O futebol brasileiro está de luto. Faleceu na madrugada da última terça-feira (26), no Rio de Janeiro, o ex-zagueiro Moisés Mathias de Andrade, o Moisés, aos 60 anos de idade, vitima de câncer pulmonar. O sepultamento foi no mesmo dia, no cemitério São João Batista, em Botafogo. Jogador viril, daqueles que não brincava em serviço, Moisés ganhou o apelido de “Xerife”, que a imprensa credita a todos os zagueiros que jogam de maneira dura e viril. Mas ele mereceu mais do que qualquer outro, tal rótulo. Foi de sua autoria a frase que se tornou famosa: “Zagueiro que se preza não pode ganhar o Belfort Duarte" (prêmio dado a jogadores que não são expulsos num período de 10 anos).
O ex-jogador não concordava em ser taxado de violento e se defendia dizendo que o zagueiro tinha que impor respeito, marcar duro, nunca deslealmente. E até que Moisés tinha certa razão, pois em sua passagem de dois anos pelo Corinthians foi expulso de campo apenas em duas oportunidades. Apesar do estilo duro em campo, fora dele era conhecido pelo bom humor. Gostava muito de Carnaval e ajudou a fundar o "Bloco das Piranhas", no qual jogadores de futebol desfilavam vestidos de mulher por ruas da Zona Norte do Rio.
Moisés nasceu em Rezende (RJ), em 10 de janeiro de 1948. Era casado com dona Eliete e tinha três filhos, todos adultos, Moisés, Vanessa e o caçula Iaponã, lateral-direito que jogou o último campeonato carioca da 2ª Divisão de Profissionais pelo Guanabara.
Antes de se tornar jogador de futebol, trabalhou no Banco Nacional, agência Rocha Miranda, na década de 60. A carreira de jogador teve início no Bonsucesso. Depois jogou pelo Botafogo, Vasco, Fluminense, Corinthians, Paris Saint-Germain, Flamengo, Portuguesa e Bangu, onde encerrou a carreira no começo da década de 1980. Em 1973 foi convocado por Zagalo e disputou uma partida amistosa pela seleção brasileira, contra a União Soviética no dia 21 de junho de 1973, em Moscou (1 a 0 Brasil). Fez aparte da lista de 40 convocados para a Copa do mundo de 1974, mas não chegou a estar entre os 22.
Moisés dizia que o melhor momento de sua carreira foi no Vasco da Gama, onde chegou em 1971 emprestado pelo Botafogo, que havia contratado o tricampeão Brito junto ao Cruzeiro para formar a zaga com Leônidas. O treinador vascaíno era Paulo Amaral. A defesa se constituía no ponto fraco do time, que ia mal no campeonato carioca. A chegada de Moisés arrumou o setor, e o Vasco melhorou na competição que tinha como atração o Olaria com uma equipe que enfrentava os grandes com igualdade, sob o comando de Afonsinho.
Pois foi o Vasco que tirou a invencibilidade do Olaria, numa noite de quarta feira com gol de Valfrido. Tendo se firmado na zaga do time e arrumado a casa, Moisés foi contratado em definitivo, formando com Renê, Miguel e Joel Santana, por alguns anos a zaga cruzmaltina. Em 1974 conquistou o primeiro título brasileiro pelo Vasco, juntamente com Roberto “Dinamite”. Saiu no início de 1976 para o Corinthians, onde participou da histórica conquista do título paulista de 1977, que interrompeu um jejum de 23 anos. No alvinegro paulista disputou 122 jogos, entre 1976 e 1978.
Da experiência que teve fora do país, no Paris Saint-Germain, onde ficou seis meses, Moisés não guardava boas recordações. Foi o primeiro zagueiro brasileiro a jogar pelo tradicional clube parisiense, antes mesmo de Abel Braga. Não se adaptou ao rigoroso inverno europeu e a solidão, pois era o único jogador brasileiro no grupo. Por isso retornou ao Brasil para defender o Flamengo. O ex-zagueiro contou que naquela época o futebol francês era fraco, o público nos estádios era pequeno e os clubes não pagavam grande coisa.
Depois que encerrou a carreira no Bangu, começou a dirigir o próprio clube em 1983, e ajudou o time carioca a viver um dos seus melhores momentos, em 1985, quando foi vice-campeão brasileiro e estadual, num time que tinha Mário (ex-Vasco), Marinho, Arturzinho e Ado. Moisés e os torcedores banguenses nunca se conformaram com os segundos lugares e garantiam que tudo aconteceu de forma premeditada.
Contra o Coritiba o Marinho recebeu a bola logo depois do meio-campo, entrou cara a cara e fez o gol. O bandeirinha não anulou, mas o juiz marcou impedimento. A decisão do Brasileirão foi para os pênaltis e o Coritiba venceu. Já no Estadual contra o Fluminense o zagueiro Vica, do tricolor agarrou o atacante Claudio Adão na área, um pênalti claro. Mas o árbitro José Roberto Wright não marcou, dizendo que já havia encerrado o jogo.
O Bangu era presidido na época pelo polêmico bicheiro Castor de Andrade, que pagava o “bicho” aos jogadores dentro do próprio vestiário, após os jogos. Ele abria uma maleta e distribuía o dinheiro. Os outros clubes depositavam na conta (quando isso ocorria). Além do técnico Moisés, a Comissão Técnica do clube alvirrubro contava com ex-jogadores famosos nos anos 1960-70. O supervisor era o ex-lateral-direito Neco (Bangu e Cerro Porteño); o treinador de goleiros era o ex-quarto-zagueiro Paulo Lumumba (Grêmio e Fluminense), e o assistente técnico era o ex-lateral-esquerdo Alfinete (Olaria e Vasco).
Do Bangu foi para o Santa Cruz de Recife e depois Ceará, de onde seguiu para Portugal, onde por três anos treinou o Belenenses. Voltou ao Brasil para comandar o Atlético-MG e o América (RJ), e ainda trabalhou sete anos nos Emirados Árabes. Também treinou a equipe da Cabofriense, de Cabo Frio (RJ), onde ficou sete anos.
Ultimamente, sem clube para treinar, e já com problemas de saúde, Moisés dividia seu tempo em duas novas atividades: jogando tênis na quadra do Condomínio Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, onde morava ou em uma pescaria na praia do mesmo bairro.
Os títulos conquistados foram poucos: como jogador, campeão paulista de 1977 pelo Corinthians, e como treinador vice-campeão brasileiro e vice-campeão carioca de 1985, pelo Bangu. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
domingo, 24 de agosto de 2008
Um clube com muita história (Final)
Para esta parte final da bonita história do C.R. Vasco da Gama, juntei alguns acontecimentos e curiosidades bastante interessantes, que marcaram estes 110 anos de vida do “Gigante da Colina”.
Quem assiste jogos do Vasco da Gama, em São Januário, ou qualquer outro estádio, com certeza já ouviu os torcedores cantando o refrão “Casaca, casaca, casa-casa-casaca! A turma é boa, é mesmo da fuzarca! Vasco! Vasco! Vasco!”. O canto surgiu por inspiração de um negociante de nome João de Lucas, torcedor apaixonado, que foi também o fundador da Torcida Organizada do Vasco (TOV). Ele comemorava as vitórias vascaínas em reuniões festivas junto a torcedores das mais diversas classes sociais. Entre eles, conhecidos membros da elite carioca, que exibiam impecáveis casacas. Em homenagem a eles, João criou aquilo que viria com o tempo se tornar um verdadeiro grito de guerra do clube.
O ano de 1931 reservou algumas alegrias históricas aos torcedores do Vasco. No campeonato carioca, o time impôs a maior goleada da história do clássico contra o Flamengo, um acachapante 7 X 0. Mas o fato mais importante foi a vitoriosa excursão à Europa, mais precisamente a Portugal e Espanha. O clube da Cruz de Malta se tornou o segundo clube brasileiro e o primeiro carioca a jogar no continente europeu. O primeiro, foi o Paulistano, de São Paulo.
Em 12 partidas disputadas, o Vasco venceu oito, empatou uma e perdeu três. Marcou 45 gols e sofreu apenas 18. A viagem abriu as portas para a contratação dos jogadores vascaínos, Fausto e Jaguaré pelo Barcelona da Espanha.
Em 1935, a rivalidade Vasco e Flamengo se acirrou. Um desentendimento ocorrido em disputas de remo, fez com que o Vasco abandonasse a Liga e junto com o Botafogo criasse a Federação Metropolitana de Desportos (FMD), que se filiou à Confederação Brasileira de Desportos (CBD). A briga durou dois anos. Em 1937 veio a reconciliação, graças à iniciativa dos presidentes do Vasco e do América, respectivamente Pedro Pereira Novaes e Pedro Magalhães Corrêa.
No dia 29 de julho uma nova entidade foi fundada, a Liga de Football do Rio de Janeiro, que uniu todos os médios e grandes clubes. O acontecimento não poderia passar em branco, por isso Vasco e América realizaram um jogo comemorativo no Estádio de São Januário, no dia 31 do mesmo mês, perante um público recorde. A partir daí o confronto entre os dois clubes passou a ser chamado de “Clássico da Paz”.
Em 1945 o Vasco contratou alguns jogadores que fizeram história no clube: Augusto, zagueiro do São Cristóvão, Eli, médio vindo do Canto do Rio, Danilo, centro-médio oriundo do América, Ademir, destaque do Sport Recife e Lelé, Isaías e Jair, os “Três Patetas”, do Madureira. O técnico era o uruguaio Ondino Vieira, que antes dirigiu a equipe argentina do River Plate. E inspirado no uniforme de seu antigo clube, pediu a direção do Vasco que acrescentasse uma faixa diagonal branca nas camisas pretas, até então usadas. E, para os dias mais quentes do verão carioca, um modelo branco, que absorvesse menos calor, com a faixa preta. Terminava assim a era dos “camisas pretas” e começava a trajetória do “Expresso da Vitória”, que virou o livro “O Expresso da Vitória, uma história do fabuloso Club de Regatas Vasco da Gama”, de autoria de Abraham B. Bohadana.
A denominação “Expresso da Vitória” surgiu num programa esportivo e musical da Rádio Nacional, que contou com a participação de Lamartine Babo, entre outros. Lá pelas tantas, um cantor, ao se apresentar, disse que dedicaria a música ao Vasco, o “Expresso da Vitória”, um time que atropelava os adversários em campo.
O ataque vascaíno era espetacular: Djalma, Maneca, Friaça (Dimas), Lelé (Ismael) e Chico. O treinador era Flávio Costa, tricampeão carioca (1942, 1943 e 1944) pelo Flamengo. No Estadual, um passeio. Foram marcados 68 gols em 20 jogos. No primeiro turno desse campeonato, o Vasco ganhou do Canto do Rio por 14 X 1, até hoje a maior goleada da fase profissional do futebol carioca. No jogo mais difícil, contra o Botafogo de Heleno de Freitas, um empate sem gols garantiu o título ao Vasco. O “Expresso” terminou o campeonato invicto, com sete pontos à frente do alvinegro.
O ano de 1948 foi muito especial, pois o Vasco, na condição de campeão do Distrito Federal em 1947, foi convidado pelo Colo Colo, do Chile para participar do Torneio dos Campeões Sul-Americanos, em Santiago, que teve a participação de grandes potências do futebol mundial, como o River Plate de Di Stéfano. Os brasileiros não tomaram conhecimento dos adversários e foram campeões invictos. Um dos destaques na conquista foi a goleada de 4 X 0 sobre o temido Nacional, do Uruguai, do artilheiro Atílio Garcia. Esse foi o primeiro título internacional do futebol brasileiro, seja de clube ou seleções.
Em 1949, com a contratação do atacante Heleno de Freitas, o Vasco passou por cima de seus oponentes, com goleadas históricas. Foram 84 gols em apenas 20 jogos, e mais um título invicto, ainda sob o comando de Flávio Costa. A supremacia vascaína sobre os demais clubes era tão grande, que em 1950 a seleção titular brasileira, que perdeu a Copa do Mundo para o Uruguai, contava com cinco craques cruzmaltinos: Barbosa, Augusto, Danilo, Chico e o artilheiro da Copa do Mundo, o grande ídolo Ademir Marques de Menezes, o “Queixada”.
Em 1953, veio a renovação do elenco, surgindo valores como Vavá, Bellini, Sabará e Pinga. Até 1957 o Vasco ainda conquistou muitos títulos importantes: dois estaduais (1956 e 1958), o Torneio Rio-São Paulo (1958), a Pequena Copa do Mundo (Venezuela-1957), quando enfrentou clubes como o Real Madrid, Roma e Porto. No mesmo ano venceu o Real Madrid por 4 X 3, na final do Torneio de Paris e também o Barcelona por 7 X 2, em pleno Estádio Camp Nou.
Em 1958, quando da primeira conquista mundial para o Brasil, o Vasco cedeu a seleção os jogadores Bellini, Orlando e Vavá. A honra de levantar a “Taça” pela primeira vez, coube ao zagueiro e capitão do time, o vascaíno Hilderaldo Bellini, que ergueu com as duas mãos e sobre a cabeça, a “Taça Jules Rimet”, num gesto que se tornou famoso e acabou sendo copiado por todos os capitães de seleções campeãs do mundo.
Depois de 1958, o Vasco só viria a conquistar mais um título importante em 1966, o Torneio Rio-São Paulo, dividido com outros clubes. Os anos 60 marcaram uma profunda crise no clube que só acabaria em 1969. Nos anos 70 o time começou a reagir, com o título estadual de 1970 e o surgimento do maior ídolo da história do clube, Roberto Dinamite. Nessa época o Vasco alcançou brilhantes conquistas, como o Campeonato Brasileiro de 1974 e o estadual de 1977.
Durante a década de 80 o Vasco ganhou três títulos estaduais e o bicampeonato brasileiro. Em 1989, montou um time que ficou conhecido como “SeleVasco”, com destaque para Bebeto, contratado junto ao rival Flamengo. O Vasco foi campeão derrotando o São Paulo em pleno Morumbi, por 1 X 0. Os anos 90 marcaram a despedida de Roberto Dinamite em 1993. Em 1992, 1993 e 1994, a conquista do tricampeonato estadual, e em 1997, o tricampeonato brasileiro.
E veio o ano de 1998, e com ele o centenário do Clube e uma homenagem da Escola de Samba Unidos da Tijuca, no Carnaval carioca. O samba-enredo se imortalizou, e até hoje é cantado pelos torcedores do Vasco em dias de jogos. A conquista da Copa Libertadores da América aconteceu apenas cinco dias após o aniversário. Pena que a festa não foi completa, pois o time perdeu o Mundial Interclubes, para o Real Madrid, da Espanha.
No ano seguinte ao centenário, o Vasco conquistou o Torneio Rio-São Paulo e em 2000, o tetracampeonato brasileiro e a Copa Mercosul. Os anos seguintes foram de poucas alegrias para a torcida, com exceção de 2003, quando venceu seu 22° campeonato estadual. Desde então, o Vasco amarga um longo jejum de títulos.
Confira as principais conquistas do Vasco ao longo da história: campeão estadual (1923, 1924, 1929, 1934, 1935, 1945, 1947, 1949, 1950, 1952, 1956, 1958, 1970, 1977, 1982, 1987, 1988, 1989, 1992, 1993, 1994 e 2003); Campeão Sul-Americano (1948); Campeão do Troféu Teresa Herrera (1957); Campeão do Torneio Rio-São Paulo (1958, 1966 e 1999); Campeão Brasileiro (1974, 1997 e 2000); Campeão da Copa Mercosul (2000); Campeão da Taça Libertadores da América (1998) e Campeão da Copa João Havelange (2000), com o mesmo valor de Campeão Brasileiro. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Quem assiste jogos do Vasco da Gama, em São Januário, ou qualquer outro estádio, com certeza já ouviu os torcedores cantando o refrão “Casaca, casaca, casa-casa-casaca! A turma é boa, é mesmo da fuzarca! Vasco! Vasco! Vasco!”. O canto surgiu por inspiração de um negociante de nome João de Lucas, torcedor apaixonado, que foi também o fundador da Torcida Organizada do Vasco (TOV). Ele comemorava as vitórias vascaínas em reuniões festivas junto a torcedores das mais diversas classes sociais. Entre eles, conhecidos membros da elite carioca, que exibiam impecáveis casacas. Em homenagem a eles, João criou aquilo que viria com o tempo se tornar um verdadeiro grito de guerra do clube.
O ano de 1931 reservou algumas alegrias históricas aos torcedores do Vasco. No campeonato carioca, o time impôs a maior goleada da história do clássico contra o Flamengo, um acachapante 7 X 0. Mas o fato mais importante foi a vitoriosa excursão à Europa, mais precisamente a Portugal e Espanha. O clube da Cruz de Malta se tornou o segundo clube brasileiro e o primeiro carioca a jogar no continente europeu. O primeiro, foi o Paulistano, de São Paulo.
Em 12 partidas disputadas, o Vasco venceu oito, empatou uma e perdeu três. Marcou 45 gols e sofreu apenas 18. A viagem abriu as portas para a contratação dos jogadores vascaínos, Fausto e Jaguaré pelo Barcelona da Espanha.
Em 1935, a rivalidade Vasco e Flamengo se acirrou. Um desentendimento ocorrido em disputas de remo, fez com que o Vasco abandonasse a Liga e junto com o Botafogo criasse a Federação Metropolitana de Desportos (FMD), que se filiou à Confederação Brasileira de Desportos (CBD). A briga durou dois anos. Em 1937 veio a reconciliação, graças à iniciativa dos presidentes do Vasco e do América, respectivamente Pedro Pereira Novaes e Pedro Magalhães Corrêa.
No dia 29 de julho uma nova entidade foi fundada, a Liga de Football do Rio de Janeiro, que uniu todos os médios e grandes clubes. O acontecimento não poderia passar em branco, por isso Vasco e América realizaram um jogo comemorativo no Estádio de São Januário, no dia 31 do mesmo mês, perante um público recorde. A partir daí o confronto entre os dois clubes passou a ser chamado de “Clássico da Paz”.
Em 1945 o Vasco contratou alguns jogadores que fizeram história no clube: Augusto, zagueiro do São Cristóvão, Eli, médio vindo do Canto do Rio, Danilo, centro-médio oriundo do América, Ademir, destaque do Sport Recife e Lelé, Isaías e Jair, os “Três Patetas”, do Madureira. O técnico era o uruguaio Ondino Vieira, que antes dirigiu a equipe argentina do River Plate. E inspirado no uniforme de seu antigo clube, pediu a direção do Vasco que acrescentasse uma faixa diagonal branca nas camisas pretas, até então usadas. E, para os dias mais quentes do verão carioca, um modelo branco, que absorvesse menos calor, com a faixa preta. Terminava assim a era dos “camisas pretas” e começava a trajetória do “Expresso da Vitória”, que virou o livro “O Expresso da Vitória, uma história do fabuloso Club de Regatas Vasco da Gama”, de autoria de Abraham B. Bohadana.
A denominação “Expresso da Vitória” surgiu num programa esportivo e musical da Rádio Nacional, que contou com a participação de Lamartine Babo, entre outros. Lá pelas tantas, um cantor, ao se apresentar, disse que dedicaria a música ao Vasco, o “Expresso da Vitória”, um time que atropelava os adversários em campo.
