A Associação Atlética Ponte Preta, de Campinas (SP) é o
segundo time mais velho do Brasil. Fica atrás apenas do Sport Club Rio Grande,
da cidade gaúcha de igual nome. Agora a direção do clube campineiro está
gestionando junto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Fédération
Internationale de Football Association (FIFA) o reconhecimento de ser o
primeiro clube de futebol no país a aceitar negros em sua equipe. E também que
a entidade maior do futebol mundial permita que seja prestada uma homenagem ao
ex-atleta Miguel do Carmo, quando da abertura oficial da Copa do Mundo, ano que
vem no Brasil
Miguel do Carmo foi um dos fundadores da Ponte Preta em
11 de agosto de 1900, junto de outros garotos do bairro da Ponte Preta, como
Alberto Aranha, Antonio de Oliveira (Tonico Campeão), Dante Pera, Luiz Afonso,
Luiz Garibaldi Burghi (Gigette) e Pedro Vieira da Silva (Zico Vieira), que foi
o primeiro presidente da entidade, com o apoio do alemão Theodor Kutter, do
austríaco Nicolau Burghi, do brasileiro descendente de alemães Hermenegildo
Wadt e do brasileiro João Vieira da Silva.
A reunião de fundação aconteceu em um terreno baldio, à
sombra de duas paineiras. Por proposta do senhor Luiz Garibaldi Burghi, o clube
deveria ter o nome de Associação Athletica Ponte Preta em homenagem ao bairro
em que foi fundado. A primeira Diretoria fiou assim constituída: Presidente,
Pedro Vieira da Silva; Secretario, Alberto Aranha; Tesoureiro, Miguel do Carmo;
Procurador, Antonio de Oliveira e Fiscal de Campo, Luiz Garibaldi Burghi.
No mesmo ano que o clube foi fundado, Miguel do Carmo se
tornou jogador da Ponte Preta, o que lhe garante o título de primeiro jogador
de futebol negro do Brasil. Na época ele tinha apenas 15 anos. A Ponte assumiu
a cor preta no nome e no uniforme. Levantou uma bandeira. Pediu liberdade a uma
cidade conservadora, nada menos que o último município brasileiro a abolir a
escravatura.
Além de Miguel, que também era conhecido por “Migué”,
havia outros três negros e dois mulatos no plantel da “Macaca”, mas apenas ele
era titular. A Ponte Preta também
aceitou negros no seu quadro social desde a fundação, o que a torna a primeira
democracia racial no futebol brasileiro.
Miguel do Carmo nasceu em 1885, três anos antes da
abolição da escravatura no Brasil, com a Lei Áurea. Quando menino morava em uma
daquelas históricas casas da Rua Abolição, reservadas a funcionários da
Companhia Paulista. Ele trabalhou como ferroviário, e jogava futebol com os
garotos no bairro onde nasceu o clube. O rapaz cresceu, se casou, teve 10
filhos. Mas morreu muito jovem, aos 47 anos, em 1932, depois de passar por uma
cirurgia no estômago.
Miguel do Carmo, nascido em Jundiaí no dia 10 de abril de
1885 e trabalhou como segundo fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas
de Ferro em Campinas no fim do século 19. Miguel jogou de “Center-half” pela
Ponte Preta até 1904, quando foi transferido pela Companhia Paulista para
Jundiaí. Além disso, porém, pouco se sabe a respeito dele. Na história da Ponte
Preta foram encontradas muitas escalações de equipes, mas ninguém sabe quem era
branco ou negro.
O que se sabe de concreto é que a situação era impensável
no fim daquele século e começo do próximo. Os times que praticavam o futebol no
Brasil eram da elite branca. Alguns deles tinham regras que proibiam
explicitamente a presença de negros em seus quadros. A procura se estendeu a
familiares de Miguel do Carmo, mas foi encontrado apenas um documento, uma
carteira de registro, com foto, de seu emprego como ferroviário.
