Em 17 de julho o Start enfrentou pela primeira vez uma equipe alemã e venceu por 6 X 0. E em 26 de julho derrotou pela segunda vez a Guarnição Hungara. Isso acabou com a paciência dos ocupantes alemães. Em 6 de agosto foi disputada uma partida entre Start X Flakelf, equipe integrada por vários pilotos de “Lutwaffe”, que pretendia manter uma invencibilidade da aviação nazista. O Start venceu por 5 X 1. E três dias depois os alemães pediram revanche.
Em meio a esse clima de guerra aconteceu aquele que não foi apenas um jogo de futebol. O que aconteceu no ano de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, foi um ato de heroísmo que envolveu um time de ucranianos formado em uma padaria e composto na sua maioria por jogadores do Dínamo Kiev. Em plena ocupação alemã, eles cometeram a loucura de derrotar a uma seleção de Hitler, no estádio local.
Em 6 de agosto voltou a derrotar o Flakelf, dessa feita por 5 X 3, o que foi considerado uma afronta para os representantes do Terceiro Reich. O jogo foi apitado por um integrante da SS e foi disputado no Estádio Zenit, com a presença maciça de policiais e tropas alemãs. Ao contrário do clima festivo dos jogos anteriores, esse foi marcado pela tensão. Soldados alemães lotaram os melhores lugares das arquibancadas, deixando os ucranianos espremidos no que sobrou de espaço. Guardas com cães se mantinham postados diante da torcida para garantir a "ordem".
Outro fato que mereceu destaque foi a escalação do Start feita pelo governo da ocupação. O F.C.Start, jogou com Trusevich – Klimenko – Sviridovsky – Sukharev – Balakin – Gundarev – Goncharenko – Chernega – Komarov – Korotkykh – Putistin – Melnik - Timofeyev e Tyutchev. Ao entrar em campo, a equipe recusou-se a fazer a saudação nazista para os soldados e oficiais de alta patente reunidos no estádio.
Os soldados do Flakelf saudaram a tribuna do alto comando com "Heil Hitler" e a multidão aguardou para ver o que os jogadores do Start fariam. A apreensão tomou conta. Todos quietos e os jogadores de cabeça baixa. Um a um, os braços foram erguidos. Os torcedores do Start estavam confusos. Mas quando todos os braços estavam no alto, os jogadores do Start os dobraram sobre o peito e gritaram: "FizcultHura!". O alto comando alemão ficou estupefato. Os torcedores ucranianos aplaudiram e a escolha do termo utilizado para saudação nada mais é do que vida longa ao esporte.
Todo o tipo de jogada violenta foi permitido, sem que o juiz marcasse falta contra os alemães. Até um gol com o goleiro lesionado foi validado. Mesmo assim o primeiro tempo finalizou com o placar de 2 X 1 para o time da padaria de Kiev.
O que se passou no intervalo do jogo, não se sabe com certeza. Mas o time ucraniano foi aconselhado a não vencer, com o argumento: "Vençam e morram, percam e sobrevivam". O preço da vitória seria muito caro, a vida de cada um deles. Mas os companheiros de Trusevich não se intimidaram e aceitaram pagar o preço exigido. Foram melhores em todo o segundo tempo.
Já com o resultado de 5 X 3, aconteceu uma cena que não poderia ser mais humilhante. Klimenko, um zagueiro, ficou parado na linha do gol, com o pé sobre a bola, após ter deixado para trás toda a defesa adversária, até mesmo o confuso goleiro, que engatinhava desesperado de volta às traves. O moço observava.
Quando todos esperavam o gol, o lance inesperado: com um sorriso indisfarçável, o atleta mirou o centro do campo e recolocou a bola em jogo. Castigava seu adversário não fazendo o sexto gol e mostrando que o Start não poderia ser derrotado. O árbitro soprou o apito final antes de completados os noventa minutos. E os refugiados do padeiro Josef, sabiam que esse atrevimento teria consequências.
No dia 16 de agosto, na semana seguinte ao jogo contra os alemães, o Start derrotou o Rukh novamente, desta vez por 8 X 0. Foi sua última partida. Com a alegação de que pertenciam à NKVD, polícia secreta soviética que havia financiado o Dínamo, a maioria dos jogadores foram presos e torturados. Alguns dizem que Kordik, o padeiro, foi o primeiro a morrer: torturado até a morte na frente dos jogadores.
A maioria do time foi mandada para o campo de concentração de Siretz, que era dirigido pelo Obersturmbahnfürer Paul Radomsky. Cruel, sádico, Radomsky era um assassino metódico: levava a cabo fuzilamentos todas as manhãs às seis horas e em seguida retornava para suas dependências, para tomar o seu desjejum. Ali, entregues a um militar doentio, padeceriam e, em sua maioria, morreriam parte dos jogadores do F.C. Start.
Korotkykh foi o primeiro jogador a morrer no campo de concentração, sob tortura. Ali também foram executados, em fevereiro de 1943, os jogadores Ivan Kuzmenko, Oleksey Klimenko, e o goleiro Nikolai Trusevich, que dizem ter morrido com a camisa do FC Start.
Goncharenko, Sviridovsky, e Tyutchev não estavam na padaria no dia fatídico, e viveram escondidos até a libertação de Kiev em novembro de 1943. Foram os principais responsáveis por tornar conhecida a história do FC Start.
Makar Goncharenko, relatou em 1992 que, usando sua camiseta vermelha e negra, o legendário goleiro gritou antes de morrer: “o esporte vermelho nunca morrerá”. Um dia antes havia ocorrido a histórica vitória soviética de Stalingrado. O princípio do fim do nazismo estava em marcha. Em 6 de novembro de 1943 Kiev foi libertada. Apenas havia 80 mil sobreviventes, dos mais de 400 mil que lá moravam em 1941.
O escritor mexicano Juan Villoro, impecável homem das palavras e um preciso observador do fenômeno do futebol, descreveu em seu livro "La historia del fútbol mundial”, muitos episódios emotivos e comoventes, mas seguramente nenhum tão terrível como aquele protagonizado pelos jogadores do Dínamo de Kiev, nos anos quarenta. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e de honra, que não tem, por seu dramatismo, outro caso similar no mundo.
As homenagens aos heróis ucranianos vieram com o tempo. Foram feitos filmes e documentários, foram escritos livros e contos e se ergueram monumentos. Mas houve um modo de evocá-los para sempre: os possuidores de um ingresso daquela partida da morte tiveram direito perpétuo a um lugar gratuito nos jogos do Dínamo. Uma pequena homenagem a quem pôde assistir “aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista”, como diz o monumento que honra os jogadores do Start.
O monumento em homenagem aos quatro heróis kievanos do F.C.Start, Nikolai Trusevich, Korotkykh, Ivan Kuzmenko e Alexei Klimenko está colocado numa praça em frente o estádio do Dínamo de Kiev. È uma estátua esculpida em um único bloco de granito de cerca de três metros de altura, na qual os quatro aparecem abraçados. Há poucos anos, os sobreviventes Goncharenko e Sviridovsky visitaram o monumento em honra aos colegas de time fuzilados.
O “Jogo da Morte” chegou aos cinemas de todo o mundo. O filme “Match”, conta a história do relacionamento entre o goleiro do Start (inspirado em Nikolai “Kolya” Trusevich, arqueiro morto no campo de concentração de Siretz) e uma professora de alemão, personagem sem inspiração real.
Para poder dar mais realismo às cenas e representar Trusevich, o ator principal, Sergei Bezrukov, treinou com o ex-goleiro do Benfica, Porto e seleção russa Sergei Ovchinnikov. Curiosamente, o próprio Nikolai Trusevich auxiliou um ator que protagonizou o filme soviético “O Goleiro”, de 1936, rodado em Kiev.
O filme mais famoso inspirado no “Jogo da Morte” ainda é “Fuga para a Vitória”, do premiado diretor americano John Huston. Na película, o jogo se passa em Paris e os prisioneiros de guerra são soldados aliados que planejam usar a partida para escapar. Entre eles, Pelé e outros jogadores famosos como o argentino Osvaldo Ardiles, o inglês Bobby Moore e o polonês Kazimierz Deyna, os dois últimos já falecidos. Sylvester Stallone faz o papel do goleiro. O filme é considerado dos melhores já produzidos com o futebol como tema.
Ao contrário da versão hollywoodiana, o primeiro filme estrangeiro baseado no “Jogo da Morte” passou longe de ter um final feliz. “Two Half Times in Hell” (“dois tempos de jogo no inferno”, em inglês) é o nome da película dirigida por Zoltán Fábri em 1961 e que conta a história de um time de prisioneiros húngaros convocados para enfrentar uma equipe de alemães em comemoração ao aniversário de Adolf Hitler durante a II Guerra Mundial. Assim como o Start, eles são aconselhados a perder, mas ganham a partida. No filme húngaro, porém, os vencedores acabam tragicamente executados ainda no campo de jogo. (Pesquisa: Nilo Dias)
Os sobreviventes Goncharenko e Sviridovsky visitaram o monumento.
Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
O Jogo da Morte (1)
Em 21 de junho de 1941, os exércitos de Hitler iniciaram a invasão a URSS. O povo soviético, indefeso, foi tomado de surpresa. O ditador Stalin havia firmado um infame “pacto de não agressão” com Hitler em agosto do ano anterior. Os nazistas avançaram quase sem obstáculos e em menos de um mês fizeram mais de um milhão de prisioneiros.
Em 23 de junho, como grande parte da população de Kiev, o goleiro Trusevich, do Dínamo, se apresentou como voluntário ao exército. E responderam que não fazia falta, que tudo estava sob controle. Em julho, começou a evacuação de parte da população civil de Kiev. Um dos centros de operações foi no estádio do Dínamo. Três jogadores, Trusevich, Makhinya e Kuzmenko, foram admitidos finalmente no exército. Outros permaneceram na cidade.
Em que pese a luta feroz do 37º Exército Vermelho, de milicianos e guerrilheiros, em 19 de setembro os nazistas haviam ocupado a capital ucraniana, que se transformou em uma cidade sangrenta e escravizada, com grande parte de sua população encarcerada em prisões e campos de trabalhos forçados.
Os alemães fizeram prisioneiros 630 mil soldados, dos 677 mil que participaram da batalha. Trusevich foi preso e enviado a Darnitsa, um campo de concentração. Isoladamente aconteciam ações de resistência. Em novembro os nazistas disseram que fuzilariam 100 ucranianos por soldado alemão morto. Ao mesmo tempo, muitos habitantes dos campos de concentração foram encaminhados ao trabalho forçado.
Prisioneiros catalogados como "inofensivos" foram libertados e passaram a integrar a população da Kiev ocupada. Os ex-jogadores do Dínamo, “Kolya” Trusevich, Alexei Klimenko, Ivan Kuzmenko, Nikolai Makhinya, Pavel Komarov, Makar Goncharenko, Fyodor Tyutchev, Mikhail Sviridovsky e Mikhail Putsin viram-se de repente em condição de miséria perambulando pelas ruas da cidade, sem ter onde morar ou como se alimentar.
Os nazistas a partir de então começaram a restabelecer a infraestrutura industrial local. Foi quando retornou ao funcionamento a Padaria Nº 3, que era na realidade uma grande fábrica, na qual 300 trabalhadores produziam diariamente mais de 50 toneladas de várias qualidades de pães. A frente dela foi colocado um cidadão tcheco, Josef Kordik, que vivia em Kiev desde a primeira guerra. Havia lutado com os alemães e se somou aos ocupantes. Mas não havia abandonado seu amor aos esportes e seu grande fanatismo pelo Dínamo.
Um dia se encontrou na rua com o goleiro Trusevich, que vivia como um mendigo, faminto e esfarrapado. E o levou para trabalhar na padaria, onde já estavam numerosos desportistas, protegidos por Kordik. E colocou em prática um sonho que tinha oculto. Na primavera de 1942, Trusevich começou a buscar seus antigos companheiros. Foi o começo do Football Club Start , que tanto em russo ucraniano quanto em inglês, significa “começo”.
Nikolai Trusevich nasceu em Odessa, na Ucrânia, em 22 de novembro de 1909. Começou a jogar futebol aos 13 anos, porém só despontou no jogo anos depois por conta de sua condição familiar. Desde muito novo, ajudava a alimentar a família, já que seu pai não conseguia trabalho. Logo conseguiu ocupação como aprendiz numa padaria e acabou se tornando mestre padeiro. O compromisso com o trabalho, o pouco convívio social e a necessidade de retomar os estudos, não deixavam que o futebol fosse prioridade na vida de Trusevich, mesmo assim, quando algum tempo sobrava, ele jogava.
Começou a carreira em sua cidade natal, no time do Pishevik, equipe formada pelos operários da indústria alimentícia local, em 1926. Em 1929 foi vendido ao Dínamo de Odessa, aonde começou a ganhar fama a nível nacional. Durante sete temporadas foi ídolo no clube por seu estilo pouco convencional e arrastava multidões quando jogava justamente por seu jeito brincalhão e exuberante.
Em 1935 transferiu-se para o Dínamo de Kiev, que era um dos melhores times da Europa na época. E foi em Kiev que teve início a carreira trágica, porém heróica, deste grande goleiro ucraniano, que era considerado uma muralha em seu tempo.
Para quem o observava ficava óbvio que o Odessa era pequeno demais para sua habilidade, já que não se restringia à pequena área. Trusevich inovou saindo da área e fazendo muitas vezes a função de zagueiro além de utilizar os pés e não as mãos em grande parte de suas defesas.
História interessante é contada quando depois de uma vitória acachapante sobre a seleção da Turquia, Trusecivh organizou um banquete surpresa para os adversários derrotados. Não que esta atitude estivesse ligada a alguma arrogância, é que Trusevich era homem de maneiras impecáveis e para que a surra em campo sobre o adversário não ficasse vista como falta de educação ou de hospitalidade por parte do povo ucraniano.
Para alegrar os visitantes, Trusevich se incumbiu de distraí-los com sua "dança do goleiro", que consistia em dobrar-se, balançar-se, esticar-se e saltar para apanhar uma bola imaginária ao som de um pot-pourri de tango e jazz. O ponto alto do "espetáculo" de Trusevich se deu quando a música parou e ele se congelou.