O ataque vascaíno era espetacular: Djalma, Maneca, Friaça (Dimas), Lelé (Ismael) e Chico. O treinador era Flávio Costa, tricampeão carioca (1942, 1943 e 1944) pelo Flamengo. No Estadual, um passeio. Foram marcados 68 gols em 20 jogos. No primeiro turno desse campeonato, o Vasco ganhou do Canto do Rio por 14 X 1, até hoje a maior goleada da fase profissional do futebol carioca. No jogo mais difícil, contra o Botafogo de Heleno de Freitas, um empate sem gols garantiu o título ao Vasco. O “Expresso” terminou o campeonato invicto, com sete pontos à frente do alvinegro.
O ano de 1948 foi muito especial, pois o Vasco, na condição de campeão do Distrito Federal em 1947, foi convidado pelo Colo Colo, do Chile para participar do Torneio dos Campeões Sul-Americanos, em Santiago, que teve a participação de grandes potências do futebol mundial, como o River Plate de Di Stéfano. Os brasileiros não tomaram conhecimento dos adversários e foram campeões invictos. Um dos destaques na conquista foi a goleada de 4 X 0 sobre o temido Nacional, do Uruguai, do artilheiro Atílio Garcia. Esse foi o primeiro título internacional do futebol brasileiro, seja de clube ou seleções.
Em 1949, com a contratação do atacante Heleno de Freitas, o Vasco passou por cima de seus oponentes, com goleadas históricas. Foram 84 gols em apenas 20 jogos, e mais um título invicto, ainda sob o comando de Flávio Costa. A supremacia vascaína sobre os demais clubes era tão grande, que em 1950 a seleção titular brasileira, que perdeu a Copa do Mundo para o Uruguai, contava com cinco craques cruzmaltinos: Barbosa, Augusto, Danilo, Chico e o artilheiro da Copa do Mundo, o grande ídolo Ademir Marques de Menezes, o “Queixada”.
Em 1953, veio a renovação do elenco, surgindo valores como Vavá, Bellini, Sabará e Pinga. Até 1957 o Vasco ainda conquistou muitos títulos importantes: dois estaduais (1956 e 1958), o Torneio Rio-São Paulo (1958), a Pequena Copa do Mundo (Venezuela-1957), quando enfrentou clubes como o Real Madrid, Roma e Porto. No mesmo ano venceu o Real Madrid por 4 X 3, na final do Torneio de Paris e também o Barcelona por 7 X 2, em pleno Estádio Camp Nou.
Em 1958, quando da primeira conquista mundial para o Brasil, o Vasco cedeu a seleção os jogadores Bellini, Orlando e Vavá. A honra de levantar a “Taça” pela primeira vez, coube ao zagueiro e capitão do time, o vascaíno Hilderaldo Bellini, que ergueu com as duas mãos e sobre a cabeça, a “Taça Jules Rimet”, num gesto que se tornou famoso e acabou sendo copiado por todos os capitães de seleções campeãs do mundo.
Depois de 1958, o Vasco só viria a conquistar mais um título importante em 1966, o Torneio Rio-São Paulo, dividido com outros clubes. Os anos 60 marcaram uma profunda crise no clube que só acabaria em 1969. Nos anos 70 o time começou a reagir, com o título estadual de 1970 e o surgimento do maior ídolo da história do clube, Roberto Dinamite. Nessa época o Vasco alcançou brilhantes conquistas, como o Campeonato Brasileiro de 1974 e o estadual de 1977.
Durante a década de 80 o Vasco ganhou três títulos estaduais e o bicampeonato brasileiro. Em 1989, montou um time que ficou conhecido como “SeleVasco”, com destaque para Bebeto, contratado junto ao rival Flamengo. O Vasco foi campeão derrotando o São Paulo em pleno Morumbi, por 1 X 0. Os anos 90 marcaram a despedida de Roberto Dinamite em 1993. Em 1992, 1993 e 1994, a conquista do tricampeonato estadual, e em 1997, o tricampeonato brasileiro.
E veio o ano de 1998, e com ele o centenário do Clube e uma homenagem da Escola de Samba Unidos da Tijuca, no Carnaval carioca. O samba-enredo se imortalizou, e até hoje é cantado pelos torcedores do Vasco em dias de jogos. A conquista da Copa Libertadores da América aconteceu apenas cinco dias após o aniversário. Pena que a festa não foi completa, pois o time perdeu o Mundial Interclubes, para o Real Madrid, da Espanha.
No ano seguinte ao centenário, o Vasco conquistou o Torneio Rio-São Paulo e em 2000, o tetracampeonato brasileiro e a Copa Mercosul. Os anos seguintes foram de poucas alegrias para a torcida, com exceção de 2003, quando venceu seu 22° campeonato estadual. Desde então, o Vasco amarga um longo jejum de títulos.
Confira as principais conquistas do Vasco ao longo da história: campeão estadual (1923, 1924, 1929, 1934, 1935, 1945, 1947, 1949, 1950, 1952, 1956, 1958, 1970, 1977, 1982, 1987, 1988, 1989, 1992, 1993, 1994 e 2003); Campeão Sul-Americano (1948); Campeão do Troféu Teresa Herrera (1957); Campeão do Torneio Rio-São Paulo (1958, 1966 e 1999); Campeão Brasileiro (1974, 1997 e 2000); Campeão da Copa Mercosul (2000); Campeão da Taça Libertadores da América (1998) e Campeão da Copa João Havelange (2000), com o mesmo valor de Campeão Brasileiro. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
sábado, 23 de agosto de 2008
A construção do Estádio de São Januário (3ª Parte)
Os adversários não desistiram de tirar o Vasco das disputas oficiais. Como isso não era possível pelo regulamento da Liga Metropolitana, resolveram criar uma outra entidade para dirigir o futebol carioca, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (Amea). Todos os chamados “grandes” foram aceitos, menos o Vasco e por um argumento muito frágil: os jogadores cruzmaltinos teriam profissões duvidosas e o seu estádio não apresentava as melhores condições para sediar jogos.
Sobre o campo da Rua Morais e Silva, até que as reclamações tinham fundamento, pois realmente não oferecia uma boa estrutura. Mas o problema principal, era outro. Para aceitar o Vasco como filiado a Amea queria que o clube excluísse 12 de seus jogadores, todos negros e operários. Naturalmente, que o Vasco não aceitou. O presidente do clube, José Augusto Prestes enviou uma carta histórica ao presidente da Amea, Arnaldo Guinle, nos seguintes termos:
"Estamos certos de que Vossa Excelência será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à Amea, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923". E prosseguiu defendendo seus atletas. "São 12 jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de suas carreiras. Um ato público que os maculasse nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glórias". E finalizou, decidindo não entrar na nova entidade: "Nestes termos, sentimos ter de comunicar a Vossa Excelência que desistimos de fazer parte da Amea".
Fora da disputa com os “grandes”, nada mais restou ao Vasco, senão disputar com outros 21 times de menor expressão, o campeonato da então desvalorizada Liga Metropolitana de Desportos Terrestres. O clube era vítima do racismo e da falta de um estádio em melhores condições. Contra adversários fracos, os cruzmaltinos alcançaram dezesseis vitórias, sem nenhum empate ou derrota. No triangular final uma goleada de 5 X 0 sobre o Andaraí e uma vitória simples frente o Bonsucesso, garantiram o bicampeonato.
O Vasco ficou fora da Amea, por apenas um ano. Em 1925, por intervenção do dirigente botafoguense Carlito Rocha, que foi o juiz da polêmica partida contra o Flamengo, em 1923, o clube da Cruz de Malta foi aceito na entidade maior do futebol carioca. Para isso, teve que mandar seus jogos no campo do Andaraí, onde é hoje o Shopping Iguatemi. O episódio serviu para motivar os dirigentes vascaínos a construir um moderno estádio para a prática do futebol.
Foi lançada uma campanha para arrecadar fundos entre os associados e simpatizantes. Como o time se saiu muito bem no certame de 1925, sendo terceiro colocado com 13 vitórias, três empates e duas derrotas, e em 1926, melhor ainda, vice-campeão, com 14 vitórias em 18 jogos, não foi difícil conseguir apoio para o ambicioso projeto do estádio.
Em pouco tempo foram arrecadados Cr$ 690.895.00, dinheiro suficiente para a compra de uma área de 55.445 metros quadrados, no bairro de São Cristóvão, cuja escritura de compra foi lavrada no cartório do 18º Ofício, dia 28 de março de 1925. O segundo passo parecia mais difícil, buscar recursos na ordem de 2 mil contos de réis para construir o estádio. Os torcedores responderam positivamente e em pouco mais de um ano as obras tiveram início.
O Vasco ainda teve que enfrentar um sério problema: o presidente da República, Washington Luís, não autorizou a importação de cimento belga, que fora utilizado na construção do Jockey Club, mesmo sabendo que o Brasil ainda não dispunha do produto em quantidade suficiente para grandes obras. E aí a criatividade falou mais alto, os responsáveis pela obra encontraram a solução do problema com a mistura de cimento, areia e pedra britada.
Por isso, São Januário acabou se tornando mais do que um estádio, mas também um marco na história da construção civil do país. Dez meses depois do lançamento da pedra fundamental, em 21 de abril de 1927 era festivamente inaugurado o Estádio de São Januário, com a presença do Presidente da República, Washington Luís, o mesmo que antes havia dificultado a construção. Foi o comandante Sarmento de Beires, que acabara de cruzar o Atlântico no avião chamado Argos, percorrendo pela primeira vez o trajeto Lisboa - Rio, quem cortou a fita simbólica, dando por inaugurado o estádio de São Januário.
O jogo inaugural foi entre Vasco da Gama X Santos, com vitória dos visitantes, na época a maior potência do futebol paulista, por 5 X 3. Naquele dia o clube dos portugueses, negros e operários começava uma nova trajetória dentro do futebol brasileiro. O Vasco da Gama era dono do maior estádio do país, com capacidade para 40 mil torcedores, condição que durou 14 anos, até que em 1941, foi inaugurado o Pacaembu, em São Paulo.
São Januário foi palco de históricos acontecimentos. Em março de 1928, quando do jogo contra o Wanders, do Uruguai, na inauguração dos refletores e de uma arquibancada, o Vasco venceu por 1x0, com um gol feito na cobrança de córner através do jogador Santana, entrando direto no gol uruguaio. Não há notícia anterior de um gol olímpico no Brasil. A jogada aconteceu pela primeira vez num confronto entre Uruguai e Argentina.
O Complexo Esportivo-social de São Januário, além do estádio propriamente dito, conta com: Parque Aquático, inaugurado em 30 de agosto de 1953, composto de quatro piscinas, uma olímpica, outra para saltos ornamentais e duas pequenas, para o aquecimento dos atletas. Vestiários, uma estação para tratamento de água e uma sala de musculação. O Parque Aquático do Vasco da Gama sediou em 1998 uma etapa da Copa do Mundo de Natação, a primeira disputada no Brasil, como parte das comemorações do Centenário do clube.
Ginásio Poliesportivo, inaugurado em 23 de setembro de 1956, com capacidade para 2,5 mil torcedores. Quadra oficial para as partidas das equipes de futsal, basquete e handebol do clube. Capela de Nossa Senhora das Vitórias, Padroeira do Clube, inaugurada em 15 de agosto de 1955. Nela são celebradas Missas, batizados e casamentos. Salão de Troféus, lugar onde se encontram todas as glórias e conquistas do Vasco da Gama. São cerca de seis mil troféus, taças, medalhas, bronzes, copas, faixas, placas, flâmulas, diplomas, fotos e relíquias. Além de quadras poliesportivas, sede administrativa, restaurante, loja de materiais do clube e hotel-concentração para atletas;
O patrimônio do Vasco da Gama vai muito além de São Januário. O clube é dono da Sede Náutica da Lagoa, inaugurada em 18 de agosto de 1950. Foi construída devido à necessidade do clube de ter uma sede para abrigar os esportes náuticos quando as regatas passaram a ser disputadas na Lagoa. Além do salão de festas, usado para as reuniões do conselho deliberativo do clube, a sede é também garagem dos barcos usados nos treinos e competições de remo. Conta com três pavimentos, um subsolo e um terraço, carpintaria para construção e conservação de barcos, garagem de barcos, sala de musculação, alojamento para 40 atletas e a administração. Situa-se às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, no bairro da Lagoa. Possui em suas paredes externas, uma composição de azulejos de Burle Marx.
Calabouço: antiga sede náutica do clube, hoje destinada ao lazer dos associados, que conta com piscina, duas saunas, quadras esportivas, área de recreação infantil, salão de festas, departamento médico, administração e um restaurante. Situa-se ás margens da Baía da Guanabara na ponta do Calabouço, no centro do Rio de Janeiro, próximo ao Aeroporto Santos Dumont e ao Museu de Arte Moderna.
Centro de Treinamento Almirante Heleno Nunes. Terreno situado às margens da Rodovia Washington Luís, onde o clube projeta e inicia a construção de seu centro de treinamento, que terá diversos campos de futebol, dois ginásios e um hotel-concentração. Parte do terreno é área de preservação ambiental, devido às suas características naturais. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Sobre o campo da Rua Morais e Silva, até que as reclamações tinham fundamento, pois realmente não oferecia uma boa estrutura. Mas o problema principal, era outro. Para aceitar o Vasco como filiado a Amea queria que o clube excluísse 12 de seus jogadores, todos negros e operários. Naturalmente, que o Vasco não aceitou. O presidente do clube, José Augusto Prestes enviou uma carta histórica ao presidente da Amea, Arnaldo Guinle, nos seguintes termos:
"Estamos certos de que Vossa Excelência será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à Amea, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923". E prosseguiu defendendo seus atletas. "São 12 jogadores jovens, quase todos brasileiros, no começo de suas carreiras. Um ato público que os maculasse nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que eles com tanta galhardia cobriram de glórias". E finalizou, decidindo não entrar na nova entidade: "Nestes termos, sentimos ter de comunicar a Vossa Excelência que desistimos de fazer parte da Amea".
Fora da disputa com os “grandes”, nada mais restou ao Vasco, senão disputar com outros 21 times de menor expressão, o campeonato da então desvalorizada Liga Metropolitana de Desportos Terrestres. O clube era vítima do racismo e da falta de um estádio em melhores condições. Contra adversários fracos, os cruzmaltinos alcançaram dezesseis vitórias, sem nenhum empate ou derrota. No triangular final uma goleada de 5 X 0 sobre o Andaraí e uma vitória simples frente o Bonsucesso, garantiram o bicampeonato.
O Vasco ficou fora da Amea, por apenas um ano. Em 1925, por intervenção do dirigente botafoguense Carlito Rocha, que foi o juiz da polêmica partida contra o Flamengo, em 1923, o clube da Cruz de Malta foi aceito na entidade maior do futebol carioca. Para isso, teve que mandar seus jogos no campo do Andaraí, onde é hoje o Shopping Iguatemi. O episódio serviu para motivar os dirigentes vascaínos a construir um moderno estádio para a prática do futebol.
Foi lançada uma campanha para arrecadar fundos entre os associados e simpatizantes. Como o time se saiu muito bem no certame de 1925, sendo terceiro colocado com 13 vitórias, três empates e duas derrotas, e em 1926, melhor ainda, vice-campeão, com 14 vitórias em 18 jogos, não foi difícil conseguir apoio para o ambicioso projeto do estádio.
Em pouco tempo foram arrecadados Cr$ 690.895.00, dinheiro suficiente para a compra de uma área de 55.445 metros quadrados, no bairro de São Cristóvão, cuja escritura de compra foi lavrada no cartório do 18º Ofício, dia 28 de março de 1925. O segundo passo parecia mais difícil, buscar recursos na ordem de 2 mil contos de réis para construir o estádio. Os torcedores responderam positivamente e em pouco mais de um ano as obras tiveram início.
O Vasco ainda teve que enfrentar um sério problema: o presidente da República, Washington Luís, não autorizou a importação de cimento belga, que fora utilizado na construção do Jockey Club, mesmo sabendo que o Brasil ainda não dispunha do produto em quantidade suficiente para grandes obras. E aí a criatividade falou mais alto, os responsáveis pela obra encontraram a solução do problema com a mistura de cimento, areia e pedra britada.
Por isso, São Januário acabou se tornando mais do que um estádio, mas também um marco na história da construção civil do país. Dez meses depois do lançamento da pedra fundamental, em 21 de abril de 1927 era festivamente inaugurado o Estádio de São Januário, com a presença do Presidente da República, Washington Luís, o mesmo que antes havia dificultado a construção. Foi o comandante Sarmento de Beires, que acabara de cruzar o Atlântico no avião chamado Argos, percorrendo pela primeira vez o trajeto Lisboa - Rio, quem cortou a fita simbólica, dando por inaugurado o estádio de São Januário.
O jogo inaugural foi entre Vasco da Gama X Santos, com vitória dos visitantes, na época a maior potência do futebol paulista, por 5 X 3. Naquele dia o clube dos portugueses, negros e operários começava uma nova trajetória dentro do futebol brasileiro. O Vasco da Gama era dono do maior estádio do país, com capacidade para 40 mil torcedores, condição que durou 14 anos, até que em 1941, foi inaugurado o Pacaembu, em São Paulo.
São Januário foi palco de históricos acontecimentos. Em março de 1928, quando do jogo contra o Wanders, do Uruguai, na inauguração dos refletores e de uma arquibancada, o Vasco venceu por 1x0, com um gol feito na cobrança de córner através do jogador Santana, entrando direto no gol uruguaio. Não há notícia anterior de um gol olímpico no Brasil. A jogada aconteceu pela primeira vez num confronto entre Uruguai e Argentina.
O Complexo Esportivo-social de São Januário, além do estádio propriamente dito, conta com: Parque Aquático, inaugurado em 30 de agosto de 1953, composto de quatro piscinas, uma olímpica, outra para saltos ornamentais e duas pequenas, para o aquecimento dos atletas. Vestiários, uma estação para tratamento de água e uma sala de musculação. O Parque Aquático do Vasco da Gama sediou em 1998 uma etapa da Copa do Mundo de Natação, a primeira disputada no Brasil, como parte das comemorações do Centenário do clube.
Ginásio Poliesportivo, inaugurado em 23 de setembro de 1956, com capacidade para 2,5 mil torcedores. Quadra oficial para as partidas das equipes de futsal, basquete e handebol do clube. Capela de Nossa Senhora das Vitórias, Padroeira do Clube, inaugurada em 15 de agosto de 1955. Nela são celebradas Missas, batizados e casamentos. Salão de Troféus, lugar onde se encontram todas as glórias e conquistas do Vasco da Gama. São cerca de seis mil troféus, taças, medalhas, bronzes, copas, faixas, placas, flâmulas, diplomas, fotos e relíquias. Além de quadras poliesportivas, sede administrativa, restaurante, loja de materiais do clube e hotel-concentração para atletas;
O patrimônio do Vasco da Gama vai muito além de São Januário. O clube é dono da Sede Náutica da Lagoa, inaugurada em 18 de agosto de 1950. Foi construída devido à necessidade do clube de ter uma sede para abrigar os esportes náuticos quando as regatas passaram a ser disputadas na Lagoa. Além do salão de festas, usado para as reuniões do conselho deliberativo do clube, a sede é também garagem dos barcos usados nos treinos e competições de remo. Conta com três pavimentos, um subsolo e um terraço, carpintaria para construção e conservação de barcos, garagem de barcos, sala de musculação, alojamento para 40 atletas e a administração. Situa-se às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, no bairro da Lagoa. Possui em suas paredes externas, uma composição de azulejos de Burle Marx.
Calabouço: antiga sede náutica do clube, hoje destinada ao lazer dos associados, que conta com piscina, duas saunas, quadras esportivas, área de recreação infantil, salão de festas, departamento médico, administração e um restaurante. Situa-se ás margens da Baía da Guanabara na ponta do Calabouço, no centro do Rio de Janeiro, próximo ao Aeroporto Santos Dumont e ao Museu de Arte Moderna.
