O
Sport Club Maguari deixou saudade no futebol cearense, porque foi um clube
grande, detentor de quatro títulos de campeão cearense, nos anos de 1929, 1936,
1943 e 1944, quatro torneios início, em 1929, 1942, 1944 e 1945 e sete
vices-campeonatos, 1928, 1930, 1932, 1935, 1937, 1938 e 1945.
O
clube foi oficialmente fundado no dia 24 de junho de 1924, em Fortaleza, pela
família Barbosa Freitas, com a grafia da época, com “y” ao final. Anos depois o
“y” foi trocado pelo “i”, em função de Decreto do então presidente Getúlio
Vargas, que obrigou a “nacionalização” dos nomes dos clubes brasileiros. Com o
fim da guerra, o clube voltou ao nome original de Maguary.
Em
1924 existia em Fortaleza uma empresa chamada "Saunders, Barbosa &
Cia”, que funcionava com o nome de "Agência Benzold", situada na rua Senador
Alencar, e que trabalhava no ramo de representação. Entre seus representados estava o "Curtume Maguary", de Belém do Pará, segundo esclarece o historiador Nirez
de Azevedo, em seu livro “História do Campeonato Cearense de Futebol”.
O
curtume, já extinto, foi implantado por dois irmãos ingleses, os Saunders e
Davids, em 1916, e se localizava às margens do rio Maguari, antes conhecido por
Maguari-Assu, denominação vinda da presença constante no lugar, do pássaro
“Maguari”, ave pernalta de grande porte, de cor acinzentada e preta,
assemelhada à garça, conhecida por cegonha brasileira.
O
S.C.Maguary surgiu graças as filhas do capitão Saunders, que eram grandes
admiradoras do futebol e incentivaram os sócios Hugo Gil Saunders, José de
Freitas Barbosa e Armando Guilherme, diretores da firma, e mais os funcionários
Hugo Berthold Saunders, Raimundo Freitas Barbosa e João Barbosa, a fundarem um
time que representasse a empresa. A ideia foi adiante e assim nasceu o time, que
teve o respaldo financeiro da empresa.
O
primeiro presidente do clube foi o comerciante José de Freitas Barbosa. Embora
seus dirigentes fizessem parte da elite cearense, ainda assim tinha grandes
admiradores entre o chamado “povão”.
Tanto é verdade, que possuía a segunda maior torcida da cidade, na
época.
O
uniforme era todo branco, com uma faixa horizontal preta na altura do peito,
razão pela qual ganhou o apelido de “Cintanegrino”. A faixa preta homenageava
algumas aves que tinham uma faixa preta abaixo das asas e que se tornava
visível quando voavam.
O
S.C. Maguary se tornou um time de futebol altamente competitivo, que rivalizou
com os chamados grandes daquele tempo, América, Ceará, Ferroviário e Fortaleza.
Naquela época não havia o profissionalismo. Então, como agregava os jovens da
classe média alta, eles ficaram sendo chamados de “príncipes”.
O
clube entrou definitivamente para a história do futebol cearense, ao ser um
dos fundadores da atual Federação Cearense de Futebol, em 29 de janeiro
de 1936, de acordo com o que está escrito no livro “Futebol Cearense: Um século
de história”, do pesquisador e escritor Alberto Damasceno.
Um
outro fato de destaque na vida do clube, foi o de ter sido um dos times a
participar da primeira transmissão de futebol da Ceará Rádio Clube, em 24 de
dezembro de 1939. O adversário foi o Estrela do Mar e a partida era válida pelo
Campeonato Cearense de Futebol.
O
Maguary disputou pela primeira vez o Campeonato Cearense em 1927. Já em 1929 e
1936 levantava as taças de campeão, no velho e histórico “Estádio do Prado”.
Depois ganhou mais dois títulos, dessa feita no não menos histórico “Presidente
Vargas”, em 1943 e 1944, este, conquistado de maneira invicta.
Em
1945 era o franco favorito para repetir o feito, com a Diretoria investindo
pesado na contratação de jogadores, mas quem levantou a taça foi o Ferroviário,
com apenas um ponto de diferença.
Essa
desilusão foi crucial para a extinção do Departamento de Futebol, aliada a
constantes atritos com a Associação Desportiva Cearense, atual Federação
Cearense de Futebol. Os torcedores acabaram se dividindo entre os demais times
da cidade.
E
para culminar sua gloriosa trajetória, foi o primeiro clube “campeão do
Castelão", quando venceu o América, em 2 de dezembro de 1973, na final do
"Torneio Breno Vitoriano", competição organizada para comemorar a
inauguração do então chamado “Gigante da Boa Vista”, como citou o escritor
Miguel Ângelo de Azevedo Nirez, no livro “Cronologia Ilustrada de Fortaleza”,
Volume 1, de 2001.
