O
Rio Branco Sport Club, da cidade paranaense de Paranaguá completou 100 anos no
último dia 13. É o terceiro clube mais antigo do Estado, atrás apenas de
Coritiba e Operário, de Ponta Grossa. O clube foi fundado em 13 de outubro de
1913, quando de uma reunião acontecida na residência da Família Lima,
localizada na rua Marechal Deodoro,12.
Nessa
reunião estiveram presentes os desportistas Manuel Victor da Costa, Aníbal José
de Lima, Euclides de Oliveira, José de Oliveira, Jarbas Nery Chichorro, Antônio
Gomes de Miranda e Raul da Costa Pinto, que são oficialmente considerados
fundadores.
A
idéia da fundação do clube surgiu na véspera, dia 12, quando os desportistas
conversavam na calçada da rua Marechal Deodoro, a respeito de futebol. Foi
quando chegou o senhor Raul da Costa Pinto, funcionário da Alfândega, que
depois de ser informado da idéia de fundar uma agremiação esportiva, deu
opinião favorável.
No
dia seguinte ocorreu a reunião, que foi bastante movimentada. Teve alguns que
defenderam a criação de uma sociedade recreativa/esportiva. Mas prevaleceu a
sugestão de Jarbas Nery Chichorro, de que o ideal seria um clube de futebol, o
que tinha o apoio da maioria das pessoas presentes. Também foi ele que sugeriu
o nome Rio Branco, que foi aceito por unanimidade.
Na
ocasião também foi eleita uma Diretoria provisória, que ficou assim constituída:
Presidente, Manoel Victor da Costa; Vice Presidente, Antonio Gomes de Miranda;
Secretário, Jarbas Marques Nery Chichorro; Tesoureiro, Jose de Oliveira.
Um
fato que deve ser levado em consideração, é que entre todos os clubes do
futebol paranaense, apenas o Rio Branco e o Coritiba mantém vivas suas
tradições, sendo os dois únicos que nunca trocaram de nome e cores.
Até
então o futebol estava concentrado em Curitiba e Ponta Grossa, onde desde 1909
várias equipes foram formadas nas duas cidades. Cada jogo se transformava em
uma verdadeira festa, reinando um clima de estreita amizade entre os clubes. Em
Paranaguá o futebol ganhou força em maio de 1913, quando foi fundado o
Paranaguá Foot-Ball Club. No mês de setembro surgiu o Brazil Foot-Ball Club e
em outubro o Rio Branco Sport Club.
Da
fundação até o primeiro jogo transcorreram mais de 30 dias. Aconteceu em 23 de
novembro de 1913, no “ground” do Campo Grande, na Praça Pires Pardinho, com
derrota de 1 X 0 para o Brazil F.C., também de Paranaguá. O Rio Branco mandou a
campo naquela ocasião Colombino - Mathias e Nagib – Eugênio - Itaborahi e Raul
– Rocha – Romeu – Cezário - Braga e Flota.
Em
dezembro houve nova reunião na sede localizada à rua Marechal Deodoro, 59, para
escolha da Diretoria definitiva. Foram eleitos e empossados: Presidente,
Itaborahy de Macedo; vice, José Colombino; 1° secretário, Antonio Roza; 2°
secretário, Nagib Balech; 1° tesoureiro, Angelo Perusin; 2 tesoureiro, José de
Oliveira; orador, Raul da Costa Pinto; capitão, Mathias Lourenço; 2° capitão,
Cezario Corriel e “Guarda Sport”, Lucilio F. do Nascimento.
O
primeiro confronto contra um time de fora de Paranaguá ocorreu no dia 6 de
janeiro de 1914, na Praça Pires Pardinho, contra o América, de Curitiba. Para
se prevenir de uma possível goleada, o Rio Branco se uniu ao Brazil e o
Paranaguá, formando um selecionado da cidade, que teve a seguinte formação:
Osmario – Arcesio - Mendes – Zizo – Quinquin – Luiz – Nagib – Agostinho –
Acrisio - Fernando e Soffiati.
O
resultado do jogo é desconhecido, mas sabe-se que o grande goleador do Rio
Branco, Quinquin, marcou três gols, mas o juiz anulou um porque estava
“off-side”.
Em
junho de 1914 foi arrendado pelo prazo de cinco anos, um terreno de propriedade
do senhor Chrispim da Silva, para que o clube erguesse o seu próprio campo.
Para arrecadar recursos, os associados realizaram concorrida quermesse, tendo
por local a Praça Pires Pardinho.
Ate
uma peça de teatro foi encenada para arrecadação de verbas destinadas as
reformas do novo campo e a construção das arquibancadas. A previsão de
inauguração era para 2015.
