Um dos grandes jogadores da história do Botafogo, do Rio de Janeiro, foi sem dúvida Américo Pampolini Filho, ou simplesmente Pampolini, um centro-médio que esbanjava força e categoria. Mineiro de Belo Horizonte, Pampolini nasceu no dia 24 de dezembro de 1932 e morreu no dia 20 de dezembro de 2006, no Rio de Janeiro, vítima de um ataque cardíaco, deixando a esposa Nicéia, os filhos Genaro, Célia e Cláudia, genros, nora e cinco netos.
Pampolini era o filho mais novo do casal Américo e dona Maria Caravita. Ganhou o apelido de “Mequinho”, pois herdara o nome do pai. Desde cedo mostrou aptidão para o futebol, pois embora franzino, quando participava de peladas de rua correndo atrás de uma bola, sabia o que fazer com ela.
O futebol estava no sangue do garoto. Seu irmão mais velho, Emilio, era zagueiro daqueles que não perdoava atacante adversário e batia sem dó nem piedade; Homero era atacante; Lilo e Licinho jogavam na meia cancha. Só o irmão Santinho não quis saber de bola. Diziam que o melhor deles era o Lilo, mas uma contusão no joelho cortou uma carreira que parecia destinada ao sucesso, privilégio que caberia justamente ao mais novo, nacionalmente conhecido pelo sobrenome de família: Pampolini.
Começou a carreira muito jovem, atuando pelo São Cristóvão, do Barro Preto, time amador de Belo Horizonte, que tinha seu campo nas imediações da caixa d’ água da Lagoinha. Seu domínio de bola impressionava, e o mesmo se podia dizer do seu chute portentoso. Ditava cátedra como médio volante, o que fez com que dirigentes do Cruzeiro o contratassem em 1952.
Não demorou para conquistar a posição de titular, formando na intermediária ao lado de Adelino e Lazarotti, e mais tarde entrando Paulo Florêncio no meio de campo. Pampolini jogava muita bola e logo chamou a atenção do Botafogo carioca, que o comprou em 1955, por Cr$ 500.000.00 em moeda da época, para compor a maia cancha com o grande Didi.
Seu primeiro jogo pelo Botafogo foi um amistoso contra o Tenerife, da Espanha, disputado no dia 24 de maio de 1955, em Santa Cruz de Tenerife, Espanha, quando o alvinegro carioca perdeu por 2 X 1. Julito, aos 15 minutos do primeiro tempo abriu o marcador para os espanhóis; Vinícius, aos 7 do segundo tempo igualou para o Botafogo e Munné, aos 35’, decretou a vitória espanhola.
O Botafogo jogou com Gílson - Gérson (Thomé) e Nilton Santos - Orlando Maia - Ruarinho (Danilo) e Juvenal (Pampolini) – Garrincha – Dino - Vinícius (Wilson Moreira) - Quarentinha (Paulinho Omena) e Neyvaldo. Técnico: Zezé Moreira.
Sua última partida pelo Botafogo aconteceu no dia 4 de julho de 1962, no Estádio Independência, em Belo Horizonte. Foi um amistoso contra o Atlético Mineiro, vencido pelo Botafogo por 3 X 0, com arbitragem de Frederico Lopes e gols de Zagallo, aos 12’ e Amarildo, aos 40’ do 1° tempo e Neyvaldo, aos 20’ da fase final.
O Botafogo teve Manga (Ary Jório) – Joel - Zé Maria - Nilton Santos (Paulistinha) e Rildo - Ayrton (Pampolini) e Didi (Édison) - Garrincha – Amoroso - Amarildo (China) e Zagallo (Neyvaldo). Técnico: Marinho Rodrigues.
Atlético Mineiro: Fábio (Válter) – Reginaldo – Bueno - Procópio e Marcelino - Fifi e Zico (William) - Maurício (Afonsinho) - Jaburu (Eduardo) - Osvaldo e Noêmio (Ivo). Técnico: Antoninho.
Jogando ao lado de Didi, Pampolini completava a inteligência do “Príncipe Etíope” com a sua força em campo. Por isso, Didi gostava de afirmar: “Eu entro com a inteligência e ele com a força”. Certa vez, durante uma partida em que o Botafogo suava para aguentar a vantagem de 1 X 0, Pampolini “vingou-se” de Didi ao dizer: “Ô, crioulo, vê se põe um pouco de força nessa inteligência, porque sozinho não está dando prá segurar os home”.
Quando o técnico Vicente Feola convocou os jogadores para a Seleção Brasileira que disputaria a Copa do mundo de 1958, Pampolini era o capitão do time do Botafogo e esbanjava categoria e espírito de liderança. Isso fez com que seu nome aparecesse na lista de convocados, mas tendo que disputar posição com Zito e Dino Sani. Teve o azar de se lesionar em um dos treinos na estância hidromineral de Araxá, e por isso foi cortado.
Depois de ganhar muitos títulos pelo alvinegro carioca, onde atuou em 347 partidas e marcou 27 gols, foi contratado em 1962 pela Portuguesa de Desportos, de São Paulo, na época dirigida pelo técnico Aimoré Moreira, onde foi vice-campeão paulista em 1964. No time bandeirante jogavam entre outros, Félix, Orlando Gato Preto, Jair Marinho e Wilson Pereira.
Do Canindé voltou a Minas, dessa feita para uma ligeira passagem pelo Atlético em 1965. Jogou em 1966 pelo Taubaté, onde também acumulou a função de técnico, antes de voltar a Portuguesa de Desportos, onde encerrou a carreira em 1968.
Encerrada a carreira, ele foi morar no Rio. Em suas freqüentes visitas a Belo Horizonte, Pampolini fazia questão de jogar pelo time de veteranos do Cruzeiro, o “Raposão”. Mesmo longe, o vínculo com o clube e a cidade jamais se perdeu.