De repente, caiu duro para frente, mas instantes antes de tocar o chão, ele esticou os braços e num salto voltou a ficar de pé e a fazer a sua "dança do goleiro" novamente. Inevitavelmente a platéia pediu bis, e Trusevich repetiu sua dança quantas vezes foram necessárias para deixar os visitantes satisfeitos e confortáveis.
Impecável, exigente e bem sucedido em tudo o que fazia, Trusevich não ficaria marcado apenas pela inovação dentro de campo, ou pelo ímpeto de se lançar aos pés dos atacantes em divididas perigosas ou por sua amabilidade, cortesia e alegria. Os tempos de guerra com a invasão alemã e posterior ocupação de Kiev mostraria ao mundo que Trusevich era um homem determinado e filho leal da mãe Rússia.
E na padaria de Kordik se reuniam os sobreviventes que permaneciam na cidade, como Mikhail Putistin, Ivan Kuzmenko, Makar Goncharenko, Mikhail Svyridovskiy, Fedir Tyutchev, Mykola Korotkykh e Oleksiy Klimenko. A eles se somaram três integrantes do Lokomotiv Kiev: Vladimir Balakin, Mikhail Melnyk e Vasil Sukharev. Shchegotsky havia saído da cidade e lutava no Exército Vermelho, assim como Makhinya. Yatchmennnikov havia morrido num campo de concentração. Lazar Kogen havia sido fuzilado por ser judeu, e Burdukov havia desaparecido.
Todo o grupo de limpeza externa da fábrica era formado por jogadores de futebol, e desde as janelas recebiam a solidariedade de seus companheiros que lhes atiravam pães, arriscando a vida, caso fossem vistos pelos nazistas
Kordik conseguiu que as autoridades locais recomeçassem o campeonato de Kiev. Foi organizada uma liga, que era mantida por Georgi Shvetsov, antigo futebolista e técnico do Rukh. A decisão de entrar para a liga não foi fácil para os jogadores do Start. Havia entre eles os que acreditavam que participar do campeonato de Shvetsov era o equivalente a colaborar com os nazistas, que patrocinavam a liga como meio de reintroduzir a "normalidade" na cidade sitiada. Outros eram da opinião de que jogar poderia ajudar a aumentar a moral da população de Kiev.
A equipe por fim decidiu participar. Para enfatizar o fato de que estavam jogando pela cidade, os futebolistas usavam camisas de malha vermelhas, que Trusevich e Putsin haviam encontrado em um depósito abandonado. Com Trusevich a frente, e os demais jogadores do Dínamo, e vários do Lokomotiv, formou-se o F.C. Start. O único jogador do time que tinha chuteiras apropriadas era o ponta Makar Goncharenko.
Em 7 de junho começou o torneio. Como um milagre apareceu uma equipe com camisas vermelhas. Apesar do estado de debilidade física de seus integrantes, o F.C. Start venceu ao Rukh por 7 X 2. Logo depois, no novo estádio, o Zenit, derrotou a Guarnição Húngara por 6 X 2. E poucos dias depois, a Guarnição Romena, por 11 X 0. Depois aplicou 9 X 1 nos Operários da Estrada de Ferro.
O MSG, da Hungria perdeu duas vezes, 5 X 1 e 3 X 2. Um ar nervoso começou a soprar. Os alemães aumentaram o preço dos ingressos para cinco rublos, numa tentativa de afastar os ucranianos dos estádios. Mas de nada adiantou, o futebol se tornara uma das poucas, se não a única forma de diversão e de esquecimento da vida difícil que estavam levando. Continuaram a encher os estádios para torcer pelo F.C.Start.
Um dos pontos fundamentais da ideologia nazista era o controle dos meios de comunicação, através da propaganda oficial e da destruição da imprensa livre. E na Ucrânia não foi diferente. Após a tomada de Kiev, um único jornal continuou aberto na cidade, o "Nova Ukrainski Slovo".
No início da retomada do futebol, quando o esporte era apoiado pelos alemães, o diário dedicava um bom espaço à apresentação das partidas. No dia seguinte, porém, relegava as vitórias do Start aos pés de alguma coluna de menor visibilidade. (Pesquisa: Nilo Dias)
O time do F.C. Stuart.
Em 23 de junho, como grande parte da população de Kiev, o goleiro Trusevich, do Dínamo, se apresentou como voluntário ao exército. E responderam que não fazia falta, que tudo estava sob controle. Em julho, começou a evacuação de parte da população civil de Kiev. Um dos centros de operações foi no estádio do Dínamo. Três jogadores, Trusevich, Makhinya e Kuzmenko, foram admitidos finalmente no exército. Outros permaneceram na cidade.
Em que pese a luta feroz do 37º Exército Vermelho, de milicianos e guerrilheiros, em 19 de setembro os nazistas haviam ocupado a capital ucraniana, que se transformou em uma cidade sangrenta e escravizada, com grande parte de sua população encarcerada em prisões e campos de trabalhos forçados.
Os alemães fizeram prisioneiros 630 mil soldados, dos 677 mil que participaram da batalha. Trusevich foi preso e enviado a Darnitsa, um campo de concentração. Isoladamente aconteciam ações de resistência. Em novembro os nazistas disseram que fuzilariam 100 ucranianos por soldado alemão morto. Ao mesmo tempo, muitos habitantes dos campos de concentração foram encaminhados ao trabalho forçado.
Prisioneiros catalogados como "inofensivos" foram libertados e passaram a integrar a população da Kiev ocupada. Os ex-jogadores do Dínamo, “Kolya” Trusevich, Alexei Klimenko, Ivan Kuzmenko, Nikolai Makhinya, Pavel Komarov, Makar Goncharenko, Fyodor Tyutchev, Mikhail Sviridovsky e Mikhail Putsin viram-se de repente em condição de miséria perambulando pelas ruas da cidade, sem ter onde morar ou como se alimentar.
Os nazistas a partir de então começaram a restabelecer a infraestrutura industrial local. Foi quando retornou ao funcionamento a Padaria Nº 3, que era na realidade uma grande fábrica, na qual 300 trabalhadores produziam diariamente mais de 50 toneladas de várias qualidades de pães. A frente dela foi colocado um cidadão tcheco, Josef Kordik, que vivia em Kiev desde a primeira guerra. Havia lutado com os alemães e se somou aos ocupantes. Mas não havia abandonado seu amor aos esportes e seu grande fanatismo pelo Dínamo.
Um dia se encontrou na rua com o goleiro Trusevich, que vivia como um mendigo, faminto e esfarrapado. E o levou para trabalhar na padaria, onde já estavam numerosos desportistas, protegidos por Kordik. E colocou em prática um sonho que tinha oculto. Na primavera de 1942, Trusevich começou a buscar seus antigos companheiros. Foi o começo do Football Club Start , que tanto em russo ucraniano quanto em inglês, significa “começo”.
Nikolai Trusevich nasceu em Odessa, na Ucrânia, em 22 de novembro de 1909. Começou a jogar futebol aos 13 anos, porém só despontou no jogo anos depois por conta de sua condição familiar. Desde muito novo, ajudava a alimentar a família, já que seu pai não conseguia trabalho. Logo conseguiu ocupação como aprendiz numa padaria e acabou se tornando mestre padeiro. O compromisso com o trabalho, o pouco convívio social e a necessidade de retomar os estudos, não deixavam que o futebol fosse prioridade na vida de Trusevich, mesmo assim, quando algum tempo sobrava, ele jogava.
Começou a carreira em sua cidade natal, no time do Pishevik, equipe formada pelos operários da indústria alimentícia local, em 1926. Em 1929 foi vendido ao Dínamo de Odessa, aonde começou a ganhar fama a nível nacional. Durante sete temporadas foi ídolo no clube por seu estilo pouco convencional e arrastava multidões quando jogava justamente por seu jeito brincalhão e exuberante.
Em 1935 transferiu-se para o Dínamo de Kiev, que era um dos melhores times da Europa na época. E foi em Kiev que teve início a carreira trágica, porém heróica, deste grande goleiro ucraniano, que era considerado uma muralha em seu tempo.
Para quem o observava ficava óbvio que o Odessa era pequeno demais para sua habilidade, já que não se restringia à pequena área. Trusevich inovou saindo da área e fazendo muitas vezes a função de zagueiro além de utilizar os pés e não as mãos em grande parte de suas defesas.
História interessante é contada quando depois de uma vitória acachapante sobre a seleção da Turquia, Trusecivh organizou um banquete surpresa para os adversários derrotados. Não que esta atitude estivesse ligada a alguma arrogância, é que Trusevich era homem de maneiras impecáveis e para que a surra em campo sobre o adversário não ficasse vista como falta de educação ou de hospitalidade por parte do povo ucraniano.
Para alegrar os visitantes, Trusevich se incumbiu de distraí-los com sua "dança do goleiro", que consistia em dobrar-se, balançar-se, esticar-se e saltar para apanhar uma bola imaginária ao som de um pot-pourri de tango e jazz. O ponto alto do "espetáculo" de Trusevich se deu quando a música parou e ele se congelou.
De repente, caiu duro para frente, mas instantes antes de tocar o chão, ele esticou os braços e num salto voltou a ficar de pé e a fazer a sua "dança do goleiro" novamente. Inevitavelmente a platéia pediu bis, e Trusevich repetiu sua dança quantas vezes foram necessárias para deixar os visitantes satisfeitos e confortáveis.
Impecável, exigente e bem sucedido em tudo o que fazia, Trusevich não ficaria marcado apenas pela inovação dentro de campo, ou pelo ímpeto de se lançar aos pés dos atacantes em divididas perigosas ou por sua amabilidade, cortesia e alegria. Os tempos de guerra com a invasão alemã e posterior ocupação de Kiev mostraria ao mundo que Trusevich era um homem determinado e filho leal da mãe Rússia.
E na padaria de Kordik se reuniam os sobreviventes que permaneciam na cidade, como Mikhail Putistin, Ivan Kuzmenko, Makar Goncharenko, Mikhail Svyridovskiy, Fedir Tyutchev, Mykola Korotkykh e Oleksiy Klimenko. A eles se somaram três integrantes do Lokomotiv Kiev: Vladimir Balakin, Mikhail Melnyk e Vasil Sukharev. Shchegotsky havia saído da cidade e lutava no Exército Vermelho, assim como Makhinya. Yatchmennnikov havia morrido num campo de concentração. Lazar Kogen havia sido fuzilado por ser judeu, e Burdukov havia desaparecido.
Todo o grupo de limpeza externa da fábrica era formado por jogadores de futebol, e desde as janelas recebiam a solidariedade de seus companheiros que lhes atiravam pães, arriscando a vida, caso fossem vistos pelos nazistas
Kordik conseguiu que as autoridades locais recomeçassem o campeonato de Kiev. Foi organizada uma liga, que era mantida por Georgi Shvetsov, antigo futebolista e técnico do Rukh. A decisão de entrar para a liga não foi fácil para os jogadores do Start. Havia entre eles os que acreditavam que participar do campeonato de Shvetsov era o equivalente a colaborar com os nazistas, que patrocinavam a liga como meio de reintroduzir a "normalidade" na cidade sitiada. Outros eram da opinião de que jogar poderia ajudar a aumentar a moral da população de Kiev.
A equipe por fim decidiu participar. Para enfatizar o fato de que estavam jogando pela cidade, os futebolistas usavam camisas de malha vermelhas, que Trusevich e Putsin haviam encontrado em um depósito abandonado. Com Trusevich a frente, e os demais jogadores do Dínamo, e vários do Lokomotiv, formou-se o F.C. Start. O único jogador do time que tinha chuteiras apropriadas era o ponta Makar Goncharenko.
Em 7 de junho começou o torneio. Como um milagre apareceu uma equipe com camisas vermelhas. Apesar do estado de debilidade física de seus integrantes, o F.C. Start venceu ao Rukh por 7 X 2. Logo depois, no novo estádio, o Zenit, derrotou a Guarnição Húngara por 6 X 2. E poucos dias depois, a Guarnição Romena, por 11 X 0. Depois aplicou 9 X 1 nos Operários da Estrada de Ferro.
O MSG, da Hungria perdeu duas vezes, 5 X 1 e 3 X 2. Um ar nervoso começou a soprar. Os alemães aumentaram o preço dos ingressos para cinco rublos, numa tentativa de afastar os ucranianos dos estádios. Mas de nada adiantou, o futebol se tornara uma das poucas, se não a única forma de diversão e de esquecimento da vida difícil que estavam levando. Continuaram a encher os estádios para torcer pelo F.C.Start.
Um dos pontos fundamentais da ideologia nazista era o controle dos meios de comunicação, através da propaganda oficial e da destruição da imprensa livre. E na Ucrânia não foi diferente. Após a tomada de Kiev, um único jornal continuou aberto na cidade, o "Nova Ukrainski Slovo".
No início da retomada do futebol, quando o esporte era apoiado pelos alemães, o diário dedicava um bom espaço à apresentação das partidas. No dia seguinte, porém, relegava as vitórias do Start aos pés de alguma coluna de menor visibilidade. (Pesquisa: Nilo Dias)
O time do F.C. Stuart.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Campeão mundial morre em rodovia gaúcha
A morte anda rodando o futebol gaúcho. No último sábado morreu vitimado por um câncer o ex-zagueiro Vicente, que jogou no Santos e no Grêmio, entre outros clubes. Hoje, chega a notícia do trágico falecimento de Marcos Antônio Lemes Tozze, o “Catê”, que ficou conhecido no mundo futebolístico ao se tornar campeão mundial pelo São Paulo F.C., em 1992.
O ex-atleta tinha 38 anos de idade e morreu na colisão entre um caminhão Scania e o Fiat Uno, com placas de Itajaí (SC), em que viajava. O acidente aconteceu por volta das 10h40min da manhã desta terça-feira na RS-122, em Ipê (RS), a 184 km de Porto Alegre.
De acordo com policiais rodoviários, “Catê” viajava sozinho e provavelmente perdeu o controle do veículo em uma curva, o que fez com que seu Uno fosse parar no sentido oposto e batesse de frente com o caminhão. O motorista do outro veículo não se feriu. O ex-atacante morreu no local. Chovia no momento do acidente.