No
mesmo ano o prefeito Cetano Munhoz da Rocha deu ao clube uma área de alagadiço
nas redondezas da Praça João Gualberto. Depois de seis meses de trabalho o
campo ficou em condições de jogo. O sócio-benfeitor José Fonseca Lobo,
conhecido por “Zézito”, doou alguns vagões de madeira para a construção das
arquibancadas.
A
inauguração oficial ocorreu num jogo frente um selecionado de times de
Curitiba, chamado de “Team Extra”, formado basicamente por jogadores do
International e América. O Rio Branco venceu por 2 X 1, gols de Cardines e
Lobo. O time jogou com Pedrinho - Azevedo e Marinho – Rosa - Eugênio e Manoel –
Docelo - Caldeira – Lobo - Cardines e Coelho.
O
Rio Branco permaneceu no local por quase 10 anos, pois teve de entregar a área
para construção lá da Escola Normal - atualmente Instituto de Educação Dr.
Caetano Munhoz da Rocha. O município então doou ao clube um novo terreno, na
Estrada das Colônias - atual Alameda Coronel Elysio Pereira – para construção
do novo estádio.
Além
da área o prefeito Francisco Accioly Rodrigues da Costa, autorizou a doação de
dois contos de réis (2:000$000) para que o clube pudesse providenciar a mudança
para a nova sede, que hoje abriga o Estádio Nelson Medrado Dias, o “Estradiha”.
O
nome é uma homenagem ao ex-presidente do clube, que era agente do LLoyd
Brasileiro, vindo do Rio de Janeiro e apaixonado pelo futebol. Foi em sua
gestão que teve início o projeto de construção do novo campo em meados de 1924,
tendo decorrido o prazo de aproximadamente seis meses para arrecadação de
fundos para as primeiras obras, que começaram em 1925.
Graças
ao prestigio que gozava no comércio local e na política, arrecadou fundos e
mandou aparelhar o terreno e iniciar a construção das arquibancadas. Quase dois
anos depois, em 12 de Junho de 1927, foi inaugurada a “Praça de Esportes Nelson
Medrado Dias’, que até hoje é a sede do clube e seu campo de futebol.
A
inauguração do “Estádio Nelson Medrado Dias” (Estradinha) ocorreu em 12 de
Junho de 1927, com o jogo Rio Branco X Atlético Paranaense. No entanto, não se
sabe o resultado.
Além
de Medrado Dias, a cidade reverencia outros nomes importantes na vida do clube:
Jefferson Picanço da Costa, Antônio Fernandes Marques, Mozart Pereira Alves,
Dr. Arthur Miranda Ramos, Dr. Antônio José Santana Lobo Neto, Ney Pereira
Neves, Mário Marcondes Lobo Filho, entre outros.
Em
12 de outubro de 1915 os clubes de futebol de Curitiba realizaram uma reunião
na sede do Jockey Club para criação da Liga Sportiva Parananense (LSP), que
teria a incumbência de organizar o futebol no Estado. Mas do interior foram
convidadas apenas agremiações de Ponta Grossa e do Litoral.
Participaram
da reunião clubes de Curitiba, Antonina, Paranaguá, Morretes e Ponta Grossa.
Todos foram incluidos na chamada “Divisão de Honra”, com direito a participar
do primeiro Campeonato Oficial disputado no Estado.
O
campeonato de 1915 foi o primeiro da história do futebol paranaense. Dele
participaram Coritiba F.C. (Curitiba), Internacional F.C. (Curitiba), América
F.C. (Curitiba), Paraná S.C. (Curitiba), Paranaguá F.C. (Paranaguá) e S.C. Rio
Branco (Paranaguá).
Os
times jogaram entre si, todos contra todos em turno e returno. O campeão foi o
extinto Internacional Foot Ball Club, da capital. O Rio Branco foi o último
colocado com apenas quatro pontos em 10 jogos.
Os
jogos do Rio Branco foram os seguintes: Turno - 30-05: Coritiba 1 X 1 Rio
Branco; 13-06: América 5 X 1 Rio Branco; 25-07: Paraná 9 X 0 Rio Branco; 01-08:
Rio Branco 3 X 1 Paranaguá; 03-08: Internacional 13 X 0 Rio Branco.
Returno
- 31-08: Rio Branco 0 X 3 Coritiba; 07-09: Rio Branco 3 X 3 América; 12-10:
Paranaguá 3 X 0 Rio Branco; 9-10: Rio Branco 0 X WO Paraná e 16-11: Rio Branco
0 X WO Internacional.
O
melhor ataque da competição foi o do Internacional, com 27 gols e o pior, o do
Rio Branco, que marcou apenas 8 gols. A pior defesa foi a do Paranaguá, que
levou 39 gols. O artilheiro foi Ivo Leão, do Internacional, com 14 gols marcados.
A maior renda do campeonato foi no jogo Internacional 2 x 1 Paraná, pelo
segundo turno, que somou 175$000 mil réis.