Em sua vitoriosa carreira como jogador, Pampolini foi contemporâneo de monstros sagrados do futebol brasileiro, como Garrincha, Amarildo, Quarentinha, Manga, Nilton Santos, Paulo Valentim, Didi, Zagallo, Chicão, Cacá, Zé Maria, Paulistinha, Zé Carlos, Neyvaldo, Édson, Airton Povil, Elton, Félix, Ivair, Henrique Frade e Dida, entre outros.
Já fora dos gramados, foi chamado pelo governo do então Estado da Guanabara, para ocupar um cargo no Estádio do Maracanã. Se houve tão bem na função, que logo passou a dirigir o Estádio Náutico na Lagoa Rodrigues de Freitas. Mesmo com as mudanças de governo, ele sempre permaneceu no cargo em razão de sua dedicação e competência.
Também atuou no Ginásio do Maracanãzinho. Quando morreu Pampolini morava no bairro de Copacabana, no Rio, e trabalhava no estádio do Maracanã, como funcionário do Parque Aquático Júlio Delamare. Sua família continuava em Belo Horizonte, tocando uma rede de padarias na capital mineira, ("Padarias ABC"). Durante 39 anos foi funcionário da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), entidade que administra o Complexo do Maracanã
Américo Pampolini teve seu trabalho nos gramados reconhecido pela Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, do Rio de Janeiro, que no dia 1 de outubro de 2008, inaugurou no Estádio do Maracanã uma placa em sua homenagem. Também teve às marcas dos seus pés colocadas na Calçada da Fama do Maracanã.
Títulos conquistados por Pampolini no Botafogo: Campeão Carioca (1957); Campeão Carioca de Aspirantes (1959); Campeão do Torneio Internacional da Colômbia (Quadrangular de Bogotá) (1960); Campeão do Triangular Internacional da Costa Rica (1961); Campeão do Torneio Início do Rio de Janeiro e Campeão Carioca (1961); Campeão do Pentagonal do México (1962); Campeão do Torneio Rio-São Paulo (1962); Bicampeão Carioca (Pampolini disputou o 1° jogo do BFR) (1962). (Pesquisa: Nilo Dias)
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Niginho, o "menino metralha"
Leonídio Fantoni, o “Niginho”, grande ídolo da torcida do Palestra, de Belo Horizonte, que na década de 1940 mudou o nome para Cruzeiro E.C., nasceu em 12 de fevereiro de 1912, em Belo Horizonte e faleceu em 5 de setembro de 1975, em Belo Horizonte.
Era membro de uma família palestrina. Ao menos cinco familiares atuaram pelo clube mineiro: ele, os irmãos João Fantoni (Ninão) e Orlando Fantoni, o primo Otávio Fantoni (“Nininho”) e os sobrinhos Benito e Fernando Fantoni. Excetuando os sobrinhos, todos atuaram na época em que o clube era Palestra Itália.
Com 14 anos, já atuava nas categorias de base do Palestra. “Niginho" não foi apenas seu único apelido. Ficou também conhecido como "Carrasco dos Clássicos", por ter sido o palestrino/cruzeirense que mais marcou gols contra Atlético e América.
Em toda a história do maior clássico de Minas Gerais, ninguém foi mais carrasco que o imortal “Niginho”. Carrasco de verdade. Daqueles que fazem muitos gols numa partida e só de entrarem em campo provocava calafrios nos adversários. Em sua primeira passagem pelo Palestra marcou seis vezes em 11 clássicos.
Outro apelido era "Tanque", fruto de sua especialidade, romper as defesas adversárias aproveitando-se de sua alta estatura e força física. "Menino Metralha" foi outro apelido, pois chutava tanto a gol quando chegou ao time principal, aos 19 anos, que logo passou a ser chamado dessa forma.
Por ser alto e forte, “Niginho” fazia da raça a sua principal característica. Armar jogadas não era seu forte. Em compensação tinha grande facilidade de romper defesas com piques rápidos e arremates potentes. Era um atacante de raro talento, tendo marcado 207 gols pelo clube mineiro, em 257 partidas, segundo o Almanaque do Cruzeiro, de Henrique Ribeiro. Em sua primeira passagem pelo Palestra, ganhou um tricampeonato mineiro, em 1928, 1929 e 1930.
Jogou ainda pela Lazio da Itália, Palmeiras, Vasco, Atlético Mineiro e novamente Cruzeiro, onde encerrou a carreira. Foi campeão mineiro em 1928, 1929, 1930, 1940, 1943, 1944 e 1945. Era irmão de Orlando Fantoni, que também jogou futebol e tornou-se renomado treinador após encerrar a carreira.
De acordo com o Almanaque do Palmeiras, de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti, fez seis jogos pelo clube paulista, com a marca incrível de seis gols marcados. Conquistou cinco vitórias e empatou uma partida.
“Niginho” era um dos quatro Fantoni revelados pelo futebol mineiro. Era irmão de João Fantoni (“Ninão”) e Orlando, atacantes, e primo-irmão de “Nininho”, lateral esquerdo. Todos eles começaram a carreira no Palestra (atual Cruzeiro), e um por um foram parar no futebol italiano, onde alcançaram grande sucesso jogando pela Lazio nas décadas de 1920 e 1930.
Na Itália ficaram conhecidos como Fantoni I (“Nininho”), Fantoni II (“Ninão”), Fantoni III (“Niginho”) e Fantoni IV (Orlando). Orlando Fantoni, inclusive, também teve passagens pelo Vasco, tanto como jogador quanto como técnico. “Niginho”, só não chegou a jogar ao lado de Orlando, que começou a carreira já após a morte de “Nininho”.
“Niginho” foi para a Itália em 1930, juntamente com “Ninão”. No ano seguinte receberam a companhia de “Niginho. Na Lazio, seus dois primos jogavam no ataque e ele, na meia. Além deles, a Lazio trouxe outros brasileiros na época, o que faria seu elenco ficar conhecido como “Brasilazio”. Foram os corinthianos Filó, De Maria, Del Debbio, Rato e Amílcar; os palestrinos paulistas Pepe, Duílio Salatin, Enzio Serafini; além de André Tedesco (do Santos) e Benedito (do Botafogo).