As pesquisas encontraram indícios de que outros dois
negros poderiam ter atuado no time de 1900, um deles seria Alberto Aranha. Na
época havia duas famílias Aranha em Campinas, uma no bairro da Ponte Preta, de
negros, e outra no Cambuí, região nobre, de brancos. Alberto poderia ser
parente de Benedicto Aranha, um contador negro que atuou no clube a partir de
1908.
A falta de certeza acontece pela pouca documentação
encontrada. Os jornais ignoravam o novo esporte. A imprensa só começou a cobrir
o futebol em 1908, quando houve uma tentativa frustrada de criação de uma liga
competitiva. Um dos filhos de Miguel, Geraldo do Carmo, está vivo até hoje, e
mora no Jardim Garcia, em São Paulo. Ele tinha só cinco anos quando o seu pai
morreu. Mas a paixão pela bola estava no sangue. Ele próprio se tornou jogador
de futebol profissional, mas numa ironia do destino, nunca jogou na Ponte.
Começou a carreira ainda adolescente, jogando no Mogiana,
na década de 40. Em 1950, às vésperas de fazer 25 anos foi contratado pelo
Guarani. Depois defendeu o Linense, de Lins (SP), onde foi campeão paulista da
divisão de acesso em 1952. Também teve passagens pelo XV de Jaú, Comercial e
Francana.
Depois de encerrar a carreira, Geraldo voltou a trabalhar
no Guarani, onde foi técnico da equipe de base e treinou revelações como Zetti,
Neto e João Paulo. Hoje, com 86 anos, mora em uma casa modesta da Rua Cerqueira
César, no Jardim. Geraldo, antes de ir para o Guarani, chegou a ser convidado
para jogar na Ponte, onde seria reserva do quarto-zagueiro Pitico. Foi quando
pintou o convite do “Bugre”. Não pensou duas vezes.
Os 86 anos de idade não impedem Geraldo de ainda “bate”
uma bolinha no minicampo do bairro. Dono de uma saúde de ferro, até toma umas
cervejinhas para animar. É muito popular no bairro e até empresta seu nome à
escolinha de futebol da associação de moradores.
Geraldo ainda tem um irmão vivo, dois anos mais velho que
ele, que mora no Rio de janeiro, e que igualmente foi jogador profissional. Tem
quatro netos e seu desejo é que também sejam jogadores de futebol. A campanha
que busca o reconhecimento da Ponte Preta como o primeiro clube brasileiro a
acolher negros em sua equipe,foi lançada e é mantida por um grupo de torcedores
que vasculham alfarrábios e jornais antigos à procura de documentos que
comprovem um episódio importantíssimo da história.
O professor de História da PUC Campinas, José Moraes dos
Santos Neto foi quem elaborou o oficio enviado a FIFA. Mas a aprovação vai
depender de pesquisas aprofundadas em arquivos públicos e jornais da época, que
atestem a escalação de Miguel em jogos da Ponte.
Ao que se sabe não existe uma única fotografia, por
exemplo, do rapaz vestido com calção e chuteira. Nada disso será fácil, pois
sabidamente a sociedade brasileira na primeira metade do século passado, era
racista ao extremo.
Dois clubes do Rio de Janeiro, Bangu e Vasco da Gama
disputam há anos a primazia de aceitarem negros em sua equipe. O Bangu,
oficialmente é o primeiro time profissional brasileiro a escalar um jogador
negro. Isso foi em 1905, quando escalou Francisco Carregal.
Na época, a Liga Metropolitana de Futebol chegou a
impedir a inscrição do rapaz, o que levou o Bangu a se afastar do campeonato.
No entanto, quando isso aconteceu, já fazia cinco anos que Miguel do Carmo
tinha jogado pela primeira vez com a camisa alvinegra de Campinas.
Com o Vasco a coisa é ainda bem mais ampla. O Vasco foi
fundado como clube de regatas em 1898, mas só em 1915 começou a se dedicar
também ao futebol. E, mesmo como Clube de Regatas, só em 1904 elegeu um
presidente negro.
