Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A morte do "Bode Atômico"

Morreu hoje no Rio de Janeiro, onde residia, o ex-jogador de futebol Carlos Dionísio de Brito, ou simplesmente Dionisio, atacante que fez história jogando pelo Flamengo entre os anos de 1967 e 1972. Ele tinha 66 anos de idade, e foi encontrado morto por sua esposa.

A bandeira do clube foi hasteada a meio mastro na sede da Gávea, em sinal de luto. E a noite, no jogo São Paulo X Flamengo, no Morumbi, foi respeitado um minuto de silêncio em memória do ex-jogador.

Era matogrossense de Corumbá, onde nasceu no dia 9 de julho de 1947. Era casado, pai de dois filhos e tinha dois netos. Depois de deixar os gramados, trabalhou por muito tempo no Flamengo, realizando peneiras direcionadas à descoberta de novos talentos.

Dionisio vestiu a camisa rubro-negra em 164 jogos, contabilizando 75 vitórias, 50 empates, 39 derrotas e 60 gols marcados. No final da carreira jogou pelo Fluminense, Bahia, Grêmio, Sampaio Corrêa e Americano, de Campos (RJ), onde encerrou a carreira.

Pelo tricolor das Laranjeiras disputou 58 jogos e marcou 34 gols. Ajudou o Fluminense a sagrar-se campeão carioca de 1973, justamente em cima do Flamengo, com vitória de 4 X 2 e dois gols de sua autoria.

Mesmo não sendo um jogador de estatura elevada, Dionisio era dono de uma grande impulsão. Tinha enorme facilidade para ganhar no alto dos goleiros e cabeçeava muito forte. Por conta disso, recebeu o apelido de "Bode Atômico".

Em 1966, os torcedores do Flamengo começaram a acompanhar os jogos do time juvenil, só para ver em ação um atacante de 20 anos, oriundo do Mato Grosso, que fazia gols em série. Tratava-se de Dionisio, visto como esperança para o ano vindouro. Na temporada, havia marcado 26 gols, quase todas em bolas aéreas, sendo o artilheiro do certame da categoria.

O Flamengo havia montado um timaço de juvenis. A linha de atacantes era constituida de Zequinha, Dionísio, Luís Carlos e Arílson. Dionisio chegou no time de cima, mas teve uma trajetória acidentada por contusões, o que não o impediu de ser artilheiro e campeão.

Dionísio fez no time juvenil mais gols de cabeça, que Paulo Borges, do Bangu, artilheiro do campeonato principal de 1966, fez com os pés. Não demorou para virar ídolo na Gávea e atraiu a atenção da imprensa, o que contribuiu para sua rápida ascensão ao time de cima no ano seguinte.

Em maio de 1967, a “Revista dos Esportes” publicou matéria em que apontava alguns jogadores como promessas de recuperação do futebol brasileiro, caido no descrédito depois do fracasso na Copa do Mundo da Inglaterra, um ano antes.

Entre esses jogadores estava Dionisio, ao lado de Rivelino, Wilson Piazza, Dirceu Lopes, Paulo Cesar (ainda sem Z e sem o Caju), Edu, irmão de Zico, Everaldo, Leivinha, Cesar, Raul e Afonsinho.

Não começou como titular, ficando quase sempre no banco de reservas do Flamengo, de onde saia para balançar as redes adversárias. Em 1967 marcou 8 gols de cabeça, apesar de sua baixa estatura, apenas 1.73 metro. Sua impulsão era comparada a de Pelé.

Dionísio passou a ser lembrado como um dos prováveis convocados para a Copa de 1970, junto de Rivelino, então uma revelação no Corinthians. E houve uma coincidência histórica entre os dois: os apelidos quase semelhantes, dados pela imprensa. Rivelino era o “Patada Atômica” e Dionisio o “Bode Atômico”. (Pesquisa: Nilo Dias)


Dionísio, ex-jogador do Flamengo, morreu aos 66 anos. (Foto: Daniel Castelo) Branco

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Um zagueiro de apelido "Açucareiro"

No dia 23 de maio deste ano faleceu o ex-zagueiro Joel Camargo, campeão mundial pela Seleção Brasileira, em 1970, no México. Nascido em Santos, no dia 18 de setembro de 1946, estava com 68 anos de idade quando do seu falecimento, ocorrido no Hospital da santa Casa de Santos, onde estava internado com insuficiência renal.

