa humorístico “Campeonato em Três Tempos”, baseado no programa “Miss Campeonato”, da Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro. Produzido e apresentado por Carlos Nobre, tinha como tema o cenário esportivo gaúcho retratado de maneira caricaturada.
Naqueles tempos não havia televisão. O rádio era o grande meio de comunicação. Eu lembro que na minha casa, principalmente à noite, era costume a família reunir-se em volta de um grande aparelho de rádio, com enormes válvulas para escutar as novelas da Rádio Farroupilha. E nos domingos a noite tinha o “Grande Teatro Farroupilha” e o “Grande Rodeio Coringa”. Imperdíveis. Também se ouvia as rádios do Rio e São Paulo. Não esquecendo as emissoras locais e suas apreciadas dedicatórias.
Carlos Nobre criou um personagem para cada clube participante do Campeonato Gaúcho, além da “Miss Copa”, interpretada por Leonor de Souza, cujas atenções eram o prêmio disputado ardorosamente pelos clubes. Havia o “Greminho”, interpretado pelo próprio Carlos Nobre. Fábio Silveira era o “Colorado”. Os dois se constituíam como os mais fortes pretendentes a conseguir chegar ao casamento com “Miss Copa”.
De todos os participantes do programa, apenas o “Zequinha”, que primeiro foi interpretado por Eleu Salvador e depois por José Fontes, procurava resistir às investidas de “Miss Copa”. Isso por sua origem bendita, do Esporte Clube São José. Ficou famoso o bordão “Afasta-te, pecadora”.
Os tipos criados por Carlos Nobre exploravam características estereotipadas de cada clube ou da sua cidade de origem: Walter Ferreira vivia o gringo do Flamengo, de Caxias do Sul; Ismael Fabião, o algo afetado “Doutor Pelotas”, representante do Esporte Clube Pelotas; Pepê Hornes fazia o cheio de referências militares, representante do Grêmio Atlético Farroupilha, também de Pelotas; Gerson Luiz era o índio “Botocudão”, do Clube Esportivo Aimoré, de São Leopoldo e Dimas Costa, o “Gauchão” grosso do Guarany Futebol Clube, de Bagé.
Mas algumas situações não eram bem aceitas por todos. Por exemplo, o personagem que encarnava o E.C. Pelotas, o “Doutor Pelotas’, gerava protestos de lideranças políticas e até religiosas do município. Foi quando Carlos Nobre resolveu transformar o “Doutor Pelotas” num tipo másculo, promovendo um diálogo jocoso com “Miss Copa”.
Mas isso não se tornou praxe, foi num só programa. “Miss Copa” perguntava: “Mas, “Doutor Pelotas”, o que é isso?” E ele respondia, com voz grossa e gritando muito: “Não tem conversa, não! Não tem conversa! Agora vai ser assim”. E o diálogo foi se processando. No fim, houve uma pausa e a “Miss Copa” respirou: “Como é, “Doutor Pelotas”, mas o que houve?” E ele olhou e falou com voz em falsete: “Ah, cansei!”.
No término do campeonato havia o casamento do campeão com a “Miss Copa”, o que motivava a apresentação de um programa especial, geralmente em algum cinema da cidade. Em dezembro de 1961, para comemorar o título que acabou com uma hegemonia de cinco anos do Grêmio, o programa foi apresentado no Cinema Castelo. Além do elenco do “Campeonato em Três Tempos”, compareceram torcidas organizadas, jogadores e o presidente do campeão Sport Club Internacional.
José Evaristo Villalobos Júnior, o Carlos Nobre, nasceu na cidade de Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre, em 7 de abril de 1929. Iniciou a carreira de radialista cantando seresta. Em 1954, já na Rádio Gaúcha, começou a levar ao público seu humor no programa "Jogo Bruto", que deu origem ao “Campeonato em Três Tempos”, pela simples mudança de nome. Um pouco antes de enveredar pelo humor e fugindo às proibições maternas, José Evaristo Villalobos Júnior adotou o pseudônimo Carlos Nobre, o mesmo escolhido por Nomar Nobre Chatelain, então intérprete conhecido no Rio de Janeiro, onde, com freqüência, apresentava-se no rádio, em especial no Programa Paulo Gracindo, da Nacional.
Ele chegou a escrever e interpretar nove programas por semana. O espaço nos estúdios da rádio era pequeno para o sucesso de público e de audiência. Nesta época, Carlos Nobre ingressava também nos jornais, através da coluna "Muro das Lamentações", que tinha no jornal “A Hora”. Em 62, passou a escrever na “Última Hora” e em 64 na “Zero Hora”.
Em 68, com o fim do programa “Campeonato Em Três Tempos”, Carlos Nobre passou quatro meses no centro do país, atuando em programas da TV Excelsior. Primeiro em São Paulo, no programa "Humor 62" dirigido por Procópio Ferreira e, em seguida, no Rio de Janeiro no "Times Square". Quando voltou para o Rio Grande Sul, passou a trabalhar para o Grupo Caldas Júnior, escrevendo para a “Folha da Tarde” e voltando a fazer na Rádio Guaíba, o programa “Jogo Bruto”. Em 1975, Nobre retornou à Rádio Gaúcha onde iniciou sua carreira, atuando novamente no rádio e no jornal.