Segundo historiadores, em 1923 jogou pela primeira vez
com atletas não brancos, e só no ano seguinte defendeu junto à Federação
Carioca o direito de ter jogadores negros. Até hoje, o Vasco é reconhecido como
o primeiro clube a superar o preconceito no país. Em 1923, chocou o Rio ao
vencer Flamengo, Botafogo e Fluminense, clubes da elite carioca, e conquistar o
campeonato local com um time formado, principalmente, por negros e mulatos.
E tem também o Guarany, de Bagé (RS), fundado em 19 de
abril de 1907, que desde o inicio de suas atividades aceitou negros em sua
equipe. No dia 27 de março deste ano a Câmara Municipal de Campinas concedeu o
“Título do Mérito Desportivo” ao atleta futebolístico Miguel do Carmo.
Quase 111 anos depois, dois garotos, de 18 e 17 anos,
tentam dar continuidade à trajetória de quem é apontado como o primeiro negro a
atuar em um time de futebol no Brasil. Eles são Gabriel, que joga de lateral e
Lucas, volante, bisnetos de Miguel do Carmo.
No limite da idade para entrar na carreira profissional,
a dupla treina nos campos do Jardim Garcia, em escolinha que leva o nome do
avô, Geraldo do Carmo, filho de Miguel e zagueiro do Guarani, nos anos 50 e do
Taquaral, bairros de Campinas. Gabriel e Lucas até tentaram participar de
peneira da Ponte, mas com a concorrência de outros 3 mil meninos nem chegaram a
ir a campo.
Uma porta de entrada pode ser o futebol universitário dos
EUA. Lucas, tem vontade de estudar lá e tentar, pois nos Estados Unidos é comum
a carreira começar com 18 anos. Sua mãe, a jornalista Raquel do Carmo,
acompanha a luta do filho e do sobrinho, enquanto busca resgatar a memória do
avô Miguel do Carmo, que ela nem chegou a conhecer.
Carlos Burghi, membro do Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB), em Campinas, sugeriu que a “Escola de Samba Ponte Preta Amor Maior”
apresente no Carnaval de 2014 o tema: "Democracia Racial nos trilhos da
profissionalização do futebol campineiro", em homenagem ao atleta Miguel
do Carmo. (Pesquisa: Nilo Dias)
A Associação Atlética Ponte Preta, de Campinas (SP) é o
segundo time mais velho do Brasil. Fica atrás apenas do Sport Club Rio Grande,
da cidade gaúcha de igual nome. Agora a direção do clube campineiro está
gestionando junto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Fédération
Internationale de Football Association (FIFA) o reconhecimento de ser o
primeiro clube de futebol no país a aceitar negros em sua equipe. E também que
a entidade maior do futebol mundial permita que seja prestada uma homenagem ao
ex-atleta Miguel do Carmo, quando da abertura oficial da Copa do Mundo, ano que
vem no Brasil
Miguel do Carmo foi um dos fundadores da Ponte Preta em
11 de agosto de 1900, junto de outros garotos do bairro da Ponte Preta, como
Alberto Aranha, Antonio de Oliveira (Tonico Campeão), Dante Pera, Luiz Afonso,
Luiz Garibaldi Burghi (Gigette) e Pedro Vieira da Silva (Zico Vieira), que foi
o primeiro presidente da entidade, com o apoio do alemão Theodor Kutter, do
austríaco Nicolau Burghi, do brasileiro descendente de alemães Hermenegildo
Wadt e do brasileiro João Vieira da Silva.
A reunião de fundação aconteceu em um terreno baldio, à
sombra de duas paineiras. Por proposta do senhor Luiz Garibaldi Burghi, o clube
deveria ter o nome de Associação Athletica Ponte Preta em homenagem ao bairro
em que foi fundado. A primeira Diretoria fiou assim constituída: Presidente,
Pedro Vieira da Silva; Secretario, Alberto Aranha; Tesoureiro, Miguel do Carmo;
Procurador, Antonio de Oliveira e Fiscal de Campo, Luiz Garibaldi Burghi.