A partida mais memorável de “Niginho” pela equipe italiana deu-se contra o Milan, quando marcou quatro gols. A trajetória na Itália, terra das raízes familiares, acabou interrompida quando ele, que tinha dupla cidadania, foi convocado para lutar com as tropas fascistas na Abissinia, invadida pelo exército italiano por ordem de Mussolini.
A convocação deu-se em 1935, um mês após “Niginho” ter-se casado com a húngara Ana, que conhecera em Roma. Não querendo ficar longe de sua esposa e temendo uma guerra, retornou ao Brasil com autorização de sua equipe, que inclusive pagou as despesas com a viagem de navio.
O ano foi difícil: em fevereiro de 1935, o primo “Nininho”, que chegara a atuar pela Seleção Italiana nas eliminatórias da Copa do Mundo, morreu em virtude de uma septicemia decorrida de infecção em lesão que sofrera no nariz em uma partida contra o Torino. Sem o consentimento formal da Lazio, foi jogar em outro Palestra Itália, o de São Paulo.
De volta ao Brasil, “Niginho” incorporou-se novamente ao Palestra, e meses depois, com o campeonato carioca de 1937 já em andamento, foi contratado pelo Vasco. Logo na estréia, fez dois gols no Flamengo. Fazendo gols a rodo - só na goleada de 12 X 0 no Andaraí foram quatro - foi o artilheiro do campeonato com 25 gols em 20 jogos.
Convocado para a Copa do Mundo de 1938 na França, para a reserva de Leônidas da Silva, “Niginho” acabou não atuando. Por ocasião da partida semifinal, por ironia contra a Itália, Leônidas não podia jogar por estar contundido e a Federação Italiana, com o referendo de Mussolini, vetou a escalação de “Niginho”. A FIFA covardemente acatou a ordem e tirou do jogador a chance de participar da competição.
Mas segundo o livro “Seleção Brasileira – 90 Anos”, de Roberto Assaf e Antonio Carlos Napoleão, defendeu o Brasil em quatro jogos entre 1936 e 1937 com três vitórias, uma derrota e dois gols marcados.
De volta ao Vasco depois da Copa, na primeira rodada do campeonato carioca de 1938, “Niginho” aproveitou para fazer mais dois gols no Flamengo, decretando a vitória vascaína por 2 X 0, justamente na inauguração do estádio da Gávea. Para confirmar o hábito, ele repetiu a dose no ano seguinte, com o mesmo placar no mesmo local. Por ironia, foram os dois últimos gols do artilheiro com a camisa cruzmaltina.
“Niginho” era um jogador de invejável categoria, centro-avante artilheiro, tipo oportunista, que não deixava o goleiro picar a bola no chão sem tentar mandá-la para as redes. Segundo o jornalista Plínio Barreto, “Niginho” decidiu uma partida entre Mineiros X Cariocas, em Álvaro Chaves, no Rio, assim: “Estava 3 X 3 e ele pegou uma bola na sua intermediária e saiu driblando. Passou por um, veio o segundo, o terceiro, foi embalando, chegou na área, passou por outro, deixou o goleiro caído e só parou quando esbarrou nas redes”.
Em 1939, ele voltou ao Palestra mineiro, que se renomeou Cruzeiro em 1942. Foi novamente tricampeão estadual, em 1943, 1944 e 1945. Encerrou a carreira em 1946, atuando ao lado do irmão Orlando - que no ano seguinte iria para a Lazio. “Niginho” deixou os gramados com 207 gols em 257 partidas pelo Palestra/Cruzeiro, firmando-se como o maior ídolo do clube na era pré-Mineirão. É também o terceiro maior artilheiro da história do time, pelo qual seria novamente tricampeão estadual em 1959, 1960 e 1961, como treinador.
“Niginho” manteve-se trabalhando no clube social do Cruzeiro até sua morte, em 1975, ocasionada por um mal súbito quando estava a caminho da “”Toca da Raposa” para rever os amigos após afastar-se em virtude de recuperação de uma cirurgia. Premiações: Melhor Jogador do Ano pelo Vasco da Gama, na temporada de 1938. (Pesquisa: Nilo Dias)
Era membro de uma família palestrina. Ao menos cinco familiares atuaram pelo clube mineiro: ele, os irmãos João Fantoni (Ninão) e Orlando Fantoni, o primo Otávio Fantoni (“Nininho”) e os sobrinhos Benito e Fernando Fantoni. Excetuando os sobrinhos, todos atuaram na época em que o clube era Palestra Itália.
Com 14 anos, já atuava nas categorias de base do Palestra. “Niginho" não foi apenas seu único apelido. Ficou também conhecido como "Carrasco dos Clássicos", por ter sido o palestrino/cruzeirense que mais marcou gols contra Atlético e América.
Em toda a história do maior clássico de Minas Gerais, ninguém foi mais carrasco que o imortal “Niginho”. Carrasco de verdade. Daqueles que fazem muitos gols numa partida e só de entrarem em campo provocava calafrios nos adversários. Em sua primeira passagem pelo Palestra marcou seis vezes em 11 clássicos.
Outro apelido era "Tanque", fruto de sua especialidade, romper as defesas adversárias aproveitando-se de sua alta estatura e força física. "Menino Metralha" foi outro apelido, pois chutava tanto a gol quando chegou ao time principal, aos 19 anos, que logo passou a ser chamado dessa forma.
Por ser alto e forte, “Niginho” fazia da raça a sua principal característica. Armar jogadas não era seu forte. Em compensação tinha grande facilidade de romper defesas com piques rápidos e arremates potentes. Era um atacante de raro talento, tendo marcado 207 gols pelo clube mineiro, em 257 partidas, segundo o Almanaque do Cruzeiro, de Henrique Ribeiro. Em sua primeira passagem pelo Palestra, ganhou um tricampeonato mineiro, em 1928, 1929 e 1930.
Jogou ainda pela Lazio da Itália, Palmeiras, Vasco, Atlético Mineiro e novamente Cruzeiro, onde encerrou a carreira. Foi campeão mineiro em 1928, 1929, 1930, 1940, 1943, 1944 e 1945. Era irmão de Orlando Fantoni, que também jogou futebol e tornou-se renomado treinador após encerrar a carreira.