Centro de Treinamento Almirante Heleno Nunes. Terreno situado às margens da Rodovia Washington Luís, onde o clube projeta e inicia a construção de seu centro de treinamento, que terá diversos campos de futebol, dois ginásios e um hotel-concentração. Parte do terreno é área de preservação ambiental, devido às suas características naturais. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
A era do futebol no Vasco da Gama (2ª parte)
O futebol só chegou ao Vasco em 1915. O novo esporte, trazido da Inglaterra começou de maneira tímida nos campos cariocas. Em 1913, um combinado português realizou alguns jogos amistosos no Rio a convite do Botafogo. Mesmo não tendo ido bem, o time visitante empolgou a colônia lusa que, em pouco tempo, formou alguns clubes para a prática da modalidade esportiva: fora, o “Centro Esportivo Português”, o “Lusitano” e o “Lusitânia”, que foi o único que conseguiu se manter, porque só aceitava sócios portugueses.
Como o Vasco estava decidido a formar um time de futebol, procurou a direção do Lusitânia, propondo uma fusão, pois a Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA), que promovia o esporte no Rio tinha restrições de nacionalidade, o que impedia a participação de clubes sem jogadores brasileiros em suas competições. E o Vasco afirmava a união de irmãos de todas as raças. Só por isso o Lusitânia cedeu e aceitou a fusão.
O futebol no Vasco foi oficializado no dia 26 de novembro de 1915. O primeiro jogo do novo time de futebol aconteceu pouco mais de cinco meses após a fundação, no dia 3 de maio de 1916, contra o Paladino Futebol Clube, valendo pela Terceira Divisão carioca. O Vasco usou camisas pretas com a Cruz da Ordem de Cristo, equivocadamente chamada de Cruz de Malta, à altura do coração. O resultado não foi nada animador, uma derrota acachapante de 10 X 1. O gol de honra e primeiro da história do Vasco, foi marcado por Adão Antônio Brandão, um português que viera para o Rio de castigo, pois o pai não perdoava sua falta de gosto pelos estudos.
Adão foi um atleta polivalente, que marcou época no Vasco, pois além do futebol também se destacava em outros esportes, como atletismo, remo, natação e pólo aquático. Jogou futebol até 1933, quando o esporte se profissionalizou no então Distrito Federal.
A primeira vitória veio no dia 29 de outubro de 1916, quando o Vasco venceu a Associação Atlética River São Bento por 2 X 1, gols de Alberto Costa Júnior e Cândido Almeida. O jogo foi realizado no campo do São Cristóvão, na Rua Figueira de Mello, válido para a Terceira Divisão da LMSA. Mesmo com a vitória, o Vasco foi lanterna do campeonato.
Em 1917, com a reformulação da LMSA que mudou a denominação para Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMTD), foi aumentado o número de equipes em cada Divisão. Com isso, os seis clubes da Terceira Divisão, inclusive o Vasco, foram promovidos para a Segunda Divisão. Naquele ano o Catete foi campeão, mas o time da Cruz de Malta começou a mostrar força. Ganhou nove jogos, num total de 16 e alcançou a quarta colocação. Em 1918, o Americano, time da capital ganhou a taça, e o Vasco chegou ainda mais perto, sendo terceiro colocado.
Em 1919, houve um retrocesso. Mesmo com vitórias, o time foi quinto classificado e o Palmeiras campeão. Em 1920, quarto lugar. Em 1921, a Liga reordenou as Divisões, separando a Primeira Divisão pelas categorias A e B. O Vasco foi para a B e chegou ao vice-campeonato, apenas dois pontos atrás do campeão, o Vila Isabel. Finalmente, em 1922 o primeiro título. O Vasco foi campeão da Série B. No jogo final, dia 17 de julho, no campo da Rua Morais e Silva, o Carioca foi massacrado, num incrível 8 X 3, e levantou a Taça Constantino, primeira na história do futebol do clube.
O time vascaíno, treinado pelo uruguaio Ramón Platero, jogou com Nélson - Mingote e Leitão – Nolasco - Bráulio e Artur – Pascoal - Cardoso Pires – Torterolli - Claudionor e Negrito. O artilheiro foi Claudionor, que marcou quatro gols, seguido de Cardoso Pires, com dois. Pascoal e Torterolli fizeram um cada.
Mas para ganhar a vaga na Primeira Divisão A, o Vasco teria primeiro que jogar contra o São Cristóvão, último colocado da Divisão Principal em 1922. Como houve empate sem gols, o Vasco ganhou a almejada promoção e o São Cristóvão não foi rebaixado.
No ano seguinte, o Vasco entrou na disputa pelo título principal do futebol da cidade. Seus adversários eram Flamengo, Fluminense, Botafogo e América, times considerados grandes, já naquela época e que eram formados exclusivamente por jovens da elite carioca. Ao contrário, o Vasco tinha muitos jogadores negros e operários, todos egressos dos terrenos baldios dos subúrbios cariocas. O técnico Ramón Platero submetia os jogadores a um ritmo alucinante de treinos, fazia-os correr diariamente do campo do Vasco, então na Rua Morais e Silva, na Quinta da Boa Vista, até a Praça Barão de Drumond, em Vila Isabel. Os demais grandes, não acreditavam na força do time do Vasco.
O preparo físico vascaíno foi decisivo. Depois de um empate de 1 X 1, no primeiro jogo do campeonato, contra o Andaraí, em General Severiano, o Vasco esmagou todos os adversários que não agüentavam o ritmo alucinante imposto no segundo tempo. Todas as 11 vitórias no campeonato foram alcançadas na etapa final de jogo.
A primeira vez na história em que Vasco e Flamengo se enfrentaram, o onze cruzmaltino venceu por 3 X 1. Foi no domingo 8 de julho de 1923, no campo do Fluminense, na então Rua Guanabara. No segundo jogo, a Liga prevendo uma grande arrecadação, colocou ingressos demais à venda. Mais de 35 mil pessoas pagaram para ver o clássico. Os jornais da época contaram que muitos torcedores pularam a grade que separava o campo para assistir ao jogo da pista de atletismo. Torcedores de todos os clubes cariocas se uniram contra os temíveis “camisas pretas”.
O Flamengo foi o vencedor por 3 X 2. O jogo deixou uma polêmica histórica. Os cruzmaltinos afirmam, até hoje, ter havido um terceiro gol, mal anulado pelo árbitro. Mas não há qualquer registro desse lance na imprensa carioca.
Depois do Flamengo o Vasco enfrentou América, Fluminense e São Cristóvão. Rubros e tricolores caíram na mesma tática das demais vitórias vascaínas e foram liquidados, no segundo tempo, pelo suficiente placar de 2 a 1. Uma vitória de 3 x 2 sobre o São Cristóvão, na penúltima rodada, deu o título por antecipação aos cruzmaltinos. O time campeão formou com Nélson - Leitão e Mingote – Nicolino - Claudionor e Artur – Pascoal – Torterolli – Arlindo - Cecy e Negrito.
Foi nesse campeonato que os torcedores vascaínos instituíram a gratificação aos seus jogadores, o que mais tarde viria a ser chamado de “bicho”. Nos mercados de secos e molhados da Saúde e da Rua do Russel, os portugueses tinham o hábito de apostar nas vitórias do Vasco. Como o time quase sempre vencia, resolveram dividir os lucros com os jogadores.
Como era proibido que estes recebessem dinheiro, já que eram amadores foi criada uma tabela que rendia uma premiação de animal, de acordo com a importância do adversário. O América, campeão em 1922, valia uma vaca com quatro pernas. O Flamengo, bicampeão em 1920/1921, uma vaca com três pernas. O Fluminense, duas ovelhas e um porco e o Botafogo e outros times também rendiam algum animal, sempre de galo para cima.
Como o Vasco estava sendo difícil de bater dentro de campo, era considerado o inimigo número 1 das demais torcidas cariocas. Por isso, os dirigentes dos clubes rivais resolveram tirar o clube das disputas, investigando as posições profissionais e sociais dos jogadores vascaínos, pois o futebol ainda era amador e ninguém podia receber pela prática do esporte. Mas o Vasco soube reagir e todos os seus atletas foram registrados como empregados de estabelecimentos comerciais de portugueses. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Como o Vasco estava decidido a formar um time de futebol, procurou a direção do Lusitânia, propondo uma fusão, pois a Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA), que promovia o esporte no Rio tinha restrições de nacionalidade, o que impedia a participação de clubes sem jogadores brasileiros em suas competições. E o Vasco afirmava a união de irmãos de todas as raças. Só por isso o Lusitânia cedeu e aceitou a fusão.
O futebol no Vasco foi oficializado no dia 26 de novembro de 1915. O primeiro jogo do novo time de futebol aconteceu pouco mais de cinco meses após a fundação, no dia 3 de maio de 1916, contra o Paladino Futebol Clube, valendo pela Terceira Divisão carioca. O Vasco usou camisas pretas com a Cruz da Ordem de Cristo, equivocadamente chamada de Cruz de Malta, à altura do coração. O resultado não foi nada animador, uma derrota acachapante de 10 X 1. O gol de honra e primeiro da história do Vasco, foi marcado por Adão Antônio Brandão, um português que viera para o Rio de castigo, pois o pai não perdoava sua falta de gosto pelos estudos.
Adão foi um atleta polivalente, que marcou época no Vasco, pois além do futebol também se destacava em outros esportes, como atletismo, remo, natação e pólo aquático. Jogou futebol até 1933, quando o esporte se profissionalizou no então Distrito Federal.
A primeira vitória veio no dia 29 de outubro de 1916, quando o Vasco venceu a Associação Atlética River São Bento por 2 X 1, gols de Alberto Costa Júnior e Cândido Almeida. O jogo foi realizado no campo do São Cristóvão, na Rua Figueira de Mello, válido para a Terceira Divisão da LMSA. Mesmo com a vitória, o Vasco foi lanterna do campeonato.
Em 1917, com a reformulação da LMSA que mudou a denominação para Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMTD), foi aumentado o número de equipes em cada Divisão. Com isso, os seis clubes da Terceira Divisão, inclusive o Vasco, foram promovidos para a Segunda Divisão. Naquele ano o Catete foi campeão, mas o time da Cruz de Malta começou a mostrar força. Ganhou nove jogos, num total de 16 e alcançou a quarta colocação. Em 1918, o Americano, time da capital ganhou a taça, e o Vasco chegou ainda mais perto, sendo terceiro colocado.
Em 1919, houve um retrocesso. Mesmo com vitórias, o time foi quinto classificado e o Palmeiras campeão. Em 1920, quarto lugar. Em 1921, a Liga reordenou as Divisões, separando a Primeira Divisão pelas categorias A e B. O Vasco foi para a B e chegou ao vice-campeonato, apenas dois pontos atrás do campeão, o Vila Isabel. Finalmente, em 1922 o primeiro título. O Vasco foi campeão da Série B. No jogo final, dia 17 de julho, no campo da Rua Morais e Silva, o Carioca foi massacrado, num incrível 8 X 3, e levantou a Taça Constantino, primeira na história do futebol do clube.
O time vascaíno, treinado pelo uruguaio Ramón Platero, jogou com Nélson - Mingote e Leitão – Nolasco - Bráulio e Artur – Pascoal - Cardoso Pires – Torterolli - Claudionor e Negrito. O artilheiro foi Claudionor, que marcou quatro gols, seguido de Cardoso Pires, com dois. Pascoal e Torterolli fizeram um cada.
Mas para ganhar a vaga na Primeira Divisão A, o Vasco teria primeiro que jogar contra o São Cristóvão, último colocado da Divisão Principal em 1922. Como houve empate sem gols, o Vasco ganhou a almejada promoção e o São Cristóvão não foi rebaixado.
No ano seguinte, o Vasco entrou na disputa pelo título principal do futebol da cidade. Seus adversários eram Flamengo, Fluminense, Botafogo e América, times considerados grandes, já naquela época e que eram formados exclusivamente por jovens da elite carioca. Ao contrário, o Vasco tinha muitos jogadores negros e operários, todos egressos dos terrenos baldios dos subúrbios cariocas. O técnico Ramón Platero submetia os jogadores a um ritmo alucinante de treinos, fazia-os correr diariamente do campo do Vasco, então na Rua Morais e Silva, na Quinta da Boa Vista, até a Praça Barão de Drumond, em Vila Isabel. Os demais grandes, não acreditavam na força do time do Vasco.
O preparo físico vascaíno foi decisivo. Depois de um empate de 1 X 1, no primeiro jogo do campeonato, contra o Andaraí, em General Severiano, o Vasco esmagou todos os adversários que não agüentavam o ritmo alucinante imposto no segundo tempo. Todas as 11 vitórias no campeonato foram alcançadas na etapa final de jogo.
A primeira vez na história em que Vasco e Flamengo se enfrentaram, o onze cruzmaltino venceu por 3 X 1. Foi no domingo 8 de julho de 1923, no campo do Fluminense, na então Rua Guanabara. No segundo jogo, a Liga prevendo uma grande arrecadação, colocou ingressos demais à venda. Mais de 35 mil pessoas pagaram para ver o clássico. Os jornais da época contaram que muitos torcedores pularam a grade que separava o campo para assistir ao jogo da pista de atletismo. Torcedores de todos os clubes cariocas se uniram contra os temíveis “camisas pretas”.
O Flamengo foi o vencedor por 3 X 2. O jogo deixou uma polêmica histórica. Os cruzmaltinos afirmam, até hoje, ter havido um terceiro gol, mal anulado pelo árbitro. Mas não há qualquer registro desse lance na imprensa carioca.
Depois do Flamengo o Vasco enfrentou América, Fluminense e São Cristóvão. Rubros e tricolores caíram na mesma tática das demais vitórias vascaínas e foram liquidados, no segundo tempo, pelo suficiente placar de 2 a 1. Uma vitória de 3 x 2 sobre o São Cristóvão, na penúltima rodada, deu o título por antecipação aos cruzmaltinos. O time campeão formou com Nélson - Leitão e Mingote – Nicolino - Claudionor e Artur – Pascoal – Torterolli – Arlindo - Cecy e Negrito.
Foi nesse campeonato que os torcedores vascaínos instituíram a gratificação aos seus jogadores, o que mais tarde viria a ser chamado de “bicho”. Nos mercados de secos e molhados da Saúde e da Rua do Russel, os portugueses tinham o hábito de apostar nas vitórias do Vasco. Como o time quase sempre vencia, resolveram dividir os lucros com os jogadores.
Como era proibido que estes recebessem dinheiro, já que eram amadores foi criada uma tabela que rendia uma premiação de animal, de acordo com a importância do adversário. O América, campeão em 1922, valia uma vaca com quatro pernas. O Flamengo, bicampeão em 1920/1921, uma vaca com três pernas. O Fluminense, duas ovelhas e um porco e o Botafogo e outros times também rendiam algum animal, sempre de galo para cima.
Como o Vasco estava sendo difícil de bater dentro de campo, era considerado o inimigo número 1 das demais torcidas cariocas. Por isso, os dirigentes dos clubes rivais resolveram tirar o clube das disputas, investigando as posições profissionais e sociais dos jogadores vascaínos, pois o futebol ainda era amador e ninguém podia receber pela prática do esporte. Mas o Vasco soube reagir e todos os seus atletas foram registrados como empregados de estabelecimentos comerciais de portugueses. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Vasco da Gama nasceu como clube de remo (1ª parte)
Hoje, 21 de agosto de 2008 é uma data muito especial. Afinal, não é todo o dia que se chega a 110 anos de vida. É muito caminho andado, até mesmo para um clube esportivo. É preciso muita persistência, organização e principalmente dedicação, para superar a marca de um século. E nada disso tem faltado ao Clube de Regatas Vasco da Gama, um dos clubes mais gloriosos e de maior torcida no país. E pioneiro na luta contra o racismo no esporte.
O Vasco veio ao mundo ao final do século XIX, quando o Rio de Janeiro era apenas uma cidade com pouco mais de 500 mil habitantes, um lugar agradável para se morar, bem diferente dos dias de hoje. Não havia bandidos pelas ruas. As pessoas tinham segurança em suas casas e não precisavam de grades e nem de cães ferozes. Drogas? Nem se imaginava o que era.
Nessa época o remo predominava como o esporte favorito da juventude, que sabia aproveitar muito bem a riqueza de águas que a natureza reservou para o Rio de Janeiro. As manhãs dos domingos costumavam levar educadas multidões aos arredores do Passeio Público e da Rua Santa Luzia para ver nas águas limpas da Baía de Guanabara, competições entre os barcos de clubes e seus remadores.
O Club Gragoatá, de Niterói, era um dos mais procurados pelos jovens, pelo que oferecia de estrutura aos remadores. Mas as viagens até a vizinha cidade se tornaram cansativas e era preciso encontrar outra opção. Foi quando quatro amigos, Henrique Ferreira Monteiro, Luís Antônio Rodrigues, José Alexandre d`Avelar Rodrigues e Manuel Teixeira de Souza Júnior, decidiram pela fundação de uma nova agremiação dedicada ao remo.
A primeira reunião aconteceu na casa de um deles, à Rua Teófilo Ottoni, 90. Como o número de novos interessados aumentou, os encontros foram transferidos para o Clube Recreativo Arcas Comercial, na Rua São Pedro. A idéia era conseguir a adesão de caixeiros portugueses, que gostavam de esportes, mas não tinham dinheiro para criar um clube de ciclismo, modalidade também em moda naqueles tempos.
Finalmente, no dia 21 de agosto de 1898, na sede do Clube Dramático Filhos de Talma, na rua da Saúde, 293, com a presença de 62 desportistas foi fundado o Club de Regatas Vasco da Gama. Os trabalhos foram presididos por Gaspar de Castro e secretariados por Virgílio Carvalho do Amaral e Henrique Teixeira Alegria.
Da fundação a prática do remo, foi um pulo. Para a compra dos primeiros barcos os sócios se cotizaram e adquiriram as baleeiras “Zoca”, “Vaidosa” e “Volúvel”. Curiosamente, a primeira regata que o clube venceu foi em sua própria homenagem, no dia 04 de junho de 1899, uma competição na classe novos, denominada “Vasco da Gama”. Os remadores vascaínos competiram com o barco “Volúvel”, de seis remos. O páreo, denominado Vasco da Gama, em homenagem ao novo clube, foi vencido com uma guarnição composta pelo patrão Alberto de Castro e os remadores José Lopes de Freitas, José Cunha, José Pereira Buda de Melo, Joaquim de Oliveira Campos, Antônio Frazão Salgueiro e Carlos Batista Rodrigues.
Em 1900 teve início a histórica rivalidade com o Clube de Regatas Flamengo, que também só se dedicou ao remo nos primeiros anos de existência. A guarnição vascaína ganhou uma competição que homenageava o adversário. Os primeiros títulos estaduais vieram em 1905 e 1906. Na conquista do bi, em 26 de agosto, os remadores do Vasco da Gama deram outro duro golpe no rival, vencendo mais uma vez um páreo com o nome de Club de Regatas do Flamengo. O Vasco foi tricampeão pela primeira vez na história do remo carioca nos anos de 1912, 1913 e 1914, com as embarcações “Meteoro” e “Pereira Passos”.
O Vasco foi pioneiro na luta contra o racismo, ao eleger presidente o mulato Cândido José de Araújo, o primeiro dirigente não branco de um clube esportivo do Rio de janeiro. Ele fez uma gestão exemplar, apresentando o Vasco como um clube aberto e sem preconceitos. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
O Vasco veio ao mundo ao final do século XIX, quando o Rio de Janeiro era apenas uma cidade com pouco mais de 500 mil habitantes, um lugar agradável para se morar, bem diferente dos dias de hoje. Não havia bandidos pelas ruas. As pessoas tinham segurança em suas casas e não precisavam de grades e nem de cães ferozes. Drogas? Nem se imaginava o que era.