Natural de Cruz Alta, (RS), ele iniciou a carreira como ponteiro-direito no Guarany local, em 1989. Em 1990 foi para Grêmio antes de ganhar destaque no São Paulo, onde foi dirigido por Telê Santana entre 1991 e 1994 e integrou o grupo campeão mundial em 1992.
Depois do São Paulo jogou no Cruzeiro-BH (1994), Universidad Católica-Chile (1996-1997), Sampdoria-Itália (1998-1999), Flamengo-RJ (2000), Esportivo-RS (2006) e Brusque-SC (2008). Depois que parou de jogar, treinou o Itinga, do Maranhão em 2008. Atualmente dirigia clubes da várzea gaúcha.
Sua melhor fase foi no São Paulo, onde disputou 136 jogos e marcou 23 gols entre 1991 e 1997. Também esteve emprestado para outros clubes nesse período. Com a camisa são-paulina, foi bicampeão da Libertadores (1992 e 1993) e ainda conquistou o título mundial em 1992, além de um Paulistão (1992), Recopa (1993) e uma Copa Conmebol (1994).
Também foi campeão mineiro pelo Cruzeiro (1994), campeão carioca pelo Flamengo (2000), do Sul-Americano Sub-20 com a Seleção Brasileira em 1993, campeão mundial sub-20, em 1993 pela Seleção Brasileira e campeão chileno (1997), pelo Universidad Católica.
Na sua cidade natal, Catê era uma celebridade e servia de exemplo para jovens talentos que se inspiravam no seu futebol para obterem o mesmo sucesso que ele teve dentro das quatro linhas. “Catè” costumava realizar partidas amistosas e torneios de incentivo para crianças e jovens. (Pesquisa: Nilo Dias)
"Catê", nos bons tempos do São Paulo.
O ex-atleta tinha 38 anos de idade e morreu na colisão entre um caminhão Scania e o Fiat Uno, com placas de Itajaí (SC), em que viajava. O acidente aconteceu por volta das 10h40min da manhã desta terça-feira na RS-122, em Ipê (RS), a 184 km de Porto Alegre.
De acordo com policiais rodoviários, “Catê” viajava sozinho e provavelmente perdeu o controle do veículo em uma curva, o que fez com que seu Uno fosse parar no sentido oposto e batesse de frente com o caminhão. O motorista do outro veículo não se feriu. O ex-atacante morreu no local. Chovia no momento do acidente.
Natural de Cruz Alta, (RS), ele iniciou a carreira como ponteiro-direito no Guarany local, em 1989. Em 1990 foi para Grêmio antes de ganhar destaque no São Paulo, onde foi dirigido por Telê Santana entre 1991 e 1994 e integrou o grupo campeão mundial em 1992.
Depois do São Paulo jogou no Cruzeiro-BH (1994), Universidad Católica-Chile (1996-1997), Sampdoria-Itália (1998-1999), Flamengo-RJ (2000), Esportivo-RS (2006) e Brusque-SC (2008). Depois que parou de jogar, treinou o Itinga, do Maranhão em 2008. Atualmente dirigia clubes da várzea gaúcha.
Sua melhor fase foi no São Paulo, onde disputou 136 jogos e marcou 23 gols entre 1991 e 1997. Também esteve emprestado para outros clubes nesse período. Com a camisa são-paulina, foi bicampeão da Libertadores (1992 e 1993) e ainda conquistou o título mundial em 1992, além de um Paulistão (1992), Recopa (1993) e uma Copa Conmebol (1994).
Também foi campeão mineiro pelo Cruzeiro (1994), campeão carioca pelo Flamengo (2000), do Sul-Americano Sub-20 com a Seleção Brasileira em 1993, campeão mundial sub-20, em 1993 pela Seleção Brasileira e campeão chileno (1997), pelo Universidad Católica.
Na sua cidade natal, Catê era uma celebridade e servia de exemplo para jovens talentos que se inspiravam no seu futebol para obterem o mesmo sucesso que ele teve dentro das quatro linhas. “Catè” costumava realizar partidas amistosas e torneios de incentivo para crianças e jovens. (Pesquisa: Nilo Dias)
"Catê", nos bons tempos do São Paulo.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
A morte do ex-zagueiro Vicente
Morreu na madrugada de sábado (24), aos 62 anos de idade, completados em 5 de setembro, o ex-zagueiro Vicente Gonçalves de Paulo, que jogou no Santos de Pelé, nos anos 70. Ele lutava contra um câncer já há algum tempo. O sepultamente aconteceu sábado, às 18 horas, no cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre. Deixou a esposa Deise e três filhos: Rodrigo, Tatiana e Laura.
Vicente nasceu em Bagé (RS), e começou sua carreira de futebolista jogando de centromédio nos juvenis do Guarany. Depois mudou de posição, tornando-se zagueiro e capitão da equipe que em 1970 tinha como técnico o ex-jogador Saulzinho, que brilhou no Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. O time conquistou o hexacampeão citadino.
Em 1971, por indicação do saudoso Raul Donazar Calvete, bicampeão mundial, em 1962/1963, pelo Santos, Vicente foi vendido ao clube da Vila Belmiro. Calvete sempre se manteve muito ligado ao clube praiano, sendo amigo pessoal de muitos ex-jogadores, entre os quais José Eli Miranda, o "Zito", um centromédio de técnica apurada. O fabuloso time do Santos daquela época formava com Gilmar - Lima – Mauro - Calvete e Dalmo - Zito e Mengávio – Dorval – Coutinho - Pelé e Pepe.
Aos 21 anos de idade Vicente foi para o Santos. Na chegada a Vila Belmiro, a saudação do “Rei” foi marcada por um tapinha no rosto e o desejo de “boa sorte, gaúcho”. Não demorou para se firmar no time titular. Em 1973 foi campeão paulista, no célebre título repartido com a Portuguesa de Desportos, por erro do árbitro Armando Marques, na contagem dos pênaltis que decidiram a partida, depois de empate no tempo normal.
Antes da cobrança das penalidades, contava Vicente, Pelé chamou os demais jogadores e disse que, para descontrair, iriam dançar em roda, o que realmente aconteceu. Esse foi o último título ganho por Pelé. Em 1974, Vicente também era titular da zaga santista no jogo que marcou a despedida de Pelé com a camisa do alvinegro paulista, na vitória de 2 x 0 contra a Ponte Preta.
Depois que saiu do Santos em 1974, Vicente foi campeão paranaense com o Coritiba, em 1976. Em 1977 foi para o Grêmio Portoalegrense, onde se sagrou campeão gaúcho em 1977, 1979 e 1980. No tricolor do Olímpico foi ainda campeão brasileiro em 1981. Vicente também participou de vários Gre-Nais de 78 a 81 e lembra com orgulho desta história. Segundo ele, jogar Gre-Nal significa participar da história mais bonita e do clássico mais disputado do futebol.
Depois de 1982, ao deixar o Grêmio, defendeu o Caxias, São José, Operário, de Campo Grande (MS) e encerrou a carreira no Próspera, de Criciúma (SC). Lá mesmo, começou como técnico, em uma carreira meteórica. Trabalhou ainda no Avaí, de Florianópolis (SC), Marcílio Dias, de Itajai (SC) e Bagé. No clube jalde-negro bageense trabalhou por três oportunidades, 1983, 1987 e 1993. Foram 58 partidas, com 22 vitórias, 17 empates e 19 derrotas.
Treinou ainda os juniores do Grêmio Portoalegrense, revelando jogadores como Arílson, para Felipão aproveitar. Se afastou da profissão pela decepção que teve com dirigentes e alguns atletas. Depois, radicou-se em Porto Alegre, onde dirigia o Departamento de Futebol de 7 do Grêmio Portoalegrense, e desde 1997 presidia a Federação Gaúcha de Beach Soccer.
Em 2005, o Instituto das Crianças e Adolescentes São Francisco de Assis, antigo Instituto de Menores de Bagé, homenageou vários ex-jogadores nascidos na cidade e que jogaram em outros centros futebolísticos do país. Vicente foi um dos homenageados e na ocasião foi representado por sua irmã Maria Antonieta.
No livro “Enciclopédia do futebol gaúcho”, de autoria de Marco Antônio Damian e César Freitas, Vicente é descrito como “zagueiro estilo xerife, líder, limpa área, forte, firme, vigoroso, boa técnica e virtudes na bola aérea”. (Pesquisa: Nilo Dias)
Vicente com a camisa do Santos F.C
Vicente nasceu em Bagé (RS), e começou sua carreira de futebolista jogando de centromédio nos juvenis do Guarany. Depois mudou de posição, tornando-se zagueiro e capitão da equipe que em 1970 tinha como técnico o ex-jogador Saulzinho, que brilhou no Vasco da Gama, do Rio de Janeiro. O time conquistou o hexacampeão citadino.
Em 1971, por indicação do saudoso Raul Donazar Calvete, bicampeão mundial, em 1962/1963, pelo Santos, Vicente foi vendido ao clube da Vila Belmiro. Calvete sempre se manteve muito ligado ao clube praiano, sendo amigo pessoal de muitos ex-jogadores, entre os quais José Eli Miranda, o "Zito", um centromédio de técnica apurada. O fabuloso time do Santos daquela época formava com Gilmar - Lima – Mauro - Calvete e Dalmo - Zito e Mengávio – Dorval – Coutinho - Pelé e Pepe.
Aos 21 anos de idade Vicente foi para o Santos. Na chegada a Vila Belmiro, a saudação do “Rei” foi marcada por um tapinha no rosto e o desejo de “boa sorte, gaúcho”. Não demorou para se firmar no time titular. Em 1973 foi campeão paulista, no célebre título repartido com a Portuguesa de Desportos, por erro do árbitro Armando Marques, na contagem dos pênaltis que decidiram a partida, depois de empate no tempo normal.
Antes da cobrança das penalidades, contava Vicente, Pelé chamou os demais jogadores e disse que, para descontrair, iriam dançar em roda, o que realmente aconteceu. Esse foi o último título ganho por Pelé. Em 1974, Vicente também era titular da zaga santista no jogo que marcou a despedida de Pelé com a camisa do alvinegro paulista, na vitória de 2 x 0 contra a Ponte Preta.
Depois que saiu do Santos em 1974, Vicente foi campeão paranaense com o Coritiba, em 1976. Em 1977 foi para o Grêmio Portoalegrense, onde se sagrou campeão gaúcho em 1977, 1979 e 1980. No tricolor do Olímpico foi ainda campeão brasileiro em 1981. Vicente também participou de vários Gre-Nais de 78 a 81 e lembra com orgulho desta história. Segundo ele, jogar Gre-Nal significa participar da história mais bonita e do clássico mais disputado do futebol.
Depois de 1982, ao deixar o Grêmio, defendeu o Caxias, São José, Operário, de Campo Grande (MS) e encerrou a carreira no Próspera, de Criciúma (SC). Lá mesmo, começou como técnico, em uma carreira meteórica. Trabalhou ainda no Avaí, de Florianópolis (SC), Marcílio Dias, de Itajai (SC) e Bagé. No clube jalde-negro bageense trabalhou por três oportunidades, 1983, 1987 e 1993. Foram 58 partidas, com 22 vitórias, 17 empates e 19 derrotas.
Treinou ainda os juniores do Grêmio Portoalegrense, revelando jogadores como Arílson, para Felipão aproveitar. Se afastou da profissão pela decepção que teve com dirigentes e alguns atletas. Depois, radicou-se em Porto Alegre, onde dirigia o Departamento de Futebol de 7 do Grêmio Portoalegrense, e desde 1997 presidia a Federação Gaúcha de Beach Soccer.
Em 2005, o Instituto das Crianças e Adolescentes São Francisco de Assis, antigo Instituto de Menores de Bagé, homenageou vários ex-jogadores nascidos na cidade e que jogaram em outros centros futebolísticos do país. Vicente foi um dos homenageados e na ocasião foi representado por sua irmã Maria Antonieta.
No livro “Enciclopédia do futebol gaúcho”, de autoria de Marco Antônio Damian e César Freitas, Vicente é descrito como “zagueiro estilo xerife, líder, limpa área, forte, firme, vigoroso, boa técnica e virtudes na bola aérea”. (Pesquisa: Nilo Dias)
Vicente com a camisa do Santos F.C
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
"Galego" eterno!!!
Não sei se Paulo de Souza Lobo, o “Galego”, foi o melhor treinador de futebol que o interior do Estado do Rio Grande do Sul conheceu. Mas que está entre os mais importantes, não tem a menor dúvida. Eu trabalhava na imprensa de Pelotas quando conheci “Galego” e fui seu amigo por muitos anos. Lembro que suas entrevistas quase não tinham fim por conta das respostas intermináveis. Certa vez pedi que fosse mais objetivo e ele não deixou por menos: só dizia sim, ou não.
Ele era uma figura pitoresca, capaz de protagonizar os episódios mais estranhos. Até uma barraca no meio do gramado do Estádio da Boca do Lobo, do E.C. Pelotas, chegou a montar. Se bem me recordo, foi uma promessa feita para ganhar o campeonato da cidade. Uma ocasião mordeu o dedo em riste de um juiz, desavisadamente em sua cara. Mas, loucuras à parte, sabia como lidar com sua equipe.
Costumava fazer os jogadores apertarem as mãos antes de cada jogo, como demonstração de união, e ensinava o respeito aos adversários, proibindo seus comandados de praticarem jogo violento. Também ensinava pelo exemplo. Insistia para que seus atletas não fumassem e nem bebessem, hábitos que ele nunca teve.
Ele também era um técnico criativo, pois quando estava doente e treinava o Rio-Grandense, as instruções aos jogadores eram mandadas em gravações vindas de Pelotas, onde residia. Galego era assim, uma figura interessante, quase um psicólogo, polêmico, mas de uma enorme competência.
Era casado com dona Geni Rodrigues Lobo, com quem teve três filhos. Eu conheci toda a sua família e muitas vezes o visitei em sua casa no Bairro Simões Lopes. Tudo o que juntou na carreira de jogador e técnico, Paulo de Souza Lobo aplicou na compra de uma frota de táxis, que operavam no ponto frente o Bar Cruz de Malta, no centro da cidade.
