Andrés
Nicolás D'Alessandro fez ontem a noite contra o São José, talvez o seu último
jogo pelo Internacional, de Porto Alegre, clube que defendeu por oito anos. O confronto
valeu pelo Campeonato Gaúcho e pela Recopa do Rio Grande do Sul.
O
Internacional ganhou a competição nos pênaltis e dessa forma D’Alessandro
encerra seu ciclo, por enquanto, no colorado com mais um título. Ele foi
emprestado ao River Plate, da Argentina, que vai disputar a “Copa Libertadores
da America”.
O
craque argentino deu seus primeiros passos no “Baby Fútboll, espécie de futebol
de salão praticado na Argentina, indo depois para às categorias de base do
River Plate, onde ganhou destaque pela habilidade, inteligência, chutes
precisos e personalidade forte. E não demorou para que fosse chamado pelo
técnico José Pekerman, para integrar a Seleção Sub-20 do país, onde ajudou a
conquistar o Mundial Sub-20, em 2001, realizado na própria Argentina.
O
time “porteño” tinha grandes valores, tais como Leandro Romagnoli, Javier
Saviola e Maxi Rodriguez. Mesmo competindo com esses extraordinários craques, D'Alessandro
foi eleito o segundo melhor jogador da competição.
Em
2003 ele foi vendido pelo River Plate ao Wolfsburg, da Alemanha, time que tem
como maior acionista a empresa automobilística alemã Volkswagen, por
aproximadamente 9 milhões de euros ou 25,5 milhões de reais.
Com
a força da sua juventude, D’Alessandro foi peça importante na conquista do Ouro
no futebol, pela Seleção Argentina nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. O
time era dirigido tecnicamente por Marcelo Bielsa, e venceu no jogo final ao
Paraguai por 1 x 0.
Em
2006, D'Alessandro trocou o time alemão pelo Portsmouth, da Inglaterra, onde ficou
por empréstimo até o fim da temporada 2005/2006. O clube da Inglaterra lutava
contra o rebaixamento e com o argentino no time conseguiu se manter na elite do
futebol inglês.
Sua
esposa estava grávida de oito meses da filha Martina e pediu ao marido que
aceitasse a ida para a Inglaterra, já que não podia viajar por longas
distâncias. D’Alessandro, na época, estava negociando o seu retorno ao River
Plate.
No
início da temporada 2006/2007 ele foi para o Real Zaragoza, da Espanha, ainda
por empréstimo. No ano seguinte o clube espanhol comprou em definitivo os seus direitos
federativos.
Mas
o jogador não correspondeu dentro de campo, o que fez com que fosse emprestado em
janeiro de 2008, para o San Lorenzo, da Argentina, que comemorava 100 anos de
fundação e era treinado por Ramón Díaz, que foi o primeiro treinador do meia no
time profissional do River Plate.
O
San Lorenzo queria contar com o jogador para as disputas da “Taça Libertadores
da América”, e para isso abriu os cofres e pagou cerca de 9 milhões de reais ao
Zaragoza.
O
investimento, porém, não teve retorno imediato, pois o San Lorenzo foi eliminado
da competição nas quartas-de-final pela LDU, do Equador, após dois empates em 1
X 1 e derrota nos pênaltis por 4 X 3 no jogo de volta, em Quito.
Ao
término do empréstimo, D’Alessandro nem chegou a retornar ao clube espanhol do
Zaragoza, tendo sido vendido ao Internacional, de Porto Alegre por 5 milhões de
euros, cerca de R$ 13,5 milhões, onde assinou um contrato de quatro anos.
O
primeiro jogo de D’Alessandro com a camisa vermelha do Internacional deu-se em 13
de agosto de 2008, justamente um clássico Gre-Nal, valido pela Copa
Sul-Americana, que terminou empatado em 1 X 1. O resultado eliminou o rival da competição,
que acabou sendo ganha pelo Internacional.
O
primeiro gol de D’Alessandro no clube gaúcho aconteceu no dia 14 de setembro de
2008, num jogo contra o Botafogo, do Rio de Janeiro, pelo Campeonato Brasileiro,
vencido pelo Internacional por 2 x 1. No mesmo ano fez seu primeiro gol em
Gre-Nal, abrindo o placar no Beira-Rio.
A
camisa do argentino no Internacional tinha o número 15, repetindo a sua
preferência na seleção de seu país. E até porque o número 10 era usado por
Alex. Com a saída desse jogador para o futebol russo, D’Alessandro, a pedido do
dirigente Fernando Carvalho, passou a usar o número 10.
Em
janeiro de 2010, num jogo do Campeonato Gaúcho, D'Alessandro foi vítima da
violência do zagueiro Ferreira, do Juventude, de Caxias do Sul, que lhe desferiu
um golpe com o joelho no rosto. O argentino foi levado imediatamente para um
hospital de Porto Alegre, onde se constatou uma fratura ao lado do olho
direito.