No dia 16 de dezembro de 1985, faleceu aos 56 anos, vítima de uma parada cardíaca. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa do Estado onde estavam presentes a viúva, Virgínia Vargas Villa Lobos, e seus dois filhos, José Evaristo e Marco Antonio. Além da família, centenas de amigos, colegas de profissão, intelectuais, políticos e boêmios da noite porto-alegrense compareceram para reverenciar o talento e o humor dos trabalhos de Carlos Nobre. Em 1970, em tom de sátira, ele criou um epitáfio para o túmulo dos humoristas: “Aqui jaz uma gargalhada cercada de choro por todos os lados”.
Hoje, existe um museu em Guaíba só para reverenciar a figura de Carlos Nobre. O Museu Municipal Carlos Nobre foi inaugurado em 10 de setembro de 1992, com documentos e fotografias pessoais do humorista. Depois é que a comunidade doou objetos e documentos referentes à história de Guaíba e também objetos doados pela viúva e filhos de Carlos Nobre e documentos coletados pelas funcionárias do museu. O acervo é composto por 400 códices antigos, 400 objetos, 6.700 fotografias e 100 obras artísticas, entre elas: mobiliário, medalhas, utensílios domésticos e roupas.
O prédio que abriga o museu foi construído em 1908. Serviu de residência, passando a abrigar um hotel, mas a partir da década de 1940 abrigou a Intendência Municipal e em 1988, a Prefeitura Municipal de Guaíba.
Carlos Nobre era um exímio criador de frases criticas. Eis algumas: “Lamentável a policia. Acredita que a imprensa tem este nome justamente para ser imprensada”. (ZH – 1966); “Foi criado no Brasil um grupo de trabalho para investigar, porque os grupos de trabalho não trabalham?” (ZH – 1982); “Se Deus é brasileiro, acho que ele nos deve uma explicação”; ‘Se Deus fosse um burocrata brasileiro, até hoje a criação do mundo estaria só no papel”; “Soldado de Israel não avança – investe” e “O que me grila nos debates políticos da televisão é que cada candidato me convence a não votar no outro”. (Pesquisa: Nilo Dias)
Fábio Silveira e Carlos Nobre, início dos anos 60. (Foto: Acervo da Rádio Gaúcha, de Porto Alegre).
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
terça-feira, 31 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
Rosário do Sul já teve um grande futebol
Rosário do Sul (RS) já teve um grande futebol no passado. O articulista, na infância morou lá e lembra de que existiam quatro clubes, que disputavam o campeonato da cidade: Internacional e Brasil, ambos da Companhia Swift, Guarany e Ypiranga que era da unidade militar da cidade.
De todos eles, o Sport Club Guarany, fundado em 3 de fevereiro de 1909 foi o que alcançou maior projeção, tendo participado das finais do campeonato gaúcho de 1928. E também era o clube dono da maior torcida na cidade.
Em 1927 aconteceu um fato inusitado na historia do futebol gaúcho. Pelo camepeonato do Estado, o Guarany perdeu de 1 X 0 para o 14 de Julho, de Livramento, gol marcado aos 42 minutos do segundo tempo. O clube rosariense entrou com protesto na Federação, que acabou por anular a partida, pois naquela época os jogos eram de 40 minutos e não tinha acréscimos por minutos perdidos.
Um novo jogo foi marcado e dessa vez em campo neutro. O local escolhido foi a Baixada dos Moinhos de Vento, em Porto Alegre, antigo campo do Grêmio. Dessa feita o 14 de Julho não deu margem para nenhum protesto, tendo vencido por 2 X 0. O campeonato de 1927 foi o primeiro conquistado pelo Internacional de Porto Alegre.
Em 12 de outubro de 1928, o Guarany, dono do título de campeão da fronteira, foi até Porto Alegre enfrentar o Grêmio Esportivo Bagé da cidade do mesmo nome em partida semifinal pelo titulo de campeão do Estado. As duas equipes se defrontaram no Estádio Moinhos de Vento, registrando-se empate em 3 X 3. Isso obrigou a uma prorrogação, quando se verificou novo empate.
Dois dias depois outro jogo foi disputado, para ser conhecido o finalista, e o Bagé acabou vencendo por 2 x 0. O time da “Rainha da Fronteira” jogou com Tavico – Antonio e Pasqualito – Moreira – Magno e Chato – Roberto – Bate-Bate – Giumelli - Oliveira e Picão. O Guarany, de Rosário do Sul com: Aguirre – Gilbert e, Orozimbo – João – Salvador e Véco - Barroso – Otacílio – Ari - Costa e Floriano.
O Bagé jogou a final de 1928 e perdeu de 3 X 0 para o S.C. Americano, de Porto Alegre, que se sagrou campeão estadual. Antes, o clube da Capital já havia eliminado a dupla Grenal. Na classificação final o Bagé foi vice-campeão, o Gaucho de Passo Fundo, terceiro e em 4° o Guarany, de Rosário do Sul e em 5º, o Nacional, de São Leopoldo. Foi um feito histórico do clube da Fronteira, que num dia do passado foi superior ao da dupla Gre-Nal..