“Galego” nasceu em Piratini (RS), no dia 23 de fevereiro de 1926 e faleceu em Pelotas, no dia 9 de outubro de 1996,estando sepultado no Cemitério São Francisco de Paula, daquela cidade. Quando tinha apenas seis anos de idade ficou órfão e foi levado pelo irmão João Alfredo, para morar na "Princesa do Sul". A carreira de futebolista teve início em 1944, nas categorias de base do G.E. Brasil, de Pelotas.
Em 1945 já fazia parte do elenco de profissionais, promovido pelo técnico José Duarte Júnior, “Teté”. Seu primeiro jogo no time de cima foi um amistoso disputado em Pelotas, no dia 10 de junho de 1945, contra o Guarany, de Bagé, em que o Brasil venceu por 3 X 1.
Era um centro-médio de técnica apurada, ora defendendo, ora armando e um líder nato dentro de campo. Como jogador teve a oportunidade de enfrentar consagrados “monstros” do futebol brasileiro, como Jair da Rosa Pinto e Zizinho, que atuaram em jogos amistosos em Pelotas, frente o G.E. Brasil.
Em 1952 foi emprestado ao Cruzeiro de Porto Alegre. Não teve sorte, ficou apenas cinco meses no “estrelado” da capital, pois acabou sofrendo uma séria lesão em um dos joelhos, e em conseqüência teve de abandonar precocemente a carreira de jogador, aos 26 anos de idade. O técnico do Cruzeiro era Gentil Cardoso, que teve influência decisiva na sua carreira como treinador. Como atleta “Galego” participou de 185 jogos e marcou 76 gols.
Seu último jogo como atleta profissional foi no dia 29 de março de 1953, um amistoso em que o Brasil foi goleado pelo Olaria, do Rio de Janeiro, por 7 X 4. Depois foi aproveitado como técnico das categorias de base. E deu certo, tanto que ao final do ano já era treinador dos profissionais. E se sagrou tri-campeão da cidade, 1953, 1954 e 1955.
Seu primeiro jogo como treinador foi no dia 19 de abril de 1953, quando o Brasil perdeu de 2 X 1 para o Pelotas, pelo Torneio Quadrangular. Em 1956 foi contratado pelo rival E.C. Pelotas e continuou a empilhar títulos. No áureo-cerúleo foi também tri-campeão municipal, em 1956, 1957 e 1958. Ao final de 1955 jogou futebol de salão no time do E.C. Pelotas, que recém havia sido organizado para disputar o campeonato da cidade.
Paulo de Souza Lobo ficou no E.C. Pelotas até 1962. Em 1963 estava de volta ao G.E. Brasil, onde permaneceu até 1966, ano em que foi técnico do G.A. Farroupilha, de Pelotas. Em 1967 comandou o F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande e em 1968 o S.C. São Paulo, também da “cidade marítima”. Ao final de 1968 voltou ao G.E. Brasil, onde ficou até 1970.
Em 1971 “Galego” foi contratado pelo G.E. Bagé, onde permaneceu até 1977, voltando em 1979 e deixando definitivamente o clube em 1980. Ele escreveu seu nome história do tradicional clube bageense, sendo o técnico que mais tempo permaneceu à frente do jalde-negro: foram 405 jogos, número jamais alcançado por outro treinador.
Sua passagem por Bagé foi tão marcante, que em 1977 foi condecorado com o título de “Cidadão Bageense”, através de um decreto aprovado pela Câmara Municipal de Vereadores, por indicação do Vereador Iolando Maurente, que disse na ocasião: “... um desprendido homem que sendo pago para ministrar futebol e fabricar vitórias para alegrar o povo, também forma ideais, cuida do homem pelo homem, ensina a vida pela vida, revela talentos, exerce liderança e assume, contesta, explica, entende. Paulo de Souza Lobo fez. Fez alegria dentro e fora do estádio.”
Também foi agraciado com a "Figueira de Bronze", que destaca pessoas dos mais diferentes ramos de atividades na zona sul do Estado, outorgado em 1983. E recebeu o título de “Cidadão Pelotense”, pela Câmara Municipal de Pelotas, em 5 de outubro de 1988.
Foi considerado inúmeras vezes "melhor treinador do ano" em Bagé e Pelotas. Foi sócio laureado pela Federação Gaúcha de Futebol. No dia 9 de fevereiro de 1994, “Galego” foi homenageado pela diretoria do E.C. Pelotas, durante um almoço que contou com a presença na época do técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira, e de seu auxiliar Zagalo. Uma rua do Pontal da Barra, em Pelotas, tem o nome de Paulo de Souza Lobo.
Durante mais de 40 anos de carreira, “Galego” trabalhou em apenas três cidades e sete clubes. Pelotas, onde treinou G.E. Brasil, E.C. Pelotas e G.A. Farroupilha, Rio Grande, onde comandou o F.B.C. Rio-Grandense e Sport Club São Paulo, e Bagé, onde foi treinador do G.E. Bagé e do Guarany F.C. Em três oportunidades treinou seleções gaúchas, contando com jogadores que jogavam nos clubes do interior. Seu último jogo como treinador foi no dia 29 de novembro de 1992, pelo Campeonato Estadual da 1ª Divisão, um clássico Bra-Pel, vencido pelo Pelotas, por 1 X 0.
Sempre dizia que os melhores treinadores que conheceu foram Gentil Cardoso e José Duarte Junior, o saudoso “Teté”. Antes de se tornar profissional, o seu ídolo era Teotônio Soares, ex-atacante do Brasil e que depois foi árbitro do futebol pelotense. Vários foram os jogadores revelados por “Galego”, entre eles Joaquinzinho, Suly, Ademir Alcântara e João Borges.
O consagrado treinador nunca quis treinar Grêmio e Internacional, embora tenha recebido vários convites nesse sentido. Ele achava que num clube grande sua maneira de trabalhar não seria bem aceita. Não gostava que se intrometessem naquilo que fazia. Ele saiu do próprio Brasil, em 1992, por divergir de alguns dirigentes. Nunca assinou um contrato formal como treinador. Ele acreditava que a palavra de um homem valia mais que qualquer papel.
Foi sempre bem mais que um treinador. Gostava de cuidar de tudo, nos mínimos detalhes. Não raras vezes foi cozinheiro, massagista, roupeiro, conselheiro, pai, amigo e segurança. Fazia rifas para ajudar o clube, cuidava da concentração, amparava famílias de jogadores, enfim, era um verdadeiro pai de todos.
Se algum jogador, em véspera de jogo pensasse em dar uma “fugidinha” da concentração, para ver como as coisas estavam do lado de fora, acabava desistindo, pois “Galego” sempre estava por perto. Nas concentrações, fazia questão de ele mesmo entregar o lanche aos atletas. Cuidava de todos como se fossem seus filhos.
Ao final dos treinos sempre reservava uma boa surpresa, fossem rodadas de melancias, que ele mesmo fazia questão de cortar e entregar os pedaços aos atletas, ou passeios em um dos carros novos que comprava para o ponto de taxi. Os seus atletas eram os primeiros a darem uma voltinha para experimentar.
“Galego” dirigiu a dupla Bra-Pel por cerca de 30 anos, estando sempre acima da rivalidade existente entre os dois tradicionais clubes da cidade. Treinou o “xavante” em 455 jogos, nos períodos de 1953 à 1955, 1962 à 1966, 1981 à 1982, 1989 e 1991 à 1992. Somando os 185 jogos como atleta, participou de 637 partidas pelo rubro-negro.
Títulos e troféus conquistados como jogador: Campeão Pelotense (1946, 1948, 1949, 1950, 1952); Campeão Regional (1949 e 1950); Campeão da Taça Eficiência (1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1950, 1951 e 1952); Campeão da Taça Galenogal Ltda – Torneio Início (1947); Taça Ouriversaria Cruz – Citadino (1950); Campeão da Taça Prefeitura Municipal de Pelotas – Festa de Encerramento da Liga Pelotense de Futebol - Temporada 1947; Campeão do Torneio Dia do Futebol (1949); Campeão do Torneio Início (1947); Campeão do Torneio Pelotas-Rio Grande (1952).
Títulos e troféus como treinador. Campeão da Cidade (1953, 1954, 1955, 1962, 1963, 1964 e 1982; Campeão da Copa Clébel Furtado (1992); Vice-Campeão Estadual (1953, 1954 e 1955); Campeão do Estadual da Divisão de Acesso (1991); Campeão do Interior (1953, 1954, 1955 e 1963); Campeão Regional (1953, 1954, 1955 e 1961); Campeão da Taça Casa Oliveira (1955); Campeão da Taça Cidade de Porto Alegre (1991); Campeão da Taça Eficiência (1953, 1954 e 1955); Campeão do Torneio Avant-Premiére (1963); Campeão do Torneio Início (1954, 1955, 1964 e 1965); Campeão do Torneio Início da Federação Gaúcha de Futebol (1965); Campeão do Torneio Quadrangular Barutot Veloso (1963); Campeão do Torneio Triangular Bagé-Pelotas (1954); Campeão do Troféu Doutor Waldemar Fetter (1965).
Quando Paulo de Souza Lobo, o “Galego”” morreu, a Federação Gaúcha de Futebol decretou três dias de luto oficial, e ordenou que em cada jogo de futebol realizado no Estado, fosse dedicado um minuto de silêncio em respeito à sua memória. (Pesquisa: Nilo Dias)
Ele era uma figura pitoresca, capaz de protagonizar os episódios mais estranhos. Até uma barraca no meio do gramado do Estádio da Boca do Lobo, do E.C. Pelotas, chegou a montar. Se bem me recordo, foi uma promessa feita para ganhar o campeonato da cidade. Uma ocasião mordeu o dedo em riste de um juiz, desavisadamente em sua cara. Mas, loucuras à parte, sabia como lidar com sua equipe.
Costumava fazer os jogadores apertarem as mãos antes de cada jogo, como demonstração de união, e ensinava o respeito aos adversários, proibindo seus comandados de praticarem jogo violento. Também ensinava pelo exemplo. Insistia para que seus atletas não fumassem e nem bebessem, hábitos que ele nunca teve.
Ele também era um técnico criativo, pois quando estava doente e treinava o Rio-Grandense, as instruções aos jogadores eram mandadas em gravações vindas de Pelotas, onde residia. Galego era assim, uma figura interessante, quase um psicólogo, polêmico, mas de uma enorme competência.
Era casado com dona Geni Rodrigues Lobo, com quem teve três filhos. Eu conheci toda a sua família e muitas vezes o visitei em sua casa no Bairro Simões Lopes. Tudo o que juntou na carreira de jogador e técnico, Paulo de Souza Lobo aplicou na compra de uma frota de táxis, que operavam no ponto frente o Bar Cruz de Malta, no centro da cidade.
“Galego” nasceu em Piratini (RS), no dia 23 de fevereiro de 1926 e faleceu em Pelotas, no dia 9 de outubro de 1996,estando sepultado no Cemitério São Francisco de Paula, daquela cidade. Quando tinha apenas seis anos de idade ficou órfão e foi levado pelo irmão João Alfredo, para morar na "Princesa do Sul". A carreira de futebolista teve início em 1944, nas categorias de base do G.E. Brasil, de Pelotas.
Em 1945 já fazia parte do elenco de profissionais, promovido pelo técnico José Duarte Júnior, “Teté”. Seu primeiro jogo no time de cima foi um amistoso disputado em Pelotas, no dia 10 de junho de 1945, contra o Guarany, de Bagé, em que o Brasil venceu por 3 X 1.
Era um centro-médio de técnica apurada, ora defendendo, ora armando e um líder nato dentro de campo. Como jogador teve a oportunidade de enfrentar consagrados “monstros” do futebol brasileiro, como Jair da Rosa Pinto e Zizinho, que atuaram em jogos amistosos em Pelotas, frente o G.E. Brasil.
Em 1952 foi emprestado ao Cruzeiro de Porto Alegre. Não teve sorte, ficou apenas cinco meses no “estrelado” da capital, pois acabou sofrendo uma séria lesão em um dos joelhos, e em conseqüência teve de abandonar precocemente a carreira de jogador, aos 26 anos de idade. O técnico do Cruzeiro era Gentil Cardoso, que teve influência decisiva na sua carreira como treinador. Como atleta “Galego” participou de 185 jogos e marcou 76 gols.
Seu último jogo como atleta profissional foi no dia 29 de março de 1953, um amistoso em que o Brasil foi goleado pelo Olaria, do Rio de Janeiro, por 7 X 4. Depois foi aproveitado como técnico das categorias de base. E deu certo, tanto que ao final do ano já era treinador dos profissionais. E se sagrou tri-campeão da cidade, 1953, 1954 e 1955.
Seu primeiro jogo como treinador foi no dia 19 de abril de 1953, quando o Brasil perdeu de 2 X 1 para o Pelotas, pelo Torneio Quadrangular. Em 1956 foi contratado pelo rival E.C. Pelotas e continuou a empilhar títulos. No áureo-cerúleo foi também tri-campeão municipal, em 1956, 1957 e 1958. Ao final de 1955 jogou futebol de salão no time do E.C. Pelotas, que recém havia sido organizado para disputar o campeonato da cidade.
Paulo de Souza Lobo ficou no E.C. Pelotas até 1962. Em 1963 estava de volta ao G.E. Brasil, onde permaneceu até 1966, ano em que foi técnico do G.A. Farroupilha, de Pelotas. Em 1967 comandou o F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande e em 1968 o S.C. São Paulo, também da “cidade marítima”. Ao final de 1968 voltou ao G.E. Brasil, onde ficou até 1970.
Em 1971 “Galego” foi contratado pelo G.E. Bagé, onde permaneceu até 1977, voltando em 1979 e deixando definitivamente o clube em 1980. Ele escreveu seu nome história do tradicional clube bageense, sendo o técnico que mais tempo permaneceu à frente do jalde-negro: foram 405 jogos, número jamais alcançado por outro treinador.
Sua passagem por Bagé foi tão marcante, que em 1977 foi condecorado com o título de “Cidadão Bageense”, através de um decreto aprovado pela Câmara Municipal de Vereadores, por indicação do Vereador Iolando Maurente, que disse na ocasião: “... um desprendido homem que sendo pago para ministrar futebol e fabricar vitórias para alegrar o povo, também forma ideais, cuida do homem pelo homem, ensina a vida pela vida, revela talentos, exerce liderança e assume, contesta, explica, entende. Paulo de Souza Lobo fez. Fez alegria dentro e fora do estádio.”