De acordo com o Almanaque do Palmeiras, de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti, fez seis jogos pelo clube paulista, com a marca incrível de seis gols marcados. Conquistou cinco vitórias e empatou uma partida.
“Niginho” era um dos quatro Fantoni revelados pelo futebol mineiro. Era irmão de João Fantoni (“Ninão”) e Orlando, atacantes, e primo-irmão de “Nininho”, lateral esquerdo. Todos eles começaram a carreira no Palestra (atual Cruzeiro), e um por um foram parar no futebol italiano, onde alcançaram grande sucesso jogando pela Lazio nas décadas de 1920 e 1930.
Na Itália ficaram conhecidos como Fantoni I (“Nininho”), Fantoni II (“Ninão”), Fantoni III (“Niginho”) e Fantoni IV (Orlando). Orlando Fantoni, inclusive, também teve passagens pelo Vasco, tanto como jogador quanto como técnico. “Niginho”, só não chegou a jogar ao lado de Orlando, que começou a carreira já após a morte de “Nininho”.
“Niginho” foi para a Itália em 1930, juntamente com “Ninão”. No ano seguinte receberam a companhia de “Niginho. Na Lazio, seus dois primos jogavam no ataque e ele, na meia. Além deles, a Lazio trouxe outros brasileiros na época, o que faria seu elenco ficar conhecido como “Brasilazio”. Foram os corinthianos Filó, De Maria, Del Debbio, Rato e Amílcar; os palestrinos paulistas Pepe, Duílio Salatin, Enzio Serafini; além de André Tedesco (do Santos) e Benedito (do Botafogo).
A partida mais memorável de “Niginho” pela equipe italiana deu-se contra o Milan, quando marcou quatro gols. A trajetória na Itália, terra das raízes familiares, acabou interrompida quando ele, que tinha dupla cidadania, foi convocado para lutar com as tropas fascistas na Abissinia, invadida pelo exército italiano por ordem de Mussolini.
A convocação deu-se em 1935, um mês após “Niginho” ter-se casado com a húngara Ana, que conhecera em Roma. Não querendo ficar longe de sua esposa e temendo uma guerra, retornou ao Brasil com autorização de sua equipe, que inclusive pagou as despesas com a viagem de navio.
O ano foi difícil: em fevereiro de 1935, o primo “Nininho”, que chegara a atuar pela Seleção Italiana nas eliminatórias da Copa do Mundo, morreu em virtude de uma septicemia decorrida de infecção em lesão que sofrera no nariz em uma partida contra o Torino. Sem o consentimento formal da Lazio, foi jogar em outro Palestra Itália, o de São Paulo.
De volta ao Brasil, “Niginho” incorporou-se novamente ao Palestra, e meses depois, com o campeonato carioca de 1937 já em andamento, foi contratado pelo Vasco. Logo na estréia, fez dois gols no Flamengo. Fazendo gols a rodo - só na goleada de 12 X 0 no Andaraí foram quatro - foi o artilheiro do campeonato com 25 gols em 20 jogos.
Convocado para a Copa do Mundo de 1938 na França, para a reserva de Leônidas da Silva, “Niginho” acabou não atuando. Por ocasião da partida semifinal, por ironia contra a Itália, Leônidas não podia jogar por estar contundido e a Federação Italiana, com o referendo de Mussolini, vetou a escalação de “Niginho”. A FIFA covardemente acatou a ordem e tirou do jogador a chance de participar da competição.
Mas segundo o livro “Seleção Brasileira – 90 Anos”, de Roberto Assaf e Antonio Carlos Napoleão, defendeu o Brasil em quatro jogos entre 1936 e 1937 com três vitórias, uma derrota e dois gols marcados.
De volta ao Vasco depois da Copa, na primeira rodada do campeonato carioca de 1938, “Niginho” aproveitou para fazer mais dois gols no Flamengo, decretando a vitória vascaína por 2 X 0, justamente na inauguração do estádio da Gávea. Para confirmar o hábito, ele repetiu a dose no ano seguinte, com o mesmo placar no mesmo local. Por ironia, foram os dois últimos gols do artilheiro com a camisa cruzmaltina.
“Niginho” era um jogador de invejável categoria, centro-avante artilheiro, tipo oportunista, que não deixava o goleiro picar a bola no chão sem tentar mandá-la para as redes. Segundo o jornalista Plínio Barreto, “Niginho” decidiu uma partida entre Mineiros X Cariocas, em Álvaro Chaves, no Rio, assim: “Estava 3 X 3 e ele pegou uma bola na sua intermediária e saiu driblando. Passou por um, veio o segundo, o terceiro, foi embalando, chegou na área, passou por outro, deixou o goleiro caído e só parou quando esbarrou nas redes”.
Em 1939, ele voltou ao Palestra mineiro, que se renomeou Cruzeiro em 1942. Foi novamente tricampeão estadual, em 1943, 1944 e 1945. Encerrou a carreira em 1946, atuando ao lado do irmão Orlando - que no ano seguinte iria para a Lazio. “Niginho” deixou os gramados com 207 gols em 257 partidas pelo Palestra/Cruzeiro, firmando-se como o maior ídolo do clube na era pré-Mineirão. É também o terceiro maior artilheiro da história do time, pelo qual seria novamente tricampeão estadual em 1959, 1960 e 1961, como treinador.
“Niginho” manteve-se trabalhando no clube social do Cruzeiro até sua morte, em 1975, ocasionada por um mal súbito quando estava a caminho da “”Toca da Raposa” para rever os amigos após afastar-se em virtude de recuperação de uma cirurgia. Premiações: Melhor Jogador do Ano pelo Vasco da Gama, na temporada de 1938. (Pesquisa: Nilo Dias)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
O Olímpico deu adeus
O clássico entre Grêmio X Internacional marcou ontem a despedida do Estádio Olímpico Monumental, que foi a casa do tricolor gaúcho durante longos 58 anos. O Estádio foi inaugurado no dia 19 de setembro de 1954, com a realização de um torneio de inauguração.