Joel foi o quarto integrante da seleção de 70, considerada uma das melhores de todos os tempos a morrer. O goleiro Félix, o zagueiro Fontana e o lateral Everaldo foram os primeiros.

Começou a carreira em 1963 na Portuguesa Santista. Nesse mesmo ano foi contratado pelo Santos, onde permaneceu até 1971, período em que participou de 309 partidas e conquistou 14 títulos. Com a camisa do Santos, fez cinco gols.

Sua estréia no time santista foi no dia 1 de setembro de 1963, diante da Ferroviária, de Araraquara, quando tinha exatos 16 anos e 11 meses de idade, tornando-se um dos jogadores mais jovens a vestir a camisa santista.

Joel Camargo, que tinha o apelido de “Açucareiro”, sofreu um violento acidente de carro, em Santos, que abalou definitivamente a carreira daquele que João Saldanha considerava o melhor quarto-zagueiro do mundo.

Em 1971 foi para a França, defender o Paris Saint-Germain, onde só participou de dois jogos.  No retorno ao Brasil, em 1973, foi jogar no CRB, de Alagoas e posteriormente no Saad, de São Caetano do Sul (SP).

Também defendeu a Seleção Brasileira, tendo participado da Copa do Mundo de 1970. Foi titular nas eliminatórias de 1969. Vestiu a camisa canarinho em 36 partidas, oficiais e não oficiais, entre 1964 e 1970.

Jogou muitos anos ao lado de Pelé, que dizia não ser seu amigo, apenas colega de profissão. Joel praticamente conheceu todo o mundo, como jogador de futebol. Confessava que gostaria de ter se tornado técnico, depois que deixou os gramados, ao mesmo tempo que emendava: “Você já viu técnico crioulo por aí?”.

Títulos. Pelo Santos: Campeão Paulista (1964, 1965, 1967, 1968 e 1969; Taça Brasil (1964 e 1965); Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1968); Recopa Sulamericana (1968) e Recopa Mundial (1968).

Em 11 novembro de 2006 o ex-zagueiro foi homenageado pelo Santos,  antes da partida do Campeonato Brasileiro entre Santos e Paraná, por ter sido mais um jogador do clube que conquistou a Copa do Mundo (1970).


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Os 100 anos do “Gavião Carcará”

Alguns garotos entre 13 e 14 anos, liderados pelo senhor Vieira, pai de um deles, foram os responsáveis pela fundação do Tombense F.C., em 7 de setembro de 1914, na pequena e pacata cidade de Tombos, na Zona da Mata de Minas Gerais, com apenas 9.542 habitantes. O nome “Tombos”, tem origem a cachoeira existente no município, a quinta maior do Brasil em volume d’água.

Um dos maiores feitos do Tombense, que tem as corers vermelha e branca, ocorreu na era do amadorismo, quendo se sagrou campeão da Mata Mineira, em 1935, vencendo no jogo final ao Tupi, de Juiz de Fora, em confronto disputado em Carangola, cidade vizinha de Tombos.

Durante as décadas seguintes, o time revelou alguns atletas que posteriormente jogaram em equipes de maior porte, como Vasco, Flamengo, Atlético-MG e Cruzeiro. Entre eles, Jouber, um dos maiores jogadores da história do Flamengo, nos anos 1950 e 1960.

Os jogadores Leonardo Moura, que joga no Flamengo, do Rio de Janeiro, Victor Simões, que defendeu o Botafogo, do Rio de Janeiro, Andrè Lima, que atua no Botafogo, Cícero, atualmente no Fluminense, Elias, que jogou no São Paulo, Renatinho, da Ponte Preta e Bruno, ex-goleiro do Flamengo, foram revelados nas categorias de base do clube.

Em 1999, os empresários Eduardo Uram e Lane Mendonça Gaviolle, da empresa “Brasil Soccer” começaram a gerir o Tombense, que se profissionalizou. A empresa administra a carreira de pelo menos 500 profissionais da bola no país e no mundo. Foi a partir daí que o clube começou a aparecer no cenário estadual.

Foi nessa época que o Estádio Antônio Guimarães de Almeida, com capacidade para 5 mil torcedores,  passou por uma grande reforma, com melhorias no gramado, construção de novas arquibancadas, de uma concentração, cabines de rádio, camarotes e de um moderno sistema de drenagem.

