Sua
infância em Vespasiano foi sempre jogando bola. Isso lhe ajudou muito. Até
porque seu pai foi jogador profissional e o incentivava muito. Teve a
oportunidade de ser descoberto pelo “Biju”, que era o treinador do América. E o
América treinava em Vespasiano e foi convidado para treinar no América aos 13
anos.
A
sua vitoriosa carreira teve início nas categorias de base do América
Mineiro. Mas atingiu o auge no Grêmio
Portoalegrense e no Atlético Mineiro. Em
1977 foi contratado pelo Grêmio Portoalegrense, onde foi campeão gaúcho em 1977
e 1979. Tem uma história no Grêmio em que Éder se apresentou ao clube com o
braço enfaixado, pois havia sido vítima de um tiro.
Estava
de férias em belo Horizonte. Ele estava com o então atleta e hoje técnico,
Marcelo Oliveira. Havia recém voltado da praia. E ele até iria dormir na casa
de Éder. Mas antes foram num barzinho na rua Paraíba.
Já
estava indo embora, cada um no seu carro. Foi
quando Éder ouviu Marcelo pedindo socorro, pois estava sendo assaltando. Éder
foi para cima dos caras que lhe deram dois tiros, e correram. Quando ele foi levantar o Marcelo, sentiu o
sangue jorrando.
Tem
até hoje essas duas marcas no braço. Foi para o hospital, lúcido. Lá lhe
mostraram as duas marcas e fez a cirurgia. Tinha 21 anos, foi em 1978. Havia
ficado na lista dos 40 jogadores do Cláudio Coutinho, para a Copa da Argentina.
Ele e Falcão.
O
Telê, que era o técnico, chegou no hospital. Éder estava na enfermaria, ao lado
de outras vítimas de um acidente num viaduto. Telê chegou querendo lhe tirar de lá, leva-lo para
um apartamento. Mas não quis. Há quem
diga que foi uma briga que o ponta estava envolvido ao sair de uma boate.
Dois
anos depois (1979), teve seu passe adquirido pelo Atlético Mineiro. Evidente
que sua troca foi facilitada pelo fato de Éder ser atleticano apaixonado desde
criança, e viria a se tornar o grande “Canhão Mineiro”. O jogador viveu no
Atlético a fase mais bela e polêmica de sua carreira no futebol.
Pouco
motivado no Grêmio, Éder conseguiu a inimaginável façanha de bater os sagrados
Reinaldo e Cerezo na preferência da massa atleticana. Nesta
mudança para Belo Horizonte, abandonou alguns vícios, deixou de fumar, por
exemplo, adquiriu alguns hábitos saudáveis, passou a treinar mais e dedicou
atenção especial ao desenvolvimento de seu chute.
Em
consequência, começou a marcar gols olímpicos e suas cobranças de falta
tornaram-se mortais. Só não conseguiu mudar o temperamento explosivo. Acumulou
25 expulsões só no “Galo”.
Éder,
bonito e namorador, chamava a atenção das mulheres e era visto com freqüência
em bares noturnos e boates da capital mineira.
Ao
chegar no “Galo”, em 1980, não gostou de ser reprimido pelo técnico Procópio
Cardoso por enfeitar jogadas e mandou na lata:
"Não
se mete no meu jogo". Em reportagem de abril de 1981, a revista “Placar”
assim descreveu o gênio forte do camisa 11: "Era rebelde, xingava
cartolas, brigava com técnicos, desrespeitava adversários, treinava
pouco".
A
lista de brigas de Éder vai desde Casagrande (sendo reprimido num Atlético x
Caldense) até socos que lhe valeram um lugar na Copa de 1986. Brigou com
companheiros de próprio clube e marcadores dos rivais. Temperamento explosivo,
tal qual a maneira de fuzilar os goleiros. Porém,
soube dosar e amenizar sua imagem de vida boêmia com seu belíssimo desempenho
em campo, sempre com jogadas espetaculares e gols incríveis.
Foi
no alvinegro mineiro que passou a maior parte de sua carreira. Suas grandes
atuações valeram muitas convocações para a Seleção Brasileira. Vestiu a “Canarinho” em 52 partidas, entre
1979 e 1986, sendo cinco não oficiais. Esteve na “Copa do Mundo”, de 1982. Seu
apelido era “Canhão”, uma vez que era dono de um chute muito potente.
Sua
presença na Copa de 1986 era quase certa, uma vez que o técnico Evaristo de
Macedo bancou Éder no elenco titular. A última partida do meio-campista foi
contra o Peru, em abril. O "Bomba" deu um soco no rosto do lateral
peruano Castro e foi expulso pelo árbitro Arnaldo Cezar Coelho. Foi a pá de cal
para a carreira internacional de Éder, que não foi convocado para a Copa.
No
entra e sai no clube mineiro – foram quatro passagens -, sendo a mais conhecida
entre 1979 e 1985, quando conquistou cinco títulos estaduais, 1980, 1981, 1982,
1983 e 1985 e ainda o “Torneio de Paris de Futebol”, em 1982. Éder também foi
agraciado com a “Bola de Prata”, do Campeonato Brasileiro de 1983.