O Estádio foi projetado pelo arquiteto Plínio Oliveira Almeida, que venceu o concurso realizado em 1950, para esse fim. Quando de sua construção foi tido como o maior estádio particular do mundo. O atacante Vitor entrou para a história do clube por ter anotado o primeiro gol no estádio. Aliás, ele marcou dois gols naquela oportunidade, quando do amistoso contra o Nacional de Montevidéu, vitória gremista por 2 X 0.
A impiedosa goleada da inauguração. Era para ser uma festa. E nada melhor que um jogaço, um clássico já consagrado, para a estréia. Esse deve ter sido o pensamento dos dirigentes gremistas à época da inauguração do estádio Olímpico, em setembro de 1954. Mas os planos não saíram bem conforme o planejado. O resultado da partida daquele dia – um estrondoso 6 X 2 para o maior rival – ficou tão famoso quanto o evento.
E se houve um culpado para a goleada, este culpado chama-se Larry Pinto de Faria, também conhecido pela alcunha de “Cerebral”. Dos pés do atacante – que havia chegado a Porto Alegre meses antes – saíram quatro dos gols da tarde. Jerônimo e Canhotinho completaram o placar do Inter, enquanto Sarará e Zunino marcaram os primeiros gols do Grêmio em Gre-Nais no Olímpico.
O Estádio Olímpico só foi totalmente concluído em meados de 1980, quando foi fechada a última parte do anel superior, ainda sob a coordenação do arquiteto Plínio Almeida, que teve a colaboração dos arquitetos e co-autores Rogério de Castro Oliveira e Flavio Boni. O jogo que marcou a conclusão do estádio, que acresceu ao nome a palavra Monumental, foi um amistoso em que o Grêmio derrotou o Vasco da gama, do Rio de Janeiro, por 1 X 0, disputado no dia 21 de julho de 1980.
Outros Gre-Nais marcantes na história do Estádio Olímpico. Catimba quebrou a hegemonia do Inter e arriscou salto mortal. O Inter havia empilhado oito campeonatos Gaúchos na sequência (de 1969 a 76). Para piorar, o arqui-rival tinha também se consagrado bicampeão brasileiro. E foi em setembro de 1977 que André Catimba, aos 42 minutos do segundo tempo, acabou com a hegemonia colorada.
No jogo que decidia o título do Gauchão daquela temporada, os gremistas esperaram Tarciso bater uma falta da direita, que foi desviada no meio do caminho e caiu na frente de Catimba. O atacante mandou a bola para o gol. A euforia foi enorme no estádio. Entusiasmado, o herói gremista deu um salto desajeitado e desabou de cara no chão - tão forte que foi substituído logo depois. Com o 1 X 0, o Tricolor ficou com a taça e começou a se reerguer para os anos seguintes.
A troca de faixas após a conquista do mundo. A idéia foi de Renato Portaluppi. Responsável pela conquista do Mundial Interclubes de 1983, o dono eterno da camisa 7 gremista respondeu a uma provocação do arqui-rival e marcou o clássico para o início da temporada seguinte. Tudo começou quando Mauro Galvão disse que de nada adiantava o Tricolor ser campeão mundial, se no Estado quem mandava era o Inter, tricampeão gaúcho.
O retruco foi intempestivo. Para decidir quem era melhor, foi realizado um clássico em janeiro de 1984. O jogo ficou conhecido como o Gre-Nal da troca de faixas. E Renato pintou também o Rio Grande do Sul com as cores do Tricolor. O resultado foi 4 X 2 para os donos da casa. O Inter até começou na frente, com gol de Silvio. Daí Osvaldo, Renato, Paulo Cesar e Caio marcaram em sequência para o time gremista. O Colorado ainda fez mais um no final.
Durante mais de meio século o Grêmio viu passar pelo Olímpico Monumental nomes históricos que participaram da vida do clube, como dirigentes, torcedores, técnicos e jogadores. Nesse momento de despedida não podem ser esquecidos nomes como Saturnino Vanzelotti, Fernando Kroeff (o patrono), Renato Souza, Rudi Armin Petry, Hélio Dourado, Fábio Koff e Paulo Odone, este o maior responsável pela construção da nova Arena do clube, um dos estádios mais modernos do mundo, que será inaugurado no próximo sábado, num jogo amistoso contra o Hamburgo, da Alemanha, clube a quem o Grêmio derrotou quando da memorável conquista do Mundial de Clubes, em 1983.
“Uh, Fabiano” faz um risco vermelho em década tricolor. Em 1997, o cenário era outro. Naquele ano, uma luz colorada tentava resplandecer diante de uma década em azul, preto e branco. Cena rara naquela época, o Inter brigava pelo título do Brasileirão. Antes de a bola rolar no Olímpico, provocações azuis, que usaram até um coelho para fazer analogia com a história em que a tartaruga passava na frente. Não adiantou em nada. O placar do jogo terminou em 5 X 2 para o Inter.
Camisa 7 colorado, o atacante Fabiano foi o nome do jogo. Mas não foi dele o primeiro da tarde: Christian abriu o placar logo aos 4. Sandoval aumentou antes do intervalo. No segundo tempo, Fabiano fez dois e Marcelo fez o quinto colorado. No lado do Grêmio, Sérgio Manoel descontou e Gilmar anotou um golaço no finzinho do jogo.
O clássico dos cem anos de rivalidade. Um dia após o aniversário de cem anos do primeiro Gre-Nal, o estádio Olímpico recebeu o clássico de número 377. Na tarde de 19 de julho de 2009, as duas equipes se enfrentaram por mais uma rodada do Campeonato Brasileiro. E nesse embate levou a melhor quem arriscou. Sem contar com Thiego, o técnico Paulo Autuori confiou na improvisação de Mário Fernandes na lateral-direita e confundiu Tite, então comandante do colorado.