Nessa época o remo predominava como o esporte favorito da juventude, que sabia aproveitar muito bem a riqueza de águas que a natureza reservou para o Rio de Janeiro. As manhãs dos domingos costumavam levar educadas multidões aos arredores do Passeio Público e da Rua Santa Luzia para ver nas águas limpas da Baía de Guanabara, competições entre os barcos de clubes e seus remadores.
O Club Gragoatá, de Niterói, era um dos mais procurados pelos jovens, pelo que oferecia de estrutura aos remadores. Mas as viagens até a vizinha cidade se tornaram cansativas e era preciso encontrar outra opção. Foi quando quatro amigos, Henrique Ferreira Monteiro, Luís Antônio Rodrigues, José Alexandre d`Avelar Rodrigues e Manuel Teixeira de Souza Júnior, decidiram pela fundação de uma nova agremiação dedicada ao remo.
A primeira reunião aconteceu na casa de um deles, à Rua Teófilo Ottoni, 90. Como o número de novos interessados aumentou, os encontros foram transferidos para o Clube Recreativo Arcas Comercial, na Rua São Pedro. A idéia era conseguir a adesão de caixeiros portugueses, que gostavam de esportes, mas não tinham dinheiro para criar um clube de ciclismo, modalidade também em moda naqueles tempos.
Finalmente, no dia 21 de agosto de 1898, na sede do Clube Dramático Filhos de Talma, na rua da Saúde, 293, com a presença de 62 desportistas foi fundado o Club de Regatas Vasco da Gama. Os trabalhos foram presididos por Gaspar de Castro e secretariados por Virgílio Carvalho do Amaral e Henrique Teixeira Alegria.
Da fundação a prática do remo, foi um pulo. Para a compra dos primeiros barcos os sócios se cotizaram e adquiriram as baleeiras “Zoca”, “Vaidosa” e “Volúvel”. Curiosamente, a primeira regata que o clube venceu foi em sua própria homenagem, no dia 04 de junho de 1899, uma competição na classe novos, denominada “Vasco da Gama”. Os remadores vascaínos competiram com o barco “Volúvel”, de seis remos. O páreo, denominado Vasco da Gama, em homenagem ao novo clube, foi vencido com uma guarnição composta pelo patrão Alberto de Castro e os remadores José Lopes de Freitas, José Cunha, José Pereira Buda de Melo, Joaquim de Oliveira Campos, Antônio Frazão Salgueiro e Carlos Batista Rodrigues.
Em 1900 teve início a histórica rivalidade com o Clube de Regatas Flamengo, que também só se dedicou ao remo nos primeiros anos de existência. A guarnição vascaína ganhou uma competição que homenageava o adversário. Os primeiros títulos estaduais vieram em 1905 e 1906. Na conquista do bi, em 26 de agosto, os remadores do Vasco da Gama deram outro duro golpe no rival, vencendo mais uma vez um páreo com o nome de Club de Regatas do Flamengo. O Vasco foi tricampeão pela primeira vez na história do remo carioca nos anos de 1912, 1913 e 1914, com as embarcações “Meteoro” e “Pereira Passos”.
O Vasco foi pioneiro na luta contra o racismo, ao eleger presidente o mulato Cândido José de Araújo, o primeiro dirigente não branco de um clube esportivo do Rio de janeiro. Ele fez uma gestão exemplar, apresentando o Vasco como um clube aberto e sem preconceitos. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Os bons tempos do bonde
Eu cheguei a pegar a romântica época do bonde, que dava seus últimos suspiros. Acredito que no Rio Grande do Sul só havia esse meio de transporte em três cidades, Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande. Quando fomos morar em Pelotas, o bonde já havia sido desativado, mas ainda era possível ver alguns trilhos pelas ruas, principalmente da linha do Bairro Fragata. Em Porto Alegre o transporte findou em 1970.
Já em Rio Grande o bonde resistiu mais tempo. Eu até fui em alguns jogos no estádio do São Paulo em bondes lotados de torcedores, que trafegavam pelas ruas 24 de Maio, avenida Rheingantz, Presidente Vargas e iam até o Parque, depois da Junção. Por isso até hoje algumas pessoas chamam o Estádio Aldo Dapuzzo, de Linha do Parque.
Eu até pensei que bonde só existisse na saudade. Mas, não. No Rio de Janeiro continua em plena atividade o Bonde de Santa Teresa, verdadeiro símbolo do tradicional bairro carioca, que funciona desde 1872, ligando o bairro ao centro da cidade pelos Arcos da Lapa, um antigo aqueduto. O bondinho transporta moradores e turistas pelas ladeiras íngremes do bairro, sendo um cartão-postal da cidade e um verdadeiro museu ambulante desse antigo meio de transporte.
A última vez que ví um bonde foi em Santos (SP). E faz tempo, nem lembro bem o ano. A prefeitura de lá restaurou um velho veículo que estava se deteriorando em uma praça da cidade e criou o Bonde Turístico do Centro Histórico, que percorre pontos históricos do Centro Velho. Porto Alegre também estudava por em prática um projeto parecido. Não sei se chegou a sair do papel.
O termo bonde é uma alusão aos cupons ou bilhetes utilizados como pagamento das passagens, e que nos Estados Unidos eram conhecidos como bonds. A partir daí, teriam os passageiros passado a chamar tais veículos de bond, tendo o termo sido posteriomente aportuguesado para "bonde". Foi daí que surgiu a denominação "bonde" para o veículo coletivo, que nos primeiros tempos era movido a tração animal e depois elétrica. O bonde fez parte da vida urbana das grandes cidades brasileiras até meados da década de 1960.
Ele foi realmente um transporte muito popular e ensejou boas histórias e comparações. Quem não ouviu falar do caipira que foi a São Paulo ou Rio de Janeiro e se encantou com um bonde e acabou “comprando” o veículo de alguém que lhe foi apresentado como seu proprietário. Daí surgiu a expressão "comprar um bonde", fazer um mau negócio. E da mesma forma, quando se entra no meio de uma conversa, é sempre feita a ressalva: "Estou pegando o bonde andando, mas, mesmo assim...". E quando toma partido em algo que não dá certo, vem logo a desculpa, “tomei o bonde errado”.
E o bonde foi até motivo para piadas infames, como esta: “Você já ouviu falar da mulher que morreu de bom dia? Ela foi atravessar a linha do bonde, pensou que o bonde vinha, mas o bom dia (bonde ia)”.
Como esta página é dedicada ao futebol, também encontramos nesse esporte referência ao bonde. É o jogador muito limitado, o "perna de pau", também chamado de "cabeça de bagre", aquele que é execrado pelos torcedores e pela imprensa esportiva. A origem esportiva do termo vem do ano de 1942, quando o famoso Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”, foi do Flamengo para o São Paulo. Quem explica isso é o jornalista Boris Fausto, na coluna “A dança das palavras”, no Jornal Folha de São Paulo.
O jogador, que custou uma verdadeira fortuna para a época, demorou a entrosar-se no novo clube, proporcionando aos adversários corinthianos e palestrinos (palmeirenses de hoje), gostosas gozações. Em clara alusão ao antigo negócio caipira, diziam que o São Paulo havia comprado um "bonde". Isso durou até meados de junho daquele ano, quando São Paulo e Palestra Itália disputaram uma partida importante pelo campeonato paulista. O locutor Geraldo José de Almeida, sãopaulino fanático, assim narrou um gol de seu time: "Gol do São Paulo! Gol do São Paulo! O "bonde" de 200 contos marca um gol espetacular de bicicleta". Daí em diante o termo pegou e persiste até hoje. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Já em Rio Grande o bonde resistiu mais tempo. Eu até fui em alguns jogos no estádio do São Paulo em bondes lotados de torcedores, que trafegavam pelas ruas 24 de Maio, avenida Rheingantz, Presidente Vargas e iam até o Parque, depois da Junção. Por isso até hoje algumas pessoas chamam o Estádio Aldo Dapuzzo, de Linha do Parque.
Eu até pensei que bonde só existisse na saudade. Mas, não. No Rio de Janeiro continua em plena atividade o Bonde de Santa Teresa, verdadeiro símbolo do tradicional bairro carioca, que funciona desde 1872, ligando o bairro ao centro da cidade pelos Arcos da Lapa, um antigo aqueduto. O bondinho transporta moradores e turistas pelas ladeiras íngremes do bairro, sendo um cartão-postal da cidade e um verdadeiro museu ambulante desse antigo meio de transporte.
A última vez que ví um bonde foi em Santos (SP). E faz tempo, nem lembro bem o ano. A prefeitura de lá restaurou um velho veículo que estava se deteriorando em uma praça da cidade e criou o Bonde Turístico do Centro Histórico, que percorre pontos históricos do Centro Velho. Porto Alegre também estudava por em prática um projeto parecido. Não sei se chegou a sair do papel.
O termo bonde é uma alusão aos cupons ou bilhetes utilizados como pagamento das passagens, e que nos Estados Unidos eram conhecidos como bonds. A partir daí, teriam os passageiros passado a chamar tais veículos de bond, tendo o termo sido posteriomente aportuguesado para "bonde". Foi daí que surgiu a denominação "bonde" para o veículo coletivo, que nos primeiros tempos era movido a tração animal e depois elétrica. O bonde fez parte da vida urbana das grandes cidades brasileiras até meados da década de 1960.
Ele foi realmente um transporte muito popular e ensejou boas histórias e comparações. Quem não ouviu falar do caipira que foi a São Paulo ou Rio de Janeiro e se encantou com um bonde e acabou “comprando” o veículo de alguém que lhe foi apresentado como seu proprietário. Daí surgiu a expressão "comprar um bonde", fazer um mau negócio. E da mesma forma, quando se entra no meio de uma conversa, é sempre feita a ressalva: "Estou pegando o bonde andando, mas, mesmo assim...". E quando toma partido em algo que não dá certo, vem logo a desculpa, “tomei o bonde errado”.
E o bonde foi até motivo para piadas infames, como esta: “Você já ouviu falar da mulher que morreu de bom dia? Ela foi atravessar a linha do bonde, pensou que o bonde vinha, mas o bom dia (bonde ia)”.
Como esta página é dedicada ao futebol, também encontramos nesse esporte referência ao bonde. É o jogador muito limitado, o "perna de pau", também chamado de "cabeça de bagre", aquele que é execrado pelos torcedores e pela imprensa esportiva. A origem esportiva do termo vem do ano de 1942, quando o famoso Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”, foi do Flamengo para o São Paulo. Quem explica isso é o jornalista Boris Fausto, na coluna “A dança das palavras”, no Jornal Folha de São Paulo.
O jogador, que custou uma verdadeira fortuna para a época, demorou a entrosar-se no novo clube, proporcionando aos adversários corinthianos e palestrinos (palmeirenses de hoje), gostosas gozações. Em clara alusão ao antigo negócio caipira, diziam que o São Paulo havia comprado um "bonde". Isso durou até meados de junho daquele ano, quando São Paulo e Palestra Itália disputaram uma partida importante pelo campeonato paulista. O locutor Geraldo José de Almeida, sãopaulino fanático, assim narrou um gol de seu time: "Gol do São Paulo! Gol do São Paulo! O "bonde" de 200 contos marca um gol espetacular de bicicleta". Daí em diante o termo pegou e persiste até hoje. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Portugueses em festa
Os portugueses que moram no Brasil, especialmente em São Paulo, comemoram hoje os 88 anos de existência de um dos mais tradicionais e queridos clubes do futebol paulista e brasileiro, a Associação Portuguesa de Desportos. A “Lusa do Canindé”, como é carinhosamente chamada, nasceu em 1920, fruto da fusão de cinco agremiações brasileiras de origem portuguesa: Lusíadas Futebol Clube, Portugal Marinhense, Associação Cinco de Outubro, Associação Atlética Marquês de Pombal e Esporte Club Lusitano.
A data é duplamente festiva para os lusitanos, pois também lembra a Batalha de Aljubarrota, uma das mais importantes na História de Portugal, ocorrida ao final da tarde de 14 de agosto de 1835, entre tropas portuguesas comandadas por Dom João I, e o exército castelhano de Dom Juan I de Castela. O confronto deu-se no campo de São Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre as localidades de Leiria e Alcobaça, no centro de Portugal. O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos e o fim da crise de 1383-1385, e a consolidação de D. João I como rei de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. A paz com Castela só veio a estabelecer-se em 1411.
O primeiro jogo da Portuguesa de Esportes (primeira denominação) foi realizado no dia 22 de Agosto de 1920, com derrota por 3 x 0 para o São Bento. O pedido de filiação do clube à Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) aconteceu no dia 2 de setembro de 1920, mas como não havia mais tempo para a inscrição no campeonato daquele ano, a Portuguesa fundiu-se ao Mackenzie, já inscrito, e participaram juntos do campeonato de 1920.
A Associação Atlética Mackenzie foi o primeiro clube de futebol brasileiro. Fundada em 1898 por estudantes do Mackenzie College, era formada apenas por alunos do colégio. A Portuguesa-Mackenzie disputou os certames pela APEA até 1922. Em 1923, a Associação Portuguesa de Esportes desligou-se do parceiro e passou a disputar jogos com sua nova denominação. Foi em 1940 que o clube recebeu o atual nome de Associação Portuguesa de Desportos.
Em 1922 o clube comprou as instalações da Praça de Esportes União Artística Recreativa Cambuci, que foi inaugurada solenemente em 25 de janeiro de 1925. A partir de 1926, foram disputadas ali as primeiras partidas oficiais da “Lusa”. Em 1929, foi adquirido um terreno na Avenida Tereza Cristina, no bairro do Ipiranga. Em seguida o time fixou sede no tradicional Largo de São Bento, onde viveu fase de muitas glórias, destacando-se o título “Tri-Fita Azul” do futebol brasileiro. A “Fita Azul” era um troféu entregue pelo jornal A “Gazeta Esportiva” ao time brasileiro que conquistasse invicto, dez jogos fora do país.
Em 1976 o clube inaugurou um de seus maiores símbolos, o estádio do Canindé. O terreno, que pertencera ao São Paulo Futebol Clube já havia sido adquirido pela diretoria que tinha a frente o presidente Luiz Portes Monteiro, em 1956, mas a construção acabou se arrastando durante anos. A inauguração do estádio, que representou um marco para o clube, ainda foi seguida de obras de ampliação até atingir a capacidade atual, de 27.500 torcedores.
Quando da compra, no local havia apenas uma pequena estrutura: um campo para treinos, um salão pequeno, vestiários e outras dependências para treinamentos. Para o clube usar o terreno como seu campo oficial teria que estar nas normas exigidas pela Federação Paulista de Futebol. Tiveram de ser erguidos vários alambrados e uma arquibancada de madeira. Por isso, na época o estádio recebeu o apelido de “Ilha da Madeira”.
Em 11 de Janeiro de 1956 a Portuguesa fez a estréia em sua nova e provisória casa vencendo um combinado entre dois rivais Palmeiras e São Paulo por 3 x 2. Mas a inauguração do Estádio do Canindé deu-se em 9 de janeiro de 1972, com a vitória da Portuguesa por 3 x 1 sobre o Benfica de Portugal. Nos primeiros tempos a capacidade do Canindé era para apenas dez mil torcedores. Em 1979, quando da administração do presidente Manuel Mendes Gregório, o Canindé foi ampliado chegando aos atuais 27.500 e rebatizado com o nome de Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte.
O maior artilheiro da história da Portuguesa foi José Lázaro Robles, o Pinga, com 284 gols marcados entre 1944 e 1952 e o jogador que mais vestiu a camisa da Lusa foi o volante Capitão, com cerca de 500 jogos disputados.
A maior goleada da Portuguesa aconteceu na Bolívia em 2 de Fevereiro de 1970 na cidade de Oruro, a 3.600 m de altitude contra o Ferroviário de Oruro e terminou 12 a 0 para a Portuguesa.
No decorrer desses anos, mesmo não tendo uma torcida tão numerosa quanto São Paulo, Santos, Corinthians e Palmeiras, a Lusa acabou se tornando um time tradicional e conquistou um espaço importante na história do futebol brasileiro. Do lendário Djalma Santos ao habilidoso Denner, muitos craques defenderam a equipe do Canindé.
Ao longo de sua história, a Lusa conquistou muitos títulos importantes. Conquistas internacionais: Troféu San Isidro, Espanha (1951); Fita Azul (1951, 1953 e 1954); Torneio Internacional do Canindé (1981); Conquistas regionais: Torneio Rio-São Paulo (1952 e 1955); Torneio Imprensa, Rio de Janeiro (1943); Taça Oswaldo Teixeira Duarte, Goiás (1971); Conquistas estaduais: Campeonato Paulista (1935, 1936 e 1973; Campeão Paulista da Série A2 (2007); Torneio Início (1935, 1947 e 1996); Taça São Paulo (1973); Taça Governador do Estado (1976); Taça São Paulo (1973); Taça dos Invictos (1955 e 1974); Troféu Vicente Matheus (1990); Futebol feminino: Campeonato Brasileiro (2000); Campeonato Paulista (1998, 2000 e 2002); Categorias de base: Copa São Paulo de Juniores (1991 e 2002); Campeonato Paulista Sub-20 (1990) e Campeonato Paulista Sub-15 (2002 e 2004).
Além dos títulos, os torcedores da Portuguesa têm outro motivo para se orgulhar: os grandes jogadores que vestiram a camisa rubro-verde. O maior deles é, também, um dos maiores craques da história do futebol brasileiro e mundial. O lateral-direito Djalma Santos defendeu a seleção brasileira em mais de 100 partidas, incluindo quatro Copas do Mundo (1954, 1958, 1962 e 1966). Ele ainda foi bicampeão mundial com a amarelinha (1958 e 1962). Pela Lusa, jogou mais de 400 vezes e conquistou os maiores títulos do clube. Djalma foi um dos responsáveis pelo bicampeonato do Torneio Rio-São Paulo, além de ter vencido três campeonatos paulistas. No último deles, em 1966, derrotando o Santos de Pelé.
Mais recentemente, outro jogador acabou marcando bastante a torcida lusitana. Criado no Canindé, onde chegou aos 11 anos de idade, Dener despontou para o futebol vestindo a camisa da Portuguesa na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1991. O atacante foi o destaque da competição e acabou levando a taça para o Canindé pela primeira vez. Sua velocidade e dribles desconcertantes impressionaram todo o país e o levaram à seleção brasileira. Em 1994, o atacante, que já era tido como uma das maiores revelações do futebol nacional, estava emprestado ao Vasco, quando uma tragédia tirou sua vida. O jogador faleceu, aos 23 anos, em um acidente de carro no Rio de Janeiro, dando um triste fim a uma carreira tão brilhante quanto curta.
Além de Djalma Santos e Dener, outros jogadores importantes defenderam as cores da Portuguesa. Entre eles: Julinho Botelho, Pinga (o maior artilheiro da história do clube, com 284 gols), Enéas (179 gols), Nininho (133 gols), Servílio (131 gols), Sílvio (120 gols), Brandãozinho, Ivair, Dener, Zé Roberto e Leandro Amaral.
A Severa é a mais antiga e tradicional mascote do clube. É uma homenagem à fadista portuguesa Dima Tereza que fez grande sucesso na década de trinta e que era conhecida como "A Severa". Em função disso, a Portuguesa bicampeã paulista de 35 e 36 também era conhecida pelos seus adversários como "A Severa".