Paralelamente ocorreram investimentos fortes no futebol, que deram resultados quase imediatos. Em 2001, o Tombense já era campeão mineiro das categorias infantil e juvenil.

Em 2002 foi campeão mineiro da Segunda Divisão. Estreou no Módulo II em 2003, com uma campanha modesta. Em2004 foi rebaixado e só voltou a disputar o Campeonato Estadual da segunda Divisão em 2006. Novamente conseguiu chegar ao título, mas recusou a vaga ao Módulo de 2007.

Em 2009 disputou novamente a Segundona, ficando com o segundo lugar e classificando para o Módulo II de 2010. Em 2012 foi vice-campeão do Módulo II, conquistando uma vaga para a disputa daprincipal divisão do futebol mineiro, em 2013.

Com um investimento de R$ 1,5 milhão, o time foi bem, alcançando o quarto lugar na classificação geral, o que lhe valeu uma vaga no Campeonato Brasileiro da Série D de 2013, que o clube acabou desistindo.

Este ano foi o 2º melhor colocado do Campeonato Estadual e se classificou para o Campeonato Brasileiro da Série D, estando na Chave com Tupi, Nova Iguaçu, Resende e Espírito Santo..

Títulos conquistados. Campeão da “Zona da Mata” (1935); Campeão Mineiro da Segunda Divisão (2002 e 2006); Vice campeão da segundona (2009); Vice-Campeão Mineiro Modulo II (2012). Foi incluído na “Elite do Futebol Mineiro” em 2012 e disputou a Primeira Divisão em 2013

A mascote do Tombense é o “Gavião Carcará”, ou simplesmente “Carcará”, surgida em 1964, quando o clube completou o cinquentenário. O campo, onde o time treinava e jogava, tinhas um desnível entre uma goleira e outra, de cerca de quatro metros. Para aproveitar isso, o Tombense sempre procurava atacar para o “lado de cima” no primeiro tempo do jogo. No segundo tempo, atacava para o “lado de baixo”, com a vantagem do adversário ficar mais cansado.

Um torcedor deu sua versão para esse fato, dizendo que quando o Tombense jogava “pra baixo”, lembrava um “Carcará” quando descia velozmente do alto para atacar a presa no chão. Assim, resumiu a parecença do time do Tombense com a ave. Assim, o Tombense quase sempre acabava ganhando o jogo no segundo tempo, atacando “pra baixo” com toda velocidade e força, valendo-se da vantagem do desnível do campo em seu favor.

O presidente do clube é Lane Mendonça Gaviolle, ex-jogador e sempre ligado ao esporte. Ele tem várias propriedades em Tombos e antes de aceitar dirigir o time, era proprietário de uma fábrica de doces. Quando se fala dele, a resposta é imediata: “Dono de metade da cidade!”.

Já o parceiro Uram quase não aparece na cidade. Nos tempos em que foi casado com Sonália, natural de Tombos, até que era visto. O curioso é não ter acompanhado nenhum jogo do time no Estadual. Somente em casa, pela TV, dizem seus amigos do município, que fica a 375 quilômetros de Belo Horizonte, 356 do Rio de Janeiro e a 600 de São Paulo. (Pesquisa: Nilo Dias)

Tombense em 2013. (Foto:Arquivo do clube)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O fenômeno Mondragón

Faryd Aly Camilo Mondragón, ou simplesmente Mondragón, entrou definitivamente para a história do futebol mundial, ao se tonar o jogador mais velho a disputar uma Copa do Mundo. Descendente de libaneses por parte de mãe, nasceu no dia 21 de 1971, na cidade de Cali Valle, na Colômbia.

Depois de fazer parte do grupo de jogadores que disputaram as Eliminatórias para a Compa do mundo de 2014, o goleiro colombiano, entrou em campo na Copa deste ano, disputada no Brasil, no jogo em que o seu país venceu de goleada ao Japão, por 4 X 1, no dia 24 de junho.

A troca aconteceu aos 42 minutos do segundo tempo, quando substituiu o titular David Ospina. Mondragón, com a camisa número 22, entrou em campo emocionado. Ele estava com 43 anos e três dias de idade.

No tempo em que esteve em campo, Mondragón teve a oportunidade de realizar uma incrível defesa nos minutos finais do jogo, evitando o segundo gol dos japoneses.

Dessa forma o velho goleiro superou o recorde anterior, que era do camaronês Roger Milla, que participou de duas Copas do Mundo, 1978 e 1994, quando contava com 42 anos e 39 dias de idade, no jogo contra a Rúsia.