O Inter saiu na frente. Aos 25 minutos, Nilmar puxou forte contra-ataque e bateu na saída de Victor. Só que a festa colorada durou apenas dez minutos. O meia Souza cobrou falta perto da área e colocou a bola dentro das redes. O empate entusiasmou os tricolores, que conseguiram a virada no segundo tempo. Após cobrança de escanteio, Réver chutou a bola dentro da área, Guiñazu afastou e o atacante Maxi López empurrou a bola com a cabeça para a meta – 2 X 1.
A última taça é colorada. Um Gre-Nal cheio de atrativos acabou marcando a última finalíssima do estádio Olímpico. Renato Portaluppi ocupava a casamata tricolor, enquanto Paulo Roberto Falcão comandava os colorados na decisão do Gauchão de 2011. E os colorados pisaram no campo do rival como zebras, afinal, uma semana antes, haviam levado 3 X 2 em casa. E, para piorar, saíram perdendo aos 14 minutos do primeiro tempo.
Até meados da etapa inicial só um milagre salvaria o Inter. Falcão, então, ousou. Trocou o zagueiro Juan por Zé Roberto, que deu novo gás ao time. Aos 30, Damião deixou tudo igual e, na garra, um Andrezinho lesionado conseguiu virar aos 45. Na etapa final, D’Alessandro ampliou a vantagem do Inter, que só não conquistou o título durante o jogo, porque Borges descontou antes do apito final: 3 X 2. A decisão, então, foi para os pênaltis. Daí brilhou a estrela de Renan, que defendeu três penais. As cobranças alternadas só terminaram quando, após o erro de Adilson, Zé Roberto converteu e garantiu a taça – que se tornou a última levantada do Olímpico.
Estatísticas do Gre-Nal no Olímpico. Número de clássicos – 122; Vitórias do Grêmio – 41; Vitórias do Inter – 34; Empates – 47; Gols do Grêmio –152;Gols do Inter –132
Jogadores que marcaram suas passagens pelo Grêmio e se tornaram ídolos da torcida, como Alcindo, Ancheta, Everaldo, André Catimba, Baltazar, o artilheiro de Deus, Renato Portaluppi, o uruguaio De Leon, o artilheiro Jardel, porque não Ronaldinho Gaúcho, Anderson Luis, o herói da “Guerra dos Aflitos”, e tantos outros. Os técnicos Osvaldo Rola, o “Foguinho”, Luiz Felipe Scolari, o “Felipão”, Mano Menezes e atualmente o consagrado Vanderlei Luxemburgo.
Alguns torcedores famosos do Grêmio, ainda vivos: Guri de Uruguaiana, Juliano Cazarré, Paulo Santana, Pedro Ernesto Denardin, Adriana Calcanhoto, Antônio Augusto Fagundes, João de Almeida Neto, Kleiton Ramil, Luis Marenco, Luis Carlos Borges, Pedro Ortaça, Renato Borghetti, Yamandu Costa, Luiz Felipe Scolari, Mano Meneses, Alexandre Grendene, Claudio Oderich, Jorge Gerdau, José Fortunati, Nelson Sirotski, Gisele Bundchen, Aleu Collares, Antônio Brito, José Fogaça, Marco Maia e Yeda Crusius.
A capacidade do Estádio era de 45 mil expectadores, confortavelmente instalados em dois anéis, sendo o superior composto por cadeiras. Também possuía no centro um conjunto de 40 camarotes, com 10 lugares cada e cinco camarotes com 20 lugares cada. A Tribuna de honra tinha 140 lugares especiais. Setores para deficientes físicos abrigavam 28 cadeiras de rodas e 22 acompanhantes. E o Salão Nobre do Conselho Deliberativo, composto de um auditório com 220 lugares.
O Estádio possuía seis vestiários profissionais, sendo cinco com saídas para o campo e mais um vestiário de arbitragem. Iluminação: Seis postes de iluminação, com 20 refletores de 1500 watts em cada um, numa potência: 650 Lux. Havia também 26 cabines duplas fixas para a imprensa, e mais 50 cabines provisórias. Duas salas de imprensa e duas salas para entrevistas coletivas. O estacionamento permitia 700 vagas.
A grama utilizada era a Bermuda Green, mas no inverno era trocada pela Raygrass Americana. A distância do gramado, até a torcida, era de 40,7 metros na parte da social. A altura da última fileira de cadeiras, do anel superior, em comparação com o gramado era de 15 metros. A distância da última fileira de cadeiras, do anel superior até o gramado era de 68,83 metros. O gramado possuía 105 x 68m, dimensão esta determinada pela FIFA em jogos de Copa do Mundo.
Um novo placar eletrônico havia sido instalado na parte inferior das arquibancadas. Uma parceria do clube com uma empresa substituiu o antigo,que era composto de diversas lâmpadas e que apenas podia mostrar textos, por um novo com capacidade de gerar imagens com mais de um bilhão de cores. O novo equipamento tinha 32 metros quadrados de área. A mesma empresa instalou o placar eletrônico no estádio Beira-Rio.
O maior público que o estádio recebeu em toda a sua história, foi no dia 26 de abril de 1981, quando 98.421 pessoas, sendo 85.751 pagantes, assistiram o jogo Grêmio 0 X 1 Ponte Preta, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.
O Grêmio conta com uma sede recreativa para sócios na Ilha Grande dos Marinheiros, a Escolinha de Futebol no Parque Cristal, um parque náutico as margens do Guaíba e o Centro de Treinamento Hélio Dourado para as categorias de base em Eldorado do Sul.
O Estádio Olímpico Monumental foi palco para a apresentação de diversas atrações internacionais em Porto Alegre, entre eles: Sting (1984), Rod Stewart (1984), Eric Clapton, com The Reptile Tour, em 10 de Outubro de 2001, Roger Waters, com In The Flash Tour, em 12 de Março de 2002, Rush, com Vapor Trails Tour, em 20 de Novembro de 2002 e Lenny Kravitz, com Baptism Tour, em 15 de Março de 2005. A cantora Madonna é esperada para um show da The MDNA Tour, em 9 de Dezembro de 2012, na nova Arena gremista. (Pesquisa: Nilo Dias)
O Estádio Olímpico agora vai ser demolido.