O hino antigo do clube (Hino Rubro-Verde) tem letra e música de Archimedes Messina e Carlos Leite Guerra. O hino atual (Campeões) é de autoria do cantor português Roberto Leal e de Márcia Lúcia. (Pesquisa: Nilo Dias)
Em pé:
Carlos Alberto - Juths - Herminio - Ditão - Vilela e Mario Ferreira.Agachados: Jair da Costa - Ocimar - Servilho - Ipojucan e Melão. (Foto:Museu dos Esportes)
A data é duplamente festiva para os lusitanos, pois também lembra a Batalha de Aljubarrota, uma das mais importantes na História de Portugal, ocorrida ao final da tarde de 14 de agosto de 1835, entre tropas portuguesas comandadas por Dom João I, e o exército castelhano de Dom Juan I de Castela. O confronto deu-se no campo de São Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre as localidades de Leiria e Alcobaça, no centro de Portugal. O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos e o fim da crise de 1383-1385, e a consolidação de D. João I como rei de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. A paz com Castela só veio a estabelecer-se em 1411.
O primeiro jogo da Portuguesa de Esportes (primeira denominação) foi realizado no dia 22 de Agosto de 1920, com derrota por 3 x 0 para o São Bento. O pedido de filiação do clube à Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) aconteceu no dia 2 de setembro de 1920, mas como não havia mais tempo para a inscrição no campeonato daquele ano, a Portuguesa fundiu-se ao Mackenzie, já inscrito, e participaram juntos do campeonato de 1920.
A Associação Atlética Mackenzie foi o primeiro clube de futebol brasileiro. Fundada em 1898 por estudantes do Mackenzie College, era formada apenas por alunos do colégio. A Portuguesa-Mackenzie disputou os certames pela APEA até 1922. Em 1923, a Associação Portuguesa de Esportes desligou-se do parceiro e passou a disputar jogos com sua nova denominação. Foi em 1940 que o clube recebeu o atual nome de Associação Portuguesa de Desportos.
Em 1922 o clube comprou as instalações da Praça de Esportes União Artística Recreativa Cambuci, que foi inaugurada solenemente em 25 de janeiro de 1925. A partir de 1926, foram disputadas ali as primeiras partidas oficiais da “Lusa”. Em 1929, foi adquirido um terreno na Avenida Tereza Cristina, no bairro do Ipiranga. Em seguida o time fixou sede no tradicional Largo de São Bento, onde viveu fase de muitas glórias, destacando-se o título “Tri-Fita Azul” do futebol brasileiro. A “Fita Azul” era um troféu entregue pelo jornal A “Gazeta Esportiva” ao time brasileiro que conquistasse invicto, dez jogos fora do país.
Em 1976 o clube inaugurou um de seus maiores símbolos, o estádio do Canindé. O terreno, que pertencera ao São Paulo Futebol Clube já havia sido adquirido pela diretoria que tinha a frente o presidente Luiz Portes Monteiro, em 1956, mas a construção acabou se arrastando durante anos. A inauguração do estádio, que representou um marco para o clube, ainda foi seguida de obras de ampliação até atingir a capacidade atual, de 27.500 torcedores.
Quando da compra, no local havia apenas uma pequena estrutura: um campo para treinos, um salão pequeno, vestiários e outras dependências para treinamentos. Para o clube usar o terreno como seu campo oficial teria que estar nas normas exigidas pela Federação Paulista de Futebol. Tiveram de ser erguidos vários alambrados e uma arquibancada de madeira. Por isso, na época o estádio recebeu o apelido de “Ilha da Madeira”.
Em 11 de Janeiro de 1956 a Portuguesa fez a estréia em sua nova e provisória casa vencendo um combinado entre dois rivais Palmeiras e São Paulo por 3 x 2. Mas a inauguração do Estádio do Canindé deu-se em 9 de janeiro de 1972, com a vitória da Portuguesa por 3 x 1 sobre o Benfica de Portugal. Nos primeiros tempos a capacidade do Canindé era para apenas dez mil torcedores. Em 1979, quando da administração do presidente Manuel Mendes Gregório, o Canindé foi ampliado chegando aos atuais 27.500 e rebatizado com o nome de Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte.
O maior artilheiro da história da Portuguesa foi José Lázaro Robles, o Pinga, com 284 gols marcados entre 1944 e 1952 e o jogador que mais vestiu a camisa da Lusa foi o volante Capitão, com cerca de 500 jogos disputados.
A maior goleada da Portuguesa aconteceu na Bolívia em 2 de Fevereiro de 1970 na cidade de Oruro, a 3.600 m de altitude contra o Ferroviário de Oruro e terminou 12 a 0 para a Portuguesa.
No decorrer desses anos, mesmo não tendo uma torcida tão numerosa quanto São Paulo, Santos, Corinthians e Palmeiras, a Lusa acabou se tornando um time tradicional e conquistou um espaço importante na história do futebol brasileiro. Do lendário Djalma Santos ao habilidoso Denner, muitos craques defenderam a equipe do Canindé.
Ao longo de sua história, a Lusa conquistou muitos títulos importantes. Conquistas internacionais: Troféu San Isidro, Espanha (1951); Fita Azul (1951, 1953 e 1954); Torneio Internacional do Canindé (1981); Conquistas regionais: Torneio Rio-São Paulo (1952 e 1955); Torneio Imprensa, Rio de Janeiro (1943); Taça Oswaldo Teixeira Duarte, Goiás (1971); Conquistas estaduais: Campeonato Paulista (1935, 1936 e 1973; Campeão Paulista da Série A2 (2007); Torneio Início (1935, 1947 e 1996); Taça São Paulo (1973); Taça Governador do Estado (1976); Taça São Paulo (1973); Taça dos Invictos (1955 e 1974); Troféu Vicente Matheus (1990); Futebol feminino: Campeonato Brasileiro (2000); Campeonato Paulista (1998, 2000 e 2002); Categorias de base: Copa São Paulo de Juniores (1991 e 2002); Campeonato Paulista Sub-20 (1990) e Campeonato Paulista Sub-15 (2002 e 2004).
Além dos títulos, os torcedores da Portuguesa têm outro motivo para se orgulhar: os grandes jogadores que vestiram a camisa rubro-verde. O maior deles é, também, um dos maiores craques da história do futebol brasileiro e mundial. O lateral-direito Djalma Santos defendeu a seleção brasileira em mais de 100 partidas, incluindo quatro Copas do Mundo (1954, 1958, 1962 e 1966). Ele ainda foi bicampeão mundial com a amarelinha (1958 e 1962). Pela Lusa, jogou mais de 400 vezes e conquistou os maiores títulos do clube. Djalma foi um dos responsáveis pelo bicampeonato do Torneio Rio-São Paulo, além de ter vencido três campeonatos paulistas. No último deles, em 1966, derrotando o Santos de Pelé.
Mais recentemente, outro jogador acabou marcando bastante a torcida lusitana. Criado no Canindé, onde chegou aos 11 anos de idade, Dener despontou para o futebol vestindo a camisa da Portuguesa na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1991. O atacante foi o destaque da competição e acabou levando a taça para o Canindé pela primeira vez. Sua velocidade e dribles desconcertantes impressionaram todo o país e o levaram à seleção brasileira. Em 1994, o atacante, que já era tido como uma das maiores revelações do futebol nacional, estava emprestado ao Vasco, quando uma tragédia tirou sua vida. O jogador faleceu, aos 23 anos, em um acidente de carro no Rio de Janeiro, dando um triste fim a uma carreira tão brilhante quanto curta.
Além de Djalma Santos e Dener, outros jogadores importantes defenderam as cores da Portuguesa. Entre eles: Julinho Botelho, Pinga (o maior artilheiro da história do clube, com 284 gols), Enéas (179 gols), Nininho (133 gols), Servílio (131 gols), Sílvio (120 gols), Brandãozinho, Ivair, Dener, Zé Roberto e Leandro Amaral.
A Severa é a mais antiga e tradicional mascote do clube. É uma homenagem à fadista portuguesa Dima Tereza que fez grande sucesso na década de trinta e que era conhecida como "A Severa". Em função disso, a Portuguesa bicampeã paulista de 35 e 36 também era conhecida pelos seus adversários como "A Severa".
O hino antigo do clube (Hino Rubro-Verde) tem letra e música de Archimedes Messina e Carlos Leite Guerra. O hino atual (Campeões) é de autoria do cantor português Roberto Leal e de Márcia Lúcia. (Pesquisa: Nilo Dias)
Em pé:
Carlos Alberto - Juths - Herminio - Ditão - Vilela e Mario Ferreira.Agachados: Jair da Costa - Ocimar - Servilho - Ipojucan e Melão. (Foto:Museu dos Esportes)
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Gaúcho de Passo Fundo: o fim de uma tradição
Os amigos do blog “Futebol de Passo Fundo” (http://futeboldepassofundo.futblog.com.br/) me enviaram cópia de uma matéria publicada no jornal “O Nacional”, no último dia 11 sobre a extinção do Sport Club Gaúcho, um dos mais tradicionais clubes esportivos do Rio Grande do Sul. A matéria diz o seguinte:
Após quase 90 anos de história (completados em 12/05/2008), no ano passado, a cidade de Passo Fundo viu sucumbir um dos mais tradicionais clubes da região, o Sport Club Gaúcho. O acúmulo de dívidas levou o patrimônio do clube a leilão. Os bens foram arrematados pelo advogado da família de um jovem, que se afogou na piscina do clube em 1996 e ficou tetraplégico e necessitando de tratamento caro.
Como o S.C. Gaúcho não pagou as prestações acertadas, a sede foi adquirida por R$ 1,1 milhão, quantia baixíssima se comparada às estimativas que apontavam para um valor cinco vezes maior. Os bens móveis que lá estavam foram levados a depósito judicial, permanecendo em poder do clube apenas troféus e documentos. A ação movida pela família era de R$ 1,3 milhão. Após a realização do leilão, a intenção era de colocar a área à venda, o que ainda não aconteceu.
Nesse meio tempo o município conseguiu o tombamento provisório do campo e das arquibancadas do estádio. A estrutura do clube, localizada na rua Moron, bairro Boqueirão, foi totalmente destruída. O prédio da secretaria, as piscinas, tudo foi posto abaixo e abandonado.
O portão principal foi lacrado e ninguém mais, além dos proprietários foi autorizado a entrar no local. Na semana passada, porém, após receber informações de que o antigo clube estaria tomado por moradores de rua, a equipe de “O Nacional” foi até o Gaúcho. Apesar da intensa movimentação, o portão principal encontrava-se arrombado.
Nos fundos a reportagem avistou uma parede toda queimada, o que segundo vizinhos aconteceu após mendigos acenderem fogueiras para se aquecerem do frio. Instantes após a chegada da reportagem, ainda no portão foi possível avistar pelo menos dois homens, sentados ao redor de uma mesa improvisada, próxima a muito lixo. Ao perceberem a presença de pessoas estranhas, os "habitantes", que dormem em salas que resistiram à destruição, estranharam a situação e a equipe foi obrigada a deixar o espaço. Segundo testemunhas, chega a cinco o número de moradores de rua que ficam lá à noite.
A história do S.C. Gaúcho remonta ao distante dia 12 de maio de 1918, quando no varandão da antiga “Casa Barão”, foi fundado aquele que viria a se tornar o mais querido clube da cidade. Os fundadores foram os desportistas Augusto Schell Loureiro, dona Carlota Bordallo Rico e os filhos do casal, Alfredo e Gil Rico Loureiro, mais os amigos Victor Loureiro Issler, Antônio Junqueira da Rocha, João e Aníbal Colavin e Antônio Pimpão Loureiro.
O nome foi sugerido por Gil Loureiro, que afirmou na ocasião: “Gaúcho, pois somos gaúchos, povo guerreiro, determinado, batalhador, forte, e o nosso clube, além do nome, terá a alma gaúcha. Aparteando seu irmão, Alfredo recomendou as cores verde e branca". O trecho é do livro “O mais querido da cidade”, de autoria do escritor Marco Antonio Damian, que conta a trajetória do clube de 1918 até 2000.
O livro dá um fio de esperança aos tristes torcedores alviverdes quando se lê: “Enquanto houver futebol, existirá o Gaúcho”. Mas essa situação crítica só poderá ser revertida se a comunidade local, especialmente aqueles que sempre torceram pelo Gaúcho se unirem numa corrente pra frente. Sair do zero, de novo, renovado com as lições tiradas do passado. Eu, mesmo não sendo de Passo Fundo vou ficar, aqui à distância, torcendo para que essa tradição não desapareça. Se não for mais possível no Wolmar Salton, que seja em qualquer outro local.
Eu estive duas vezes no estádio Wolmar Salton, nos meus tempos de narrador de futebol nas rádios de Pelotas. E conheci de perto a paixão que o clube transmitia a sua ardorosa torcida. E muitas outras vezes presenciei jogos do Gaúcho contra o meu querido F.B.C. Rio-Grandense, ainda fora dos gramados, as vésperas de completar 100 anos.
Lembro de um confronto que quase virou tragédia. O Rio-Grandense precisava vencer para subir a Divisão Principal do futebol gaúcho, mas ao fim do primeiro tempo perdia por 1 x 0. O jogo não terminou. O juiz, apavorado, pediu intervenção policial, alegando que estava sendo ameaçado de morte, caso o Rio-Grandense não virasse o jogo. Os soldados da Brigada Militar atropelaram o público com seus cavalos e o estádio ficou vazio.
Foi no Estádio Wolmar Salton - construído em 1957 - que o Gaúcho conheceu seus melhores momentos, especialmente aos tempos dos famosos irmãos Pontes e dos inesquecíveis clássicos contra o rival 14 de Julho (hoje Passo Fundo). Em 1986, Gaúcho e 14 fizeram a fusão, dando origem ao Esporte Clube Passo Fundo. Anos depois o Gaúcho rompeu o acordo e reativou seu Departamento de Futebol profissional.
E quem não lembra dos duros jogos contra Grêmio e Internacional, que suavam sangue para sair de lá com um bom resultado? O que dizer dos valentes e folclóricos irmãos Pontes que ganharam fama de jogadores mais violentos da história do futebol brasileiro? O currículo não desmente: Daison Pontes foi punido por tudo que é imaginável, até doping.
Sua maior proeza aconteceu em 1974, em Passo Fundo. O juiz José Luis Barreto teve a coragem de marcar um pênalti contra o Gaúcho, em pleno Estádio Wolmar Salton. Indignado, Daison chamou o árbitro de crioulo. E Barreto teria retrucado: “Se te pego fora de Passo Fundo, te expulso”. E Daison não deixou por menos: “Se me expulsar te quebro a cara”. Dito e feito, semanas depois os dois se encontraram num jogo em Santa Maria. E promessas cumpridas. Barreto expulsou Daison e este deu um soco na cara do juiz e um pontapé na barriga. Foi suspenso por 18 meses. Retornou em 1976 somente para encerrar a carreira.
João Pontes foi o companheiro ideal da furiosa zaga, igualmente mestre de indisciplina e a exemplo do irmão Daison foi punido por tudo, de doping a agressão, num total de 18 punições. Apenas como curiosidade, publico as expulsões dos irmãos Pontes.
Daison: agressão a adversário (1959); invasão de campo (1962); ofensas ao juiz (1963); agressão ao adversário (1964); ofensas ao juiz (1964); ofensas ao juiz (1964); ofensas ao juiz (1964); agressão ao adversário (1966); ofensas ao juiz (1968); agressão ao adversário (1969); atitude inconveniente (1969); agressão ao adversário (1970); atitude inconveniente (1971); agressão ao adversário (1972); agressão ao adversário (1973); ofensas ao juiz (1974); uso de estimulante (1974) e agressão ao juiz (1974).
João Pontes: agressão ao adversário (1964); agressão ao adversário (1965); ofensas ao juiz (1965); ofensas ao juiz (1966); agressão ao adversário (1966); ofensas ao juiz (1967); atitude inconveniente (1969); agressão ao adversário (1970); ofensas ao juiz (1972); agressão ao adversário (1973); ofensas ao juiz (1974) e novamente ofensas ao juiz (1978).
Jogar em Passo Fundo na época dos irmãos Pontes era um verdadeiro teste de coragem. Daison garantia que um time para botar faixa de campeão precisava passar por Passo Fundo. O ex-zagueiro, 68 anos, hoje funcionário municipal aposentado não acha que tenha sido um jogador violento, apenas não admitia desrespeito.
O jornal “Zero Hora”, de Porto Alegre, publicou uma série intitulada “O tempo em que havia guerra”, contando a história do futebol gaúcho. Num trecho do excelente texto: “No futebol de Passo Fundo, Ele era a lei”, de Mário Marcos de Souza, está explicado o que era desrespeito, no mundo dos irmãos Pontes: podia ser um olhar, um sorriso na hora errada, firulas ou uma cuspida, como o atacante Nestor Scotta ousou dar em um jogo Grêmio e Gaúcho. Argentino, habituado a batalhas em seu país, Scotta entendeu no fim do jogo que complicado mesmo era jogar em Passo Fundo.
Havia um outro irmão de Daison e João, também zagueiro, mas não tão violento. Era Bibiano, que jogou pelo Internacional no começo da década de 1970. Era um grande jogador, que contam, uma vez fez um gol contra e ficou muito furioso. Quando a partida reiniciou, pegou a bola, driblou meio time adversário e empatou o jogo.
Pode ser até lenda. Mas me contaram e juraram que é verdade, que o pai dos irmãos Pontes costumava assistir os jogos do Gaúcho, sentado em cima do muro do Wolmar Salton. E se o juiz ousasse marcar um pênalti contra o seu time, o revólver aparecia rápido em suas mãos e uma pergunta ecoava por todo o estádio: “Tu marcou foi falta contra eles, não é mesmo?”.
Mas não é só dos irmãos Pontes, que o Gaúcho tem histórias para contar. Bebeto, o “canhão da serra”, um dos mais importantes jogadores do futebol gaúcho em todos os tempos, um dia vestiu e honrou a camisa verde e branca. O apelido ele ganhou por causa do forte chute. No Gaúcho formou uma dupla famosa, com Pedro, ex-Internacional e Palmeiras. Ainda jogou no Grêmio, Internacional, Corinthians, América do Rio e Caxias, entre outros clubes. Alberto Villasboas dos Reis, o Bebeto, morreu no dia 29 de setembro de 2003, aos 57 anos, quando esperava por um transplante de fígado.
Considerado o melhor jogador que o futebol de Passo Fundo conheceu, Bebeto começou a carreira no Pampeano, de Soledade, sua terra natal. Em 1965, estreou no 14 de Julho, de Passo Fundo. Dois anos depois foi para o Gaúcho, onde se consagrou e conquistou títulos. Foi por duas vezes artilheiro do Gauchão, defendendo o Gaúcho, 1973 e 1975, ambas com 13 gols. Em 1984 foi artilheiro do Campeonato Gaúcho da Série B, com 19 gols.
O S.C. Gaúcho em seus 90 anos conquistou alguns títulos expressivos: Campeonato Gaúcho da 2ª Divisão, 3 vezes (1966, 1977 e 1984); Vice-Campeonato Gaúcho 2ª Divisão, 2 vezes (1965 e 2005); Campeonato Gaúcho 3ª Divisão (2000); Vice-Campeonato da Copa FGF (2004); Campeonato Citadino de Passo Fundo, 15 vezes (1926, 1927, 1928, 1938, 1939, 1948, 1949, 1950, 1954, 1961, 1963, 1964, 1965, 1966 e 1967); Copa Everaldo Marques da Silva (1970) (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Xico Júnior disse...
