Morreu
nesta quinta-feira Marcial de Melo Castro, mais conhecido como “Marcial”, que
foi goleiro do Atlético Mineiro nos anos de 1962 e 1963. O velório acontecerá no
cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte, a partir do meio-dia e o enterro
está marcado para às 17 horas. Marcial tinha 77 anos. Nasceu em 3 de junho de
1941, em Tupaciguara (MG).
Sua
trajetória foi iniciada nas equipes amadoras do Sete de Setembro Futebol Clube,
de Belo Horizonte. Encaminhado ao Clube Atlético Mineiro, Marcial assinou seu
primeiro contrato, mas decidiu deixar o futebol tão logo foi aprovado no
vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em
julho de 1962 voltou ao Atlético após receber um convite do treinador Antônio
Fernandes, mais conhecido como Antoninho.
Campeão
mineiro de 1962, Marcial fez parte do selecionado mineiro que faturou o
campeonato brasileiro de seleções em janeiro de 1963. Ainda naquele início de
1963, uma notícia bombástica pegou de surpresa os torcedores do "Galo". O Jornal
“Estado de Minas” anunciou o sucesso no acordo financeiro que levaria Marcial
para o Corinthians.
A
reportagem destacou também que a liberação do goleiro só aconteceria depois da
decisão do campeonato de 1962, contra o Cruzeiro. Fora essa exigência, o
próprio Marcial ainda fez uma solicitação incomum aos dirigentes do time
paulista, principalmente para os padrões da época.
Aluno
do terceiro ano do curso de Medicina, Marcial necessitava do envolvimento
direto do Corinthians em sua transferência para a Escola de Medicina de São
Paulo.
Mas o negócio com o time do Parque São Jorge não vingou. Dias depois, os
jornais anunciaram outro destino para o goleiro: “Cedido Marcial ao Flamengo
por 12 milhões”.
Esse
novo furo de reportagem documentou o que seria a maior transação do futebol
mineiro até então, apesar do valor ser inferior ao oferecido anteriormente pelo
Corinthians. Além dos 12 milhões de cruzeiros, o jogador ainda receberia 6
milhões. Mas, novamente tudo emperrou quando o clube carioca não fez o
pagamento no prazo.
Dias
depois, com o dinheiro devidamente no caixa do Atlético, o acerto final entre
os clubes foi assinado por 10 milhões de cruzeiros, mais o passe do goleiro
Gustavo. Também ficou acertado um amistoso em Belo Horizonte, como parte das
festividades de comemoração dos 55 anos do clube mineiro. O quadro carioca
venceu o confronto pelo placar de 2 X 1.
Depois
de apenas 37 partidas pelo Atlético Mineiro e algumas participações no
selecionado nacional, Marcial desembarcou no Rio de Janeiro e rumou para o
gramado da Gávea. Naquele período, o Rubro-Negro apostava suas fichas na
conquista do campeonato carioca, algo que não acontecia desde o distante ano de
1955.
E
Marcial foi determinante no campeonato carioca de 1963, principalmente naquele
que foi considerado um dos clássicos mais emocionantes da história do “Fla X
Flu”.
Na
partida decisiva contra o Fluminense, Marcial realizou uma das defesas mais
difíceis de sua carreira em um chute frontal do atacante "Escurinho", o que
garantiu o empate em 0 X 0 e a taça de campeão aos rapazes do Flamengo.
Um
dos destaques do time, Marcial foi escolhido pelos companheiros para expressar
o descontentamento pelo prêmio de 150 mil cruzeiros. Então, Marcial foi cobrar do
presidente Fadel um aumento na premiação, já que esse valor era o mesmo
recebido pelos jogadores ao longo de todo o certame.
Naquela
oportunidade, Fadel disse para Marcial, sem economizar nas palavras, que não
gostava de jogador que falasse em dinheiro. E disse mais ao afirmar que tal
postura era coisa de mercenário.
Na
mesma intensidade, Marcial respondeu que tal premiação não correspondia ao
tamanho do clube e tampouco ao esforço pela importante conquista. Mesmo assim,
com o ambiente um tanto tumultuado, Marcial permaneceu por mais algum tempo no
clube da Gávea.
Mas
o Corinthians nunca desistiu. Finalmente em 1965, o Parque São Jorge recebeu em
festa o goleiro Marcial.
Jogando pelo Flamengo, Marcial disputou 87 partidas
com 50 vitórias, 18 empates e 19 derrotas. Os números foram publicados pelo
Almanaque do Flamengo, dos autores Clóvis Martins e Roberto Assaf.
Novamente
em um time de massa, Marcial enfrentou muitas dificuldades em um período
tumultuado, quando o Corinthians buscava seu tão sonhado título paulista. Sua
única conquista pelo alvinegro foi o Torneio Rio-São Paulo de 1966, quando
Corinthians, Botafogo, Santos e Vasco da Gama dividiram o título.
Em
16 de novembro de 1965, Marcial fez parte do elenco que participou do amistoso
entre Arsenal e Seleção Brasileira, que na oportunidade foi representada pelos
jogadores do Corinthians. O quadro inglês venceu pela contagem de 2 X 0.
Cansado
da realidade do futebol, Marcial surpreendeu quando decidiu deixar os gramados
no findar da temporada de 1967. Contando com apenas 26 anos de idade,
Marcial retomou os estudos em Medicina e se formou em 1970.