Mondragón, também se tornou o único futebolista no mundo a ser convocado em um intervalo de 20 anos. Antes, havia participado da Copa do Mundo de 1994.

Outro recorde de Mondragón é o de ser o único jogador no mundo a ter participado de seis fases eliminatórias de campeonatos do mundo, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014.

Depois da eliminação da Colômbia na Copa do Mundo, em jogo frente o Brasil, Mondragón anunciou sua aposentadoria, embora ainda tenha um contrato em vigor com o Deportivo Cali, time que o revelou. 

Além de quatro Copas do Mundo (1978, 1994, 1998 e 2014), Mondragón defendeu a Seleção Colombiana na Olímpiada de 1992. Também disputou a Copa América de 1993, quando a Colômbia foi terceira classificada, e a de 1997, e ainda a Copa Ouro da Concacaf (2003). Mondragón jogou 53 partidas pela Seleção Colombiana.

Clubes em que jogou. Deportivo Cali, da Colômbia (07/1990 - 12/1991); Real Cartagena, da Colômbia (01/1992 - 12/1992); Cerro Porteño, do Paraguay (01/1993 - 06/1993); Argentinos Juniors, da Argentina (07/1993 - 06/1994); Santa Fé, da Colômbia (07/1994 - 06/1995); Independiente, da Argentina (07/1995 - 12/1998); Real Zaragoza, da Espanha (01/1999 - 06/1999); Independiente, da Argentina (07/1999 - 06/2000); F.C. Metz, da França (07/2000 - 06/2001); Galatasaray, da Turquia (07/2001 - 06/2007); F.C. Kõln, da Alemanha (07/2007 - 12/2010); Philadelphia Union, dos Estados Unidos (01/2011 - 12/2011) e Deportivo Cali, da Colômbia (01/2012 – 12/2014).

Títulos conquistados. Independiente: campeão da Supercopa Sulamericana (1995) e Campeão da Recopa Sulamericana (1995); Galatasaray: Campeão da Superliga Turca (2002 e 2006) e Campeão da Copa da Turquia (2005) e Deportivo Cali: Campeão da Superliga da Colômbia (2014).

Em 1993, quando defendia o Argentino Juniors, Mondragón foi convocado pela primeira vez para a Seleção Colombiana. No Independiente jogou por quatro temporadas, disputando 103 partidas e anotado un gol de pênalti.

No clube argentino foi campeão da Recopa Sudamericana, quando venceu o Vélez Sarsfield e da Supercopa Sudamericana, de 1995, quando derrotou o Flamengo, do Rio de Janeiro.

No Zaragoza, da Espanha atuou por uma temporada e em apenas 13 partidas. Em 1999 retornou ao Independiente, onde participou de 16 jogos. Na França, onde atuou em 200 e 2001, ajudou F.C. Metz, a não ser rebaixado.

Em 2001, Mondragón foi acusado de usar un passaporte grego falso e foi condenado a pagar 40 mil dólares de multa. O goleiro recorreu e conseguiu a absolvição. Em 2001 fooi para o Galatasaray, da Turquia, que o contratou por 5 milhões de dólares.

No time turco ficou por seis temporadas, de 2001 a 2007 e ganhou duas Superligas (2002 y 2006) e uma Copa de Turquía (2005). Ficou célebre por fazer orações antes dos jogos. Foi eleito o “Melhor Goleiro da Superliga Turca”, em 2002, e em duas ocasiões o “Goleiro da Semana”, da Liga dos Campeones. Mondragón participou de 185 jogos no time turco.

No F.C. Kõlnen, da Alemanha, Mondragon jogou 106 partidos em três temporadas. Em janeiro de 2011 foi para o Philadelphia Union, da Major League Soccer, dos Estados Unidos onde foi goleiro titular e capitão da equipe.

Ficou por lá durante um ano, até sofrer uma lesão em um dos dedos, que o afastou dos gramados por um mês. E em 2012 retornou ao deportivo Cali, seu primeiro clube. (Pesquisa: Nilo Dias)



domingo, 7 de setembro de 2014

A morte de Esquerdinha

Morreu na última quinta-feira (4), com a avançada idade de 90 anos, o ex-jogador do C.R. Flamengo, do Rio de Janeiro, William Kepler Santa Rosa, mais conhecido por “Esquerdinha”, que atuou como ponta-esquerda.