Em 1937, o Sport Club Gurany por pouco não fechou as portas. A Intendência Municipal obrigou o clube a entregar o Estádio da Praça Nova, onde mandava seus jogos. O município resolveu urbanizar o local e construiu ali a Praça Doutor Bozano, com Ginásio de Esportes e um monumento religioso. Hoje, o terreno é ocupado pela escola Padre Ângelo Bartelle e pelo ginásio Ervilhão.
O curioso é que na época a Intendência não homenageou ninguém da cidade. O doutor Júlio Rafael de Aragão Bozano, ou simplesmente Doutor Bozano, foi um ex-prefeito de Santa Maria que morreu assassinado.
Mesmo ficando sem casa, os torcedores do Guarany não se entregaram e foram a luta. Uma lista de resistência correu rápida e em menos de um ano o clube já tinha um estádio novo, numa vasta área cedida por comodato pelo senhor Cristalino Lopes, localizada aos fundos de sua chácara no fim da Rua General Osório, no começo da várzea do Rio Ibicuy D'Armada.
Como o novo estádio ficava próximo a uma vila de operários da Companhia Swift, onde o terreno era tomado por carrapichos, não demorou para que os torcedores dos clubes adversários o apelidassem de “Reduto dos Carrapichos”.
Eu cheguei a ver o Guarany jogar. Meu pai trabalhou na Companhia Swift em meados das décadas de 1940 e 1950. Por isso torcíamos pelo Internacional, que era azul e branco. Lembro bem da camisa do Guarany, com listras finas amarelas e pretas. O Ypiranga do quartel também era amarelo e preto, mas com uma faixa tipo do Vasco da Gama. O Brasil era colorado e o mais fraco dos times da cidade.O Guarany foi extinto em 1957.
Em 1977, os fundadores da Associação Rosário de Futebol escolheram as cores amarela e preta e um escudo idêntico ao velho Guarany, com a intenção de cativar os antigos e saudosistas torcedores do clube de futebol mais popular que a cidade conheceu em todos os tempos. (Pesquisa: Nilo Dias).
O S.C. Guarany foi quarto colocado no Campeonato Gaúcho de 1928, ficando a frente da dupla Gre-Nal. (Foto histórica)
De todos eles, o Sport Club Guarany, fundado em 3 de fevereiro de 1909 foi o que alcançou maior projeção, tendo participado das finais do campeonato gaúcho de 1928. E também era o clube dono da maior torcida na cidade.
Em 1927 aconteceu um fato inusitado na historia do futebol gaúcho. Pelo camepeonato do Estado, o Guarany perdeu de 1 X 0 para o 14 de Julho, de Livramento, gol marcado aos 42 minutos do segundo tempo. O clube rosariense entrou com protesto na Federação, que acabou por anular a partida, pois naquela época os jogos eram de 40 minutos e não tinha acréscimos por minutos perdidos.
Um novo jogo foi marcado e dessa vez em campo neutro. O local escolhido foi a Baixada dos Moinhos de Vento, em Porto Alegre, antigo campo do Grêmio. Dessa feita o 14 de Julho não deu margem para nenhum protesto, tendo vencido por 2 X 0. O campeonato de 1927 foi o primeiro conquistado pelo Internacional de Porto Alegre.
Em 12 de outubro de 1928, o Guarany, dono do título de campeão da fronteira, foi até Porto Alegre enfrentar o Grêmio Esportivo Bagé da cidade do mesmo nome em partida semifinal pelo titulo de campeão do Estado. As duas equipes se defrontaram no Estádio Moinhos de Vento, registrando-se empate em 3 X 3. Isso obrigou a uma prorrogação, quando se verificou novo empate.
Dois dias depois outro jogo foi disputado, para ser conhecido o finalista, e o Bagé acabou vencendo por 2 x 0. O time da “Rainha da Fronteira” jogou com Tavico – Antonio e Pasqualito – Moreira – Magno e Chato – Roberto – Bate-Bate – Giumelli - Oliveira e Picão. O Guarany, de Rosário do Sul com: Aguirre – Gilbert e, Orozimbo – João – Salvador e Véco - Barroso – Otacílio – Ari - Costa e Floriano.
O Bagé jogou a final de 1928 e perdeu de 3 X 0 para o S.C. Americano, de Porto Alegre, que se sagrou campeão estadual. Antes, o clube da Capital já havia eliminado a dupla Grenal. Na classificação final o Bagé foi vice-campeão, o Gaucho de Passo Fundo, terceiro e em 4° o Guarany, de Rosário do Sul e em 5º, o Nacional, de São Leopoldo. Foi um feito histórico do clube da Fronteira, que num dia do passado foi superior ao da dupla Gre-Nal..
Em 1937, o Sport Club Gurany por pouco não fechou as portas. A Intendência Municipal obrigou o clube a entregar o Estádio da Praça Nova, onde mandava seus jogos. O município resolveu urbanizar o local e construiu ali a Praça Doutor Bozano, com Ginásio de Esportes e um monumento religioso. Hoje, o terreno é ocupado pela escola Padre Ângelo Bartelle e pelo ginásio Ervilhão.
