Morreu
hoje aos 78 anos de idade o conhecido jornalista esportivo Juarez Soares
Moreira que lutava contra um câncer no intestino e no reto, porém a causa da
morte foi um infarto fulminante após
sofrer duas paradas cardíacas.
Nasceu
em São José dos Campos (SP), na região do Vale do Paraíba, no dia 16 de julho
de 1941. Era casado com a também jornalista Helena de Grammont, irmã de Elaine
de Grammont, vítima de um assassinato passional ocorrido em março de 1981 pelo
ex-marido, o cantor Lindomar Castilho.
Um
dos mais completos jornalistas esportivos do Brasil, China (como ficou
conhecido pelos mais próximos) teve experiência em diversos segmentos da
comunicação.
A
primeira oportunidade na profissão surgiu praticamente por acaso. No colégio
São Joaquim, onde estudava na cidade de Lorena, era amigo de Sabará, que fazia
sucesso cantando na Rádio Cultura local.
Certo
dia, Juarez perguntou ao amigo se poderia lhe ajudar a fazer um teste na
emissora. A resposta foi positiva e dias depois, aos 17 anos, Juarez fazia sua
primeira narração esportiva.
A
vida seguiu sem grandes mudanças até Juarez ficar sabendo de um teste que a
rádio Difusora realizaria em São Paulo. Embora seja necessário dizer que
naquele tempo, seu sonho era vir para capital apenas para estudar Filosofia ou
História. Juarez passou no teste, mas voltou a Lorena antes de saber o
resultado.
Quando
o pessoal da Difusora me achou, eu estava trabalhando novamente na Cultura de
Lorena. Convidaram-me para ser repórter. Aceitei na hora", recorda Juarez.
A
estreia aconteceu no dia 16 de agosto de 1961, na partida em que o Hepacaré, de
Lorena, bateu o Estrela da Saúde por 1 X 0, com um gol de Tijolinho. Começava
efetivamente uma carreira que ganhou mais corpo quando Pedro Luís, um dos
maiores locutores esportivos de todos os tempos, desembarcou na Difusora.
Pedro
fez questão de reunir os maiores nomes de então, mas fez uma exigência: narrar
na Rádio Tupi, pertencente ao mesmo grupo de comunicações. Surgia a equipe
1040, que fez história no rádio brasileiro.
Atuou
como repórter na Rede Globo na década de 1970 até o início dos anos 80,
participando da cobertura da emissora na Copa do Mundo de 1982, na Espanha e
nessa época também foi locutor das Rádios Globo e Excelsior.
Trabalhou
muito tempo na TV Bandeirantes na equipe de Luciano do Valle, onde foi demitido
por politizar seus comentários. De 1995 a 1998, esteve na equipe esportiva do
SBT. Apesar de ter começado a carreira como narrador, ganhou fama e respeito
como repórter e comentarista.
Torcedor
confesso do Corinthians, fez também parte da equipe de esportes da Rádio Record
e do programa “Debate Bola”, comandado na TV Record por Milton Neves.
O
comentarista Osmar Oliveira, já falecido, contou uma história acontecida com
Juarez em um jogo, que ele não recordava qual, em que o repórter teve uma
disenteria volumosa e teve de correr para o banheiro. O narrador Pedro Luiz o
chamava insistentemente cada vez que a bola ia pela linha de fundos e nada de
Juarez responder.
Foi
quando o cara que ajudava a puxar os fios ouviu os chamados, pegou o microfone
lascou: "O licutor (locutor) foi cagar e já volta".
Foi
filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) por 21 anos, legenda pela qual foi
eleito vereador em 1988 como o 6.º vereador mais votado da cidade e o terceiro
melhor do PT, com quase 40 mil votos.
Além
de segundo-secretário do Sindicato dos Jornalistas durante a presidência de
Gabriel Romeiro, também foi Secretário dos Esportes da cidade de São Paulo, no
governo de Luiz Erundina. Como secretário, conseguiu trazer a Fórmula 1 de
volta para o autódromo de Interlagos que havia perdido anos antes para o
autódromo de Jacarepaguá.
Desfiliou-se
do PT em 2003 e em junho do mesmo ano ingressou no PDT, sendo candidato a vice-prefeito
na chapa de Paulo Pereira da Silva nas eleições de 2004, mas a chapa não obteve
sucesso amargando a 5.ª colocação com 86.549 votos (1,4% dos votos válidos).
No
governo de José Serra a frente da Prefeitura de São Paulo, Juarez Soares foi
secretário-adjunto da Secretaria do Municipal do Trabalho, mas pediu exoneração
no início de 2006, quando o jornal Folha de São Paulo publicou uma denúncia de
nepotismo contra Soares, que mantinha a filha e o genro empregados na
secretaria onde trabalhava.
Juarez
Soares foi comentarista da Rádio Transamérica, que o demitiu em janeiro de
2016. Foi comentarista de futebol na RedeTV! até 5 de abril de 2019, quando foi
demitido. Também em 2019, voltou ao rádio esportivo como comentarista do
programa “Capital da Bola”, pela Rádio Capital.
É
de Juarez Soares a frase, "Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra
coisa".
O
Santos Futebol Clube emitiu nota oficial lamentando a morte do radialista:
"Lamentamos o falecimento do jornalista Juarez Soares, que dedicou boa
parte de sua vida ao jornalismo esportivo. Força à família neste momento". (Pesquisa: Nilo Dias)