Ele vestiu a camisa rubro-negra em 277 partidas e marcou 110 gols, tornando-se o 16º maior artilheiro na história do clube. O sepultamento aconteceu na tarde de sexta-feira (5), no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Paciência, no Rio de Janeiro.

“Esquerdinha” nasceu em Belém do Pará, no dia 1 de março de 1924. Começou a carreira em 1941, no Rio de Janeiro, no time infantil do Madureira, onde se destacou, sendo logo promovido à equipe juvenil. Em 1946 já era titular do time de profissionais do “tricolor suburbano”.

Em 1948 foi para o Flamengo, mas não durou muito tempo, tendo atuado somente em um torneio internacional no Chile. Seu primeiro jogo com a camisa rubro-negra foi em 14 de janeiro de 1948, quando o Flamengo perdeu para o Combinado Universitário do Chile, por 4 X 3.

Vevé ainda era o titular da ponta esqquerda, por isso “Esquerdinha” foi emprestado ao Olaria para a disputa do Campeonato Carioca de 1948. Terminado o empréstimo, em 1949 voltou ao clube da Gávea, dessa feita para ficar e brilhar.

Em 1951 conquistou seu primeiro título: o Torneio Início. Foi bicampeão deste torneio, em 1952, e tricampeão carioca, além de ainda ter participado das excursões invictas doFlamengo à Guatemala e à Europa.

A partir de 1953, com a chegada do lendário técnico paraguaio Fleitas Solich, o ponteiro efetivou-se como capitão do quadro rubro-negro, já que tinha um grande espiríto de liderança entre os companheiros. Era famoso pela potência do chute com a perna esquerda.

Graças a isso, em 1953 o Flamengo conseguiu quebrar um jejum de títulos cariocas, que vinha desde 1944. “Esquerdinha” anotou um dos gols na goleada rubro-negra de 4 X 1 sobre o Vasco da Gama, que valeu a conquista tão esperada.

O ponteiro esquerdo já havia passado pelo Flamengo no final dos anos 40, sem muito brilho, mas se firmou no time e ganhou grande prestígio nos anos 50, na sua segunda passagem pela Gávea.

Carreira curta, “Esquerdinha” permaneceu jogando pelo Flamengo até o ano de 1955, quando deixou os gramados e ensaiou a carreira de treinador na Sociedade Esportiva Machadense, de Machado (MG).

Títulos conquistados. Troféu Cezar Aboud (1948); Taça Fernando Loreti Junior (1948); Troféu Embaixada Brasileira na Guatemala (1949); Troféu El Comite Nacional Olímpico da Guatemala (1949); Taça Cidade de Ilhéus (1950); Copa Elfsborg, na Suécia (1951); Torneio Quadrangular de Lima, Peru (1952); Troféu Cidade de Arequipa, Peru (1952); Torneio Tringular de Curitiba (1953); Torneio Quadrangular da Argentina (1953); Torneio Internacional do Rio de Janeiro (1954 e 1955; Campeonato Carioca de Aspirantes (1955); Torneio Início do Campeonato Carioca (1951 e 1952) e Campeonato Carioca (1953, 1954 e 1955).

O Flamengo não esqueceu o ídolo do passado. Em agosto de 2013, ele recebeu homenagem do clube junto com outros tri-campeões estaduais de1953, 1954 e 1955.

Em outra ocasião, quando do “Encontro Nacional das Embaixadas”, “Esquerdinha” foi o grande homenageado, ao receber do Departamento de Patrimônio Histórico o troféu do “Torneio das Embaixadas” e uma camisa personalizada.

O nome do craque foi usado para batizar a taça. No aniversário do Flamengo, em março deste ano, “Esquerdinha” novamente recebeu homenagens.

Sua filha, Tatiane Santa Rosa, disse que “Esquerdinha” viveu muitas coisas no futebol, e que o Flamengo foi quem deu mais representatividade a sua carreira, acrescentando que o clube foi muito significativo, não só na vida dele, mas na de toda família.

Ontem, no jogo Flmengo X Grêmio, no Maracanã, foi feito um minuto de silêncio em homenagem ao ex-jogador. (Pesquisa: Nilo Dias)


"Esquerdinha" foi destque do Flamengo nos anos 50. (Foto: Revista "Esporte Ilustrado)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Os 100 anos do Madureira E.C.