O curioso é que na época a Intendência não homenageou ninguém da cidade. O doutor Júlio Rafael de Aragão Bozano, ou simplesmente Doutor Bozano, foi um ex-prefeito de Santa Maria que morreu assassinado.
Mesmo ficando sem casa, os torcedores do Guarany não se entregaram e foram a luta. Uma lista de resistência correu rápida e em menos de um ano o clube já tinha um estádio novo, numa vasta área cedida por comodato pelo senhor Cristalino Lopes, localizada aos fundos de sua chácara no fim da Rua General Osório, no começo da várzea do Rio Ibicuy D'Armada.
Como o novo estádio ficava próximo a uma vila de operários da Companhia Swift, onde o terreno era tomado por carrapichos, não demorou para que os torcedores dos clubes adversários o apelidassem de “Reduto dos Carrapichos”.
Eu cheguei a ver o Guarany jogar. Meu pai trabalhou na Companhia Swift em meados das décadas de 1940 e 1950. Por isso torcíamos pelo Internacional, que era azul e branco. Lembro bem da camisa do Guarany, com listras finas amarelas e pretas. O Ypiranga do quartel também era amarelo e preto, mas com uma faixa tipo do Vasco da Gama. O Brasil era colorado e o mais fraco dos times da cidade.O Guarany foi extinto em 1957.
Em 1977, os fundadores da Associação Rosário de Futebol escolheram as cores amarela e preta e um escudo idêntico ao velho Guarany, com a intenção de cativar os antigos e saudosistas torcedores do clube de futebol mais popular que a cidade conheceu em todos os tempos. (Pesquisa: Nilo Dias).
O S.C. Guarany foi quarto colocado no Campeonato Gaúcho de 1928, ficando a frente da dupla Gre-Nal. (Foto histórica)
quarta-feira, 18 de maio de 2011
O "Jogo das Barricas": verdade ou lenda?
O hoje poderoso São Paulo F.C. já teve de se render ao auxilio dos clubes rivais E.C. Corinthians Paulista, Associação Portuguesa de Desportos e Palestra Itália, que concordaram em participar de um torneio quadrangular, para poder minimizar uma situação de dificuldades financeiras que o clube atravessava em 1938. Essa festa esportiva, realizada no campo do Palestra Itália, o Parque Antártica, em julho daquele ano, logo após a Copa do Mundo da França, ficou conhecida como o “Jogo das Barricas”.
Os noticiários dos jornais da época mostravam claramente a finalidade da festival de futebol; “O torneio do proximo domingo no Parque Antarctica deve merecer de todos os bons esportistas de São Paulo o seu incondicional apoio, visto a sua renda destinar-se a um fim nobilitante, como seja o de prestar auxilio moral e financeiro a um clube, legítimo representante do futebol bandeirante, como é o São Paulo que, lutando com as difficuldades próprias do momento, vem atravessando uma crise (…)“
E os jornais também faziam um apelo aos torcedores; “Os socios do São Paulo, Palestra, Corinthians e Portugueza de Esportes, têm o direito de não pagar ingresso. Por nosso intermedio, no entanto, é feito um appello a todos os torcedores, indistinctamente, para collaborarem com a sua parcella, visto a sua renda reverter em beneficio do proprio futebol local.”
O São Paulo, na condição de anfitrião do torneio, ofereceu ao vencedor a “Taça Augusto Henrique Mündel Jr.” e todos os fundos arrecadados foram destinados ao caixa do clube. Os jogos foram disputados no dia 3 de julho de 1938 e tiveram estes resultados: Corinthians 0 x 0 Palestra Itália. Nos escanteios, o Corinthians venceu por 2 x 0. São Paulo 0 x 3 Portuguesa. Final: Corinthians 2 x 1 Portuguesa.
No sábado, 2 de julho, véspera da competição, na página 9, o jornal “Folha da Manhã” publicou o seguinte: “A LIGA NÃO COBRARÁ PORCENTAGEM – Conforme é corrente, a renda do festival em questão será em beneficio do São Paulo F. C., tanto assim que esse clube, pede, por nosso intermedio, que todos os affeiçoados contribuam com sua parcella, adquirindo ingresso, apesar do direito que assiste aos socios do São Paulo, Palestra, Portugueza de Esportes e Corinthians de não pagarem entradas.
“A L.F.E.S.P. querendo contribuir para o maior exito financeiro do festival abriu mão da porcentagem que lhe caberia, dando assim um bello exemplo do seu incondicional apoio ao tricolor”.
Ainda falta publicar detalhes desse “fantástico festival”, mas o jornal, que tantos apelos fez à população para que salvasse o São Paulo da bancarrota, pagando ingressos, não publicou a renda do encontro, na edição que deu conta do resultado do torneio.
Mas de uma coisa não restou a menor dúvida: Palestra, Corinthians e Portuguesa salvaram o São Paulo F.C. da falência iminente, em uma série de amistosos promovidos no Palestra Itália, em 3 de julho de 1938. O “Jogo das Barricas” existiu como se vê. Tal alcunha foi dada graças ao auxilio oferecido pelas duas grandes equipes paulistanas, mais a Lusa, em benefício do time tricolor.