Olá, Nilo Dias!
Também tenho um blog, porém só sobre craques, jogadores e times de Canoas-RS. Assim, estou em busca de fotos do ex-centroavante do Internacional-POA, Internacional-SM e do Passo Fundo, Hélio Alves, que depois deixou o futebol, formou-se ondontólogo e mais tarde médico.
E peço ao colega jornalista se existe a possibilidade de conseguir uma ou mais fotos do centroavante Hélio Alves, que é natural de Canoas.
Aqui estaremos à disposição.
Xico Júnior - Jornalista, radialista, historiador, aervista e escritor
Meus e-mails: la-stampa@ig.com.br /// frapagot@ibest.com.br
7 de maio de 2009 02:17
Após quase 90 anos de história (completados em 12/05/2008), no ano passado, a cidade de Passo Fundo viu sucumbir um dos mais tradicionais clubes da região, o Sport Club Gaúcho. O acúmulo de dívidas levou o patrimônio do clube a leilão. Os bens foram arrematados pelo advogado da família de um jovem, que se afogou na piscina do clube em 1996 e ficou tetraplégico e necessitando de tratamento caro.
Como o S.C. Gaúcho não pagou as prestações acertadas, a sede foi adquirida por R$ 1,1 milhão, quantia baixíssima se comparada às estimativas que apontavam para um valor cinco vezes maior. Os bens móveis que lá estavam foram levados a depósito judicial, permanecendo em poder do clube apenas troféus e documentos. A ação movida pela família era de R$ 1,3 milhão. Após a realização do leilão, a intenção era de colocar a área à venda, o que ainda não aconteceu.
Nesse meio tempo o município conseguiu o tombamento provisório do campo e das arquibancadas do estádio. A estrutura do clube, localizada na rua Moron, bairro Boqueirão, foi totalmente destruída. O prédio da secretaria, as piscinas, tudo foi posto abaixo e abandonado.
O portão principal foi lacrado e ninguém mais, além dos proprietários foi autorizado a entrar no local. Na semana passada, porém, após receber informações de que o antigo clube estaria tomado por moradores de rua, a equipe de “O Nacional” foi até o Gaúcho. Apesar da intensa movimentação, o portão principal encontrava-se arrombado.
Nos fundos a reportagem avistou uma parede toda queimada, o que segundo vizinhos aconteceu após mendigos acenderem fogueiras para se aquecerem do frio. Instantes após a chegada da reportagem, ainda no portão foi possível avistar pelo menos dois homens, sentados ao redor de uma mesa improvisada, próxima a muito lixo. Ao perceberem a presença de pessoas estranhas, os "habitantes", que dormem em salas que resistiram à destruição, estranharam a situação e a equipe foi obrigada a deixar o espaço. Segundo testemunhas, chega a cinco o número de moradores de rua que ficam lá à noite.
A história do S.C. Gaúcho remonta ao distante dia 12 de maio de 1918, quando no varandão da antiga “Casa Barão”, foi fundado aquele que viria a se tornar o mais querido clube da cidade. Os fundadores foram os desportistas Augusto Schell Loureiro, dona Carlota Bordallo Rico e os filhos do casal, Alfredo e Gil Rico Loureiro, mais os amigos Victor Loureiro Issler, Antônio Junqueira da Rocha, João e Aníbal Colavin e Antônio Pimpão Loureiro.
O nome foi sugerido por Gil Loureiro, que afirmou na ocasião: “Gaúcho, pois somos gaúchos, povo guerreiro, determinado, batalhador, forte, e o nosso clube, além do nome, terá a alma gaúcha. Aparteando seu irmão, Alfredo recomendou as cores verde e branca". O trecho é do livro “O mais querido da cidade”, de autoria do escritor Marco Antonio Damian, que conta a trajetória do clube de 1918 até 2000.
O livro dá um fio de esperança aos tristes torcedores alviverdes quando se lê: “Enquanto houver futebol, existirá o Gaúcho”. Mas essa situação crítica só poderá ser revertida se a comunidade local, especialmente aqueles que sempre torceram pelo Gaúcho se unirem numa corrente pra frente. Sair do zero, de novo, renovado com as lições tiradas do passado. Eu, mesmo não sendo de Passo Fundo vou ficar, aqui à distância, torcendo para que essa tradição não desapareça. Se não for mais possível no Wolmar Salton, que seja em qualquer outro local.
Eu estive duas vezes no estádio Wolmar Salton, nos meus tempos de narrador de futebol nas rádios de Pelotas. E conheci de perto a paixão que o clube transmitia a sua ardorosa torcida. E muitas outras vezes presenciei jogos do Gaúcho contra o meu querido F.B.C. Rio-Grandense, ainda fora dos gramados, as vésperas de completar 100 anos.
Lembro de um confronto que quase virou tragédia. O Rio-Grandense precisava vencer para subir a Divisão Principal do futebol gaúcho, mas ao fim do primeiro tempo perdia por 1 x 0. O jogo não terminou. O juiz, apavorado, pediu intervenção policial, alegando que estava sendo ameaçado de morte, caso o Rio-Grandense não virasse o jogo. Os soldados da Brigada Militar atropelaram o público com seus cavalos e o estádio ficou vazio.
Foi no Estádio Wolmar Salton - construído em 1957 - que o Gaúcho conheceu seus melhores momentos, especialmente aos tempos dos famosos irmãos Pontes e dos inesquecíveis clássicos contra o rival 14 de Julho (hoje Passo Fundo). Em 1986, Gaúcho e 14 fizeram a fusão, dando origem ao Esporte Clube Passo Fundo. Anos depois o Gaúcho rompeu o acordo e reativou seu Departamento de Futebol profissional.
E quem não lembra dos duros jogos contra Grêmio e Internacional, que suavam sangue para sair de lá com um bom resultado? O que dizer dos valentes e folclóricos irmãos Pontes que ganharam fama de jogadores mais violentos da história do futebol brasileiro? O currículo não desmente: Daison Pontes foi punido por tudo que é imaginável, até doping.
Sua maior proeza aconteceu em 1974, em Passo Fundo. O juiz José Luis Barreto teve a coragem de marcar um pênalti contra o Gaúcho, em pleno Estádio Wolmar Salton. Indignado, Daison chamou o árbitro de crioulo. E Barreto teria retrucado: “Se te pego fora de Passo Fundo, te expulso”. E Daison não deixou por menos: “Se me expulsar te quebro a cara”. Dito e feito, semanas depois os dois se encontraram num jogo em Santa Maria. E promessas cumpridas. Barreto expulsou Daison e este deu um soco na cara do juiz e um pontapé na barriga. Foi suspenso por 18 meses. Retornou em 1976 somente para encerrar a carreira.
João Pontes foi o companheiro ideal da furiosa zaga, igualmente mestre de indisciplina e a exemplo do irmão Daison foi punido por tudo, de doping a agressão, num total de 18 punições. Apenas como curiosidade, publico as expulsões dos irmãos Pontes.
Daison: agressão a adversário (1959); invasão de campo (1962); ofensas ao juiz (1963); agressão ao adversário (1964); ofensas ao juiz (1964); ofensas ao juiz (1964); ofensas ao juiz (1964); agressão ao adversário (1966); ofensas ao juiz (1968); agressão ao adversário (1969); atitude inconveniente (1969); agressão ao adversário (1970); atitude inconveniente (1971); agressão ao adversário (1972); agressão ao adversário (1973); ofensas ao juiz (1974); uso de estimulante (1974) e agressão ao juiz (1974).
João Pontes: agressão ao adversário (1964); agressão ao adversário (1965); ofensas ao juiz (1965); ofensas ao juiz (1966); agressão ao adversário (1966); ofensas ao juiz (1967); atitude inconveniente (1969); agressão ao adversário (1970); ofensas ao juiz (1972); agressão ao adversário (1973); ofensas ao juiz (1974) e novamente ofensas ao juiz (1978).
Jogar em Passo Fundo na época dos irmãos Pontes era um verdadeiro teste de coragem. Daison garantia que um time para botar faixa de campeão precisava passar por Passo Fundo. O ex-zagueiro, 68 anos, hoje funcionário municipal aposentado não acha que tenha sido um jogador violento, apenas não admitia desrespeito.
O jornal “Zero Hora”, de Porto Alegre, publicou uma série intitulada “O tempo em que havia guerra”, contando a história do futebol gaúcho. Num trecho do excelente texto: “No futebol de Passo Fundo, Ele era a lei”, de Mário Marcos de Souza, está explicado o que era desrespeito, no mundo dos irmãos Pontes: podia ser um olhar, um sorriso na hora errada, firulas ou uma cuspida, como o atacante Nestor Scotta ousou dar em um jogo Grêmio e Gaúcho. Argentino, habituado a batalhas em seu país, Scotta entendeu no fim do jogo que complicado mesmo era jogar em Passo Fundo.
Havia um outro irmão de Daison e João, também zagueiro, mas não tão violento. Era Bibiano, que jogou pelo Internacional no começo da década de 1970. Era um grande jogador, que contam, uma vez fez um gol contra e ficou muito furioso. Quando a partida reiniciou, pegou a bola, driblou meio time adversário e empatou o jogo.
Pode ser até lenda. Mas me contaram e juraram que é verdade, que o pai dos irmãos Pontes costumava assistir os jogos do Gaúcho, sentado em cima do muro do Wolmar Salton. E se o juiz ousasse marcar um pênalti contra o seu time, o revólver aparecia rápido em suas mãos e uma pergunta ecoava por todo o estádio: “Tu marcou foi falta contra eles, não é mesmo?”.
Mas não é só dos irmãos Pontes, que o Gaúcho tem histórias para contar. Bebeto, o “canhão da serra”, um dos mais importantes jogadores do futebol gaúcho em todos os tempos, um dia vestiu e honrou a camisa verde e branca. O apelido ele ganhou por causa do forte chute. No Gaúcho formou uma dupla famosa, com Pedro, ex-Internacional e Palmeiras. Ainda jogou no Grêmio, Internacional, Corinthians, América do Rio e Caxias, entre outros clubes. Alberto Villasboas dos Reis, o Bebeto, morreu no dia 29 de setembro de 2003, aos 57 anos, quando esperava por um transplante de fígado.
Considerado o melhor jogador que o futebol de Passo Fundo conheceu, Bebeto começou a carreira no Pampeano, de Soledade, sua terra natal. Em 1965, estreou no 14 de Julho, de Passo Fundo. Dois anos depois foi para o Gaúcho, onde se consagrou e conquistou títulos. Foi por duas vezes artilheiro do Gauchão, defendendo o Gaúcho, 1973 e 1975, ambas com 13 gols. Em 1984 foi artilheiro do Campeonato Gaúcho da Série B, com 19 gols.
O S.C. Gaúcho em seus 90 anos conquistou alguns títulos expressivos: Campeonato Gaúcho da 2ª Divisão, 3 vezes (1966, 1977 e 1984); Vice-Campeonato Gaúcho 2ª Divisão, 2 vezes (1965 e 2005); Campeonato Gaúcho 3ª Divisão (2000); Vice-Campeonato da Copa FGF (2004); Campeonato Citadino de Passo Fundo, 15 vezes (1926, 1927, 1928, 1938, 1939, 1948, 1949, 1950, 1954, 1961, 1963, 1964, 1965, 1966 e 1967); Copa Everaldo Marques da Silva (1970) (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Xico Júnior disse...
Olá, Nilo Dias!
Também tenho um blog, porém só sobre craques, jogadores e times de Canoas-RS. Assim, estou em busca de fotos do ex-centroavante do Internacional-POA, Internacional-SM e do Passo Fundo, Hélio Alves, que depois deixou o futebol, formou-se ondontólogo e mais tarde médico.
E peço ao colega jornalista se existe a possibilidade de conseguir uma ou mais fotos do centroavante Hélio Alves, que é natural de Canoas.
Aqui estaremos à disposição.
Xico Júnior - Jornalista, radialista, historiador, aervista e escritor
Meus e-mails: la-stampa@ig.com.br /// frapagot@ibest.com.br
7 de maio de 2009 02:17
Horácio disse...
Nilo, fico triste em saber que um dos tradicionais clubes do interior está nesta situação. Às vezes, me pego olhando o que também resta do Colosso do Trevo, do F.B. Clube Rio-Grandense, do qual sou vizinho, pois moro nos apartamentos do Trevo.
Esse jogo que quase virou tragédia, eu trabalhei para Rádio Cassino. O Andrè Soldera, apanhou com um filho pequeno no colo. O árbitro, era o José Mocelin, e depois eu fui ouvido como testemunha dos acontecimentos quando o Colorado foi julgado pelo Tribunal da FGF. - Horácio Gomes
14 de agosto de 2008 15:00
Duas grandes equipes do Gaúcho. Em pé, a partir da esquerda: João Pontes, Luiz Antonio, Índio, Nadir, Daizon Pontes e Jamir; agachados, Meca, Zangão, Bebeto, Flávio e Ramiro, em 1969. E Bexiga, Orlando, Chiquita, Luiz Sachett, não identificado e Itamar; Vetinho, não identificado, Branco Ughini, não identificado e Paulista, em 1957 (Fotos: Arquivo pessoal do pesquisador Marco Antônio Damian)
clovis roberto disse...
muito bosa suas informações sobre a historia do esporte club gaucho.mas se possivel gostaria de saber mais sobre um jogador: o Jamir. desde ja agradeço. ass.:eunice
17 de setembro de 2009 21:05
clovis roberto disse...
muito bosa suas informações sobre a historia do esporte club gaucho.mas se possivel gostaria de saber mais sobre um jogador: o Jamir. desde ja agradeço. ass.:eunice
17 de setembro de 2009 21:05
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
O craque das folhas de bananeira
Além deste blog mantenho quatro comunidades no Orkut, todas dedicadas ao futebol do interior. Quem quiser visitá-las me deixará muito feliz. Eis os endereços: “torcedores do rio-grandense”, “torcedores do gabrielense”, “futebol de são gabriel” e “futebol da minha cidade”. Pois foi nessa última comunidade que um torcedor pediu informações sobre o Taguatinga Esporte Clube, no passado o “bicho-papão” do futebol de Brasília.
Confesso que não sabia muita coisa desse clube. Quando vim morar em Brasília, ele já havia enrolado a bandeira, não resistindo à herança de dívidas quase impagáveis. E dificilmente voltará a atividade, até porque Taguatinga é hoje a sede do Brasiliense Futebol Clube, que já disputou o Campeonato Brasileiro da Série A, e hoje está na Série B, onde faz campanha horrível. Porém, conta com a força econômica do ex-senador Luiz Estevão e pode mudar a situação.
Mas o que eu queria comentar mesmo, é que na busca que fiz de informações do Taguatinga, encontrei referências a um jogador que é lembrado como o primeiro grande ídolo do futebol brasiliense: Ernani “Banana”. E o que me chamou a atenção foi o fato de que os torcedores levavam folhas de bananeira ao Estádio “Pelezão”, palco dos jogos do campeonato brasiliense, como forma de mostrar seu carinho com a expressão maior do futebol de Brasília naqueles heróicos tempos. Além do Taguatinga, Ernani “Banana” defendeu o Brasília e o Gama, com o mesmo sucesso.
Na edição de 21 de janeiro deste ano, o “Jornal de Brasília” publicou interessante entrevista do jornalista Gustavo Mariani, com o ex-jogador Ernani José Rodrigues, hoje com 52 anos de idade e bem sucedido empresário em Taguatinga. “Banana” participou e fez gol no jogo de abertura do primeiro campeonato de futebol profissional do Distrito Federal, em 1976, entre Taguatinga x Flamengo.
Passados 32 anos, o ex-craque não lembra mais do lance que originou o gol, nem tão pouco o placar do jogo. Das folhas de bananeira, ele lembra e garante que aquilo marcou muito sua vida. Quando conta essa história aos filhos, sobrinhos e amigos, quase ninguém acredita. Mas ele guarda as “provas” com carinho, vários recortes de jornais da época, colecionados cuidadosamente pela sua irmã, Maria Helena.
As folhas de bananeira surgiram pela primeira vez em 1976, durante o “Torneio Imprensa”. “Banana” conta que as forças de então no futebol da capital, eram o Brasília e o Ceub. O Taguatinga corria por fora, mas os resultados apareceram de cara, o que entusiasmou a torcida. Ele, com apenas 19 anos se destacava em campo com grandes jogadas e bonitos gols. Surgiram então, as faixas e as folhas de bananeira no estádio. O ex-craque recorda com um misto de saudade e carinho alguns nomes de torcedores que deram início àquelas manifestações, todos seus conhecidos e amigos que moravam nas QNFs, como Pipiu, Arthur e Izac. Depois vieram outros, inclusive sua irmã Maria Helena.
No Campeonato Nacional de 1977 o Taguatinga montou uma boa equipe, que motivou muitos torcedores do Distrito Federal, mas não o suficiente para que os estádios recebessem públicos maiores. Até 1979, o clube fez boas campanhas e revelou ótimos valores, que na maioria saíram para centros maiores. Para “Banana” a grande oportunidade para uma identificação maior do torcedor brasiliense com o futebol da cidade, aconteceu no Campeonato Nacional de 1977, e foi desperdiçada. O Brasília, com excelentes atuações, chegou à segunda fase da competição, vencendo quase todos os jogos disputados no DF.
Outros fatores que serviram para afastar os torcedores foram o fim do Ceub, um clube muito querido, e o deficiente transporte coletivo até o Estádio “Pelezão”. Além, é claro, da concorrência desleal da TV, que mostrava jogos de outros Estados, como Rio e São Paulo, nos mesmos horários dos jogos daqui. E como os clubes desses centros gozam de muito prestígio entre os torcedores de Brasília, o resultado não poderia ser outro, estádios praticamente vazios.
O ex-ídolo recorda que quando jogou, o carinho dos torcedores era a recompensa maior. Conta que no Taguatinga tudo era difícil, embora o esforço do dirigente Justo Magalhães. No Brasília, as coisas eram mais organizadas. Seu José Silva Neto, o homem mais rico do Centro-Oeste, na época, pagava tudo, e em dia. Mas, no geral, fazia-se um futebol muito amador, com dirigentes abnegados carregando os clubes nas costas.
A própria preparação física era bastante precária. No Taguatinga os treinos eram em apenas um período. No Brasília, às vezes aconteciam em dois turnos. Na sua opinião, hoje a situação é bem melhor, com Wagner Marques (Gama) e Luiz Estevão (Brasiliense) fazendo futebol profissional e a tevê patrocinando.
Em 1977, o bom futebol de “Banana” chamou a atenção de dirigentes do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, onde jogou durante alguns meses. A ida para um clube grande do centro do país rendeu ao jogador novos momentos de fama. Deu muitos autógrafos, principalmente para a criançada. E fez um comercial para a TV. Ele garante que não ficou muito legal, mas não nega a satisfação de ter sido lembrado pelo dono da “Casa do Atleta”, o então presidente da Federação Metropolitana de Futebol, Wilson de Andrade.
Nessa sua curta saída da cidade, aconteceu um fato interessante. Com muita criatividade, um jornal local estampou esta manchete na página de esportes: Brasília sem “Banana". Curiosamente, isso chamou a atenção de produtores de frutas de Goiás, que mandaram vários caminhões carregados de bananas para vender na cidade.