O Madureira Esporte Clube, que este ano comemorou 100 anos de fundação, nasceu com o nome de Fidalgo Atlético Clube. Ganhou a denominação atual em 1932, depois que um grupo de comerciantes do bairro localizado no subúrbio carioca, resolveu criar um grande time de futebol na região. Elísio Alves Ferreira, Manoel Lopes da Silva, Manuel Augusto Maia e Joaquim Braia, entre outros, lideraram o movimento para a fundação da nova agremiação.

Uassir do Amaral, presidente do Fidalgo se reuniu com esses comerciantes, sócios do clube e, após várias assembléias, foi fundado o Madureira Atlético Clube, em 16 de fevereiro, de 1933, também com a adesão do time do Magno.

Porém, a data de fundação que consta para os dirigentes é 8 de agosto, de 1914, dia do nascimento do Fidalgo Atlético Clube, antecessor do Madureira. A nova agremiação tinha como cores o roxo e o azul.

Apelidado de “Tricolor Suburbano”, o Madureira tem sua sede localizada na rua Conselheiro Galvão, 130 no bairro de Madureira. O seu estádio é o Aniceto Mocoso, mais conhecido por "Estádio da rua Conselheiro Glvão". 

Em sua existência centenária, o clube teve algumas conquistas expressivas. Em 1939 foi campeão carioca de amadores, seu primeiro título. No mesmo ano ganhou o Torneio Início de Profissionais, que reunia os principais clubes do Rio de Janeiro. Todos os jogos aconteciam no msmo dia.

O primeiro Torneio Início foi realizado em 1916, promovido pela Associação de Cronistas Desportivos, atual Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj). As regras da competição eram diferentes. Como as partidas tinham que ser realizadas apenas em um dia, tinham dois tempos de 10 minutos. A final era disputada em duas etapas de 30 minutos cada.

Em 1936, o time venceu o returno do Campeonato Estadual, organizado pela Federação Metropolitana de Desportos. Na decisão em melhor de três, frente o Vasco, vencedor do primeiro turno, o Madureira acabou perdendo. A dupla de zaga do Madureira, composta por Norival e Cachimbo, apelidada de "o terror dos subúrbios", não conseguiu conter a equipe de São Januário.

O Madureira não vive só de futebol. Em 12 de outubro de 1971 o clube fez uma fusão com o Madureira Tênis Clube e o Imperial Basquete Clube, nascendo o Madureira Esporte Clube, que passou a disputar também outras modalidades esportivas.

Foram unidas as cores tradicionais do clube as dos novos aliados. O azul era do Madureira Atlético Clube, o grená do Madureira Tênis Clube e o amarelo do Imperial Basquete Clube.

Em 2006 o Madureira chegou novamente perto de uma conquista expressiva. Foi quando ganhou o segundo turno do Campeonato Estadual, a “Taça Rio”. Na final, perdeu para o campeão da Taça Guanabara, o Botafogo, e foi vice-campeão, coisa que não acontecia há 70 anos.

Em 2007 o time voltou a fazer uma excelente campanha no Estadual do Rio de Janeiro, quando goleou o Flamengo por 4 X 1, com 4 gols do atacante Marcelo. O time chegou à final da Taça Guanabara, contra o próprio Flamengo. O primeiro jogo venceu por 1 X 0 e na segunda partida perdeu por 4 X 1.

Em 16 de outubro de 2010, o Madureira, pela primeira vez, obteve classificação para uma competição nacional. Ao derrotar o Operário-PR, no Estádio Aniceto Moscoso por 6 X 2 (já havia vencido o primeiro confronto por 4 X 2), em partida válida pela Série D do mesmo ano, ganhou o direito de jogar a Série C de 2011.

O clube já estava eliminado da competição, por ter perdido para o América-AM. Mas este foi punido pela CBF com a perda de pontos por ter escalado um jogador de forma irregular, o que beneficou o Madureira que herdou uma das vagas e foi vice-campeão nacional da Série D, a maior conquista do clube em toda a sua história.

Na Série C, em 2011, o clube terminou em 3º no seu grupo, não se classificando para a 2ª fase. Na Copa Rio, o Madureira foi campeão ao derrotar o Friburguense nas duas partidas da final, classificando-se para a Copa do Brasil de 2012.

Na competição nacional foi eliminado no primeiro jogo, quando perdeu para o Criciúma por 2 x 0. No Campeonato Carioca, terminou em 12º. Na Série C, até que começou bem, mas caiu de desempenho ao longo do campeonato e quase foi rebaixado à Série D.