Também foi agraciado com a "Figueira de Bronze", que destaca pessoas dos mais diferentes ramos de atividades na zona sul do Estado, outorgado em 1983. E recebeu o título de “Cidadão Pelotense”, pela Câmara Municipal de Pelotas, em 5 de outubro de 1988.
Foi considerado inúmeras vezes "melhor treinador do ano" em Bagé e Pelotas. Foi sócio laureado pela Federação Gaúcha de Futebol. No dia 9 de fevereiro de 1994, “Galego” foi homenageado pela diretoria do E.C. Pelotas, durante um almoço que contou com a presença na época do técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira, e de seu auxiliar Zagalo. Uma rua do Pontal da Barra, em Pelotas, tem o nome de Paulo de Souza Lobo.
Durante mais de 40 anos de carreira, “Galego” trabalhou em apenas três cidades e sete clubes. Pelotas, onde treinou G.E. Brasil, E.C. Pelotas e G.A. Farroupilha, Rio Grande, onde comandou o F.B.C. Rio-Grandense e Sport Club São Paulo, e Bagé, onde foi treinador do G.E. Bagé e do Guarany F.C. Em três oportunidades treinou seleções gaúchas, contando com jogadores que jogavam nos clubes do interior. Seu último jogo como treinador foi no dia 29 de novembro de 1992, pelo Campeonato Estadual da 1ª Divisão, um clássico Bra-Pel, vencido pelo Pelotas, por 1 X 0.
Sempre dizia que os melhores treinadores que conheceu foram Gentil Cardoso e José Duarte Junior, o saudoso “Teté”. Antes de se tornar profissional, o seu ídolo era Teotônio Soares, ex-atacante do Brasil e que depois foi árbitro do futebol pelotense. Vários foram os jogadores revelados por “Galego”, entre eles Joaquinzinho, Suly, Ademir Alcântara e João Borges.
O consagrado treinador nunca quis treinar Grêmio e Internacional, embora tenha recebido vários convites nesse sentido. Ele achava que num clube grande sua maneira de trabalhar não seria bem aceita. Não gostava que se intrometessem naquilo que fazia. Ele saiu do próprio Brasil, em 1992, por divergir de alguns dirigentes. Nunca assinou um contrato formal como treinador. Ele acreditava que a palavra de um homem valia mais que qualquer papel.
Foi sempre bem mais que um treinador. Gostava de cuidar de tudo, nos mínimos detalhes. Não raras vezes foi cozinheiro, massagista, roupeiro, conselheiro, pai, amigo e segurança. Fazia rifas para ajudar o clube, cuidava da concentração, amparava famílias de jogadores, enfim, era um verdadeiro pai de todos.
Se algum jogador, em véspera de jogo pensasse em dar uma “fugidinha” da concentração, para ver como as coisas estavam do lado de fora, acabava desistindo, pois “Galego” sempre estava por perto. Nas concentrações, fazia questão de ele mesmo entregar o lanche aos atletas. Cuidava de todos como se fossem seus filhos.
Ao final dos treinos sempre reservava uma boa surpresa, fossem rodadas de melancias, que ele mesmo fazia questão de cortar e entregar os pedaços aos atletas, ou passeios em um dos carros novos que comprava para o ponto de taxi. Os seus atletas eram os primeiros a darem uma voltinha para experimentar.
“Galego” dirigiu a dupla Bra-Pel por cerca de 30 anos, estando sempre acima da rivalidade existente entre os dois tradicionais clubes da cidade. Treinou o “xavante” em 455 jogos, nos períodos de 1953 à 1955, 1962 à 1966, 1981 à 1982, 1989 e 1991 à 1992. Somando os 185 jogos como atleta, participou de 637 partidas pelo rubro-negro.
Títulos e troféus conquistados como jogador: Campeão Pelotense (1946, 1948, 1949, 1950, 1952); Campeão Regional (1949 e 1950); Campeão da Taça Eficiência (1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1950, 1951 e 1952); Campeão da Taça Galenogal Ltda – Torneio Início (1947); Taça Ouriversaria Cruz – Citadino (1950); Campeão da Taça Prefeitura Municipal de Pelotas – Festa de Encerramento da Liga Pelotense de Futebol - Temporada 1947; Campeão do Torneio Dia do Futebol (1949); Campeão do Torneio Início (1947); Campeão do Torneio Pelotas-Rio Grande (1952).
Títulos e troféus como treinador. Campeão da Cidade (1953, 1954, 1955, 1962, 1963, 1964 e 1982; Campeão da Copa Clébel Furtado (1992); Vice-Campeão Estadual (1953, 1954 e 1955); Campeão do Estadual da Divisão de Acesso (1991); Campeão do Interior (1953, 1954, 1955 e 1963); Campeão Regional (1953, 1954, 1955 e 1961); Campeão da Taça Casa Oliveira (1955); Campeão da Taça Cidade de Porto Alegre (1991); Campeão da Taça Eficiência (1953, 1954 e 1955); Campeão do Torneio Avant-Premiére (1963); Campeão do Torneio Início (1954, 1955, 1964 e 1965); Campeão do Torneio Início da Federação Gaúcha de Futebol (1965); Campeão do Torneio Quadrangular Barutot Veloso (1963); Campeão do Torneio Triangular Bagé-Pelotas (1954); Campeão do Troféu Doutor Waldemar Fetter (1965).
Quando Paulo de Souza Lobo, o “Galego”” morreu, a Federação Gaúcha de Futebol decretou três dias de luto oficial, e ordenou que em cada jogo de futebol realizado no Estado, fosse dedicado um minuto de silêncio em respeito à sua memória. (Pesquisa: Nilo Dias)
sábado, 17 de dezembro de 2011
“Le Tissier”, o Deus desconhecido
Eu vi muitos jogadores baterem pênaltis com perfeição. E entre eles cito Antônio Azambuja Nunes, o “Nico”, que atuou por muitos anos no F.B.C. Rio-Grandense, da cidade gaúcha de Rio Grande. Não tenho certeza de quantas penalidades máximas ele bateu em toda a sua carreira, sei que foram muitas. E errou apenas uma, e assim mesmo numa decisão por pênaltis contra o Gaúcho, de Passo Fundo em 1966, numa época em que o mesmo jogador era escalado para fazer todas as cobranças. Nos 90 minutos, balançou a rede, sempre.
Mas na história do futebol mundial houve um jogador também notável na cobrança de pênaltis, foi Matthew Paul Le Tissier, ou simplesmente Matt Le Tissier. Ele nasceu na paróquia de Saint Peter Port, na ilha de Guernsey, uma dependência da Coroa Britânica, que não faz parte do Reino Unido, no dia 14 de outubro de 1968. Com altura de 1.86 cm e 86 quilos, jogava como atacante.
Matthew Le Tissier marcou gols antológicos, sempre de uma impressionante beleza. Um meia-atacante habilidoso, com visão de jogo fantástica, que finalizava com uma precisão ímpar e tinha uma incrível capacidade de bater pênaltis – só errou um em toda sua carreira, a exemplo de “Nico”. Segundo ele, “nunca precisou correr muito, pois fazia a bola correr por ele”.
Foi o primeiro meia a ultrapassar a marca de 100 gols na “Premier League”. Foram 162, no total, em 443 partidas com a camisa do Southampton, um pequeno clube da Inglaterra. Embora cobiçado por todos os grandes clubes ingleses e também pelos estrangeiros, não quis deixar o seu clube de coração, rejeitando propostas mais vantajosas.
Tissier foi um craque como poucos, diferente daqueles que trocam de camisa de time da mesma forma que trocam de roupas. Dizem que certa ocasião, o habilidoso meio campista rasgou um contrato com o Tottenham e em outra esnobou uma proposta do Chelsea. Foi quando ganhou o apelido de “Le God”, que significa “O Deus”. No mundo do futebol, onde o dinheiro sempre fala mais alto, é cada vez mais difícil encontrar jogadores que coloquem o amor ao clube acima de qualquer coisa.
Meia-atacante, Le Tissier dispunha de excepcionais habilidades técnicas, tendo atuado toda sua carreira profissional pelo Southampton, onde se tornou o segundo maior goleador da história da equipe, atrás apenas de Mick Channon. Também ficou em segundo numa lista dos cinquenta maiores jogadores da história do Southampton criada pela revista “Times”, atrás do próprio Channon.
“Le God”, como era apelidado pela torcida dos “Saints”, foi o primeiro jogador nascido nas Ilhas do Canal, território britânico localizado na costa da França, a vestir a camisa do English Team. Foram apenas oito convocações para a seleção principal. Le Tissier nunca jogou uma Copa do Mundo, apesar de ter sido especulado como possível convocado em 1998.
Foram 16 anos de carreira dedicados ao Southampton. O segundo maior artilheiro da história do clube. No final da temporada 2001-2002, atrapalhado por seguidas lesões, se aposentou aos 33 anos, quando ainda tinha muito para mostrar.
O ano passado, o meia Xavi, do Barcelona, afirmou que Le Tissier foi um de seus ídolos de infância, pela maneira como enfileirava adversários sem precisar correr, “simplesmente passava entre eles”. Mas Xavi teve a “sorte” de ser criado em um clube espetacular, campeão de tudo o que já disputou, além de ter sido campeão mundial pela sua seleção. Le Tissier nunca teve isso. Para ele só o que importava era o amor ao clube.
Depois que deixou os gramados Le Tissier voltou a sua terra natal, onde preside a "Combined Counties Football League", o equivalente à Nona Divisão do futebol inglês. (Pesquisa: Nilo Dias)
Mas na história do futebol mundial houve um jogador também notável na cobrança de pênaltis, foi Matthew Paul Le Tissier, ou simplesmente Matt Le Tissier. Ele nasceu na paróquia de Saint Peter Port, na ilha de Guernsey, uma dependência da Coroa Britânica, que não faz parte do Reino Unido, no dia 14 de outubro de 1968. Com altura de 1.86 cm e 86 quilos, jogava como atacante.
Matthew Le Tissier marcou gols antológicos, sempre de uma impressionante beleza. Um meia-atacante habilidoso, com visão de jogo fantástica, que finalizava com uma precisão ímpar e tinha uma incrível capacidade de bater pênaltis – só errou um em toda sua carreira, a exemplo de “Nico”. Segundo ele, “nunca precisou correr muito, pois fazia a bola correr por ele”.
Foi o primeiro meia a ultrapassar a marca de 100 gols na “Premier League”. Foram 162, no total, em 443 partidas com a camisa do Southampton, um pequeno clube da Inglaterra. Embora cobiçado por todos os grandes clubes ingleses e também pelos estrangeiros, não quis deixar o seu clube de coração, rejeitando propostas mais vantajosas.
Tissier foi um craque como poucos, diferente daqueles que trocam de camisa de time da mesma forma que trocam de roupas. Dizem que certa ocasião, o habilidoso meio campista rasgou um contrato com o Tottenham e em outra esnobou uma proposta do Chelsea. Foi quando ganhou o apelido de “Le God”, que significa “O Deus”. No mundo do futebol, onde o dinheiro sempre fala mais alto, é cada vez mais difícil encontrar jogadores que coloquem o amor ao clube acima de qualquer coisa.
Meia-atacante, Le Tissier dispunha de excepcionais habilidades técnicas, tendo atuado toda sua carreira profissional pelo Southampton, onde se tornou o segundo maior goleador da história da equipe, atrás apenas de Mick Channon. Também ficou em segundo numa lista dos cinquenta maiores jogadores da história do Southampton criada pela revista “Times”, atrás do próprio Channon.
“Le God”, como era apelidado pela torcida dos “Saints”, foi o primeiro jogador nascido nas Ilhas do Canal, território britânico localizado na costa da França, a vestir a camisa do English Team. Foram apenas oito convocações para a seleção principal. Le Tissier nunca jogou uma Copa do Mundo, apesar de ter sido especulado como possível convocado em 1998.
Foram 16 anos de carreira dedicados ao Southampton. O segundo maior artilheiro da história do clube. No final da temporada 2001-2002, atrapalhado por seguidas lesões, se aposentou aos 33 anos, quando ainda tinha muito para mostrar.
O ano passado, o meia Xavi, do Barcelona, afirmou que Le Tissier foi um de seus ídolos de infância, pela maneira como enfileirava adversários sem precisar correr, “simplesmente passava entre eles”. Mas Xavi teve a “sorte” de ser criado em um clube espetacular, campeão de tudo o que já disputou, além de ter sido campeão mundial pela sua seleção. Le Tissier nunca teve isso. Para ele só o que importava era o amor ao clube.
Depois que deixou os gramados Le Tissier voltou a sua terra natal, onde preside a "Combined Counties Football League", o equivalente à Nona Divisão do futebol inglês. (Pesquisa: Nilo Dias)
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
O centenário "Leão do Norte" (Final)
Meses depois do término do Campeonato Paulista da Série A-3 2010, na reunião do Conselho Arbitral do Campeonato Paulista da Série A-2 2011, o Votoraty Futebol Clube desistiu de sua participação na competição e com isso foi definida a inclusão do Comercial Futebol Clube. Com a quinta colocação no Campeonato Paulista da Série A-3 o Leão voltou a Série A-2. Alguns torcedores dizem que esta decisão foi uma "Justiça Divina".
Depois de 25 anos de sofrimento e muita dor na segunda e terceira divisão, o Comercial Futebol Clube conseguiu o acesso a elite do Campeonato Paulista, justamente no ano do seu centenário quebrando um longo jejum. Num jogo vencido contra o São José por 1 X 0, com gol contra do zagueiro adversário. Mais de 25 mil torcedores, presentes ao Estádio Doutor Francisco Palma Travassos, fizeram uma grande festa.
Neste ano de 2011, ano do centenário, o Comercial realizou sua primeira excursão para Europa. O “Bafo” fez cinco jogos amistosos, todos na Áustria. Venceu 3, empatou 1 e perdeu 1, marcou 11 gols e sofreu 8.