Depois
de uma frustrada passagem pelo futebol turco, onde defendeu o Malatyaspor, Éder
retornou ao Atlético em 1989, tendo conquistado apenas um título, o de campeão
do “Troféu Ramón de Carranza”, em 1990. Éder Aleixo vestiu a camisa do “Galo
Mineiro”, por 368 vezes e marcou 122 gols.
Antes,
havia passado por Internacional, de Limeira, Palmeiras e Santos, todos de São Paulo, Sport Recife,
Botafogo,do Rio de Janeiro, Atlético Paranaense e Cerro Porteño, do Paraguai,
também sem sucesso.
Quase
encerrando a carreira, Éder jogou de novo no Atlético Paranaense, em 1991, e
pelo União São João, de Araras (SP), onde ficou até 1992. Teve ainda uma curta
e surpreendente passagem pelo Cruzeiro, de Belo Horizonte, em 1993, quando
conquistou sua única “Copa do Brasil”.
Defendeu
o Atlético pela derradeira vez entre 1994 e 1995, ano em que voltou a atuar
pelo União São João, onde permaneceu por um ano. Já
sem a qualidade de antigamente, Éder passou alguns meses no Conquista (BA) e no
Gama (DF). Em 1997, foi contratado pelo Montes Claros, quando já tinha 39 anos
de idade. Éder encerrou a carreira pouco depois.
Hoje
em dia, é empresário e comentarista esportivo na TV Globo, em Minas, e também
dono de várias escolinhas de futebol. Chegou a trabalhar como diretor de
futebol do Atlético até 2004.
Em
janeiro deste ano o Atlético Mineiro criou o “Projeto Galo Forte”, que tem como
objetivo buscar mais ajuda na base atleticana. Essa nova criação permitirá a
observação de todas as camadas jovens do clube, o que irá ajudar no trabalho de
montagem e observação de jogadores. O coordenador do projeto é o ex-jogador do
clube Éder Aleixo.
Títulos.
Grêmio. Campeão Gaúcho (1977 e 1979).
Atlético Mineiro. Vice Campeão Brasileiro (1980); Campeão Mineiro (1980, 1981,
1982, 1983, 1985, 1989 e 1995); Campeão do “Troféu Brasília 21 anos” (1981);
Campeão do “Torneio de Paris”, França (1982); Campeão do “Torneio de Bilbao”,
Espanha (1982); Campeão do “Torneio de Berna”, Suíça (1983); Campeão da “Taça
Tancredo Neves” (1983); Campeão do “Torneio de Amsterdã”, (1984); Campeão da
“Taça 40 anos do Sindicato dos Jornalistas” (1985); Campeão do “Troféu Sérgio
Ferrara” (1985) e Campeão do “Troféu Ramón de Carranza”, Espanha (1990).
Cruzeiro.
Campeão da “Copa do Brasil” (1993); Seleção Brasileira. Terceiro lugar na “Copa
América” (1979); Segundo lugar no “Mundialito”, de Montevidéu, Uruguai (1980);
Campeão da “Taça da Inglaterra” (1981). Campeão da “Taça da França” (1981);
Quinto lugar na “Copa do Mundo” (1982); Campeão do “Troféu Sport Billy Time”,
fair play da Copa do Mundo (1982) e Segundo lugar na “Copa América” (1983).
Participou
da goleada histórica do Atlético em cima da Seleção da Colômbia por 6 X 1, no
“Mineirão”, dando um verdadeiro show com suas bombas, sendo um dos heróis do
massacre.
Essa
apresentação foi só uma das que deixaram Telê Santana convicto de que Éder
deveria figurar entre os craques da Seleção Brasileira de 1982 na Copa do
Mundo.
Prêmios:
Revelação do Campeonato brasileiro (Oficial) (1980); “Bola de Prata” do
Campeonato Brasileiro (1983) e 3º Maior Futebolista Sulamericano do ano - El
Mundo – Venezuela (1983).
Também
foi acusado de ganhar dinheiro para correr em direção a uma determinada placa
de propaganda quando comemorasse seus gols, o que o teria levado a não passar
bolas para companheiros mais bem colocados, na ambição mais de dinheiro que
pelos gols. Fez parte do "Galo Hexa", maior seqüência já alcançada em
Minas Gerais na era profissional.
Em
1982, no “Mundial na Espanha”, a tristeza da derrota para a Itália foi
compensada pelo ego vaidoso do ídolo mulherengo que recebeu 16 mil cartas
femininas.
Seu
futebol, cobiçado por clubes do mundo inteiro, foi alvo do Hajmn, um clube do
Emirados Árabes Unidos, que ofereceu sete milhões de dólares pelo
ponta-esquerda.
Se
aceita, seria a mais vultosa transação de toda a história do futebol até aquele
momento, depois da compra do argentino Maradona pelo Barcelona por oito milhões
de dólares.
O
então presidente do Atlético, Elias Kalil recusou a proposta com certa
serenidade. Kalil agiu com o coração de torcedor e constatou que Éder era
insubstituível, pois apesar de todo aquele dinheiro na mão, não conseguiria
comprar nenhum jogador que chutasse como ele.
Carreira
no Atlético. Jogos: 368; Vitórias: 219; Empates: 84; Derrotas: 65; Gols: 122;
Estreia: Atlético 1 X 1 São Paulo, em 3 de fevereiro de 1980; Último jogo:
Atlético 3 X 1 Cruzeiro, em 4 de junho
de 1995. (Pesquisa: Nilo Dias)