Na Copa Rio, passou fácil pelas primeiras fases, mas foi eliminado na semifinal pelo Bangu, depois de dois empates e uma disputa por pênaltis.

O Madureira é o oitavo clube com mais participações no Campeonato Carioca de Futebol, tendo disputado em 68 oportunidades. O clube também possui uma categoria de base muito bem cuidada, prova disso que em 1974 ganhou o campeonato carioca de juniores, em 1998 foi campeão de juvenis e em 1997 e 2000 de infantis.

O Madureira sempre foi conhecido por ser um celeiro de bons jogadores. De Conselheiro Galvão surgiram valores que chegaram até a Seleção Brasileira.

Lá foram formados Didi, Evaristo de Macedo, Jair da Rosa Pinto, Isaías, Lelé, Nair e Nelsinho. De um período mais recente, Marcelinho Carioca, Iranildo, Léo Lima e Souza. Também passou pelo clube o jogador Derlei, que mais tarde foi campeão da UEFA Champions League e Mundial de Clubes pelo F.C. Porto.

O papagaio “Zé Carioca“ é a mascote do Madureira. O personagem de Walt Disney foi escolhido por representar o estilo de vida carioca, malandro, bem peculiar dos subúrbios do Rio de Janeiro. O bairro de Madureira é conhecido como um reduto do samba, por suas peculiaridades.

O clube tem mais uma razão interessante para se orgulhar. É dele o recorde brasileiro de permanência de um clube no exterior, quando em 1961 esteve por seis meses nos mais variados e exóticos cantos do planeta.

Foram 144 dias de excursão, tendo se apresentado nos Estados Unidos, Guatemala, Japão, Indonésia, Malásia, Índia, Bélgica, França, União Soviética, África, Itália e Sri Lanka, entre outros. Quando do golpe militar de 1964, o Madureira se encontrava na China.

A presença do Madureira na China, constituiu-se em mais um pioneirismo do clube que fazia, sem saber, história. Foi o primeiro time brasileiro a visitar a fechada China comunista. Desfilou seu futebol mediano em Cantão, Pequim, Xangai e Tientsin sem licença da Confederação Brasileira de Desportos, a CBF da época, que cumpria determinação da Fifa, que proibia jogos internacionais naquele país.

O clube suburbano carioca disputou 36 jogos, com 23 vitórias, 3 empates e 10 derrotas, marcando 107 gols, média de quase 3 gols por partida. Foi também o primeiro clube brasileiro a jogar no Japão e Hong Kong.

Em 1963 o Madureira excursionou pelas Américas. Os jogos foram acertados pelo empresário de futebol, José da Gama Correia da Silva, o “Zé da Gama”, português que presidiu o Madureira em 1959/60.

A excursão começou na Colômbia, seguiu na Costa Rica, passando por El Salvador e México. Em Cuba, o Madureira jogou por cinco vezes, vencendo todas: Industriales (campeão local, 5 X 2), Municipalidad de Morrón, da Província de Camaguey (6 X 1), um combinado universitário (11 X 1) e uma seleção de Havana (vitórias por 1 X 0 e 3 X 2).

Na última partida, em 18 de maio, esteve presente ao estádio de beisebol adaptado para o futebol, o então ministro da Indútria, Che Guevara, vestindo o seu indefectível uniforme militar verde-oliva. Sorridente, sem tensão, leve, feliz, Che entrou no gramado e cumprimentou um a um os jogadores.

Argentino, torcedor do Rosário Central, Che não era apenas um guerrilheiro destemido, mas também um goleiro frustrado, apaixonado por esportes. Ele foi muito amável com os brasileiros e contam que até deixou uma flâmula com o empresário “Zé da Gama”.

Na mesma noite, na despedida da delegação, no hotel onde o Madureira estava hospedado, os governistas cubanos presentearam os  jogadores com caixas de garrafas de rum, que tinham como invólucro a frase “Cuba, País Libre de América”.

Naquela época, pouco antes da “Revolução de 1964”, o clima no Brasil era de desconfiança política. Para que um clube de futebol saísse do país, era necessário uma série de exigências, até juramento anticomunista.

Além de negativa de imposto de renda, título de eleitor, certificado de reservista, fotos, visto no passaporte e o famoso “nada consta”, para se entrar nos Estados Unidos, por exemplo, fazia-se necessário estirar o braço direito jurando ser contra o comunismo.