Os destaques ficaram para os jogos do Comercial contra o Steau Bucareste e Anzhi Makhachkala. O Steau é campeão da UEFA Champions League de 1986 e o principal time da Romênia, onde joga o zagueiro Fred, responsável por marcar, e impedir os gols de Ronaldo Fenômeno, no seu jogo de despedida da Seleção (07/06/2011: Brasil 1x0 Romênia - Pacaembu - Gol: Fred (Brasil)).
Já o Anzhi Makhachkala é o atual clube do lateral-esquerdo Roberto Carlos, tetra e pentacampeão do mundo com a Seleção Brasileira. Roberto Carlos é ex-jogador do Palmeiras e Corinthians. Roberto Carlos esteve em campo no jogo Comercial FC 2 x 1 Anzhi.
A campanha do Comercial na Europa teve os seguintes resultados:
30/06 – Comercial F.C. 3 x 1 Gratkorn F.C.; 02/07 - Comercial F.C. 1 x 3 LASK Linz; 04/07 - Comercial F.C. 2 x 2 Steau Bucareste; 06/07 - Comercial F.C. 3 x 1 KSV Kapfenberg F.C. e 10/07 - Comercial F.C. 2 x 1 Anzhi Makhachkala.
Em 10 de outubro de 2011 o Comercial F.C. completou 100 anos de existência. Um grande jantar, com a presença de ídolos, personalidades e políticos foi realizado pela diretoria. Uma parceria com o F.C. Wacker Innsbruck, time da Áustria, também foi anunciada no dia do centenário.
O Jogo do Centenário, que foi o primeiro após a data de aniversário do clube (10 de outubro), aconteceu no dia 12 de outubro de 2011, pela Copa Paulista 2011. Com seu estádio sendo reformado, o Comercial teve que jogar na casa de seu rival, o Estádio Santa Cruz, do Botafogo. Na partida, o Leão enfrentou o Audax de São Paulo, em jogo que terminou empatado em 1 X 1. Para esta partida, o Comercial também utilizou um uniforme especial, com uma camisa dourada.
A primeira tentativa de mudança do escudo comercialino aconteceu em 2010, com a inclusão da frase “Comercial Meu Amor Imortal “em volta do escudo. A idéia durou até o fim daquele mesmo ano.
Em 2011 a diretoria comercialina propôs a remodernização do escudo, sugerindo dois modelos, que foram aprovados pelo Conselho Deliberativo.
Mas, por exigência da torcida, o atual escudo do clube foi mantido. Mas poderá utilizar o atual, com um circulo branco em volta, escrito dentro Comercial FC 1911; e o segundo, o escudo parecido com o atual, mas com Comercial F.C. no lugar de Ribeirão Preto. O nome da cidade passa para a última faixa transversal branca, e ganha a companhia da sigla do estado: Ribeirão Preto-SP.
Ainda em 2011 foi vice-campeão da Copa Paulista, perdendo o título para o Paulista de Jundiaí. A equipe profissional do Comercial não disputava uma final de torneio oficial desde 1993, quando foi vice do estadual da 2ª divisão.
Títulos: Campeão da Taça Castellões (1917); Campeão da Taça Besquizza (1917); Campeão da Taça Café Pinho (1918); Campeão da Taça Hotel Modelo (1918); Campeão da Taça Clark (1918); Campeão da Taça Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (1918); Campeonato Paulista do Interior (1919); Campeão da Taça 24 de Outubro (Torneio Início Regional) (1931); Vice-Campeão do Campeonato Paulista - Série A2 (1954); Campeão do Campeonato Paulista - Série A2 (1958); Vice-campeão da Taça São Paulo (1962); Campeão do Troféu Deputado João Mendonça Falcão (1962); Campeão da Copa Ribeirão Preto (1965/1967); Campeão do Campeonato Paulista do Interior (1966); Campeão do Torneio José Ermirio de Moraes Filho (1973/1981); Campeão do Quadrangular Interestadual do Norte (1976); Campeão da Seletiva da CBD para o Campeonato Brasileiro (1977); Campeão do Torneio de Classificação do Campeonato Paulista (1981); Campeão do Torneio Dr. Alberto Simioni (1982); Campeão do Campeonato Paulista Sub-20 - 2ª Divisão (1992); Campeão do Campeonato Paulista - Série A3 (1993); Campeão do Campeonato Paulista Sub-21 - F.P.F.A. (2003); Vice-campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior (2006) e Campeão da Copa Paulista de Futebol (2011).
Os grandes ídolos da história do clube são Alvino Grota (Goleiro); Quinin; Dantas; Timóteo Grota; Belmácio Pousa Godinho; João Palma Guião; Franco Guião; Geraldo Guião; Pequitot; Vespu; Chapa; Augusto Achê; Bertoni "1"; Bertoni "2"; João Fernandes; Zé Macaco; Zico; Alberto Lorenzon; Orestes Moura Pinto; José Guimarães; Lourenço Parera; Hilson Souza; Carlos Cézar, o “Canhotinha de Ouro; Jair Bala; David Aparecido Avelar dos Santos; Tadeu Ricci; Piter o "Rocha Negra”; Jair Gonçalves; Pedro Omar; Paulo Bin; Émerson “Leão"; Alemão; Ademirzinho; Vital; Tomires; Guina; Ziquita; Glauco; Serrano; Alexandre Villa; Juliano; Daniel Chocão; Daniel Paulista; Gleison; Juninho; Diego e Éder Luís.
Depois de 25 anos de sofrimento e muita dor na segunda e terceira divisão, o Comercial Futebol Clube conseguiu o acesso a elite do Campeonato Paulista, justamente no ano do seu centenário quebrando um longo jejum. Num jogo vencido contra o São José por 1 X 0, com gol contra do zagueiro adversário. Mais de 25 mil torcedores, presentes ao Estádio Doutor Francisco Palma Travassos, fizeram uma grande festa.
Neste ano de 2011, ano do centenário, o Comercial realizou sua primeira excursão para Europa. O “Bafo” fez cinco jogos amistosos, todos na Áustria. Venceu 3, empatou 1 e perdeu 1, marcou 11 gols e sofreu 8.
Os destaques ficaram para os jogos do Comercial contra o Steau Bucareste e Anzhi Makhachkala. O Steau é campeão da UEFA Champions League de 1986 e o principal time da Romênia, onde joga o zagueiro Fred, responsável por marcar, e impedir os gols de Ronaldo Fenômeno, no seu jogo de despedida da Seleção (07/06/2011: Brasil 1x0 Romênia - Pacaembu - Gol: Fred (Brasil)).
Já o Anzhi Makhachkala é o atual clube do lateral-esquerdo Roberto Carlos, tetra e pentacampeão do mundo com a Seleção Brasileira. Roberto Carlos é ex-jogador do Palmeiras e Corinthians. Roberto Carlos esteve em campo no jogo Comercial FC 2 x 1 Anzhi.
A campanha do Comercial na Europa teve os seguintes resultados:
30/06 – Comercial F.C. 3 x 1 Gratkorn F.C.; 02/07 - Comercial F.C. 1 x 3 LASK Linz; 04/07 - Comercial F.C. 2 x 2 Steau Bucareste; 06/07 - Comercial F.C. 3 x 1 KSV Kapfenberg F.C. e 10/07 - Comercial F.C. 2 x 1 Anzhi Makhachkala.
Em 10 de outubro de 2011 o Comercial F.C. completou 100 anos de existência. Um grande jantar, com a presença de ídolos, personalidades e políticos foi realizado pela diretoria. Uma parceria com o F.C. Wacker Innsbruck, time da Áustria, também foi anunciada no dia do centenário.
O Jogo do Centenário, que foi o primeiro após a data de aniversário do clube (10 de outubro), aconteceu no dia 12 de outubro de 2011, pela Copa Paulista 2011. Com seu estádio sendo reformado, o Comercial teve que jogar na casa de seu rival, o Estádio Santa Cruz, do Botafogo. Na partida, o Leão enfrentou o Audax de São Paulo, em jogo que terminou empatado em 1 X 1. Para esta partida, o Comercial também utilizou um uniforme especial, com uma camisa dourada.
A primeira tentativa de mudança do escudo comercialino aconteceu em 2010, com a inclusão da frase “Comercial Meu Amor Imortal “em volta do escudo. A idéia durou até o fim daquele mesmo ano.
Em 2011 a diretoria comercialina propôs a remodernização do escudo, sugerindo dois modelos, que foram aprovados pelo Conselho Deliberativo.
Mas, por exigência da torcida, o atual escudo do clube foi mantido. Mas poderá utilizar o atual, com um circulo branco em volta, escrito dentro Comercial FC 1911; e o segundo, o escudo parecido com o atual, mas com Comercial F.C. no lugar de Ribeirão Preto. O nome da cidade passa para a última faixa transversal branca, e ganha a companhia da sigla do estado: Ribeirão Preto-SP.
Ainda em 2011 foi vice-campeão da Copa Paulista, perdendo o título para o Paulista de Jundiaí. A equipe profissional do Comercial não disputava uma final de torneio oficial desde 1993, quando foi vice do estadual da 2ª divisão.
Títulos: Campeão da Taça Castellões (1917); Campeão da Taça Besquizza (1917); Campeão da Taça Café Pinho (1918); Campeão da Taça Hotel Modelo (1918); Campeão da Taça Clark (1918); Campeão da Taça Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (1918); Campeonato Paulista do Interior (1919); Campeão da Taça 24 de Outubro (Torneio Início Regional) (1931); Vice-Campeão do Campeonato Paulista - Série A2 (1954); Campeão do Campeonato Paulista - Série A2 (1958); Vice-campeão da Taça São Paulo (1962); Campeão do Troféu Deputado João Mendonça Falcão (1962); Campeão da Copa Ribeirão Preto (1965/1967); Campeão do Campeonato Paulista do Interior (1966); Campeão do Torneio José Ermirio de Moraes Filho (1973/1981); Campeão do Quadrangular Interestadual do Norte (1976); Campeão da Seletiva da CBD para o Campeonato Brasileiro (1977); Campeão do Torneio de Classificação do Campeonato Paulista (1981); Campeão do Torneio Dr. Alberto Simioni (1982); Campeão do Campeonato Paulista Sub-20 - 2ª Divisão (1992); Campeão do Campeonato Paulista - Série A3 (1993); Campeão do Campeonato Paulista Sub-21 - F.P.F.A. (2003); Vice-campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior (2006) e Campeão da Copa Paulista de Futebol (2011).
Os grandes ídolos da história do clube são Alvino Grota (Goleiro); Quinin; Dantas; Timóteo Grota; Belmácio Pousa Godinho; João Palma Guião; Franco Guião; Geraldo Guião; Pequitot; Vespu; Chapa; Augusto Achê; Bertoni "1"; Bertoni "2"; João Fernandes; Zé Macaco; Zico; Alberto Lorenzon; Orestes Moura Pinto; José Guimarães; Lourenço Parera; Hilson Souza; Carlos Cézar, o “Canhotinha de Ouro; Jair Bala; David Aparecido Avelar dos Santos; Tadeu Ricci; Piter o "Rocha Negra”; Jair Gonçalves; Pedro Omar; Paulo Bin; Émerson “Leão"; Alemão; Ademirzinho; Vital; Tomires; Guina; Ziquita; Glauco; Serrano; Alexandre Villa; Juliano; Daniel Chocão; Daniel Paulista; Gleison; Juninho; Diego e Éder Luís.
Ingresso comemorativo ao retorno do time a Divisão especial paulista.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
O centenário "Leão do Norte" (IV)
Nas décadas de 50 a 70 quando os jogadores do Comercial entravam em campo, junto estava o massagista Rubens dos Santos, o “Glostora”, sem uniforme de jogo e, geralmente, vestindo uma camisa branca e uma calça preta. Era como se fosse um integrante do seleto time comercialino e posava para fotos ao lado dos atletas em quase todas as ocasiões.
"Glostora" marcou época no Comercial. Foram 35 anos dedicados à profissão de massagista, sendo 25 somente no clube alvinegro. Hoje com 84 anos, viúvo, mora sozinho em uma simples casa no bairro Jardim Interlagos, em Ribeirão Preto.
O apelido do massagista mais famoso da história do "Leão do Norte" veio em virtude do seu irmão, Luiz Mozart, o radialista "Tiririca", ser chamado por algumas pessoas de "Glostorinha". Daí surgiu o "Glostora". Ele foi campeão no Marília, no Paulista de Jundiaí, sempre com o técnico Alfredinho Sampaio, de quem é muito amigo. Foi para o Santos por intermédio dele.
Além de ter trabalhado no Comercial durante muitos anos, "Glostora" guarda na memória e em algumas fotos a sua lembrança de ter trabalhado no Santos. E com Pelé. Ficou dois anos lá.
Sua paixão e empenho ao Comercial lhe renderam um troféu entregue pela própria torcida do “Bafo” em 1962. Torcida homenagear massagista é difícil de acontecer. Mas "Glostora" ganhou um troféu de agradecimento.
Já que não poderia entrar em campo com a bola rolando, "Glostora" encontrou uma maneira de ajudar o Comercial de forma mais contundente. Na década de 60, em jogo contra a Ferroviária, em Araraquara, o massagista exigiu que o zagueiro Jair Gonçalves se atirasse no gramado para retardar a partida. Só não esperava ser ‘"calçado" por um preparador físico da "Ferrinha".
O Comercial estava ganhando e "Glostora" gritou para o Jair: “Cai que eu entro, cai que eu entro”. Ele caiu e, quando "Glostora" foi correr, o preparador da Ferroviária o chutou por trás e foi ele quem caiu. Aproveitou e fez um teatro, gritando que a perna havia quebrado. Os jogadores foram para cima do preparador, que pulou o alambrado para fugir, mas caiu na torcida do Comercial. Ele apanhou muito.
O massagista Rubens dos Santos, o "Glostora", foi vítima dos jogadores do Comercial no dia 21 de abril de 1959, quando o alvinegro concretizou o acesso para o Paulistão após golear o Corinthians, de Presidente Prudente, por 4 X 0, no estádio do Pacaembu.
Na volta para Ribeirão Preto, após um jantar em uma churrascaria, "Glostora" virou alvo de uma brincadeira. Os jogadores gritaram pedindo alguém para eles rasparem a cabeça. Olharam para o lado e falaram: "pega ele". Mas tudo era festa e o cabeleireiro foi o goleiro Santão.