Os
médicos decidiram pela colocação de uma placa metálica com micro parafusos no
local da lesão, que ficou de forma definitiva no rosto do jogador. D’Alessandro,
em razão disso, ausentou-se dos gramados por cerca de 40 dias, não atuando em parte
do Campeonato Gaúcho e da estreia do Internacional na “Taça Libertadores da
América” de 2010, vencida pelo clube gaúcho.
A
volta do craque ao time se deu no dia 3 de março de 2010, quando entrou no
segundo tempo do jogo contra o Santa Cruz, válido pelo Campeonato Gaúcho, que o
colorado ganhou por 4 X 1. Já no dia 11 de março, D'Alessandro entrou no
segundo tempo da partida contra o Deportivo Quito, na capital do Equador,
válida pela segunda rodada da “Taça Libertadores da América” de 2010.
E
no dia 18 de agosto de 2010, D'Alessandro realizou o maior sonho de sua carreira:
ser campeão da “Taça Libertadores da América”. Com a camisa 10 do
Internacional, o meia argentino foi fundamental na conquista.
Guindado
a capitão da equipe, nessa condição ganhou seu primeiro título em 13 de maio de
2012, quando depois de voltar de uma lesão, entrou no intervalo do jogo contra
o Caxias, no Beira Rio, no lugar de Tinga.
O
time perdia por 1 X 0, e D'Alessandro foi um dos responsáveis pela virada no
jogo, com gols de Sandro Silva e Leandro Damião e levantou a taça gaúcha pela
41ª vez.
O
jogador teve marcas importantes no Internacional, como seu jogo de número 200,
disputado em março de 2013 contra o Canoas válido pelo “Gauchão”. Em 22 de
agosto de 2013, D'Alessandro fez seu gol de número 50 com a camisa do
Internacional, contra o Salgueiro, de Pernambuco, em jogo válido pela oitavas de
final da Copa do Brasil.
Em
7 de setembro de 2013, marcou seu centésimo gol da carreira ao converter um pênalti contra a Ponte Preta,
de Campinas, pelo Campeonato Brasileiro. Mais da metade dos gols marcados
por D'Alessandro foram pelo Internacional.
Entre
tantos feitos de D’Alessandro pelo Internacional, um merece registro especial:
foi ele que no dia 6 de abril de 2014, marcou o primeiro gol da reinauguração
do Estádio Beira Rio, numa partida amistosa contra o Peñarol, do Uruguai. E
ainda marcou o segundo gol na vitória por 2 x 1.
D'Ale
deixa o Inter com números expressivos. Ele nunca terminou uma temporada sem
levantar uma taça. Foram 11 títulos. Seis Estaduais (2009, 2011, 2012, 2013,
2014 e 2015), uma “Copa Libertadores da América” (2010), uma “Recopa
Sul-Americana” (2011), uma “Copa Sul-Americana” (2008), uma “Copa Suruga”
(2009) e uma “Recopa Gaúcha” (2016).
Em
341 jogos pelo Internacional, marcou 76 gols. Ele ainda disputou 27 Gre-Nais,
com 13 vitórias, 9 empates e 5 derrotas. Contra o Grêmio, marcou oito gols.
Jogando
pelo River Plate, D’Alessandro foi campeão argentino em 2000 e do “Clausura”, em
2002 e 2003.
Pela
Seleção Argentina foi Campeão Mundial Sub-20 em 2001 e Medalha de Ouro nos “Jogos
Olímpicos de 2004”, em Atenas, quando atuou ao lado de jogadores como Carlos
Tévez, Javier Mascherano, Luis González, Roberto Ayala, entre outros.
Também
participou da Copa América de 2004, realizada no Peru, sendo vice-campeão,
perdendo o jogo final nos pênaltis para a Seleção Brasileira. D'Alessandro foi
um dos que desperdiçaram a cobrança.
O
jogador em sua carreira ganhou vários “Prêmios Individuais”: “Bola de Prata de melhor
jogador da Campeonato Mundial Sub-20 (2001);
Melhor
meio-campista das Américas, segundo o jornal “El País” (2001, 2002, 2008 e 2010);
Melhor jogador das Américas, segundo o jornal “El País” (2010); Prêmio Craque
do Brasileirão - Meia-Direita (2010); Bola de Bronze segundo o jornal “El País”
de melhor jogador do Mundial de Clubes da FIFA (2010); Melhor jogador
estrangeiro do Campeonato Brasileiro EFE (2013) e Seleção do Campeonato Gaúcho
(Melhor Meia) (2009, 2013, 2014, 2015).
D'Alessandro
não era convocado para a Seleção Argentina desde agosto de 2008, quando o
técnico Alfio Basile comandou a equipe nos jogos contra a Seleção Paraguaia e a
Seleção Peruana. Sob o comando de Maradona, D'Alessandro não foi convocado
nenhuma vez para a Seleção de seu país.
Após
a conquista da “Copa Libertadores da América” de 2010, pelo Internacional, D'Alessandro
voltou a ser convocado para a Seleção Argentina pelo técnico Sergio Batista,
para amistosos contra a Espanha, Japão e Brasil.