A
Associação Atlética Internacional, da cidade de Limeira (SP), foi fundada do no
dia 5 de outubro de 1913. O clube nasceu graças a fusão dos dois times que
existiam na cidade, “Almofadinhas” e “Barroquinhas”, este, fundado um ano antes.
O
nome foi uma homenagem aos imigrantes de várias nacionalidades radicados em
Limeira, como japoneses, italianos, alemães, portugueses e outros. E também ao
extinto Internacional, que fazia sucesso na capital paulista.
O
campo de terra que se localizava nos fins da rua Dr. Trajano, então Rua do
Comércio, onde o “Barroquinhas” realizava seus treinos e jogos, serviu tempos
depois para nele ser erguido o “Estádio de Vila Levy”, onde a Internacional
sediou os jogos por muito tempo.
A
primeira Diretoria do clube foi esta: Presidente, José Alves Penteado;
Vice-Presidente, Fausto Esteves dos Santos; Secretário, Ajax Garroux; Capitão,
Antônio Esteves dos Santos Junior (Tonico Esteves) e Fiscal de Campo, João
Busch.
Os
dirigentes se reuniram pela primeira vez no “Theatro da Paz”, quando foi
deliberado que somente associados poderiam jogar pelo clube, além de pagar
mensalidade de $1000 (mil réis). O capitão da equipe ficou com a
responsabilidade de manter a ordem e a disciplina. O uniforme escolhido foi
camisa listrada nas cores preto e branco, calções brancos, com uma faixa preta
do lado e meias pretas, com duas listras brancas.
O
primeiro jogo da história da A.A. Internacional aconteceu no dia 12 de outubro
de 1913, contra o Sport Clube Carioba, na Vila Americana, na cidade de
Americana. Não se sabe o resultado. No período de amadorismo, a Internacional
conquistou oito vezes o campeonato de Limeira, sendo até hoje o maior vencedor
da história da competição.
Em
1921, a família Levy comprou o terreno onde a Internacional jogava e mandou
fazer a terraplanagem, deixando-o em condições de receber grama, vestiários,
arquibancadas e outras estruturas. Na Vila Levy, a Internacional manteve a marca de 212 partidas sem perder.
Na
década de 1920 a Internacional recebeu da imprensa paulista o título de “Leão
da Paulista”, após ser derrotada pelo Palestra Itália em partida de muita
dificuldade disputada em Limeira, no dia 15 de dezembro de 1924. A Internacional
jogou aquela partida com Quinze - Lau e Fenga – Ceará - Zequinha e Munhóz –
Campineiro – Pollastri – Pacheco - Augusto Américo e José Petrelli.
No
dia 26 de setembro de 1926, o Paulistano, a melhor equipe da temporada e que
realizou vitoriosa excursão pela Europa, tendo em seu elenco o então
considerado melhor jogador do mundo, foi até Limeira e perdeu por 2 X 1 para a
Internacional.
Em 1932 a Internacional doou todos os seus troféus para
a "Campanha do Ouro", deflagrada durante a Revolução
Constitucionalista.
A
profissionalização do clube ocorreu na década de 1940, depois de várias
reuniões entre clubes do interior paulista, que garantiram participações nos
campeonatos oficiais organizados pela FPF.
Os
times pioneiros foram Guarani F.C. e A.A. Ponte Preta, de Campinas; E.C. Mogiana,
de Ribeirão Preto; Palmeiras F.C. e A.A. Francana, de Franca; E.C. XV de
Novembro, de Piracicaba; Rio Branco E.C., de Americana; Botafogo F.C., de
Ribeirão Preto; Batatais F.C., de Batatais; Esportiva Sanjoanense, de São João
da Boa Vista; E.C. Taubaté, de Taubaté; A.A. São Bento, de Marília, atualmente
Marília Atlético Clube e a A.A. Internacional, de Limeira.
Como
a FPF proibiu a participação de clubes de cidades com população inferior a 50
mil habitantes na Primeira Divisão, a Internacional teve que disputar em 1948, o
Campeonato da Segunda Divisão. Fez bonito, terminando como vice-campeão.
Em
1947 foi composto o hino oficial do clube, com letra de Renato P. Guimarães e
música de Mário Tintori. “Eis
a equipe altaneira/Do bravo Internacional/que p’ra glória de Limeira/Não teme
nenhum rival./Oh! Leão, Oh, meu Leão/Entra firme no gramado/Vai com garra e
coração/Para um gol bem conquistado/Ruge Leão... Aaaaaa.... Uuuuuuuu.../Urra
Leão... Aaaaa... Uuuuuuu/Pé na bola, sem demora/Sacode a juba, meu Leão/sejas
hoje, como outrora/Sempre, sempre, campeão.../Oh! Leão, Oh, meu Leão/Entra
firme no gramado/Vai com garra e coração/Para um gol bem conquistado/Ruge
Leão... Aaaaaa.... Uuuuuuuu...Urra Leão... Aaaaa... Uuuuuuu”
Em
1966, a Internacional teve como presidente o desportista, Benedicto Iaquinta, até
hoje lembrado como um dirigente modelo. Foi na gestão dele, conhecida como a
“Era Iaquinta”, de 1961 a 1974, que o clube conquistou o título de campeão da
2ª Divisão de Profissionais, atual Série A3 e o acesso à Primeira Divisão.