No início da década de 1980, o Comercial conseguiu grandes resultados como golear o Corinthians em Palma Travassos por 4 X 0, o Santos na Vila por 3 X 1 e o São Paulo no Morumbi por 5 X 4. Em 1980 foi campeão do primeiro turno da Taça de Prata, a segunda divisão do Campeonato Brasileiro na época. Em 1981 foi campeão do "grupo vermelho", um dos grupos do Campeonato Paulista de 1981,
após bater o Marília por 2 X 0.
Em 1983, quebrou um tabu de oito anos, ao derrotar em São José do Rio Preto, o América, por 2 X 0. No mesmo ano goleou o São Paulo por 4 X 1, no Palma Travassos.
Em 1986, após um jogo de compadres entre América de Rio Preto e XV de Jaú, o Comercial caiu para a Série A2 do Campeonato Paulista. O retorno para a divisão de elite aconteceu somente em 2011, 25 anos após.
Ainda em 1986, no dia 9 de julho, o Comercial conseguiu o feito de ser, até hoje, o último time a ganhar do São Paulo FC, dentro do Morumbi, marcando cinco gols. O placar do jogo foi São Paulo FC 4 x 5 Comercial.
Em 25 de janeiro de 2006, foi vice-campeão da Copa São Paulo de Juniores ao empatar em 0 X 0 no tempo normal de jogo e perder nos pênaltis para o América, de São José de Rio Preto. A partida foi realizada no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Dezenas de ônibus, se deslocaram de Ribeirão Preto em caravana até a capital, para incentivar a equipe.
Ficha técnica: Data:25/01/2006 - Quarta-feira - Comercial (SP) 0x0 América (SP)
Local: Pacaembu (São Paulo
Árbitro: Marcelo Rogério (SP)
Cartões Amarelos: Júlio César, Polly, Wellington, Guina, Henrique, Bruno e Victor;
Nos pênaltis: América 3 x 1 Comercial. Converteram para o América: Wesley - André Zuba e Polly (Júlio César perdeu); Comercial: Henrique. (Jonatas Mineiro, Thiago Tremonti e Diogo perderam)
Comercial: Anderson - Éderson (Danilo) - Paulo (Gabriel) -
Henrique e Guina - Bruno - Diogo - Vítor e Jonatas - Paulinho (Thiago Tremonti) e Ferreira. Técnico: Macalé.
América: André Zuba - Régis - Wellington (Rafael) e Polly - Gilmar (Wesley) - Jéferson - Leandro Rincon - Elias Negão e Nenê (Éder); Júlio César e Cristiano. Técnico: Candinho.
A torcida comercialina, a maior torcida de Ribeirão Preto, é uma das maiores do Interior de São Paulo e do Brasil. Estima-se que o “Leão” possua acima de 350 mil torcedores em Ribeirão Preto, tendo duas torcidas organizadas a tradicional “Mancha Alvinegra” e o “Batalhão Alvinegro”.
Nos anos de 2002, 2003, 2004, 2006, 2007 e 2008 o Comercial fez campanhas medíocres, evitando apenas o rebaixamento. A única exceção foi no ano de 2005 que o clube chegou entre os 8 finalistas.
Em 19 de abril de 2009, depois de empatar em 1 x 1 com a equipe do São José, o “Leão” conheceu mais um rebaixamento para a terceira divisão do campeonato paulista. Numa campanha pífia o “Bafo”, que terminou na 18ª posição do campeonato, somou apenas 16 pontos em 19 jogos (sendo 4 vitórias, 4 empates e 11 derrotas).
Como se não bastasse o rebaixamento, a rejeição de ajuda por parte de seu presidente e o descaso da cúpula diretiva, o Comercial se deparou com uma das maiores crises de sua história, onde até a posse de seu estádio, o Palma Travassos, estava em jogo.
Na primeira semana após o rebaixamento, encabeçados pelo então presidente em exercício, Eduardo Mauro Baptista, e motivados pelo espírito político de Luis Joaquim Antunes, alguns membros do Comercial fizeram um movimento para vender todo o patrimônio do clube, alegando que esta seria a única saída para a equipe.
Como o clube estava afundado num mar de dividas trabalhistas, muitos de seus diretores resolveram acatar ao movimento, que ainda ganhou adeptos importantes como juízes, promotores, advogados, entre outros. Este movimento fora intitulado "Vender o Leão é a Solução".
Mas quando tudo estava praticamente perdido, e faltando pouco mais de três dias para concretizar-se a venda de todo o patrimônio do Comercial, surgiu uma luz no fim do túnel. José Fernando de Athayde, ex-presidente comercialino, ainda respeitadíssimo no clube, convocou os que eram contra a venda do Estádio Palma Travassos, para que lutassem até o último momento para tentar reverter a situação.
Houve por parte de varias pessoas uma mobilização para salvar ao menos o Estádio, e todo este esforço foi válido, pois o Palma Travassos não foi a leilão.
No inicio de 2010, uma parceria com o grupo Lacerda Sports Brasil foi firmada, possibilitando uma renovação no clube. As mudanças começaram na diretoria, que passou a ter gestão de Nelson Lacerda. Foi lançado, também, o movimento "Comercial meu amor Imortal".
Os resultados da nova parceria foram visíveis a curto prazo, com o Comercial conseguindo a 2ª colocação na fase de classificação do Campeonato Paulista da Série A3 de 2010, ficando 16 jogos invicto. Mas não conseguiu diretamente o acesso na fase final, em um jogo fatídico em Palma Travassos contra o XV de Piracicaba. O Comercial teve um gol legítimo anulado aos 47 minutos do segundo tempo, deixando o sonho de cerca de 25 mil torcedores presentes no estádio ir por água abaixo. (Pesquisa: Nilo Dias)
Hoje com 84 anos, ex-massagista "Glostora" exibe fotos da época em que trabalhava no Comercial. Ele também exibe uma camisa do Santos, o seu segundo clube do coração. (Foto: F.L.Piton / "A Cidade")
"Glostora" marcou época no Comercial. Foram 35 anos dedicados à profissão de massagista, sendo 25 somente no clube alvinegro. Hoje com 84 anos, viúvo, mora sozinho em uma simples casa no bairro Jardim Interlagos, em Ribeirão Preto.
O apelido do massagista mais famoso da história do "Leão do Norte" veio em virtude do seu irmão, Luiz Mozart, o radialista "Tiririca", ser chamado por algumas pessoas de "Glostorinha". Daí surgiu o "Glostora". Ele foi campeão no Marília, no Paulista de Jundiaí, sempre com o técnico Alfredinho Sampaio, de quem é muito amigo. Foi para o Santos por intermédio dele.
Além de ter trabalhado no Comercial durante muitos anos, "Glostora" guarda na memória e em algumas fotos a sua lembrança de ter trabalhado no Santos. E com Pelé. Ficou dois anos lá.
Sua paixão e empenho ao Comercial lhe renderam um troféu entregue pela própria torcida do “Bafo” em 1962. Torcida homenagear massagista é difícil de acontecer. Mas "Glostora" ganhou um troféu de agradecimento.
Já que não poderia entrar em campo com a bola rolando, "Glostora" encontrou uma maneira de ajudar o Comercial de forma mais contundente. Na década de 60, em jogo contra a Ferroviária, em Araraquara, o massagista exigiu que o zagueiro Jair Gonçalves se atirasse no gramado para retardar a partida. Só não esperava ser ‘"calçado" por um preparador físico da "Ferrinha".
O Comercial estava ganhando e "Glostora" gritou para o Jair: “Cai que eu entro, cai que eu entro”. Ele caiu e, quando "Glostora" foi correr, o preparador da Ferroviária o chutou por trás e foi ele quem caiu. Aproveitou e fez um teatro, gritando que a perna havia quebrado. Os jogadores foram para cima do preparador, que pulou o alambrado para fugir, mas caiu na torcida do Comercial. Ele apanhou muito.
O massagista Rubens dos Santos, o "Glostora", foi vítima dos jogadores do Comercial no dia 21 de abril de 1959, quando o alvinegro concretizou o acesso para o Paulistão após golear o Corinthians, de Presidente Prudente, por 4 X 0, no estádio do Pacaembu.
Na volta para Ribeirão Preto, após um jantar em uma churrascaria, "Glostora" virou alvo de uma brincadeira. Os jogadores gritaram pedindo alguém para eles rasparem a cabeça. Olharam para o lado e falaram: "pega ele". Mas tudo era festa e o cabeleireiro foi o goleiro Santão.
No início da década de 1980, o Comercial conseguiu grandes resultados como golear o Corinthians em Palma Travassos por 4 X 0, o Santos na Vila por 3 X 1 e o São Paulo no Morumbi por 5 X 4. Em 1980 foi campeão do primeiro turno da Taça de Prata, a segunda divisão do Campeonato Brasileiro na época. Em 1981 foi campeão do "grupo vermelho", um dos grupos do Campeonato Paulista de 1981,
após bater o Marília por 2 X 0.
Em 1983, quebrou um tabu de oito anos, ao derrotar em São José do Rio Preto, o América, por 2 X 0. No mesmo ano goleou o São Paulo por 4 X 1, no Palma Travassos.
Em 1986, após um jogo de compadres entre América de Rio Preto e XV de Jaú, o Comercial caiu para a Série A2 do Campeonato Paulista. O retorno para a divisão de elite aconteceu somente em 2011, 25 anos após.
Ainda em 1986, no dia 9 de julho, o Comercial conseguiu o feito de ser, até hoje, o último time a ganhar do São Paulo FC, dentro do Morumbi, marcando cinco gols. O placar do jogo foi São Paulo FC 4 x 5 Comercial.
Em 25 de janeiro de 2006, foi vice-campeão da Copa São Paulo de Juniores ao empatar em 0 X 0 no tempo normal de jogo e perder nos pênaltis para o América, de São José de Rio Preto. A partida foi realizada no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Dezenas de ônibus, se deslocaram de Ribeirão Preto em caravana até a capital, para incentivar a equipe.
Ficha técnica: Data:25/01/2006 - Quarta-feira - Comercial (SP) 0x0 América (SP)
Local: Pacaembu (São Paulo
Árbitro: Marcelo Rogério (SP)
Cartões Amarelos: Júlio César, Polly, Wellington, Guina, Henrique, Bruno e Victor;
Nos pênaltis: América 3 x 1 Comercial. Converteram para o América: Wesley - André Zuba e Polly (Júlio César perdeu); Comercial: Henrique. (Jonatas Mineiro, Thiago Tremonti e Diogo perderam)
Comercial: Anderson - Éderson (Danilo) - Paulo (Gabriel) -
Henrique e Guina - Bruno - Diogo - Vítor e Jonatas - Paulinho (Thiago Tremonti) e Ferreira. Técnico: Macalé.
América: André Zuba - Régis - Wellington (Rafael) e Polly - Gilmar (Wesley) - Jéferson - Leandro Rincon - Elias Negão e Nenê (Éder); Júlio César e Cristiano. Técnico: Candinho.
A torcida comercialina, a maior torcida de Ribeirão Preto, é uma das maiores do Interior de São Paulo e do Brasil. Estima-se que o “Leão” possua acima de 350 mil torcedores em Ribeirão Preto, tendo duas torcidas organizadas a tradicional “Mancha Alvinegra” e o “Batalhão Alvinegro”.
Nos anos de 2002, 2003, 2004, 2006, 2007 e 2008 o Comercial fez campanhas medíocres, evitando apenas o rebaixamento. A única exceção foi no ano de 2005 que o clube chegou entre os 8 finalistas.
Em 19 de abril de 2009, depois de empatar em 1 x 1 com a equipe do São José, o “Leão” conheceu mais um rebaixamento para a terceira divisão do campeonato paulista. Numa campanha pífia o “Bafo”, que terminou na 18ª posição do campeonato, somou apenas 16 pontos em 19 jogos (sendo 4 vitórias, 4 empates e 11 derrotas).
Como se não bastasse o rebaixamento, a rejeição de ajuda por parte de seu presidente e o descaso da cúpula diretiva, o Comercial se deparou com uma das maiores crises de sua história, onde até a posse de seu estádio, o Palma Travassos, estava em jogo.
Na primeira semana após o rebaixamento, encabeçados pelo então presidente em exercício, Eduardo Mauro Baptista, e motivados pelo espírito político de Luis Joaquim Antunes, alguns membros do Comercial fizeram um movimento para vender todo o patrimônio do clube, alegando que esta seria a única saída para a equipe.
Como o clube estava afundado num mar de dividas trabalhistas, muitos de seus diretores resolveram acatar ao movimento, que ainda ganhou adeptos importantes como juízes, promotores, advogados, entre outros. Este movimento fora intitulado "Vender o Leão é a Solução".
Mas quando tudo estava praticamente perdido, e faltando pouco mais de três dias para concretizar-se a venda de todo o patrimônio do Comercial, surgiu uma luz no fim do túnel. José Fernando de Athayde, ex-presidente comercialino, ainda respeitadíssimo no clube, convocou os que eram contra a venda do Estádio Palma Travassos, para que lutassem até o último momento para tentar reverter a situação.
Houve por parte de varias pessoas uma mobilização para salvar ao menos o Estádio, e todo este esforço foi válido, pois o Palma Travassos não foi a leilão.
No inicio de 2010, uma parceria com o grupo Lacerda Sports Brasil foi firmada, possibilitando uma renovação no clube. As mudanças começaram na diretoria, que passou a ter gestão de Nelson Lacerda. Foi lançado, também, o movimento "Comercial meu amor Imortal".