O time brasileiro chegou a Havana no dia 11 de maio. Na bagagem, café, cigarros, poucas coisas. Nas paredes dos quartos haviam gravadores espalhados.A recomendação era de que não conversassem sobre política. Falar só banalidades. De preferência, futebol.

Era um tempo em que o futebol brasileiro estava em alta no mundo todo, em razão do bicampeonato mundial nas Copas do Mundo de 1958 e 1962. A delegação do Madureira, em Cuba, foi tratada a pão de ló, ficando hospedada no Hotel Riviera.

Passados alguns dias, faltou água no hotel. Para que Cuba não queimasse o próprio filme que pretendia vender, os brasileiros foram transferidos para o luxuoso cinco estrelas “Habana Libre”, que comportava até boate de alto nível.

Alfredinho, ponta-esquerda do Madureira conta que na época do ditador Fulgência Batista, antes da revolução castrista, “crioulo não passava nem na porta daquele hotelzão”.

Na aventura por Havana, os jogadores brasileiros viram cenas que jamais sairiam da memória, como um prédio gigantesco com o rosto enorme de Fidel Castro estampado numa bandeira. Casas com teatro rebolado, rivalizavam com tanques de guerra e canhões. As mulheres, para serem vistas, tomavam a guarda e faziam a vigilância das 18 horas até o começo da manhã.

Em visita a uma fábrica de charutos, os jogadores foram aplaudidos pelos operários, visivelmente constrangidos, já que foram obrigados a isso. Era comum encontrar cubanos ávidos por consumir produtos proibidos no país. Queriam tudo o que os brasileiros tinham. Um deles, segundo o jogador Farah, vendeu suas roupas e saiu de lá cheio de grana.

Depois dos jogos em Cuba, a delegação partiu para México, El Salvador e Panamá. Em território mexicano jogadores eram distinguidos de dirigentes e técnicos. Os primeiros, eram classificados como artistas, os outros, turistas. Assim, cada atleta pagava US$ 43 para poder desenvolver sua “atividade artística”, ao passo que os demais membros, apenas US$ 3.

Ao pisar na Cidade do México, houve um choque de diplomacia. As caixas de papelão, que protegiam o rum cubano foram destruidas na alfândega, sob a desculpa de que se tratava de propaganda comunista. Mas as bebidas foram liberadas. 

Depois de três meses e 20 dias de viagem, a delegação do Madureira retornou ao Rio de janeiro, em 26 de junho. Somadas as duas excursões, a de 1961 e a de 1963, o Madureira praticamente andou pelo planeta inteiro.

Em 15 de junho de 1941 foi inaugurado o Estádio da rua Conselheiro Galvão, de propriedade do clube, com o jogo Madureira 4 X 2 Fluminense. Rongo fez os dois gols do Fluminense e Oseas, Isaías (2) e Jorginho marcaram para o Madureira. O árbitro foi José Ferreira Lemos, o "Juca da Praia". O jogo foi válido pelo Campeonato Carioca.

O público foi de 10.762 pagantes, com renda de Cr$ 53.946.200. Madureira: Alfredo - Benedicto e Ápio – Octacílio - Jair e Alcides – Jorginho – Lelé – Isaías - Jair Rosa Pinto e Oseas. Fluminense: Maia - Moysés e Machado – Bioró - Spinelli e Afonsinho - Pedro Amorim - Pedro Nunes – Rongo - Tim e Hércules.

Jogos memoráveis. 26/05/1940: Atlético-MG 1 X 2 Madureira. Amistoso. Local: Estádio Antônio Carlos, em Belo Horizonte-MG; Vasco da Gama 1 X 3 Madureira, em 03/08/1958, na Rua Bariri, válido pelo Campeonato Carioca; Vasco da Gama 1 X 2 Madureira, em São Januário, 21/01/200, válido pelo Campeonato Estadual e Madureira 4 X 1 Flamengo, dia 17/2/2007, em Moça Bonita, pelo Campeonato Carioca. (Pesquisa: Nilo Dias)




O Madureira foi o primeiro clube brasileiro a jogar na China Comunista.Na foto, o meia Farah apertando a mão do vice-primeiro-ministro chinês Chen Yi, nomeado marechal do Exército Popular de Libertação e que respondia ainda como ministro dos Negócios Exteriores. (Foto: Revista "Trip")