No mesmo ano que o clube foi fundado, Miguel do Carmo se
tornou jogador da Ponte Preta, o que lhe garante o título de primeiro jogador
de futebol negro do Brasil. Na época ele tinha apenas 15 anos. A Ponte assumiu
a cor preta no nome e no uniforme. Levantou uma bandeira. Pediu liberdade a uma
cidade conservadora, nada menos que o último município brasileiro a abolir a
escravatura.
Além de Miguel, que também era conhecido por “Migué”,
havia outros três negros e dois mulatos no plantel da “Macaca”, mas apenas ele
era titular. A Ponte Preta também
aceitou negros no seu quadro social desde a fundação, o que a torna a primeira
democracia racial no futebol brasileiro.
Miguel do Carmo nasceu em 1885, três anos antes da
abolição da escravatura no Brasil, com a Lei Áurea. Quando menino morava em uma
daquelas históricas casas da Rua Abolição, reservadas a funcionários da
Companhia Paulista. Ele trabalhou como ferroviário, e jogava futebol com os
garotos no bairro onde nasceu o clube. O rapaz cresceu, se casou, teve 10
filhos. Mas morreu muito jovem, aos 47 anos, em 1932, depois de passar por uma
cirurgia no estômago.
Miguel do Carmo, nascido em Jundiaí no dia 10 de abril de
1885 e trabalhou como segundo fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas
de Ferro em Campinas no fim do século 19. Miguel jogou de “Center-half” pela
Ponte Preta até 1904, quando foi transferido pela Companhia Paulista para
Jundiaí. Além disso, porém, pouco se sabe a respeito dele. Na história da Ponte
Preta foram encontradas muitas escalações de equipes, mas ninguém sabe quem era
branco ou negro.
O que se sabe de concreto é que a situação era impensável
no fim daquele século e começo do próximo. Os times que praticavam o futebol no
Brasil eram da elite branca. Alguns deles tinham regras que proibiam
explicitamente a presença de negros em seus quadros. A procura se estendeu a
familiares de Miguel do Carmo, mas foi encontrado apenas um documento, uma
carteira de registro, com foto, de seu emprego como ferroviário.
As pesquisas encontraram indícios de que outros dois
negros poderiam ter atuado no time de 1900, um deles seria Alberto Aranha. Na
época havia duas famílias Aranha em Campinas, uma no bairro da Ponte Preta, de
negros, e outra no Cambuí, região nobre, de brancos. Alberto poderia ser
parente de Benedicto Aranha, um contador negro que atuou no clube a partir de
1908.
A falta de certeza acontece pela pouca documentação
encontrada. Os jornais ignoravam o novo esporte. A imprensa só começou a cobrir
o futebol em 1908, quando houve uma tentativa frustrada de criação de uma liga
competitiva. Um dos filhos de Miguel, Geraldo do Carmo, está vivo até hoje, e
mora no Jardim Garcia, em São Paulo. Ele tinha só cinco anos quando o seu pai
morreu. Mas a paixão pela bola estava no sangue. Ele próprio se tornou jogador
de futebol profissional, mas numa ironia do destino, nunca jogou na Ponte.
Começou a carreira ainda adolescente, jogando no Mogiana,
na década de 40. Em 1950, às vésperas de fazer 25 anos foi contratado pelo
Guarani. Depois defendeu o Linense, de Lins (SP), onde foi campeão paulista da
divisão de acesso em 1952. Também teve passagens pelo XV de Jaú, Comercial e
Francana.
Depois de encerrar a carreira, Geraldo voltou a trabalhar
no Guarani, onde foi técnico da equipe de base e treinou revelações como Zetti,
Neto e João Paulo. Hoje, com 86 anos, mora em uma casa modesta da Rua Cerqueira
César, no Jardim. Geraldo, antes de ir para o Guarani, chegou a ser convidado
para jogar na Ponte, onde seria reserva do quarto-zagueiro Pitico. Foi quando
pintou o convite do “Bugre”. Não pensou duas vezes.
Os 86 anos de idade não impedem Geraldo de ainda “bate”
uma bolinha no minicampo do bairro. Dono de uma saúde de ferro, até toma umas
cervejinhas para animar. É muito popular no bairro e até empresta seu nome à
escolinha de futebol da associação de moradores.