O
clube foi reconhecido pelo jornal “A Folha de São Paulo”, como o quarto
colocado no ranking do futebol cearense, conforme publicado na edição de 23 de
dezembro de 2007, na página seis, do Caderno de Esportes.
A
primeira sede do S.C. Maguary localizava-se à rua Bezerra de Menezes, números
25 e 26, no bairro do Alagadiço, atual São Gerardo. Depois mudou-se para a
avenida Visconde de Cauipe, 2081, atual avenida da Universidade, no bairro do
Benfica.
Foi
nessa época que o S.C. Maguary tornou-se uma entidade elegante, graças ao
advento de sua terceira sede social, inaugurada em 20 de abril de 1946,
construída em um amplo terreno localizado na rua Barão do Rio Branco, 2955, perto
da avenida 13 de Maio, no nobre bairro de Fátima. Os recursos, antes destinados
ao futebol, passaram a ser utilizados na sua nova formação de clube social.
Isso
se deveu aos esforços dos dirigentes Waldir Diogo de Siqueira, Mário de Alencar
Gadelha e Egberto de Paula Rodrigues, que contaram com a colaboração de um
seleto grupo de amigos.
O
prédio foi idealizado pelo famoso arquiteto Sílvio Jaguaribe Ekman, o mesmo que
criou o projeto do Ideal Clube, outra tradicional entidade social de Fortaleza.
O
S.C. Maguary, em sua nova e definitiva sede, deu ênfase aos esportes
amadoristas, sendo campeão estadual de basquete na década de 1950, e também
participando de competições oficiais de voleibol e futebol de salão, além de
organizar festas inesquecíveis, que marcaram a vida da cidade, principalmente
nos chamados anos dourados.
Muitas
de suas animadas festas carnavalescas, costumavam terminar por volta das 10
horas da manhã seguinte. Mesmo tendo deixado o futebol, o Sport Club Maguary
continuou como clube social, com forte presença na sociedade de Fortaleza.
Em
1955, o clube viveu um dos momentos mais emocionantes de sua nova fase, ao ver
sua candidata Emília Correia Lima, ser eleita "Miss Ceará" e depois "Miss
Brasil", em concurso nacional promovido pelos ”Diários Associados”, tendo
recebido a faixa das mãos da baiana Martha Rocha.
Em
1972 houve uma tentativa de retorno do futebol, com o nome de Maguari Esporte
Clube, até que, em 14 de agosto de 1975, o clube enrolou a bandeira, em
definitivo.
A
sua sede foi vendida para a Companhia Energética do Ceará (Coelce) e depois
repassada para a Fundação Coelce de Seguridade Social, a caixa de previdência
dos funcionários daquela companhia. José Leite Jucá foi o último presidente do
clube, e embora tenha sido contra a venda da sede, foi voto vencido.
Depois
de anos sem participar dos campeonatos, o “Clube dos Príncipes” foi novamente
reorganizado em 2009, agora como clube-empresa, sob a tutela do político e
empresário Aguiar Júnior.
É
uma homenagem ao antigo time, revivendo seu nome, escudo e uniforme. Com sede
em Fortaleza, o Maguary treina no Estádio Valdir Bezerra e disputa a 3ª
Divisão, mandando os seus jogos no Estádio “Murilão”.
As
cores do S.C. Maguary são o laranja, o branco e o preto. Em seu uniforme número
1, a camisa laranja conta com uma listra na horizontal, em preto. Os calções e
os meiões são também na cor laranja.
O
segundo uniforme é composto por uma camisa branca com uma faixa diagonal cinza
e outra preta, mais calções e meiões brancos. A
ave Maguari é a atual mascote do Sport Club Maguary, inclusive fazendo parte
integrante do escudo da equipe.
Em 2011 o site "Meu Time de Futebol" (MPDF), projeto da Internet que põe nas mãos de associados o comando de um time de futebol profissional, prestou homenagem ao primeiro presidente do S.C. Maguary, José de Freitas Barbosa, emprestando seu nome a Taça e às medalhas de um torneio na Categoria Sub 20. (Pesquisa: Nilo Dias)
Em 2011 o site "Meu Time de Futebol" (MPDF), projeto da Internet que põe nas mãos de associados o comando de um time de futebol profissional, prestou homenagem ao primeiro presidente do S.C. Maguary, José de Freitas Barbosa, emprestando seu nome a Taça e às medalhas de um torneio na Categoria Sub 20. (Pesquisa: Nilo Dias)