O
Rio Branco ingressou no futebol profissional em 1956, disputando a Divisão
Especial do futebol paranaense. Para poder participar da competição foi preciso
cumprir várias ações de ordem administrativa junto à Federação Paranaense de
Futebol.
Em
reunião realizada na FPF no dia 16 de maio de 1956, o Rio Branco foi aceito
pela unanimidade dos clubes profissionais do Estado. A estréia na elite estadual aconteceu no dia
23 de junho de 1956, contra o Esporte Clube Água Verde. O Rio Branco venceu por
1 X 0. O time teve Abrãozinho - Dicésar e Salvito - Daltro - Dimas e Alcione –
Arnoldo – Villanueva – Holofote - Celso e Mundinho.
Em
1970 o Rio Branco disputou o Campeonato Paranaense da 2ª Divisão. Nos 10 jogos
realizados na fase classificatória, o time conquistou seis vitórias, dois
empates e duas derrotas, chegando junto com Cascavel e Guarani, de Ponta
Grossa, na primeira colocação.
Houve
um triangular em turno e returno para decidir quem retornaria a elite
paranaense. O Rio Branco ganhou um jogo, perdeu outro e empatou dois,
terminando em segundo lugar e classifiado para a Primeira Divisão do futebol
estadual.
Em
1977, disputando a chamada “Repescagem”, chegou à fase final, sagrando-se
campeão da Zona Sul, ao derrotar o Pinheiros por 1 X 0 em Paranaguá. Ganhou o
título no empate em 1 X 1, na Vila Capanema. Na finalisima, contra o Maringá,
só não venceu porque o juiz, extranhamente, anulou um gol legitimo de Ivan,
anotado aos 41 minutos do segundo tempo.
Depois
de um período de licenciamento, o clube voltou as disputas em 1995 e sagrou-se
campeão de grupo B, que na época equivalia a 2ª Divisão, classificando- se para
um exagonal com a presença dos quatro melhores times da 1ª divisão e o campeão
e vice da 2ª. O Rio Branco terminou como quinto colocado.
Em
1995, como campeão da Série B, voltou a se classificar para o Octogonal da
Divisão de Elite de 1995 e para a Primeira Divisão de 1996.
Em
2000 o Rio Branco foi campeão do Interior pela terceira vez e disputou o
quadrangular final do Estadual, tendo como adversário o Coritiba. O Coritiba
não queria jogar em Paranaguá, e por isso alegou que o estádio do Rio Branco
não tinha a capacidade exigida para receber o público. A diretoria do Rio
Branco montou uma arquibancada de estrutura metálica, conseguindo com isso
ampliar a capacidade do estádio.
Em
sua história centenária o clube teve conquistas importantes, como o título de
Campeão do Interior em 1948 e repetido em 1954 e 2000.
Em
1948, o Rio Branco, então campeão da Liga de Futebol do Litoral do Paraná
também tornou-se Campeão do Interior. Os jogos foram contra o
Operário-Ferroviário, de Ponta Grossa.
Depois
de dois empates, o Rio Branco venceu a terceira partida por 3 X 2, levantando a
taça. A equipe campeã era composta por Duia - Chiquinho e Jaci Maciel – Odemar
- Tião e Chico Preto – Julinho -
Antoninho – Guito - Chico Porco e Jaci.
Em
1954 o Rio Branco foi campeão da Liga Regional de Futebol de Paranaguá,
ganhando com isso o direito de participar do II Torneio do Interior, que reunia
os campeões das ligas interioranas. Depois de ganhar do Internacional, de Campo
Largo eo Ferroviário, de União da Vitória, o Rio Branco foi para a final frente
o Guarani, de Arapoti.
No
primeiro jogo, fora de casa, o Rio Branco venceu por 3 X 1, gols de Celso, Nico
e Zangado. O segundo jogo, em Paranaguá, disputado em 1 de maio, foi fácil
demais. O Rio Branco aplicou no adversário uma histórica goleada de 8x0. Celso
Marques e Zangado marcaram quatro gols cada um. O grupo campeão: Abrão –
Dicézar – Salvito – Tiziu – Tinoco – Daltro – Badalo – Holofote - Villanueva –
Zangado – Celso – Nico – Tucano e Ademar.
Nos
100 anos de existência, foram vários os jogadores de destaque que vestiram a
camisa do “Leão da Estradinha”, como o clube é carinhosamente chamado por seus
torcedores. Um dos primeiros ídolos do Rio Branco foi o jogador Tião. Ele
chegou em Paranaguá em 1945 vindo de Santa Catarina. Ficou No clubr como atleta
e depois na comissão técnica como massagista, até metade da década de 1970.