O São Paulo F.C. foi fundado em 1930 na beira da Marginal do Tietê. Por má administração o clube faliu em 1934. Contam que as dividas contraídas nunca foram pagas pelo São Paulo, mas pelo clube vizinho, o C.R. Tietê que aceitou incorporar o terreno, ficar com as taças e garantir os pagamentos.
Finalmente o clube foi refundado em 1935 sem qualquer patrimônio. Só sobreviveram nessa terceira fundação porque se fundiram com o C.A. Estudantes da Mooca, passando a mandar seus jogos naquele bairro.
O São Paulo foi salvo de nova falência pelo torneio beneficente citado acima e até hoje conhecido como o “jogo da barrica”, pois foram colocadas barricas na entrada do estádio para o povo jogar dinheiro e ajudar o São Paulo a pagar suas dívidas. Neste jogo Porfírio da Paz, presidente são paulino na época, teria andado no meio das torcidas adversárias com a bandeira do clube, esticada, para o pessoal jogar dinheiro.
Torcedores corinthianos e palmeirenses realizam todos os anos o “Jogo das Barricas”, em gozação aos tradicionais adversários tricolores. Ultimamente o cotejo tem sido disputado em campos de várzea, e a única exigência é que sejam levadas moedas, com a intenção de se encher e despejar uma barrica cheia de níqueis na porta do Morumbi.
Os dirigentes e torcedores do São Paulo negam que tenha sido disputado esse torneio com a intenção exclusiva de tirar o clube de uma situação de extrema dificuldade financeira. O site “Ex-ciclopédia Tricolor” cita que o festival foi realizado em julho de 1938, logo após a Copa do Mundo da França.
A idéia era envolver as equipes do futebol paulista que estavam paradas durante esse torneio. Assim, Portuguesa, Palestra Itália e Corinthians foram convidados para um torneio, e o São Paulo, como anfitrião da disputa, ofereceu ao vencedor a Taça Henrique Mündel”.
Como era um torneio amistoso promovido e idealizado pelo SPFC, obviamente todos os fundos arrecadados foram destinados ao caixa do clube. Segundo os são paulinos essa é a verdade da famosa lenda do "Jogo das Barricas".
Acreditando-se que essa seja a versão verdadeira, de doação não houve nada. O que aconteceu é que os clubes envolvidos aceitaram os termos do acordo. Nunca houve doação de renda, pois de fato ela nunca foi dos clubes participantes, e sim do promotor do evento. Aos participantes somente cabia a disputa pela Taça do Festival. De qualquer maneira o episódio rende polêmica até hoje. (Pesquisa: Nilo Dias)
Os noticiários dos jornais da época mostravam claramente a finalidade da festival de futebol; “O torneio do proximo domingo no Parque Antarctica deve merecer de todos os bons esportistas de São Paulo o seu incondicional apoio, visto a sua renda destinar-se a um fim nobilitante, como seja o de prestar auxilio moral e financeiro a um clube, legítimo representante do futebol bandeirante, como é o São Paulo que, lutando com as difficuldades próprias do momento, vem atravessando uma crise (…)“
E os jornais também faziam um apelo aos torcedores; “Os socios do São Paulo, Palestra, Corinthians e Portugueza de Esportes, têm o direito de não pagar ingresso. Por nosso intermedio, no entanto, é feito um appello a todos os torcedores, indistinctamente, para collaborarem com a sua parcella, visto a sua renda reverter em beneficio do proprio futebol local.”
O São Paulo, na condição de anfitrião do torneio, ofereceu ao vencedor a “Taça Augusto Henrique Mündel Jr.” e todos os fundos arrecadados foram destinados ao caixa do clube. Os jogos foram disputados no dia 3 de julho de 1938 e tiveram estes resultados: Corinthians 0 x 0 Palestra Itália. Nos escanteios, o Corinthians venceu por 2 x 0. São Paulo 0 x 3 Portuguesa. Final: Corinthians 2 x 1 Portuguesa.
No sábado, 2 de julho, véspera da competição, na página 9, o jornal “Folha da Manhã” publicou o seguinte: “A LIGA NÃO COBRARÁ PORCENTAGEM – Conforme é corrente, a renda do festival em questão será em beneficio do São Paulo F. C., tanto assim que esse clube, pede, por nosso intermedio, que todos os affeiçoados contribuam com sua parcella, adquirindo ingresso, apesar do direito que assiste aos socios do São Paulo, Palestra, Portugueza de Esportes e Corinthians de não pagarem entradas.
“A L.F.E.S.P. querendo contribuir para o maior exito financeiro do festival abriu mão da porcentagem que lhe caberia, dando assim um bello exemplo do seu incondicional apoio ao tricolor”.
Ainda falta publicar detalhes desse “fantástico festival”, mas o jornal, que tantos apelos fez à população para que salvasse o São Paulo da bancarrota, pagando ingressos, não publicou a renda do encontro, na edição que deu conta do resultado do torneio.
Mas de uma coisa não restou a menor dúvida: Palestra, Corinthians e Portuguesa salvaram o São Paulo F.C. da falência iminente, em uma série de amistosos promovidos no Palestra Itália, em 3 de julho de 1938. O “Jogo das Barricas” existiu como se vê. Tal alcunha foi dada graças ao auxilio oferecido pelas duas grandes equipes paulistanas, mais a Lusa, em benefício do time tricolor.