Em
1961, logo na primeira gestão, veio a glória com o título da “Série Algodoeira”,
ao vencer o Internacional, de Bebedouro, por 5 X 0, no jogo final.
Mas
as exigências da Federação Paulista de Futebol tiraram o time da Primeira
Divisão, pois o seu estádio não se enquadrava nas exigências do Regulamento. Não
restou outra alternativa ao presidente, se não solicitar licenciamento. Mas
para isso foi obrigado a disputar todos os torneios amadores, além de cumprir
com as obrigações financeiras como taxas de inscrições do time a FPF. A Internacional ganhou cinco dessas competições.
Em
1962 o estádio da “Vila Levy”, teve a sua capacidade aumentada para 3 mil
pessoas através da construção de arquibancadas de madeira. Também no mesmo ano,
no dia de aniversário da cidade, 15 de setembro, foi inaugurada a nova
iluminação do campo.
Em
1967, com o intuito de reduzir despesas para poder construir um estádio
próprio, Iaquinta se viu forçado a dar passe livre aos jogadores. Logo após o
lançamento da pedra fundamental do Estádio Major Levy Sobrinho, em 1974, e
graças a uma administração séria, o presidente encerrou seu mandato sem deixar
uma única dívida.
O
clube estava pronto para voltar ao futebol profissional, na Série B do
Campeonato da Primeira Divisão de 1975. A Diretoria conseguiu licença da FPF
para mandar seus jogos na cidade vizinha de Araras, no Estádio do União São
João, enquanto as transformações no seu estádio não terminassem. A pedra fundamental do novo Estádio Major José Levy Sobrinho foi lançada em 1974.
Foi
uma fase de “time cigano”, por não ter um lugar fixo para realizar seus jogos e
treinos. Os campos que o clube utilizou nesse período difícil foram os do Clube
Paulistano, do Estudantes, do Clube Atlético Usina Iracema (Iracemápolis) e o
da Usina São João, único aceito pela FPF.
A
primeira partida na volta ao profissionalismo, foi no campo do Paulistano,
contra o Piracicabano. No retorno, em 1975, a Internacional pertencia à Série B
do Campeonato da Primeira Divisão.
Mas
a recompensa só veio três anos depois, em 1978, quando ganhou a competição e o
direito de participar da Divisão Especial em 1979. O time estreou com um bom 9º
lugar, o que deu direito a disputar o Campeonato Brasileiro, onde só não chegou
as quartas de finais porque foi eliminado pelo Internacional, de Porto Alegre, campeão
do ano anterior, que tinha no plantel jogadores como Falcão.
Foi
quando começou um período de glórias na história do clube. No início da década
de 1980 foi o 4º colocado no campeonato, tendo disputado o "Quadrangular
Final". Porém, foi desclassificado pelo São Paulo, que conseguiu o título.
No
jogo contra a Internacional, o “Tricolor” colocou em campo o atacante Zé Sérgio,
de forma irregular na partida, sem sofrer qualquer punição. Mas ainda assim a
Internacional foi confirmada na antiga “Taça de Ouro” de 1981, chegando as
quartas de finais, quando foi derrotada pelo Grêmio.
Em
1981 foi sexta colocada no Campeonato Paulista, mas garantiu classificação para
disputar a “Taça de Ouro” de 1982, campeonato este em que não passou da
primeira fase. No Paulistão 82, a Internacional ficou em 11º, entre os 20 times
participantes e não passou da primeira fase na “Taça de Ouro”. Já em 1983, a
Internacional mais fez uma campanha razoável e ficou em 9º lugar no Campeonato
Paulista. E no ano seguinte, em 10º lugar.
Entre os anos de 1982 e 1984, o clube construiu o Clube de Campo, um local de lazer destinado aos seus associados.
Entre os anos de 1982 e 1984, o clube construiu o Clube de Campo, um local de lazer destinado aos seus associados.
Em
1984, assumiu a presidência o desportista Richard Drago. Em 1985, começou a
formação do elenco que surpreenderia o Brasil no ano seguinte. Foram feitas
contratações de jogadores conhecidos como Silas, Gilberto Costa, Carlos Silva,
Vilson Cavalo, Pecos, João Batista, João Luís, Éder e Bolivar, entre outros. Da
categoria de base, os atletas Tato e Lê foram promovidos ao grupo de
profissionais.