César
Frizzo, o “Gaúcho Parnanguara” veio do Rio Grande do Sul para ficar famoso no
futebol paranaense. Jogou muito tempo no Coritiba, além de Cambraense, Jacarezinho
e Água Verde. Chegou ao Rio Branco em fim de carreira, mas foi muito importante
na história do clube.
O
atacante Celso Marques chegou ainda muito jovem. Com 16 anos já estava no time
de cima. Defendeu o Rio Branco por oito anos. Tinha um chute forte e era exímio
cobrador de faltas. Foi goleador do campeonato em 1958, com 14 gols marcados,
ao lado de Duílio. Embora não seja oficial, deve ser o maior artilheiro de toda
a história do clube.
Teve
ainda Dicésar, chamado de “O Mestre do Pênalti”. Ele nasceu em Paranaguá e
defendeu o clube a partir de 1954. Esteve no escrete campeão do interior.
Também dono de um chute forte, ficou marcado como grande cobrador de
penalidades máximas.
Da
mesma época foi o zagueiro Alcione, que jogou no “Leão” por 10 anos. Contratado
em 1954, se notabilizou por ser forte, bom marcador e ganhou a alcunha de maior
“Xerifão” do time na história.
Também
foram destaques históricos do clube o lateral-direito Calé, o atacante
Mandrake, o meia Odair, considerado o maior ídolo em todos os tempos, o
zagueiro Salvito, o zagueiro Vivi, o ponteiro-direito Oromar, o meia paraguaio
Villanueva, Abrãozinho, Salvito, Bidu, Dimas, Darci, Zangado, Oda, Fábio, Nona,
Jairton, Holofote, Nininho e Renato “Bacalhau”.
Títulos
conquistados. Campeonato da Liga Regional de Futebol de Paranaguá: (1923, 1925,
1926, 1927, 1928, 1930,1931, 1933, 1936, 1937, 1938, 1939, 1945, 1947, 1948,
1954 e 1955);.Campeonato do Interior Paranaense: (1948, 1954 e 2000); Divisão
de Acesso Paranaense (1995); Torneio Início: (1961/1962 e 1963); Campeonato
Paranaense da Zona Sul: (1977).
Participou
do Campeonato Brasileiro da Série C em 1996, 1998, 1999 e 2000 e da Copa do
Brasil, em 2007. Seu principal rival era o Clube Atlético Seleto, com quem
fazia o clássico Sele-Rio.
Na
última segunda-feira (14), a Assembléia Legislativa do Estado prestou uma
homenagem ao Rio Branco S.C., pela passagem do seu centenário, atendendo
proposição do deputado Alceu Maron Filho. O ato encerrou a programação festiva
que foi realizada desde o dia 11, quando de um show de bandas em uma casa
noturna da cidade.
No
sábado, dia do aniversário, foi reaberto o “Estádio Nelson Medrado Dias”, mais
conhecido como “Estradinha”, com o jogo amistoso Rio Branco Master 5 X 1
Seleção Paranaense Master. Também houve uma roda de samba animada pelo “Grupo
Ousadia”.
O
“Estádio Nelson Medrado Dias” ganhou novas arquibancadas e cabines para a
imprensa. Também foi construído um alojamento para os atletas, que dispõe de um
moderno refeitório, lavanderia e sala de jogos.
Em
2004 foi inaugurado pela Prefeitura Municipal de Paranaguá o “Estádio Fernando
Charbub Farah”, o "Gigante do Itiberê" com capacidade para 20 mil
pessoas, o dobro do antigo “Estádio Nelson Medrado Dias”. O novo estádio tem
uma estrutura digna de grandes times de futebol, com arquibancada maior,
cadeiras numeradas, cabines de imprensa e etc. É um dos mais modernos do
Paraná.
Atualmente
o “Estádio Nelson Medrado Dias” está desativado, usado apenas para campeonatos
amadores e regionais. O Rio Branco espera mandar seus jogos nesse local a
partir de 2014.
No
ano em que completa 100 anos, por pouco o Rio Branco S.C. não proprcionou aos
seus torcedores, um grande vexame. O time só escapou do rebaixamento para a
“Segundona Paranaense” na última rodada do certame, mesmo perdendo para o
Arapongas, fora de casa. Acabou beneficiado pela derrota do Atlético Clube
Paranavaí (ACP), contra o Paraná.
Em
2011 o clube também quase foi parar na Segundona devido a escalação irregular
de um jogador. Foi salvo pelo Tribunal que absolveu o clube, considerando que
esse não agiu de má fé. (Pesquisa: Nilo Dias)
1954. Time "Campeão do Interior". Em pé:
Arnoldo - Alcione - Abrão - Tucano - Daltro - Dicésar - Salvito e Tiziu. Agachados:
Ademar - Nico - Holofote - Zangado - Celso - Jean e Babá. (Foto:
www.leaodaestradinha.com.br)