O São Paulo F.C. foi fundado em 1930 na beira da Marginal do Tietê. Por má administração o clube faliu em 1934. Contam que as dividas contraídas nunca foram pagas pelo São Paulo, mas pelo clube vizinho, o C.R. Tietê que aceitou incorporar o terreno, ficar com as taças e garantir os pagamentos.
Finalmente o clube foi refundado em 1935 sem qualquer patrimônio. Só sobreviveram nessa terceira fundação porque se fundiram com o C.A. Estudantes da Mooca, passando a mandar seus jogos naquele bairro.
O São Paulo foi salvo de nova falência pelo torneio beneficente citado acima e até hoje conhecido como o “jogo da barrica”, pois foram colocadas barricas na entrada do estádio para o povo jogar dinheiro e ajudar o São Paulo a pagar suas dívidas. Neste jogo Porfírio da Paz, presidente são paulino na época, teria andado no meio das torcidas adversárias com a bandeira do clube, esticada, para o pessoal jogar dinheiro.
Torcedores corinthianos e palmeirenses realizam todos os anos o “Jogo das Barricas”, em gozação aos tradicionais adversários tricolores. Ultimamente o cotejo tem sido disputado em campos de várzea, e a única exigência é que sejam levadas moedas, com a intenção de se encher e despejar uma barrica cheia de níqueis na porta do Morumbi.
Os dirigentes e torcedores do São Paulo negam que tenha sido disputado esse torneio com a intenção exclusiva de tirar o clube de uma situação de extrema dificuldade financeira. O site “Ex-ciclopédia Tricolor” cita que o festival foi realizado em julho de 1938, logo após a Copa do Mundo da França.
A idéia era envolver as equipes do futebol paulista que estavam paradas durante esse torneio. Assim, Portuguesa, Palestra Itália e Corinthians foram convidados para um torneio, e o São Paulo, como anfitrião da disputa, ofereceu ao vencedor a Taça Henrique Mündel”.
Como era um torneio amistoso promovido e idealizado pelo SPFC, obviamente todos os fundos arrecadados foram destinados ao caixa do clube. Segundo os são paulinos essa é a verdade da famosa lenda do "Jogo das Barricas".
Acreditando-se que essa seja a versão verdadeira, de doação não houve nada. O que aconteceu é que os clubes envolvidos aceitaram os termos do acordo. Nunca houve doação de renda, pois de fato ela nunca foi dos clubes participantes, e sim do promotor do evento. Aos participantes somente cabia a disputa pela Taça do Festival. De qualquer maneira o episódio rende polêmica até hoje. (Pesquisa: Nilo Dias)
domingo, 1 de maio de 2011
O centenário do E.C. Novo Hamburgo (Final)
O Novo Hamburgo nunca ganhou um Campeonato Gaúcho, mas chegou a vencer algumas competições estaduais disputadas apenas por clubes do interior, sem a presença dos poderosos Grêmio e Internacional. Em 1972, a equipe ganhou o Título do Interior. Em 2000, depois de quase uma década sem disputar a primeira divisão gaúcha, o time venceu mais uma vez a Divisão de Acesso e voltou ao escalão principal, para cair novamente no ano seguinte.
Finalmente, o Novo Hamburgo foi vice da Divisão de Acesso em 2003 e retornou à elite gaúcha. Desta vez, não voltou a cair, pelo contrário: fez boas campanhas e conseguiu classificação para a Série C do Campeonato Brasileiro, voltando a uma competição nacional depois de 19 anos. E ainda fez bonito neste campeonato, conseguindo chegar no quadrangular final, mas sem subir para a segunda divisão.
Em 2005, o time disputou a Copa do Brasil pela primeira vez, conseguindo classificação por meio da posição final no Campeonato Gaúcho do ano anterior. Na mesma temporada, venceu a Copa Emídio Perondi, considerada uma extensão do Estadual, o que deu uma vaga para o time na Copa do Brasil de 2006.
Títulos: Campeão Gaúcho da 2ª Divisão (1996 e 2000); Copa FGF (2005); Copa Emídio Perondi (2005); Campeão Gaúcho do Interior (1961, 1965, 1972). E um recorde brasileiro e talvez mundial: foi por 34 vezes consecutivas, campeão municipal de Novo Hamburgo
O industrial Pedro Adams Filho, dono da fábrica de calçados que deu origem ao Esporte Clube Novo Hamburgo era natural de Santa Clara do Sul, tendo nascido a 13 de abril de 1870 e falecido em 1935. Foi um dos pioneiros do setor coureiro-calçadista no Rio Grande do Sul.
Quando tinha por volta de 16 anos a família mudou-se para Dois Irmãos e aos 18 anos iniciou seus trabalhos como aprendiz de seleiro com Jacob Bossle, dono de uma selaria e uma sapataria em Taquara. Logo depois voltou a Dois Irmãos onde trabalhou num curtume e numa correaria. Em 1888, estabeleceu seu próprio negócio como sapateiro e seleiro. Produzia arreios, selas, botinas, tamancos, chinelos, solas e sapatos. Na época com 12 empregados, Pedro Adams, embrenhava-se pelas picadas da colônia para vender seus produtos ao maior número de pessoas possível.