Geraldo ainda tem um irmão vivo, dois anos mais velho que
ele, que mora no Rio de janeiro, e que igualmente foi jogador profissional. Tem
quatro netos e seu desejo é que também sejam jogadores de futebol. A campanha
que busca o reconhecimento da Ponte Preta como o primeiro clube brasileiro a
acolher negros em sua equipe,foi lançada e é mantida por um grupo de torcedores
que vasculham alfarrábios e jornais antigos à procura de documentos que
comprovem um episódio importantíssimo da história.
O professor de História da PUC Campinas, José Moraes dos
Santos Neto foi quem elaborou o oficio enviado a FIFA. Mas a aprovação vai
depender de pesquisas aprofundadas em arquivos públicos e jornais da época, que
atestem a escalação de Miguel em jogos da Ponte.
Ao que se sabe não existe uma única fotografia, por
exemplo, do rapaz vestido com calção e chuteira. Nada disso será fácil, pois
sabidamente a sociedade brasileira na primeira metade do século passado, era
racista ao extremo.
Dois clubes do Rio de Janeiro, Bangu e Vasco da Gama
disputam há anos a primazia de aceitarem negros em sua equipe. O Bangu,
oficialmente é o primeiro time profissional brasileiro a escalar um jogador
negro. Isso foi em 1905, quando escalou Francisco Carregal.
Na época, a Liga Metropolitana de Futebol chegou a
impedir a inscrição do rapaz, o que levou o Bangu a se afastar do campeonato.
No entanto, quando isso aconteceu, já fazia cinco anos que Miguel do Carmo
tinha jogado pela primeira vez com a camisa alvinegra de Campinas.
Com o Vasco a coisa é ainda bem mais ampla. O Vasco foi
fundado como clube de regatas em 1898, mas só em 1915 começou a se dedicar
também ao futebol. E, mesmo como Clube de Regatas, só em 1904 elegeu um
presidente negro.
Segundo historiadores, em 1923 jogou pela primeira vez
com atletas não brancos, e só no ano seguinte defendeu junto à Federação
Carioca o direito de ter jogadores negros. Até hoje, o Vasco é reconhecido como
o primeiro clube a superar o preconceito no país. Em 1923, chocou o Rio ao
vencer Flamengo, Botafogo e Fluminense, clubes da elite carioca, e conquistar o
campeonato local com um time formado, principalmente, por negros e mulatos.
E tem também o Guarany, de Bagé (RS), fundado em 19 de
abril de 1907, que desde o inicio de suas atividades aceitou negros em sua
equipe. No dia 27 de março deste ano a Câmara Municipal de Campinas concedeu o
“Título do Mérito Desportivo” ao atleta futebolístico Miguel do Carmo.
Quase 111 anos depois, dois garotos, de 18 e 17 anos,
tentam dar continuidade à trajetória de quem é apontado como o primeiro negro a
atuar em um time de futebol no Brasil. Eles são Gabriel, que joga de lateral e
Lucas, volante, bisnetos de Miguel do Carmo.
No limite da idade para entrar na carreira profissional,
a dupla treina nos campos do Jardim Garcia, em escolinha que leva o nome do
avô, Geraldo do Carmo, filho de Miguel e zagueiro do Guarani, nos anos 50 e do
Taquaral, bairros de Campinas. Gabriel e Lucas até tentaram participar de
peneira da Ponte, mas com a concorrência de outros 3 mil meninos nem chegaram a
ir a campo.
Uma porta de entrada pode ser o futebol universitário dos
EUA. Lucas, tem vontade de estudar lá e tentar, pois nos Estados Unidos é comum
a carreira começar com 18 anos. Sua mãe, a jornalista Raquel do Carmo,
acompanha a luta do filho e do sobrinho, enquanto busca resgatar a memória do
avô Miguel do Carmo, que ela nem chegou a conhecer.
Miguel do Carmo, o primeiro negro a jogar no futebol brasileiro. (Foto: Acervo familiar)