O Estádio foi projetado pelo arquiteto Plínio Oliveira Almeida, que venceu o concurso realizado em 1950, para esse fim. Quando de sua construção foi tido como o maior estádio particular do mundo. O atacante Vitor entrou para a história do clube por ter anotado o primeiro gol no estádio. Aliás, ele marcou dois gols naquela oportunidade, quando do amistoso contra o Nacional de Montevidéu, vitória gremista por 2 X 0.
A impiedosa goleada da inauguração. Era para ser uma festa. E nada melhor que um jogaço, um clássico já consagrado, para a estréia. Esse deve ter sido o pensamento dos dirigentes gremistas à época da inauguração do estádio Olímpico, em setembro de 1954. Mas os planos não saíram bem conforme o planejado. O resultado da partida daquele dia – um estrondoso 6 X 2 para o maior rival – ficou tão famoso quanto o evento.
E se houve um culpado para a goleada, este culpado chama-se Larry Pinto de Faria, também conhecido pela alcunha de “Cerebral”. Dos pés do atacante – que havia chegado a Porto Alegre meses antes – saíram quatro dos gols da tarde. Jerônimo e Canhotinho completaram o placar do Inter, enquanto Sarará e Zunino marcaram os primeiros gols do Grêmio em Gre-Nais no Olímpico.
O Estádio Olímpico só foi totalmente concluído em meados de 1980, quando foi fechada a última parte do anel superior, ainda sob a coordenação do arquiteto Plínio Almeida, que teve a colaboração dos arquitetos e co-autores Rogério de Castro Oliveira e Flavio Boni. O jogo que marcou a conclusão do estádio, que acresceu ao nome a palavra Monumental, foi um amistoso em que o Grêmio derrotou o Vasco da gama, do Rio de Janeiro, por 1 X 0, disputado no dia 21 de julho de 1980.
Outros Gre-Nais marcantes na história do Estádio Olímpico. Catimba quebrou a hegemonia do Inter e arriscou salto mortal. O Inter havia empilhado oito campeonatos Gaúchos na sequência (de 1969 a 76). Para piorar, o arqui-rival tinha também se consagrado bicampeão brasileiro. E foi em setembro de 1977 que André Catimba, aos 42 minutos do segundo tempo, acabou com a hegemonia colorada.
No jogo que decidia o título do Gauchão daquela temporada, os gremistas esperaram Tarciso bater uma falta da direita, que foi desviada no meio do caminho e caiu na frente de Catimba. O atacante mandou a bola para o gol. A euforia foi enorme no estádio. Entusiasmado, o herói gremista deu um salto desajeitado e desabou de cara no chão - tão forte que foi substituído logo depois. Com o 1 X 0, o Tricolor ficou com a taça e começou a se reerguer para os anos seguintes.
A troca de faixas após a conquista do mundo. A idéia foi de Renato Portaluppi. Responsável pela conquista do Mundial Interclubes de 1983, o dono eterno da camisa 7 gremista respondeu a uma provocação do arqui-rival e marcou o clássico para o início da temporada seguinte. Tudo começou quando Mauro Galvão disse que de nada adiantava o Tricolor ser campeão mundial, se no Estado quem mandava era o Inter, tricampeão gaúcho.
O retruco foi intempestivo. Para decidir quem era melhor, foi realizado um clássico em janeiro de 1984. O jogo ficou conhecido como o Gre-Nal da troca de faixas. E Renato pintou também o Rio Grande do Sul com as cores do Tricolor. O resultado foi 4 X 2 para os donos da casa. O Inter até começou na frente, com gol de Silvio. Daí Osvaldo, Renato, Paulo Cesar e Caio marcaram em sequência para o time gremista. O Colorado ainda fez mais um no final.
Durante mais de meio século o Grêmio viu passar pelo Olímpico Monumental nomes históricos que participaram da vida do clube, como dirigentes, torcedores, técnicos e jogadores. Nesse momento de despedida não podem ser esquecidos nomes como Saturnino Vanzelotti, Fernando Kroeff (o patrono), Renato Souza, Rudi Armin Petry, Hélio Dourado, Fábio Koff e Paulo Odone, este o maior responsável pela construção da nova Arena do clube, um dos estádios mais modernos do mundo, que será inaugurado no próximo sábado, num jogo amistoso contra o Hamburgo, da Alemanha, clube a quem o Grêmio derrotou quando da memorável conquista do Mundial de Clubes, em 1983.
“Uh, Fabiano” faz um risco vermelho em década tricolor. Em 1997, o cenário era outro. Naquele ano, uma luz colorada tentava resplandecer diante de uma década em azul, preto e branco. Cena rara naquela época, o Inter brigava pelo título do Brasileirão. Antes de a bola rolar no Olímpico, provocações azuis, que usaram até um coelho para fazer analogia com a história em que a tartaruga passava na frente. Não adiantou em nada. O placar do jogo terminou em 5 X 2 para o Inter.
Camisa 7 colorado, o atacante Fabiano foi o nome do jogo. Mas não foi dele o primeiro da tarde: Christian abriu o placar logo aos 4. Sandoval aumentou antes do intervalo. No segundo tempo, Fabiano fez dois e Marcelo fez o quinto colorado. No lado do Grêmio, Sérgio Manoel descontou e Gilmar anotou um golaço no finzinho do jogo.
O clássico dos cem anos de rivalidade. Um dia após o aniversário de cem anos do primeiro Gre-Nal, o estádio Olímpico recebeu o clássico de número 377. Na tarde de 19 de julho de 2009, as duas equipes se enfrentaram por mais uma rodada do Campeonato Brasileiro. E nesse embate levou a melhor quem arriscou. Sem contar com Thiego, o técnico Paulo Autuori confiou na improvisação de Mário Fernandes na lateral-direita e confundiu Tite, então comandante do colorado.