Em 1891 casou com Rosa Saenger, com quem teve 6 filhos. Com a chegada da linha de trem de Porto Alegre a Novo Hamburgo em 1898, mudou-se para lá, percebendo as oportunidades geradas pelo aprimoramento da rede de distribuição. Em 1901 resolveu associar-se a José Frederico Gerhardt e instalar uma fábrica de calçados em moldes mais modernos, com um maior número de máquinas e funcionários (mais de 100): a Fábrica de Calçados Sul RioGrandense.
Aproveitou para contratar seu irmão Alberto para gerente técnico, e dedicou-se integralmente às questões administrativas. Apenas três anos depois de iniciada a empresa, José Frederico Gerhardt retirou-se da sociedade satisfeito com seu capital e lucro, tendo a fábrica passado a chamar-se Pedro Adams Filho & Cia. Ltda.
Foi co-responsável pela fundação do Esporte Clube Novo Hamburgo, fundado em uma festa que o empresário ofereceu a seus funcionários em comemoração ao dia do trabalho, em 1911. Foi presidente da Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo de 1910 a 1911 e fundador do Jockey Club de São Leopoldo por volta de 1912. No mesmo ano era agente do Banco da Província na cidade o que lhe facilitou a obtenção de créditos para suas empresas.
Preocupado com a modernidade de sua fábrica importou máquinas da Alemanha e Estados Unidos, também trouxe técnicos para operá-las do Uruguai e da Itália. Estes técnicos, Salvador Ingletto, Nicolas Daile e Paulo Triebses, transformaram sua fábrica numa verdadeira escola, da qual saíram várias outras fábricas do Vale do Sinos.
Em 1917 fundou o Curtume Hamburguez, na mesma rua de sua fábrica, aumentando seus negócios. Nos anos da década de 1920 sua fábrica produzia mais de 700 modelos de calçados diferentes e sua produção diária era de 2.000 pares de calçados, sendo 1.500 sandálias e 500 sapatos masculinos.
Auxiliou de maneira indireta a Novo Hamburgo tornar-se um pólo do calçado feminino, pois quando um de seus empregados saía da empresa para abrir um negócio próprio, procurava não competir com o antigo patrão, optando pela produção de calçados femininos, já que, muitas vezes, Pedro Adams Filho ajudava financeiramente essa nova fábrica. Em 1924 faleceu sua primeira esposa. Dois anos depois casou-se com Olga Maria Kroeff que residia em Porto Alegre. Mudou-se para lá, tendo com ela três outros filhos.
Foi representante do Partido Republicano Riograndense na cidade de Novo Hamburgo, desde 1917, tendo sido durante dez anos conselheiro municipal representando o distrito de "Hamburger Berg" na Câmara de São Leopoldo. Junto com Jacob Kroeff e Leopoldo Petry foi um dos líderes do movimento que emancipou Novo Hamburgo de São Leopoldo em 1927.
Fundou em 1927 a Energia Elétrica Hamburguêsa Ltda. para fornecer energia elétrica à cidade e garantir também o abastecimento da sua indústria. Em 1929 fundou a Caixa Rural União Popular de Novo Hamburgo, com sede em sua empresa, sendo o primeiro diretor, tendo como auxiliares Oscar Adams, seu filho, e Alonso Bernd. A Caixa fornecia crédito rural e também financiamentos pessoais e para construção de moradias. Foi um dos criadores da Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo.
Em 4 de abril de 1930 sua empresa foi alvo da primeira greve de Novo Hamburgo, motivada pelo desconto proposto pela empresa de 10% nos salários por conta da crise econômica pela qual estava passando a economia nacional. A manifestação foi tratada como caso de polícia, conforme prática da época.
Por sofrer de asma passava temporadas no clima mais ameno do Rio de Janeiro. Em 1933 sua saúde piorou drasticamente, sofrendo de insuficiência cardíaca. Foi obrigado a se afastar dos negócios definitivamente e faleceu em casa dois anos depois. (Pesquisa: Nilo Dias)
O moderno Estádio do Vale abriu novos caminhos para o clube. (Foto: Acervo do E.C. Novo Hamburgo)
Finalmente, o Novo Hamburgo foi vice da Divisão de Acesso em 2003 e retornou à elite gaúcha. Desta vez, não voltou a cair, pelo contrário: fez boas campanhas e conseguiu classificação para a Série C do Campeonato Brasileiro, voltando a uma competição nacional depois de 19 anos. E ainda fez bonito neste campeonato, conseguindo chegar no quadrangular final, mas sem subir para a segunda divisão.
Em 2005, o time disputou a Copa do Brasil pela primeira vez, conseguindo classificação por meio da posição final no Campeonato Gaúcho do ano anterior. Na mesma temporada, venceu a Copa Emídio Perondi, considerada uma extensão do Estadual, o que deu uma vaga para o time na Copa do Brasil de 2006.