Ernani credita à sua inexperiência com o verdadeiro futebol profissional e ao fato de ter sentido demasiado a separação familiar, como principais fatores para não ter se adaptado ao Vasco, além de ter recebido poucas chances. Mas ainda assim acha que foi válido, pela experiência e amadurecimento que ganhou. Mas nem tudo foi ruim por lá. Lembra que o seu jogo de estréia foi bastante promovido e houve até televisionamento direto para Brasília, pela TV Nacional. Também acha que pesou muito ter saído de Taguatinga numa sexta-feira, para estrear na quarta. Conheceu a maioria dos companheiros no dia do jogo.
Quase sem chance no time de cima, o aproveitamento de “Banana” no Vasco limitou-se a alguns amistosos pelas redondezas do Rio e em raras presenças no banco de reservas em jogos do campeonato carioca. Mesmo assim chegou a marcar uns quatro ou cinco gols. No início dos anos 80, foi jogar no Guarani, de Campinas (SP), que depois o emprestou ao Gama, onde ficou por apenas cinco meses, devido a uma contusão.
De volta ao Guarani teve um melhor desempenho, entre 1981 e 1985. Lembra com um sorriso no rosto, de um jogo em 1980, no Maracanã, contra o Vasco pelo “Torneio dos Campeões” em que foi destaque em campo, fazendo até gol. Antes, quando retornara ao Brasília já havia enfrentado o Vasco, num amistoso no “Pelezão”. Foi 1 x 1 e ele fez o gol da sua equipe.
No Guarani, “Banana” e Jorge Mendonça jogavam na mesma posição, o que obrigou o treinador Zé Duarte a escalá-lo como quarto homem do meio de campo, voltando pelo lado esquerdo. Lembra que como o atacante Careca caía muito pelo setor, ele penetrava por dentro, o que deu certo. Com tal tática, entre 1981 e 1983, o Guarani foi campeão da “Taça de Prata”, vice do “Torneio dos Campeões”, de um turno do “Paulistão” e terceiro de um campeonato brasileiro.
Em 1986, no melhor momento da carreira esteve perto de se transferir para o Fluminense, mas acabou sendo contratado pela Portuguesa de Desportos, de São Paulo, onde foi vice-campeão paulista. Depois, jogou pelo Payssandu (PA), e em 1988 voltou ao Brasília pelas mãos do supervisor Carlos Romeiro, para disputar o Brasileiro da segunda divisão. Veio e ficou três ou quatro meses, retornando a Campinas. Ainda jogou por um clube de Valinhos (SP), em 1989, e em 1990 parou. Ficou morando em Campinas por mais dois meses. Foi lá que deu início a atividade comercial, que depois transferiu para o DF. Teve convite para trabalhar nos juniores do Guarani, e em comissões técnicas de clubes de Brasília, mas recusou todas.
O ex-profissional contou ao repórter do “Jornal de Brasília”, como começou a jogar futebol. Foi no começo da década de 1970, quando participava de “peladas” em Taguatinga, em campos de barro duro, e jogava no time do Sesi, que ficou famoso na época. Por lá jogavam o Roberto César, que foi artilheiro do Cruzeiro (MG), nos anos 70 e Bosco, pai de Kaká, que era um bom zagueiro, com 1.90 m de altura, que chegou a fazer testes no Atlético Mineiro.
Embora garoto, “Banana” foi convidado pelo técnico Antônio Fabiano Ferreira, o Raimundinho, para jogar num time chamado Dom Pedro, em meio aos adultos. Depois, foi trabalhar na Gráfica Alvorada, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), até se profissionalizar no futebol. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Confesso que não sabia muita coisa desse clube. Quando vim morar em Brasília, ele já havia enrolado a bandeira, não resistindo à herança de dívidas quase impagáveis. E dificilmente voltará a atividade, até porque Taguatinga é hoje a sede do Brasiliense Futebol Clube, que já disputou o Campeonato Brasileiro da Série A, e hoje está na Série B, onde faz campanha horrível. Porém, conta com a força econômica do ex-senador Luiz Estevão e pode mudar a situação.
Mas o que eu queria comentar mesmo, é que na busca que fiz de informações do Taguatinga, encontrei referências a um jogador que é lembrado como o primeiro grande ídolo do futebol brasiliense: Ernani “Banana”. E o que me chamou a atenção foi o fato de que os torcedores levavam folhas de bananeira ao Estádio “Pelezão”, palco dos jogos do campeonato brasiliense, como forma de mostrar seu carinho com a expressão maior do futebol de Brasília naqueles heróicos tempos. Além do Taguatinga, Ernani “Banana” defendeu o Brasília e o Gama, com o mesmo sucesso.
Na edição de 21 de janeiro deste ano, o “Jornal de Brasília” publicou interessante entrevista do jornalista Gustavo Mariani, com o ex-jogador Ernani José Rodrigues, hoje com 52 anos de idade e bem sucedido empresário em Taguatinga. “Banana” participou e fez gol no jogo de abertura do primeiro campeonato de futebol profissional do Distrito Federal, em 1976, entre Taguatinga x Flamengo.
Passados 32 anos, o ex-craque não lembra mais do lance que originou o gol, nem tão pouco o placar do jogo. Das folhas de bananeira, ele lembra e garante que aquilo marcou muito sua vida. Quando conta essa história aos filhos, sobrinhos e amigos, quase ninguém acredita. Mas ele guarda as “provas” com carinho, vários recortes de jornais da época, colecionados cuidadosamente pela sua irmã, Maria Helena.
As folhas de bananeira surgiram pela primeira vez em 1976, durante o “Torneio Imprensa”. “Banana” conta que as forças de então no futebol da capital, eram o Brasília e o Ceub. O Taguatinga corria por fora, mas os resultados apareceram de cara, o que entusiasmou a torcida. Ele, com apenas 19 anos se destacava em campo com grandes jogadas e bonitos gols. Surgiram então, as faixas e as folhas de bananeira no estádio. O ex-craque recorda com um misto de saudade e carinho alguns nomes de torcedores que deram início àquelas manifestações, todos seus conhecidos e amigos que moravam nas QNFs, como Pipiu, Arthur e Izac. Depois vieram outros, inclusive sua irmã Maria Helena.
No Campeonato Nacional de 1977 o Taguatinga montou uma boa equipe, que motivou muitos torcedores do Distrito Federal, mas não o suficiente para que os estádios recebessem públicos maiores. Até 1979, o clube fez boas campanhas e revelou ótimos valores, que na maioria saíram para centros maiores. Para “Banana” a grande oportunidade para uma identificação maior do torcedor brasiliense com o futebol da cidade, aconteceu no Campeonato Nacional de 1977, e foi desperdiçada. O Brasília, com excelentes atuações, chegou à segunda fase da competição, vencendo quase todos os jogos disputados no DF.
Outros fatores que serviram para afastar os torcedores foram o fim do Ceub, um clube muito querido, e o deficiente transporte coletivo até o Estádio “Pelezão”. Além, é claro, da concorrência desleal da TV, que mostrava jogos de outros Estados, como Rio e São Paulo, nos mesmos horários dos jogos daqui. E como os clubes desses centros gozam de muito prestígio entre os torcedores de Brasília, o resultado não poderia ser outro, estádios praticamente vazios.
O ex-ídolo recorda que quando jogou, o carinho dos torcedores era a recompensa maior. Conta que no Taguatinga tudo era difícil, embora o esforço do dirigente Justo Magalhães. No Brasília, as coisas eram mais organizadas. Seu José Silva Neto, o homem mais rico do Centro-Oeste, na época, pagava tudo, e em dia. Mas, no geral, fazia-se um futebol muito amador, com dirigentes abnegados carregando os clubes nas costas.
A própria preparação física era bastante precária. No Taguatinga os treinos eram em apenas um período. No Brasília, às vezes aconteciam em dois turnos. Na sua opinião, hoje a situação é bem melhor, com Wagner Marques (Gama) e Luiz Estevão (Brasiliense) fazendo futebol profissional e a tevê patrocinando.
Em 1977, o bom futebol de “Banana” chamou a atenção de dirigentes do Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, onde jogou durante alguns meses. A ida para um clube grande do centro do país rendeu ao jogador novos momentos de fama. Deu muitos autógrafos, principalmente para a criançada. E fez um comercial para a TV. Ele garante que não ficou muito legal, mas não nega a satisfação de ter sido lembrado pelo dono da “Casa do Atleta”, o então presidente da Federação Metropolitana de Futebol, Wilson de Andrade.
Nessa sua curta saída da cidade, aconteceu um fato interessante. Com muita criatividade, um jornal local estampou esta manchete na página de esportes: Brasília sem “Banana". Curiosamente, isso chamou a atenção de produtores de frutas de Goiás, que mandaram vários caminhões carregados de bananas para vender na cidade.
Ernani credita à sua inexperiência com o verdadeiro futebol profissional e ao fato de ter sentido demasiado a separação familiar, como principais fatores para não ter se adaptado ao Vasco, além de ter recebido poucas chances. Mas ainda assim acha que foi válido, pela experiência e amadurecimento que ganhou. Mas nem tudo foi ruim por lá. Lembra que o seu jogo de estréia foi bastante promovido e houve até televisionamento direto para Brasília, pela TV Nacional. Também acha que pesou muito ter saído de Taguatinga numa sexta-feira, para estrear na quarta. Conheceu a maioria dos companheiros no dia do jogo.
Quase sem chance no time de cima, o aproveitamento de “Banana” no Vasco limitou-se a alguns amistosos pelas redondezas do Rio e em raras presenças no banco de reservas em jogos do campeonato carioca. Mesmo assim chegou a marcar uns quatro ou cinco gols. No início dos anos 80, foi jogar no Guarani, de Campinas (SP), que depois o emprestou ao Gama, onde ficou por apenas cinco meses, devido a uma contusão.
De volta ao Guarani teve um melhor desempenho, entre 1981 e 1985. Lembra com um sorriso no rosto, de um jogo em 1980, no Maracanã, contra o Vasco pelo “Torneio dos Campeões” em que foi destaque em campo, fazendo até gol. Antes, quando retornara ao Brasília já havia enfrentado o Vasco, num amistoso no “Pelezão”. Foi 1 x 1 e ele fez o gol da sua equipe.
No Guarani, “Banana” e Jorge Mendonça jogavam na mesma posição, o que obrigou o treinador Zé Duarte a escalá-lo como quarto homem do meio de campo, voltando pelo lado esquerdo. Lembra que como o atacante Careca caía muito pelo setor, ele penetrava por dentro, o que deu certo. Com tal tática, entre 1981 e 1983, o Guarani foi campeão da “Taça de Prata”, vice do “Torneio dos Campeões”, de um turno do “Paulistão” e terceiro de um campeonato brasileiro.
Em 1986, no melhor momento da carreira esteve perto de se transferir para o Fluminense, mas acabou sendo contratado pela Portuguesa de Desportos, de São Paulo, onde foi vice-campeão paulista. Depois, jogou pelo Payssandu (PA), e em 1988 voltou ao Brasília pelas mãos do supervisor Carlos Romeiro, para disputar o Brasileiro da segunda divisão. Veio e ficou três ou quatro meses, retornando a Campinas. Ainda jogou por um clube de Valinhos (SP), em 1989, e em 1990 parou. Ficou morando em Campinas por mais dois meses. Foi lá que deu início a atividade comercial, que depois transferiu para o DF. Teve convite para trabalhar nos juniores do Guarani, e em comissões técnicas de clubes de Brasília, mas recusou todas.
O ex-profissional contou ao repórter do “Jornal de Brasília”, como começou a jogar futebol. Foi no começo da década de 1970, quando participava de “peladas” em Taguatinga, em campos de barro duro, e jogava no time do Sesi, que ficou famoso na época. Por lá jogavam o Roberto César, que foi artilheiro do Cruzeiro (MG), nos anos 70 e Bosco, pai de Kaká, que era um bom zagueiro, com 1.90 m de altura, que chegou a fazer testes no Atlético Mineiro.
Embora garoto, “Banana” foi convidado pelo técnico Antônio Fabiano Ferreira, o Raimundinho, para jogar num time chamado Dom Pedro, em meio aos adultos. Depois, foi trabalhar na Gráfica Alvorada, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), até se profissionalizar no futebol. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
“Túlio Maravilha”, o artilheiro eterno
Quem diria “Túlio Maravilha”, 39 anos de idade, continua a dar show pelos gramados brasileiros. É, atualmente, o maior artilheiro do mundo em atividade no futebol. Nasceu para balançar as redes adversárias e dar alegria aos torcedores dos times onde joga. Agora, quem ri a toa é a torcida do Vila Nova, de Goiânia. Semana passada, ele marcou os quatro gols da goleada sobre o Marília, no Serra Dourada, por 4 x 0. Túlio é o artilheiro principal da Série B do Campeonato Brasileiro, com 15 gols marcados. E seu principal concorrente na artilharia, Luiz Carlos, do Ceará, com 12 gols não vai dar mais trabalho, pois foi contratado pelo Internacional.
E não é só isso. Ele é o principal artilheiro da temporada em todo o Brasil, com 29 gols. E quer chegar aos 1.000, a exemplo de Pelé e Romário. Nas suas contas já marcou até agora 851, faltando 149 para atingir a sonhada marca. Futebolista famoso por suas brincadeiras, frases célebre, capacidade de fazer um excelente marketing pessoal e provocador no bom sentido, Túlio manda um recado à torcida do Botafogo: quer fazer os flamenguistas chorarem. E de que maneira? Marcar o seu milésimo gol com a camisa alvinegra e sobre o Flamengo. Já tem até data para isso, daqui a três anos.
Túlio Humberto Pereira da Costa nasceu no dia 2 de junho de 1969, em Goiânia. Por coincidência, seu filho de nome Túlio Humberto Pereira da Costa Filho, nasceu no mesmo dia que ele. O craque do Vila Nova tem um irmão gêmeo, chamado Télvio, que também jogou pelo Botafogo.
O artilheiro começou a carreira no Goiás, onde mostrou seu faro de gol desde as categorias de base. Foi artilheiro do Estadual Juvenil em 1987 com 22 gols. Como profissional, foi artilheiro do Campeonato Goiano de 1991 e do Brasileiro de 1989. Em 1994, antes de se transferir para o Botafogo jogou pelo Sion, da Suíça. Foi no alvinegro carioca que ganhou o apelido de "Túlio Maravilha". Já no jogo de estréia conquistou a torcida ao marcar 3 gols contra o América. Foi artilheiro dos Campeonatos Cariocas e Brasileiros de 1994 e 1995.
Um de seus lances mais famosos e polêmicos foi um gol de calcanhar a favor do Botafogo, contra o Universidad Católica, do Chile, em jogo pela Copa Libertadores da América. Túlio, aproveitando o gol aberto e indefeso do adversário. O gol foi considerado ofensivo e desrespeitoso por muitos elementos da imprensa esportiva da época. Mas o jogador não deu a mínima importância para isso, e batizou o gol, quase de “letra”, como “Tuleta”.
No auge da carreira, Túlio teve chance na Seleção Brasileira, onde jogou em 14 oportunidades, marcando 11 gols. O mais famoso foi pelas quartas-de-final da Copa América de 1995, em que a Argentina vencia o Brasil por 2 x 1 até os 43 minutos do segundo tempo. Ele dominou a bola claramente com o braço e tocou no canto do goleiro Cristante. Os argentinos reclamaram muito, mas o juiz confirmou o gol. Túlio não perdeu a oportunidade e repetiu a célebre frase de Maradona: “Foi a mão de Deus”.
Ao sair do Botafogo, teve uma passagem discreta pelo Corinthians. Foi a grande contratação do banco Excel Econômico, quando iniciou a co-gestão com o clube paulista, em 1997. O atacante não se deu bem no Parque São Jorge e viu sua carreira entrar em decadência. Teve problemas pessoais e fez um ensaio nu para a revista homossexual “G Magazine”, em 2003. Depois defendeu o Vitória, da Bahia. Em 1998, retornou ao Botafogo, onde formou dupla de ataque com Bebeto, garantindo ao clube a conquista do Torneio Rio-São Paulo.
Ao sair do Botafogo pela segunda vez, transformou-se num verdadeiro cigano do futebol. Vestiu as camisas do Fluminense (RJ) e Cruzeiro (MG) em 1999 e São Caetano (SP) em 2000, Santa Cruz (PE) e Vila Nova (GO), até se transferir para o Újpest, da Hungria. Voltou ao Brasil pouco tempo depois para jogar no Brasiliense, Tupy e Atlético Goianiense, até voltar para o futebol estrangeiro, onde jogou pelo Jorge Wilstermann, da Bolívia.
Ao fazer seu terceiro retorno ao Brasil, defendeu a Anapolina, de Goiás e Juventude, do Rio Grande do Sul. Depois, o Al-Shabab, da Arábia Saudita, numa passagem relâmpago. Voltou para o Volta Redonda e Fast (AM), até ser contratado pela Federação Goiana de Futebol e designado para jogar no Canedense, onde marcou 16 gols em 17 jogos, disparando na artilharia do Campeonato Goiano de 2007. Ainda jogou pela Itauçuense, de Itauçu (GO), antes de chegar ao Vila Nova.
Ao ser contratado pelo Vila Nova, lhe perguntaram sobre seu passado no rival Goiás. Com bom humor respondeu: “eu era como uma melancia, verde por fora, mas vermelho por dentro”. A título de curiosidade, mais algumas frases do jogador, que ficaram famosas: "Vou fazer e dedicar para ele o gol anticoncepcional", sobre o atacante Dill, antes de enfrentar o Goiás, quando jogava pelo Botafogo; "Eu sou o Rei do Rio", durante o Campeonato Carioca de 1995; "Ele vem jogando muito bem, e só vestir a camisa 7 do “Fogão”, que foi minha e de Garrincha, já é meio caminho andado", falando sobre o bom momento do atacante Dodô do Botafogo em 2007, igualando sua importância à do anjo de pernas tortas; "Se for menina será será Christelly Maravilha. Se for menino, Christhiann Maravilha. Mas como são gêmeos, ainda não consegui pensar em outras opções", brincando sobre os nomes que daria para seus próximos filhos.
A coleção de títulos conquistados por Túlio, é bastante expressiva: campeão estadual pelo Goiás (1990 e 1991); pelo Botafogo foi campeão brasileiro (1995), campeão do Torneio Rio-São Paulo (1998), Troféu Teresa Herrera (1996) e Taça Cidade Maravilhosa (1996); pelo Corinthians foi campeão paulista (1997); no Cruzeiro ganhou a Recopa Sul-Americana (1998); No Vila Nova, foi campeão goiano (2001); defendendo o São Caetano venceu o Campeonato Paulista da Série A2 (2000); no Újpest , conquistou a Copa da Hungria (2002); pelo Brasiliense foi campeão brasileiro da Série C (2002); com a camisa do Jorge Wilstermann, ganhou a Copa Aerosul (2004); no Volta Redonda, ajudou a levantar a Taça Guanabara (2005) e a Copa Finta Internacional (2005). Foi “Bola de Prata”, da revista “Placar”, em 1989 e eleito em pesquisa do “Esporte Total”, o melhor jogador goiano de todos os tempos.
Foi artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1989 (11 gols), 1994 (19 gols) e 1995 (23 gols); Campeonato Brasileiro Série C de 2002 (11 gols) e 2007 (27 gols); Campeonato Carioca de 1994 (14 gols), 1995 (27 gols) e 2005 (12 gols) Campeonato Goiano de 1991 (18 gols), 2001 (16 gols) e 2008 (15 gols); Taça Cidade Maravilhosa de 1996 (10 gols). (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
E não é só isso. Ele é o principal artilheiro da temporada em todo o Brasil, com 29 gols. E quer chegar aos 1.000, a exemplo de Pelé e Romário. Nas suas contas já marcou até agora 851, faltando 149 para atingir a sonhada marca. Futebolista famoso por suas brincadeiras, frases célebre, capacidade de fazer um excelente marketing pessoal e provocador no bom sentido, Túlio manda um recado à torcida do Botafogo: quer fazer os flamenguistas chorarem. E de que maneira? Marcar o seu milésimo gol com a camisa alvinegra e sobre o Flamengo. Já tem até data para isso, daqui a três anos.