E
veio 1986. E com ele a conquista do primeiro Campeonato Paulista, por um time
do interior do Estado. Esse foi o maior feito da história centenária do clube
de Limeira, que derrotou o poderoso Palmeiras e fez calar milhares de vozes no
estádio do Morumbi.
No
primeiro turno o time comandado por José Macia, o “Pepe”, foi sexto colocado.
No segundo turno deu aula de futebol e faltando duas
rodadas, já tinha garantido a primeira colocação na classificação geral.
Nas
semifinais derrotou o Santos por 2 X 0, em plena Vila Belmiro e por 2 X 1, no
“Limeirão”, classificando para as finais frente o Palmeiras, que há 10 anos não
ganhava um título sequer. E sem o direito de jogar em Limeira. Os dois jogos
decisivos foram no Morumbi.
No
primeiro jogo, dia 31 de agosto, um empate sem gols. No segundo confronto, em 3
de setembro, frente a 64.564 pagantes e mais milhares de credenciados, com
renda de Cz$ 2.443.610.00, a Internacional venceu por 2×1, com gols de Kita e
Tato, com Amarildo descontando.
A
Internacional mandou a campo os campeões Silas - João Luís – Juarez - Bolívar e
Pecos – Manguinha - Gilberto Costa e João Batista (Alves) – Tato - Kita e Lê (Carlos
Silva). Treinador, José Macia, o “Pepe”.
O
artilheiro da competição foi o centroavante Kita, da Internacional, com 24 gols.
Também conquistou a “Taça dos Invictos”, um dos troféus mais cobiçado do
futebol paulista, depois de ficar 17 partidas sem perder. O troféu se
encontrava em poder do Santos, que ficou 15 jogos invicto.
A
campanha por si só, diz tudo. Em 42 jogos foram 21 vitórias, 14 empates e sete
derrotas. Foram anotados 59 gols e sofridos 33 gols. A Seleção do Campeonato,
escolhida pela imprensa e publicada no jornal “Folha de São Paulo” tinha sete
jogadores da equipe limeirense: Silas, Juarez, João Luis, Gilberto Costa, João
Batista, Tato e Kita.
Por
essa razão, a Internacional foi considerada a "Dinamarca Caipira" em
alusão à seleção europeia destaque da Copa do Mundo de 1986, pelo seu futebol
alegre e competitivo.
Ainda em 1986 o clube realizou a sua primeira excursão ao exterior, jogando em gramados da África. Acompanhou a delegação e jogou pela Internacional, o jogador Jairzinho, o "Furacão" da Copa do Mundo de 1970.
Ainda em 1986 o clube realizou a sua primeira excursão ao exterior, jogando em gramados da África. Acompanhou a delegação e jogou pela Internacional, o jogador Jairzinho, o "Furacão" da Copa do Mundo de 1970.
Depois
desse feito a estrela da Internacional só voltou a brilhar em 1988, quando
ganhou o Campeonato Brasileiro da Série Amarela. Nesse ano foi 5º lugar no
Campeonato Paulista. Nos anos 90 veio a decadência, depois que o ex-presidente
Fernando Collor de Mello confiscou a poupança do clube, que ficou em uma
situação financeira muito ruim. Isso teve influência decisiva dentro de campo,
com o time fazendo péssimas campanhas.
Até
que em 1990 foi rebaixado pela primeira vez no certame paulistano e também no
brasileiro. Mas em 1991 conseguiu voltar a elite, para cair outra vez. Teve de
esperar até 1996, para o retorno à Divisão Principal, após conquistar o Campeonato
Paulista da Série A2, depois de golear por 4 X 0 a Portuguesa Santista, em jogo
realizado no dia 28 de julho, no “Limeirão”. O técnico era mais uma vez José Macia,
o “Pepe”.
Dessa
vez a Internacional conseguiu se manter por sete anos na elite do futebol
paulista, só voltando a cair em 2003. Em 2004 conseguiu novamente o acesso. O
time era dirigido tecnicamente pelo ex-jogador Pintado, que iniciava a carreira
de treinador.
A
alegria durou pouco, pois no ano seguinte o clube foi novamente rebaixado. E
daí por diante foram seguidos rebaixamentos, até as últimas divisões do
Campeonato Paulista, até que em 2010 conquistou o acesso à Série A3, onde
permanece até hoje.
O
clube manda seus jogos no Estádio Major José Levy Sobrinho, o “Limeirão”, que
pertence a Prefeitura Municipal de Limeira e tem capacidade para 28 mil pessoas.
O nome é uma homenagem ao desportista que doou o terreno onde foi construído o
estádio.