Títulos: Campeão Gaúcho da 2ª Divisão (1996 e 2000); Copa FGF (2005); Copa Emídio Perondi (2005); Campeão Gaúcho do Interior (1961, 1965, 1972). E um recorde brasileiro e talvez mundial: foi por 34 vezes consecutivas, campeão municipal de Novo Hamburgo
O industrial Pedro Adams Filho, dono da fábrica de calçados que deu origem ao Esporte Clube Novo Hamburgo era natural de Santa Clara do Sul, tendo nascido a 13 de abril de 1870 e falecido em 1935. Foi um dos pioneiros do setor coureiro-calçadista no Rio Grande do Sul.
Quando tinha por volta de 16 anos a família mudou-se para Dois Irmãos e aos 18 anos iniciou seus trabalhos como aprendiz de seleiro com Jacob Bossle, dono de uma selaria e uma sapataria em Taquara. Logo depois voltou a Dois Irmãos onde trabalhou num curtume e numa correaria. Em 1888, estabeleceu seu próprio negócio como sapateiro e seleiro. Produzia arreios, selas, botinas, tamancos, chinelos, solas e sapatos. Na época com 12 empregados, Pedro Adams, embrenhava-se pelas picadas da colônia para vender seus produtos ao maior número de pessoas possível.
Em 1891 casou com Rosa Saenger, com quem teve 6 filhos. Com a chegada da linha de trem de Porto Alegre a Novo Hamburgo em 1898, mudou-se para lá, percebendo as oportunidades geradas pelo aprimoramento da rede de distribuição. Em 1901 resolveu associar-se a José Frederico Gerhardt e instalar uma fábrica de calçados em moldes mais modernos, com um maior número de máquinas e funcionários (mais de 100): a Fábrica de Calçados Sul RioGrandense.
Aproveitou para contratar seu irmão Alberto para gerente técnico, e dedicou-se integralmente às questões administrativas. Apenas três anos depois de iniciada a empresa, José Frederico Gerhardt retirou-se da sociedade satisfeito com seu capital e lucro, tendo a fábrica passado a chamar-se Pedro Adams Filho & Cia. Ltda.
Foi co-responsável pela fundação do Esporte Clube Novo Hamburgo, fundado em uma festa que o empresário ofereceu a seus funcionários em comemoração ao dia do trabalho, em 1911. Foi presidente da Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo de 1910 a 1911 e fundador do Jockey Club de São Leopoldo por volta de 1912. No mesmo ano era agente do Banco da Província na cidade o que lhe facilitou a obtenção de créditos para suas empresas.
Preocupado com a modernidade de sua fábrica importou máquinas da Alemanha e Estados Unidos, também trouxe técnicos para operá-las do Uruguai e da Itália. Estes técnicos, Salvador Ingletto, Nicolas Daile e Paulo Triebses, transformaram sua fábrica numa verdadeira escola, da qual saíram várias outras fábricas do Vale do Sinos.
Em 1917 fundou o Curtume Hamburguez, na mesma rua de sua fábrica, aumentando seus negócios. Nos anos da década de 1920 sua fábrica produzia mais de 700 modelos de calçados diferentes e sua produção diária era de 2.000 pares de calçados, sendo 1.500 sandálias e 500 sapatos masculinos.
Auxiliou de maneira indireta a Novo Hamburgo tornar-se um pólo do calçado feminino, pois quando um de seus empregados saía da empresa para abrir um negócio próprio, procurava não competir com o antigo patrão, optando pela produção de calçados femininos, já que, muitas vezes, Pedro Adams Filho ajudava financeiramente essa nova fábrica. Em 1924 faleceu sua primeira esposa. Dois anos depois casou-se com Olga Maria Kroeff que residia em Porto Alegre. Mudou-se para lá, tendo com ela três outros filhos.
Foi representante do Partido Republicano Riograndense na cidade de Novo Hamburgo, desde 1917, tendo sido durante dez anos conselheiro municipal representando o distrito de "Hamburger Berg" na Câmara de São Leopoldo. Junto com Jacob Kroeff e Leopoldo Petry foi um dos líderes do movimento que emancipou Novo Hamburgo de São Leopoldo em 1927.
Fundou em 1927 a Energia Elétrica Hamburguêsa Ltda. para fornecer energia elétrica à cidade e garantir também o abastecimento da sua indústria. Em 1929 fundou a Caixa Rural União Popular de Novo Hamburgo, com sede em sua empresa, sendo o primeiro diretor, tendo como auxiliares Oscar Adams, seu filho, e Alonso Bernd. A Caixa fornecia crédito rural e também financiamentos pessoais e para construção de moradias. Foi um dos criadores da Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo.
Em 4 de abril de 1930 sua empresa foi alvo da primeira greve de Novo Hamburgo, motivada pelo desconto proposto pela empresa de 10% nos salários por conta da crise econômica pela qual estava passando a economia nacional. A manifestação foi tratada como caso de polícia, conforme prática da época.
Por sofrer de asma passava temporadas no clima mais ameno do Rio de Janeiro. Em 1933 sua saúde piorou drasticamente, sofrendo de insuficiência cardíaca. Foi obrigado a se afastar dos negócios definitivamente e faleceu em casa dois anos depois. (Pesquisa: Nilo Dias)
O moderno Estádio do Vale abriu novos caminhos para o clube. (Foto: Acervo do E.C. Novo Hamburgo)
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