O Inter saiu na frente. Aos 25 minutos, Nilmar puxou forte contra-ataque e bateu na saída de Victor. Só que a festa colorada durou apenas dez minutos. O meia Souza cobrou falta perto da área e colocou a bola dentro das redes. O empate entusiasmou os tricolores, que conseguiram a virada no segundo tempo. Após cobrança de escanteio, Réver chutou a bola dentro da área, Guiñazu afastou e o atacante Maxi López empurrou a bola com a cabeça para a meta – 2 X 1.
A última taça é colorada. Um Gre-Nal cheio de atrativos acabou marcando a última finalíssima do estádio Olímpico. Renato Portaluppi ocupava a casamata tricolor, enquanto Paulo Roberto Falcão comandava os colorados na decisão do Gauchão de 2011. E os colorados pisaram no campo do rival como zebras, afinal, uma semana antes, haviam levado 3 X 2 em casa. E, para piorar, saíram perdendo aos 14 minutos do primeiro tempo.
Até meados da etapa inicial só um milagre salvaria o Inter. Falcão, então, ousou. Trocou o zagueiro Juan por Zé Roberto, que deu novo gás ao time. Aos 30, Damião deixou tudo igual e, na garra, um Andrezinho lesionado conseguiu virar aos 45. Na etapa final, D’Alessandro ampliou a vantagem do Inter, que só não conquistou o título durante o jogo, porque Borges descontou antes do apito final: 3 X 2. A decisão, então, foi para os pênaltis. Daí brilhou a estrela de Renan, que defendeu três penais. As cobranças alternadas só terminaram quando, após o erro de Adilson, Zé Roberto converteu e garantiu a taça – que se tornou a última levantada do Olímpico.
Estatísticas do Gre-Nal no Olímpico. Número de clássicos – 122; Vitórias do Grêmio – 41; Vitórias do Inter – 34; Empates – 47; Gols do Grêmio –152;Gols do Inter –132
Jogadores que marcaram suas passagens pelo Grêmio e se tornaram ídolos da torcida, como Alcindo, Ancheta, Everaldo, André Catimba, Baltazar, o artilheiro de Deus, Renato Portaluppi, o uruguaio De Leon, o artilheiro Jardel, porque não Ronaldinho Gaúcho, Anderson Luis, o herói da “Guerra dos Aflitos”, e tantos outros. Os técnicos Osvaldo Rola, o “Foguinho”, Luiz Felipe Scolari, o “Felipão”, Mano Menezes e atualmente o consagrado Vanderlei Luxemburgo.
Alguns torcedores famosos do Grêmio, ainda vivos: Guri de Uruguaiana, Juliano Cazarré, Paulo Santana, Pedro Ernesto Denardin, Adriana Calcanhoto, Antônio Augusto Fagundes, João de Almeida Neto, Kleiton Ramil, Luis Marenco, Luis Carlos Borges, Pedro Ortaça, Renato Borghetti, Yamandu Costa, Luiz Felipe Scolari, Mano Meneses, Alexandre Grendene, Claudio Oderich, Jorge Gerdau, José Fortunati, Nelson Sirotski, Gisele Bundchen, Aleu Collares, Antônio Brito, José Fogaça, Marco Maia e Yeda Crusius.
A capacidade do Estádio era de 45 mil expectadores, confortavelmente instalados em dois anéis, sendo o superior composto por cadeiras. Também possuía no centro um conjunto de 40 camarotes, com 10 lugares cada e cinco camarotes com 20 lugares cada. A Tribuna de honra tinha 140 lugares especiais. Setores para deficientes físicos abrigavam 28 cadeiras de rodas e 22 acompanhantes. E o Salão Nobre do Conselho Deliberativo, composto de um auditório com 220 lugares.
O Estádio possuía seis vestiários profissionais, sendo cinco com saídas para o campo e mais um vestiário de arbitragem. Iluminação: Seis postes de iluminação, com 20 refletores de 1500 watts em cada um, numa potência: 650 Lux. Havia também 26 cabines duplas fixas para a imprensa, e mais 50 cabines provisórias. Duas salas de imprensa e duas salas para entrevistas coletivas. O estacionamento permitia 700 vagas.
A grama utilizada era a Bermuda Green, mas no inverno era trocada pela Raygrass Americana. A distância do gramado, até a torcida, era de 40,7 metros na parte da social. A altura da última fileira de cadeiras, do anel superior, em comparação com o gramado era de 15 metros. A distância da última fileira de cadeiras, do anel superior até o gramado era de 68,83 metros. O gramado possuía 105 x 68m, dimensão esta determinada pela FIFA em jogos de Copa do Mundo.
Um novo placar eletrônico havia sido instalado na parte inferior das arquibancadas. Uma parceria do clube com uma empresa substituiu o antigo,que era composto de diversas lâmpadas e que apenas podia mostrar textos, por um novo com capacidade de gerar imagens com mais de um bilhão de cores. O novo equipamento tinha 32 metros quadrados de área. A mesma empresa instalou o placar eletrônico no estádio Beira-Rio.
O maior público que o estádio recebeu em toda a sua história, foi no dia 26 de abril de 1981, quando 98.421 pessoas, sendo 85.751 pagantes, assistiram o jogo Grêmio 0 X 1 Ponte Preta, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.
O Grêmio conta com uma sede recreativa para sócios na Ilha Grande dos Marinheiros, a Escolinha de Futebol no Parque Cristal, um parque náutico as margens do Guaíba e o Centro de Treinamento Hélio Dourado para as categorias de base em Eldorado do Sul.
O Estádio Olímpico Monumental foi palco para a apresentação de diversas atrações internacionais em Porto Alegre, entre eles: Sting (1984), Rod Stewart (1984), Eric Clapton, com The Reptile Tour, em 10 de Outubro de 2001, Roger Waters, com In The Flash Tour, em 12 de Março de 2002, Rush, com Vapor Trails Tour, em 20 de Novembro de 2002 e Lenny Kravitz, com Baptism Tour, em 15 de Março de 2005. A cantora Madonna é esperada para um show da The MDNA Tour, em 9 de Dezembro de 2012, na nova Arena gremista. (Pesquisa: Nilo Dias)
O Estádio Olímpico agora vai ser demolido.
Assinar:
Postagens (Atom)