Félix Mielli Venerando, ou simplesmente “Félix”, goleiro tri-campeão do mundo pela Seleção Brasileira, em 1970, no México, nasceu em Caratinga (MG), no dia 24 de dezembro de 1937 e faleceu hoje, às 7 horas, aos 74 anos, no Hospital Vitória, no Jardim Anália Franco, na Zona Leste de São Paulo, em decorrência a um enfisema e posterior a várias paradas cardiorrespiratórias. Félix esteve internado por seis dias. O sepultamento acontecerá amanhã, sábado, pela manhã, no Cemitério do Araçá, na capital paulista.
Félix começou a carreira nas divisões de base do Nacional A.C., de São Paulo. Depois, com apenas 15 anos de idade foi para o Juventus, onde se profissionalizou algum tempo depois. Jogou no time grená de 1951 a 1954. Em 1955 transferiu-se para a Portuguesa de Desportos, onde ficou até 1968.
Sua estréia no clube luso aconteceu no dia 26 de março de 1956, no jogo pelo Torneio Rio-São Paulo Internacional, frente o Newell’s Old Boys, da Argentina, com vitória de 2 X 1. O titular, Cabeção estava defendendo a Seleção Brasileira.
Com a saída de Cabeção em 1957, a Portuguesa contratou no ano seguinte o goleiro Carlos Alberto, que havia jogado no Vasco da Gama. Félix passou a treinar com os aspirantes e foi Campeão Paulista em 1957. Depois foi emprestado ao Nacional, da capital paulista. Retornou à Portuguesa no final de 1960, a pedido do treinador Nena, e assim finalmente, vestiu a camisa número 1 da Lusa. Foi titular absoluto de 1961 até 1963.
De 1964 até 1968, Félix passou a dividir a titularidade com o goleiro Orlando, que veio do São Cristóvão, do Rio de Janeiro. Em 1964, a Lusa participou da Feira Internacional de Nova York, quando enfrentou uma Seleção local, em jogo realizado em Massachusetts.
No time da Portuguesa se destacavam os jogadores Ivair, chamado de “Príncipe” e Henrique Frade. O jogo foi de uma facilidade espantosa. Quando o placar era de 9 X 0, Orlando substituiu Félix, que em vez de sair de campo foi jogar de atacante. Depois de um cruzamento de Almir pela direita, invadiu a área e anotou o 10º gol. O escore final foi 12 X 1.
Quando era jogador da Portuguesa, vestiu a camisa da Seleção Brasileira em quatro oportunidades. Sua estréia se deu pela chamada “Seleção Azul”, num amistoso contra a Hungria, disputado no Pacaembu, dia 22 de novembro de 1965, vencido por 5 X 3. Essa equipe era formada por jogadores paulistas. A escalação foi esta: Félix - Carlos Alberto - Djalma Dias - Procópio e Edílson (Geraldino) - Lima e Nair – Marcos - Prado (Coutinho) - Servílio e Abel.
Félix também participou entre 25 de junho e 1 de julho de 1965, da Copa Roca, realizada em Montevidéu, que teve três empates contra o Uruguai, 0 X 0, 2 X 2 e 1 X 1. O seu jogo de despedida da Portuguesa aconteceu em 3 de março de 1968, num empate sem gols com o São Paulo. Foi vendido para o Fluminense carioca, no dia 20 de julho de 1968, um dia antes do aniversário de 66 anos do clube, por 150 mil cruzeiros.
Félix disputou um total de 48 partidas pela Seleção do Brasil, tendo se sagrado bi-campeão da Copa Rio Branco em 1967 e 1968, e tricampeão do mundo na Copa de 1970. O goleiro sempre guardou uma mágoa, revelada em seu último pedido: "Pelo menos quando eu morrer que parem de dizer que o Brasil ganhou a Copa de 70, apesar do Félix. O Barbosa foi crucificado por não ter ganho a Copa de 50 e eu por ter ganho a Copa de 70. Duas grandes injustiças!"
No clube das Laranjeiras Félix permaneceu até 1977, ano em que encerrou a carreira. Pelo tricolor foi Campeão Carioca em 1969, 1971, 1973 e 1975, além de campeão da Taça de Prata em 1970, do Torneio de Paris em 1976 e de diversos outros torneios. Ele foi indicado ao Fluminense, por ninguém menos do que Telê Santana. Jogou no Fluminense até 1976, quando resolveu encerrar a carreira, após o diagnóstico de uma calcificação de 7 cm no ombro direito.
Em 1970, ganhou o Prêmio Belfort Duarte, destinado a jogadores de futebol profissional que passassem 10 anos sem serem expulsos, e que tenham jogado pelo menos 200 partidas nacionais ou internacionais. Em 1982, Félix ainda teve uma curta experiência como treinador no Avaí, de Santa Catarina, onde participou de 18 jogos, com seis vitórias, quatro empates e oito derrotas.
Neste fim de semana, todos os jogos do Campeonato Brasileiro terão de obedecer um minuto de silêncio em homenagem a Félix. O seu apelido era "Papel" devido a sua magreza e aos vôos espetaculares que dava para agarrar a bola. Segundo diziam os comentaristas esportivos, voava como um papel.
Depois que encerrou a carreira futebolística, Félix foi diretor comercial da “Funilaria Liar Especial Car”, no milionário Jardim Anália Franco, situado na avenida vereador Abel Ferreira nº 1.000. A empresa era de seu genro Angelo Cardoso Coelho, casado com Lígia, uma das três filhas do ex-goleiro.
Os últimos dias de sua vida o ex-goleiro viveu em São Paulo, onde coordenou uma escolinha de futebol comunitário, voltada para as crianças carentes. Além de passar toda a sua experiência dentro e fora dos gramados, em palestras para empresas e faculdades.
Em 2007, trabalhou como diretor técnico da Internacional, de Limeira, que disputou a Série A2 do Campeonato Paulista. Antes passou por Categorias de Base de alguns clubes e ter se aposentado como preparador de goleiros do Fluminense ainda em 1977, onde ficou ainda até 1980. (Pesquisa: Nilo Dias)