Túlio Humberto Pereira da Costa nasceu no dia 2 de junho de 1969, em Goiânia. Por coincidência, seu filho de nome Túlio Humberto Pereira da Costa Filho, nasceu no mesmo dia que ele. O craque do Vila Nova tem um irmão gêmeo, chamado Télvio, que também jogou pelo Botafogo.
O artilheiro começou a carreira no Goiás, onde mostrou seu faro de gol desde as categorias de base. Foi artilheiro do Estadual Juvenil em 1987 com 22 gols. Como profissional, foi artilheiro do Campeonato Goiano de 1991 e do Brasileiro de 1989. Em 1994, antes de se transferir para o Botafogo jogou pelo Sion, da Suíça. Foi no alvinegro carioca que ganhou o apelido de "Túlio Maravilha". Já no jogo de estréia conquistou a torcida ao marcar 3 gols contra o América. Foi artilheiro dos Campeonatos Cariocas e Brasileiros de 1994 e 1995.
Um de seus lances mais famosos e polêmicos foi um gol de calcanhar a favor do Botafogo, contra o Universidad Católica, do Chile, em jogo pela Copa Libertadores da América. Túlio, aproveitando o gol aberto e indefeso do adversário. O gol foi considerado ofensivo e desrespeitoso por muitos elementos da imprensa esportiva da época. Mas o jogador não deu a mínima importância para isso, e batizou o gol, quase de “letra”, como “Tuleta”.
No auge da carreira, Túlio teve chance na Seleção Brasileira, onde jogou em 14 oportunidades, marcando 11 gols. O mais famoso foi pelas quartas-de-final da Copa América de 1995, em que a Argentina vencia o Brasil por 2 x 1 até os 43 minutos do segundo tempo. Ele dominou a bola claramente com o braço e tocou no canto do goleiro Cristante. Os argentinos reclamaram muito, mas o juiz confirmou o gol. Túlio não perdeu a oportunidade e repetiu a célebre frase de Maradona: “Foi a mão de Deus”.
Ao sair do Botafogo, teve uma passagem discreta pelo Corinthians. Foi a grande contratação do banco Excel Econômico, quando iniciou a co-gestão com o clube paulista, em 1997. O atacante não se deu bem no Parque São Jorge e viu sua carreira entrar em decadência. Teve problemas pessoais e fez um ensaio nu para a revista homossexual “G Magazine”, em 2003. Depois defendeu o Vitória, da Bahia. Em 1998, retornou ao Botafogo, onde formou dupla de ataque com Bebeto, garantindo ao clube a conquista do Torneio Rio-São Paulo.
Ao sair do Botafogo pela segunda vez, transformou-se num verdadeiro cigano do futebol. Vestiu as camisas do Fluminense (RJ) e Cruzeiro (MG) em 1999 e São Caetano (SP) em 2000, Santa Cruz (PE) e Vila Nova (GO), até se transferir para o Újpest, da Hungria. Voltou ao Brasil pouco tempo depois para jogar no Brasiliense, Tupy e Atlético Goianiense, até voltar para o futebol estrangeiro, onde jogou pelo Jorge Wilstermann, da Bolívia.
Ao fazer seu terceiro retorno ao Brasil, defendeu a Anapolina, de Goiás e Juventude, do Rio Grande do Sul. Depois, o Al-Shabab, da Arábia Saudita, numa passagem relâmpago. Voltou para o Volta Redonda e Fast (AM), até ser contratado pela Federação Goiana de Futebol e designado para jogar no Canedense, onde marcou 16 gols em 17 jogos, disparando na artilharia do Campeonato Goiano de 2007. Ainda jogou pela Itauçuense, de Itauçu (GO), antes de chegar ao Vila Nova.
Ao ser contratado pelo Vila Nova, lhe perguntaram sobre seu passado no rival Goiás. Com bom humor respondeu: “eu era como uma melancia, verde por fora, mas vermelho por dentro”. A título de curiosidade, mais algumas frases do jogador, que ficaram famosas: "Vou fazer e dedicar para ele o gol anticoncepcional", sobre o atacante Dill, antes de enfrentar o Goiás, quando jogava pelo Botafogo; "Eu sou o Rei do Rio", durante o Campeonato Carioca de 1995; "Ele vem jogando muito bem, e só vestir a camisa 7 do “Fogão”, que foi minha e de Garrincha, já é meio caminho andado", falando sobre o bom momento do atacante Dodô do Botafogo em 2007, igualando sua importância à do anjo de pernas tortas; "Se for menina será será Christelly Maravilha. Se for menino, Christhiann Maravilha. Mas como são gêmeos, ainda não consegui pensar em outras opções", brincando sobre os nomes que daria para seus próximos filhos.
A coleção de títulos conquistados por Túlio, é bastante expressiva: campeão estadual pelo Goiás (1990 e 1991); pelo Botafogo foi campeão brasileiro (1995), campeão do Torneio Rio-São Paulo (1998), Troféu Teresa Herrera (1996) e Taça Cidade Maravilhosa (1996); pelo Corinthians foi campeão paulista (1997); no Cruzeiro ganhou a Recopa Sul-Americana (1998); No Vila Nova, foi campeão goiano (2001); defendendo o São Caetano venceu o Campeonato Paulista da Série A2 (2000); no Újpest , conquistou a Copa da Hungria (2002); pelo Brasiliense foi campeão brasileiro da Série C (2002); com a camisa do Jorge Wilstermann, ganhou a Copa Aerosul (2004); no Volta Redonda, ajudou a levantar a Taça Guanabara (2005) e a Copa Finta Internacional (2005). Foi “Bola de Prata”, da revista “Placar”, em 1989 e eleito em pesquisa do “Esporte Total”, o melhor jogador goiano de todos os tempos.
Foi artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1989 (11 gols), 1994 (19 gols) e 1995 (23 gols); Campeonato Brasileiro Série C de 2002 (11 gols) e 2007 (27 gols); Campeonato Carioca de 1994 (14 gols), 1995 (27 gols) e 2005 (12 gols) Campeonato Goiano de 1991 (18 gols), 2001 (16 gols) e 2008 (15 gols); Taça Cidade Maravilhosa de 1996 (10 gols). (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
sábado, 2 de agosto de 2008
O futebol olímpico
Estamos há menos de uma semana do início da 26ª edição dos Jogos Olímpicos da era moderna. Pequim, na China, será a terceira sede asiática do evento, que em 1964 foi realizado em Tóquio, no Japão, e em 1988, em Seul, capital da Coréia do Sul. O mundo vai conhecer melhor Pequim, uma cidade de muitos contrastes, onde a modernidade e a tradição andam lado a lado.
A história das Olimpíadas remonta a um passado muito distante, na Grécia antiga. Em honra a Zeus, a Grécia se reunia a cada quatro anos no Peloponeso, na confluência dos rios Alfeu e Giadeo, onde se erguia a cidade de Olímpia, que a partir do ano 776 a.C. cedeu seu nome para aquela que viria a ser a maior competição esportiva em toda a história da humanidade, os Jogos Olímpicos.
Existem muitas versões que tentam explicar os motivos que originaram os jogos gregos. A mais aceitável aponta para o caráter religioso, uma homenagem aos deuses, o que garantia um momento de trégua nas seguidas guerras entre os povos gregos. O “guardar armas” entrava em vigor três meses antes dos jogos, para que atletas e público pudessem ir até Olímpia.
Esses jogos ocorreram regularmente até 393 d.C., quando foram interrompidos por um decreto do imperador Teodósio, que se converteu ao cristianismo, e resolveu eliminar qualquer traço que lembrasse práticas pagãs. Em 1892 o francês Pierre de Fredy, que entrou para a história como o “Barão de Coubertin”, propôs a retomada dos jogos e a criação do Comitê Olímpico Internacional (COI). E em 1896, Atenas foi sede da competição que passou a ser chamada de Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Já foram realizadas 25 edições dos novos jogos: Atenas (1896), Paris (1900), Saint Louis (1904), Londres (1908), Estocolmo (1912), Antuérpia (1920), Paris (1924), Amsterdã (1928), Los Angeles (1932), Berlim (1936), Londres (1948), Helsinque (1952), Melbourne (1956), Roma (1960), Tóquio (1964), México (1968), Munique (1972), Montreal (1976), Moscou (1980), Los Angeles (1984), Seul (1988), Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000) e Atenas (2004).
A primeira Olimpíada moderna teve a participação de 241 atletas, todos homens, representando 14 países (o Brasil não participou) e competindo em nove modalidades esportivas e 43 provas: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, levantamento de peso, luta greco-romana, natação, tênis e tiro. A premiação era bem diferente de agora, os vencedores recebiam um ramo de oliveira e uma medalha de prata. Os segundos colocados ganhavam um ramo de louro e medalha de bronze. O terceiro colocado, levava para casa somente um certificado.
O atleta americano James B. Connoly, vencedor da prova de salto triplo, com a marca de 13m71 foi o primeiro campeão dos Jogos da Era Moderna. Mas o atleta grego, Spiridon Louis, foi o mais festejado de todos. Ele venceu a maratona, disputada numa distância de 40 quilômetros (hoje é 42.195), que era uma homenagem ao percurso feito pelo soldado Filípides, que correu até Atenas para anunciar a vitória dos gregos sobre os persas na batalha travada na planície de Maratona em 490 a.C. Ele chegou ao destino final, mas só teve forças para falar "vencemos" antes de cair morto de exaustão.
O que mais nos interessa neste artigo é, sem dúvida, o futebol, que foi admitido oficialmente nos jogos de 1908, em Londres. Em 1900 e 1904 participou apenas com o caráter de exibição, não contando para o quadro de medalhas (tempos depois o COI reconheceu como legítimos os campeões e fez entrega das premiações). O futebol não foi disputado apenas na primeira edição dos Jogos, em 1896, e em 1932, quando a FIFA não tinha conceitos claros do que era amadorismo. Em 1916 as Olímpiadas não foram realizadas em razão da 1ª Guerra Mundial, e em 1940 e 1944, devido a 2ª Guerra Mundial.
O futebol foi o segundo esporte coletivo a entrar oficialmente nos Jogos Olímpicos, atrás apenas do Pólo Aquático. Depois da primeira Copa do Mundo (1930), passou a ser disputado por seleções amadoras, o que dava uma extraordinária vantagem aos países socialistas do Leste euroepeu, onde não existia o profissionalismo. Dessa forma, enviavam suas seleções principais, enquanto os adversários disputavam os jogos com equipes amadoras ou juniores. Por isso, entre 1952 e 1980 eles levaram todas as medalhas de ouro.
Nos jogos de 1984 e 1988 a FIFA resolveu abrandar as regras do amadorismo, autorizando a presença nas seleções nacionais, de atletas profissionais que não tivessem participado de nenhuma Copa do Mundo. Graças a essa flexibilidade França, Brasil, e Alemanha Ocidental conseguiram as primeiras medalhas no esporte. A Alemanha Oriental já havia sido ouro em 1976 (Montreal). Em 1996 a FIFA determinou que só poderiam competir atletas até 23 anos, e permitindo a inclusão de três jogadores acima dessa idade, o que prevalece até hoje.
O título olímpico é o único que falta ao futebol brasileiro. Já andamos perto em três oportunidades: prata, em 1984 e 1988 e bronze em 1996. Os selecionados campeões olímpicos foram: Inglaterra (1908 e 1912, como Reino Unido): Bélgica (1920); Uruguai (1924 e 1928); Itália (1936); Suécia (1948); Hungria (1952); União Soviética (1956); Iugoslávia (1960); Hungria (1964); Hungria (1968); Polônia (1972); Alemanha Oriental (1976); Tchecoslováquia (1980); França (1984); União Soviética (1988); Espanha (1992); Nigéria (1996); Camarões (2000) e Argentina (2004).
O futebol feminino foi introduzido nas Olimpíadas, em 1996. O Brasil foi prata em 2004. As equipes campeãs foram: Estados Unidos (1996 e 2004) e Noruega (2000).
Uma curiosidade. Quando a Seleção Uruguaia voltou da Olimpíada de 1924, os argentinos lhe ofereceram uma partida de comemoração, que foi jogada em Buenos Aires. Os donos da casa venceram por 1X 0, gol do ponta esquerda Cesáreo Onzari. Foi batido um tiro de córner (escanteio) e a bola entrou no arco sem que ninguém a tocasse. Foi a primeira vez na história do futebol que aconteceu um gol assim. Por homenagem ou ironia, aquela raridade foi chamada de gol olímpico, e até hoje é tratado assim.
O Brasil também tem a sua versão de gol olímpico. Foi num jogo amistoso entre Vasco da Gama X Montevidéu Wanders, na inauguração dos refletores do estádio de São Januário, em março de 1928. O clube carioca venceu por 1 X 0 , gol de Santana, em cobrança direta de escanteio. Como o adversário era do país bi-campeão olímpico, o gol foi chamado de "olímpico" pelos brasileiros. (Pesquisa: Nilo Dias)
A história das Olimpíadas remonta a um passado muito distante, na Grécia antiga. Em honra a Zeus, a Grécia se reunia a cada quatro anos no Peloponeso, na confluência dos rios Alfeu e Giadeo, onde se erguia a cidade de Olímpia, que a partir do ano 776 a.C. cedeu seu nome para aquela que viria a ser a maior competição esportiva em toda a história da humanidade, os Jogos Olímpicos.
Existem muitas versões que tentam explicar os motivos que originaram os jogos gregos. A mais aceitável aponta para o caráter religioso, uma homenagem aos deuses, o que garantia um momento de trégua nas seguidas guerras entre os povos gregos. O “guardar armas” entrava em vigor três meses antes dos jogos, para que atletas e público pudessem ir até Olímpia.
Esses jogos ocorreram regularmente até 393 d.C., quando foram interrompidos por um decreto do imperador Teodósio, que se converteu ao cristianismo, e resolveu eliminar qualquer traço que lembrasse práticas pagãs. Em 1892 o francês Pierre de Fredy, que entrou para a história como o “Barão de Coubertin”, propôs a retomada dos jogos e a criação do Comitê Olímpico Internacional (COI). E em 1896, Atenas foi sede da competição que passou a ser chamada de Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Já foram realizadas 25 edições dos novos jogos: Atenas (1896), Paris (1900), Saint Louis (1904), Londres (1908), Estocolmo (1912), Antuérpia (1920), Paris (1924), Amsterdã (1928), Los Angeles (1932), Berlim (1936), Londres (1948), Helsinque (1952), Melbourne (1956), Roma (1960), Tóquio (1964), México (1968), Munique (1972), Montreal (1976), Moscou (1980), Los Angeles (1984), Seul (1988), Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000) e Atenas (2004).
A primeira Olimpíada moderna teve a participação de 241 atletas, todos homens, representando 14 países (o Brasil não participou) e competindo em nove modalidades esportivas e 43 provas: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, levantamento de peso, luta greco-romana, natação, tênis e tiro. A premiação era bem diferente de agora, os vencedores recebiam um ramo de oliveira e uma medalha de prata. Os segundos colocados ganhavam um ramo de louro e medalha de bronze. O terceiro colocado, levava para casa somente um certificado.
O atleta americano James B. Connoly, vencedor da prova de salto triplo, com a marca de 13m71 foi o primeiro campeão dos Jogos da Era Moderna. Mas o atleta grego, Spiridon Louis, foi o mais festejado de todos. Ele venceu a maratona, disputada numa distância de 40 quilômetros (hoje é 42.195), que era uma homenagem ao percurso feito pelo soldado Filípides, que correu até Atenas para anunciar a vitória dos gregos sobre os persas na batalha travada na planície de Maratona em 490 a.C. Ele chegou ao destino final, mas só teve forças para falar "vencemos" antes de cair morto de exaustão.
O que mais nos interessa neste artigo é, sem dúvida, o futebol, que foi admitido oficialmente nos jogos de 1908, em Londres. Em 1900 e 1904 participou apenas com o caráter de exibição, não contando para o quadro de medalhas (tempos depois o COI reconheceu como legítimos os campeões e fez entrega das premiações). O futebol não foi disputado apenas na primeira edição dos Jogos, em 1896, e em 1932, quando a FIFA não tinha conceitos claros do que era amadorismo. Em 1916 as Olímpiadas não foram realizadas em razão da 1ª Guerra Mundial, e em 1940 e 1944, devido a 2ª Guerra Mundial.
O futebol foi o segundo esporte coletivo a entrar oficialmente nos Jogos Olímpicos, atrás apenas do Pólo Aquático. Depois da primeira Copa do Mundo (1930), passou a ser disputado por seleções amadoras, o que dava uma extraordinária vantagem aos países socialistas do Leste euroepeu, onde não existia o profissionalismo. Dessa forma, enviavam suas seleções principais, enquanto os adversários disputavam os jogos com equipes amadoras ou juniores. Por isso, entre 1952 e 1980 eles levaram todas as medalhas de ouro.
Nos jogos de 1984 e 1988 a FIFA resolveu abrandar as regras do amadorismo, autorizando a presença nas seleções nacionais, de atletas profissionais que não tivessem participado de nenhuma Copa do Mundo. Graças a essa flexibilidade França, Brasil, e Alemanha Ocidental conseguiram as primeiras medalhas no esporte. A Alemanha Oriental já havia sido ouro em 1976 (Montreal). Em 1996 a FIFA determinou que só poderiam competir atletas até 23 anos, e permitindo a inclusão de três jogadores acima dessa idade, o que prevalece até hoje.
O título olímpico é o único que falta ao futebol brasileiro. Já andamos perto em três oportunidades: prata, em 1984 e 1988 e bronze em 1996. Os selecionados campeões olímpicos foram: Inglaterra (1908 e 1912, como Reino Unido): Bélgica (1920); Uruguai (1924 e 1928); Itália (1936); Suécia (1948); Hungria (1952); União Soviética (1956); Iugoslávia (1960); Hungria (1964); Hungria (1968); Polônia (1972); Alemanha Oriental (1976); Tchecoslováquia (1980); França (1984); União Soviética (1988); Espanha (1992); Nigéria (1996); Camarões (2000) e Argentina (2004).
O futebol feminino foi introduzido nas Olimpíadas, em 1996. O Brasil foi prata em 2004. As equipes campeãs foram: Estados Unidos (1996 e 2004) e Noruega (2000).
Uma curiosidade. Quando a Seleção Uruguaia voltou da Olimpíada de 1924, os argentinos lhe ofereceram uma partida de comemoração, que foi jogada em Buenos Aires. Os donos da casa venceram por 1X 0, gol do ponta esquerda Cesáreo Onzari. Foi batido um tiro de córner (escanteio) e a bola entrou no arco sem que ninguém a tocasse. Foi a primeira vez na história do futebol que aconteceu um gol assim. Por homenagem ou ironia, aquela raridade foi chamada de gol olímpico, e até hoje é tratado assim.
O Brasil também tem a sua versão de gol olímpico. Foi num jogo amistoso entre Vasco da Gama X Montevidéu Wanders, na inauguração dos refletores do estádio de São Januário, em março de 1928. O clube carioca venceu por 1 X 0 , gol de Santana, em cobrança direta de escanteio. Como o adversário era do país bi-campeão olímpico, o gol foi chamado de "olímpico" pelos brasileiros. (Pesquisa: Nilo Dias)
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