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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Ex-futebolista assume o poder na Libéria

O ex-jogador de futebol George Tawlon Manneh Oppong Ousman Weah , ou simplesmente George Weah, de 51 anos de idade, tomou posse ontem (22) como o novo presidente da República da Libéria, um país republicano presidencialista localizado na África Ocidental. George se elegeu com 61,5% dos votos contra 38,5% de seu adversário, o ex-vice-presidente Joseph Boakai, no segundo turno do pleito.

O resultado mostrou que o povo liberiano busca uma mudança radical no país. O candidato derrotado é um homem de longa carreira política que representou a continuidade do Partido da Unidade. A vitória de Weat foi fortemente comemorada nas ruas de Monrovia, capital do país, quando o nome do vencedor foi confirmado.

George Weah vai suceder a Ellen Johnson Sirleaf, a primeira mulher que conseguiu chegar à presidência na África. Ela, a apesar de ter conseguido manter a paz durante os 12 anos de seu governo, deixou um rastro de nepotismo, corrupção e uma insuperável fratura social que desgastou seu partido.

Aquele que foi considerado um dos melhores atacantes do mundo nos anos 90 tem agora o enorme desafio de dirigir a frágil nação da Libéria, com as feridas ainda não cicatrizadas da feroz guerra civil que terminou em 2003.

Weah herda um país sem infraestrutura, com a maioria da população na pobreza e afetado pelo período pós-guerra e pelo forte golpe da epidemia de ebola.

Mas, como homem de origem humilde e não pertencente à elite governante, ele aspira a sanar algumas das chagas sociais históricas que alimentaram conflitos no passado. Muito popular e visto como alguém muito próximo, seu trunfo é a coesão social.

Como grande jogador que foi Weah fascinou o mundo com suas jogadas enquanto o seu país se esfacelava em um conflito sangrento. Ele consolidou sua vitoriosa carreira defendendo o Milan, da Itália, entre 1995 e 2000, e o Paris Saint Germain, da França entre outros clubes europeus.

Em 2004, foi lembrado por Pelé na lista dos 125 maiores jogadores de futebol, como parte da comemoração de centenário da FIFA. Ao ganhar este prêmio, dedicou-o a seu empresário Arsène Wenger, então treinador do Arsenal, que o incentivou a seguir carreira no futebol.

Ele é até hoje o único jogador africano a ganhar a “Bola de Ouro” e o prêmio de jogador do ano da FIFA. Encerrou a carreira um ano antes da guerra em seu país chegar ao fim. Quando se aposentou voltou a Libéria para se tornar político.

Em 2005, concorreu à presidência de seu país, sendo derrotado pela candidata Ellen Johnson-Sirleaf. Em 2014 foi eleito senador de Montserrado com 78% dos votos. Mas não escapou de criticas por se ausentar com frequência de seus deveres na Câmara Alta. Agora foi a terceira vez que disputou a presidência, saindo vencedor desta feita.

A vitória de Weah significa o retorno ao poder do temido sobrenome Taylor. O ex-senhor da guerra e ex-presidente Charles Taylor está preso, cumprindo uma pena de 50 anos por crimes de guerra.

Ao que se sabe sua ex-mulher, Jewel Howard Taylor, eleita vice-presidente será o braço direito de Weah e a segunda figura política mais importante da Libéria.

A volta do sobrenome Taylor ao centro da arena política assusta, assim como a aliança de Weah com Prince Johnson, o célebre líder da guerrilha que torturou e matou o ex-presidente Samuel Doe diante das câmeras enquanto bebia cerveja.

A pequena nação da África Ocidental, com 4,6 milhões de habitantes, foi fundada pelos Estados Unidos enviando escravos libertos. Desde então, quando 5% da população de ex-cativos se instalou no poder, o fosso entre os “américos-liberianos”– também chamados de Congos – e os autóctones marcou a história convulsionada e traumática do país.

Depois de um século e meio de opressão brutal, as guerras continuaram. Desde que, na década de oitenta, os “autóctones” ousaram se levantar pela primeira vez contra os Congos, houve dois presidentes assassinados e o terceiro, Charles Taylor, está preso por crimes de guerra.

George Weah, nasceu na Monróvia, em 1 de outubro de 1966. Como futebolista, passou pelo auge de sua carreira atuando pelo AC Milan, entre. Em 1995, foi eleito o Melhor jogador do mundo pela FIFA, e recebeu a Bola de Ouro sendo o único africano a receber ambos os prêmios.

Começou a carreira jogando no “Young Survivors Clareton”, e depois de passar por outros clubes africanos, foi para o “Tonnerre Yaoundé”, de Camarões, onde recebeu o apelido de “Oppong” (Super).

Depois de conquistar dois títulos nacionais com o “Tonnerre Yaoundé”, foi negociado com o “Monaco”, da França, seu primeiro clube europeu, pelo qual conquistou a “Coupe de France”, na temporada 1990/91.

Em 1992, transferiu-se para o “Paris Saint-Germain”, onde ganhou o título da Ligue 1 e mais duas “Coupe de France”, até que, em 1995, foi para o AC Milan.

Quando o holandês Marco Van Basten abandonou os gramados, o AC Milan perdeu um atacante extraordinário. Alguns anos passaram-se até que outro atacante fosse capaz de entusiasmar os torcedores milanistas.

No entanto, quando George Weah chegou ao time italiano, em 1995, a saudade que os fãs tinham por Van Basten foi diminuindo. E não era para menos.

Na Itália, viveu a sua melhor fase. No mesmo ano foi eleito o “Melhor Jogador da África” no ano, ganhou a “Ballon d'Or” da Europa e foi eleito, pela FIFA, o “Melhor Jogador do Mundo”, na edição de 1995 do prêmio.

Weah foi o grande maestro do Milan na conquista do “Scudetto”da temporada 1995/96. Seus gols inesquecíveis tinham sempre uma marca: o domínio de bola perfeito, a arrancada em velocidade e o arremate fatal. Ainda conquistou a Série A em 1998/99.

Após se tornar um herói milanista, mudou-se para Inglaterra. Foi emprestado ao “Chelsea” e, depois, vendido em definitivo ao “Manchester City”. Também teve uma rápida passagem de uma temporada pelo “Olympique Marseille”, em 2000/01.

Em 2002, atuando pelo “Al-Jazira”, dos Emirados Árabes Unidos, anunciou oficialmente a sua aposentadoria após disputar a “Copa das Nações Africanas”.

Apesar de ter conquistado até um prêmio de Melhor jogador do mundo pela FIFA, Weah encerrou sua carreira sem nunca ter disputado uma Copa do Mundo por sua seleção.

Weah é considerado pelos torcedores o melhor jogador da história da seleção da Libéria. Em 1996, ele pagou todas as despesas para que a seleção nacional, junto a ele, disputasse a Copa das Nações Africanas daquele ano. Disputou várias edições deste torneio continental.

No início da temporada de 2001, assumiu a condição de treinador da seleção liberiana, ao mesmo tempo em que continuou como atacante do Olympique Marseille.

Na sua estreia como treinador, a Libéria derrotou a seleção de Gana por 3 X 1, fora de casa, pelas eliminatórias africanas da Copa do Mundo 2002. Porém, sua seleção não conseguiu se classificar para a Copa. Ele também ajudou as vítimas da Primeira e Segunda Guerra Civil da Libéria. (Pesquisa: Nilo Dias)


George Weah, quando jogava pelo Monaco, da França.