O
“Limeirão” foi inaugurado no dia 30 de janeiro de 1977, com o jogo Internacional
2 X 3 Corinthians. O primeiro gol foi de Tião Marino, da Internacional. O recorde
de público foi no jogo inaugural, com 44 mil expectadores.
Na
época de sua inauguração foi o segundo maior estádio paulista, atrás somente do
Morumbi, na capital. Com a construção de outros estádios maiores em Campinas,
Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, entre outras
cidades, o “Limeirão” perdeu a condição de maior do interior do Estado.
Em
2012, com a eleição do jovem presidente Taymom Bueno, de apenas 27 anos, a
Internacional começou a passar por uma ampla reformulação. Projetos nunca antes
vistos foram postos em prática, como a construção do Memorial, a Loja Oficial,
revitalização da fachada do Estádio Major José Levy Sobrinho, Departamento
Comercial e de Marketing atuantes e profissionalização em todos os
departamentos.
O
clube passou a ser formador de atletas de alto rendimento, o que foi
reconhecido pela CBF, que deu a Internacional uma certificação que poucos
clubes no país possuem. A categoria Sub-15 é tida como uma das melhores do Estado
e faz brilhante campanha no Campeonato Paulista. A equipe sub-17
profissionalizou cinco atletas que compõem o atual elenco profissional.
Fora
de campo o clube também vem buscando resgatar sua imagem, com projetos
solidários. Em parceria com a Associação Limeirense de Combate ao Câncer (ALICC),
a Inter busca cumprir seu papel junto a sociedade, destinando parte da
arrecadação de produtos oficiais e rendas de jogos para a entidade,
participando da campanha “Outubro Rosa”.
O
centenário foi comemorado no último dia 5, com uma carreata que percorreu as
principais ruas da cidade. No domingo, quando o time entrou em campo houve uma
grande queima de fogos. No intervalo do jogo Internacional 3 X 0 São Bento, pela Copa Paulista, a “Banda Henrique Marques”
apresentou uma nova versão do hino do clube.
A
noite, aconteceu o “Jantar dos 100 anos”, com presenças de autoridades da FPF,
do Governo Municipal, ex-presidentes do clube e ex-jogadores. O evento, que foi
aberto para toda a torcida do clube, aconteceu no “Gran São João”.
Os
principais rivais da Inter, de Limeira são clubes da região: Independente, XV
de Piracicaba, Rio Branco, Guarani, Ponte Preta, União Barbarense, Velo Clube e
Paulínia. O clássico com o Independente, de Limeira recebe o nome de “Le-Gal”,
referência às torcidas “Leonina” e “Galeão”. O Independente, fundado em 1944,
só se profissionalizou no início da década de 1970.
Ao
final dessa década a Internacional subiu para a Primeira Divisão Paulista e a
cidade ficou sem assistir o seu clássico por quase 30 anos, voltando com tudo
em 2007. Apesar de todos esses anos sem o famoso encontro, a rivalidade nunca
esfriou. O último jogo entre essas duas equipes foi na Copa Paulista de Futebol
deste ano de 2013, quando ocorreu um empate pelo placar de 1 X 1.
Títulos
conquistados: Campeã da Série Algodoeira, 2ª Divisão de Profissionais (1961); Vice-Campeão
da Série Dr. João Havelange, 2ª Divisão de Profissionais (1962); Campeã da
Série B – Semi-finais, 2ª Divisão de Profissionais (1962); Campeã da Segunda
Divisão de Profissionais (1966, junto com a Ituveravense); Vice-campeã do
Torneio Brigadeiro Jerônimo Bastos (1976); Campeã da Intermediária, garantindo o
direito de disputar o Campeonato Paulista da Divisão Especial de Profissionais,
hoje Primeira Divisão (1976); Campeã Paulista de Futebol – O primeiro time fora
do Eixo dos Grandes (1986); Campeã do Torneio Interestadual RJ –SP, tendo derrotado
o Flamengo, por 2 x 0, na final (1986); Detentora da Taça dos Invictos, com 17
jogos (1986); Campeã do Grupo “G” do Torneio Paralelo (1986); Campeã Brasileira
da Série Amarela – Grupo Especial (1988); Campeã Taça BH de Futebol Júnior
(1990); Campeã Paulista da Série AII – Retorno à Série de Elite (1996); Campeã
Paulista Sub20 – Primeira Divisão (2003); Campeã Paulista da Série AII –
Retorno à Série de Elite (2004) e Campeonato Amador de Limeira (1944, 1945,
1946, 1970, 1971, 1972, 1973 e 1975). (Pesquisa: Nilo Dias)
1986. Campeão Paulista. Em pé: Silas - Bolivar - João Luis - Pecos - Manguinha e Juarez. Agachados: Tato - Gilberto Costa - Lê - Kita e João Batista. (Foto: "R7 Esportes")