Os resultados da nova parceria foram visíveis a curto prazo, com o Comercial conseguindo a 2ª colocação na fase de classificação do Campeonato Paulista da Série A3 de 2010, ficando 16 jogos invicto. Mas não conseguiu diretamente o acesso na fase final, em um jogo fatídico em Palma Travassos contra o XV de Piracicaba. O Comercial teve um gol legítimo anulado aos 47 minutos do segundo tempo, deixando o sonho de cerca de 25 mil torcedores presentes no estádio ir por água abaixo. (Pesquisa: Nilo Dias)
Hoje com 84 anos, ex-massagista "Glostora" exibe fotos da época em que trabalhava no Comercial. Ele também exibe uma camisa do Santos, o seu segundo clube do coração. (Foto: F.L.Piton / "A Cidade")
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
O centenário "Leão do Norte" (III)
A segunda fase de disputas entre Botafogo e Comercial aconteceu em 19 de dezembro de 1954, quando o radialista Lúcio Mendes afirmou que o jogo seria "um verdadeiro come fogo". A partir daí os clássicos entre os dois times passaram a ser chamados de “Come-Fogo”. O resultado deste primeiro jogo da segunda fase foi 1 X 1.
De 1986 a 1992 não foi realizado nenhum clássico entre Botafogo e Comercial porque o Comercial disputava a antiga Divisão Intermediária do Futebol Paulista. A partir daí vários clássicos vêm sendo realizados ocasionalmente.
Carlos César Souza, o Carlos César, foi ponta e meia-esquerda do Comercial na década de 50 e ficou querido por ter ajudado o time a subir para a primeira divisão do campeonato paulista, em 1959. Na ocasião, o alvinegro de Francisco de Palma Travassos venceu por 4 X 0 ao Corinthians de Presidente Prudente (SP), no Pacaembu, na negra da decisão do certame de acesso. Ele fez dois gols naquele jogo. Atuou também no São Paulo e no Spal de Ferrara, da Itália. Encerrou a carreira em 1973 jogando pelo Comercial.
O início do anos 1960 foi uma época em que o Comercial tinha grandes craques, como o próprio Carlos César, e os potentes chutes de esquerda, que lhe valeram o apelido de "esquerdinha de ouro". Havia também o zagueiro Piter, um jogador de físico privilegiado, que se consagrou como o melhor marcador de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, que teria sugerido sua contratação ao Santos, na década de 1960.
O zagueiro Piter está entre os maiores ídolos da trajetória do Comercial. Na equipe, recebeu o apelido de "Rocha Negra" por suas inesquecíveis jogadas. Nos 13 anos em que defendeu o Comercial disputou mais de 20 clássicos contra o Botafogo no confronto batizado de “Come-Fogo”.
E foi nessa época que o Comercial viveu um dos melhores momentos de sua história. Com um verdadeiro esquadrão, o "Bafo" era imbatível dentro de sua casa e conseguia grandes resultados fora dela. Em 1962, o clube foi vice-campeão da Taça São Paulo, perdendo apenas a final para o Santos de Pelé.
Em 14 de outubro de 1964, inaugurou seu atual estádio, o Palma Travassos conhecido como “La Bafonera”, em alusão a “La Bombonera”. O projeto surgiu em 1958, no mandato do então presidente comercialino Belmácio Pousa Godinho, mas as obras para construção do estádio só seriam iniciadas três anos depois, em 1961.
Entre os anos de 1958 e 1961, o projeto para construção do estádio passou pela mão de três presidentes do clube: Belmácio Pousa Godinho (que foi quem criou o projeto em 1958); Jamil Jorge (que presidiu o clube entre 1958 e 1959, e tentou arrecadar fundos para construção do estádio); e Romero Barbosa (que deu efetivo início as obras).
Foi organizada uma Comissão com técnicos e responsáveis, que ficariam com a missão de coordenar a construção do estádio do Comercial FC. Essa comissão era composta por:
Júlio Costa (Presidente da Comissão), Áureo Alves Ferreira (Vice da Comissão), Nildo Tarozo (Engenheiro Civil) e Oswaldo Terreri (Engenheiro de Obras).
A construção durou cerca de 4 anos, mas valeu cada esforço e campanha feita pela diretoria. Em 1964 o estádio já estava pronto. Para homenagear o doador do terreno onde fica o estádio, a diretoria comercialina batizou o campo com o nome de Estádio Doutor Francisco de Palma Travassos.
O Estádio Palma Travassos foi inaugurado em 14 de outubro de 1964, no jogo amistoso Comercial FC 2 X 3 Santos F.C. O atacante comercialino, Paulo Bin, fez o primeiro gol da história do estádio.
No dia 4 de fevereiro de 1966, o Comercial venceu por 3 X 0 o Palmeiras na inauguração dos refletores do Palma Travassos. Foi o primeiro jogo, oficialmente reconhecido, a ser disputado a noite em Ribeirão Preto.
O recorde de público no estádio foi no clássico “Come-Fogo”, no dia 20 de julho de 1986, com 34.400 pessoas . O jogo terminou empatado em 0 x 0.
O Estádio Palma Travassos já abrigou importantes jogos de grandes clubes e torneios do país. Entre os destaques estão: Campeonato Brasileiro: o Palma Travassos já recebeu vários jogos das três divisões do Brasileirão. Na 1ª divisão, destacam-se jogos de clubes como Corinthians, Santos, além do próprio Comercial. Na 3ª divisão, destaca-se o jogo da final de 1996, disputada entre Botafogo de Ribeirão Preto e Atlético Goianiense, que aconteceu no Palma Travassos. O Palma Travassos também já recebeu importantes jogos da 1ª e 2ª divisão do Campeonato Paulista.
Capacidade Oficial: 35.000 pessoas. Dimensões do Gramado: 105 x 72m. Possui 14 cabines de Rádio e TV e 4 cabines superiores para Imprensa. Camarotes: 100. Cadeiras cativas: 8.000. Vestiários: 3 (Mandante, visitante e árbitros). Túneis de acesso ao gramado: 3.
Em 1965 o Comercial venceu a “Copa Ribeirão Preto” jogando contra Corinthians, Fluminense e Botafogo carioca. Nesse mesmo ano de 1965, no dia 14 de julho, finalmente enfrentou o legitimo Peñarol do Uruguai, e empatou em 1 X 1 no Palma Travassos.
Foi em 1966 que o Leão viveu seu melhor ano, e seu time, de tão bom, foi apelidado de "Rolo Compressor". Acabou com uma invencibilidade de 14 jogos do Palmeiras dentro do Palestra Itália. Conseguiu a proeza de marcar cinco gols no Santos de Pelé dentro da Vila, num jogo que muitos consideram um dos mais espetaculares de todos os tempos.
Humilhou o Bragantino, de Bragança Paulista, jogando em casa, por 8 X 1. Terminou a competição com o terceiro lugar, perdendo somente para o Palmeiras e o Corinthians da capital. Recebeu, nesse ano, o apelido de "Rolo Compressor".
Toda boa fase do “Leão” rendeu-lhe o título de campeão do interior daquele ano. O prêmio era concedido pela Federação Paulista de Futebol, que entregava ao melhor do interior o “Troféu Folha de S. Paulo”. Em 31 de maio de 1966, o Comercial enfrentou pela primeira vez a Seleção Brasileira num amistoso em Amparo. Perdeu por 4 X 2. Foi realmente um grande ano para o clube.
Em 1974, o Leão quebrou um tabu de sete anos e nove meses ao vencer o rival Botafogo F.C. e pela primeira vez no estádio Santa Cruz. O placar do jogo foi de 2 X 1 para o Comercial, com gols de Davi e Jader para o “Leão”. Sócrates marcou para o Botafogo. O time ainda realizou outras façanhas naquela década.
Ainda em 1974, o Leão cruzou mais uma vez o caminho do Palmeiras. Venceu por 2 X 0 em pleno Parque Antártica, e o Verdão não se classificou para a disputa do primeiro turno do Campeonato Paulista daquele ano. Luisão marcou os dois gols. No segundo turno, o Palmeiras deu a volta por cima e conquistou o campeonato daquele ano. O Comercial ficou em sétimo lugar.
Em 1976, o Leão venceu o “Quadrangular Interestadual do Norte”, torneio amistoso realizado no Estado do Paraná, que contou com a participação dos clubes: Londrina Esporte Clube, Grêmio de Esportes Maringá, Clube Atlético Paranaense, além do próprio Comercial.
Em 1977, o Comercial conquistou um titulo em cima de seu maior rival, o Botafogo F.C. Na ocasião nenhuma das equipes de Ribeirão Preto disputava o Campeonato Brasileiro. A CBD decidiu então abrir apenas uma vaga para os dois times. Esta vaga, seria então decidida entre a dupla “Come-Fogo” em 3 jogos, onde o time que obtivesse a melhor campanha se consagraria campeão e garantiria a vaga para o Brasileiro de 1978.
O Botafogo F.C. estava em alta, e contava com o elenco campeão da “Taça Cidade de São Paulo”, que tinha craques como Sócrates e Zé Mário. O Comercial, por sua vez, contava com a técnica de Jader e a precisão nas bolas paradas de Vagner.
O preimeiro jogo aconteceu no estádio Santa Cruz, casa do Botafogo, no dia 6 de outuro de 1977, e acabou com vitória da equipe comercialina por 1 X 0, gol de falta do jogador Vagner.
A segunda partida foi em 9 de outubro de 1977, no estádio Palma Travassos, casa do alvinegro. Se o Comercial vencesse, garantiria a vaga e o titulo. O “Leão do Norte” abriu o placar, mas o tricolor buscou o empate ainda no primeiro tempo. A partida terminou empatada em 1 X 1, o que adiou o titulo do Comercial por mais alguns dias.
A terceira e decisiva partida aconteceu em 16 de outubro de 1977, novamente no estádio Santa Cruz. O Comercial só precisaria de um empate para comemorar o titulo já que havia vencido a primeira partida e empatado a segunda. Para o Botafogo restava apenas vencer para provocar uma disputa de pênaltis.
O clima era tenso, como nos dois jogos anteriores. O Santa Cruz estava completamente lotado. Depois de um grande jogo, o 1 X 1 garantiu o titulo do Comercial sobre seu rival, com a festa da torcida alvinegra dentro da casa adversária. O Comercial estava garantido na primeira divisão do Campeonato Brasileiro de 1978.
Mas no que ficou conhecido na década de 1970 como "o inchaço do Brasileirão", dias depois da vitória do Comercial, a CBD cedeu mais uma vaga para Ribeirão Preto, e o Botafogo teve o direito também de participar do Brasileiro de 1978 como vice dessa seletiva.
Campeão da Seletiva da CBD em 1977, o Comercial disputou os Campeonatos Brasileiro da primeira divisão entre 1978 e 1979. Em 1979, fez excelente campanha, terminando o campeonato em 14º entre 94 clubes. (Pesquisa: Nilo Dias)
O moderno Estádio Palma Travassos, do Comercaial F.C.
De 1986 a 1992 não foi realizado nenhum clássico entre Botafogo e Comercial porque o Comercial disputava a antiga Divisão Intermediária do Futebol Paulista. A partir daí vários clássicos vêm sendo realizados ocasionalmente.
Carlos César Souza, o Carlos César, foi ponta e meia-esquerda do Comercial na década de 50 e ficou querido por ter ajudado o time a subir para a primeira divisão do campeonato paulista, em 1959. Na ocasião, o alvinegro de Francisco de Palma Travassos venceu por 4 X 0 ao Corinthians de Presidente Prudente (SP), no Pacaembu, na negra da decisão do certame de acesso. Ele fez dois gols naquele jogo. Atuou também no São Paulo e no Spal de Ferrara, da Itália. Encerrou a carreira em 1973 jogando pelo Comercial.
O início do anos 1960 foi uma época em que o Comercial tinha grandes craques, como o próprio Carlos César, e os potentes chutes de esquerda, que lhe valeram o apelido de "esquerdinha de ouro". Havia também o zagueiro Piter, um jogador de físico privilegiado, que se consagrou como o melhor marcador de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, que teria sugerido sua contratação ao Santos, na década de 1960.
O zagueiro Piter está entre os maiores ídolos da trajetória do Comercial. Na equipe, recebeu o apelido de "Rocha Negra" por suas inesquecíveis jogadas. Nos 13 anos em que defendeu o Comercial disputou mais de 20 clássicos contra o Botafogo no confronto batizado de “Come-Fogo”.
E foi nessa época que o Comercial viveu um dos melhores momentos de sua história. Com um verdadeiro esquadrão, o "Bafo" era imbatível dentro de sua casa e conseguia grandes resultados fora dela. Em 1962, o clube foi vice-campeão da Taça São Paulo, perdendo apenas a final para o Santos de Pelé.
Em 14 de outubro de 1964, inaugurou seu atual estádio, o Palma Travassos conhecido como “La Bafonera”, em alusão a “La Bombonera”. O projeto surgiu em 1958, no mandato do então presidente comercialino Belmácio Pousa Godinho, mas as obras para construção do estádio só seriam iniciadas três anos depois, em 1961.
Entre os anos de 1958 e 1961, o projeto para construção do estádio passou pela mão de três presidentes do clube: Belmácio Pousa Godinho (que foi quem criou o projeto em 1958); Jamil Jorge (que presidiu o clube entre 1958 e 1959, e tentou arrecadar fundos para construção do estádio); e Romero Barbosa (que deu efetivo início as obras).
Foi organizada uma Comissão com técnicos e responsáveis, que ficariam com a missão de coordenar a construção do estádio do Comercial FC. Essa comissão era composta por:
Júlio Costa (Presidente da Comissão), Áureo Alves Ferreira (Vice da Comissão), Nildo Tarozo (Engenheiro Civil) e Oswaldo Terreri (Engenheiro de Obras).
A construção durou cerca de 4 anos, mas valeu cada esforço e campanha feita pela diretoria. Em 1964 o estádio já estava pronto. Para homenagear o doador do terreno onde fica o estádio, a diretoria comercialina batizou o campo com o nome de Estádio Doutor Francisco de Palma Travassos.
O Estádio Palma Travassos foi inaugurado em 14 de outubro de 1964, no jogo amistoso Comercial FC 2 X 3 Santos F.C. O atacante comercialino, Paulo Bin, fez o primeiro gol da história do estádio.
No dia 4 de fevereiro de 1966, o Comercial venceu por 3 X 0 o Palmeiras na inauguração dos refletores do Palma Travassos. Foi o primeiro jogo, oficialmente reconhecido, a ser disputado a noite em Ribeirão Preto.
O recorde de público no estádio foi no clássico “Come-Fogo”, no dia 20 de julho de 1986, com 34.400 pessoas . O jogo terminou empatado em 0 x 0.
O Estádio Palma Travassos já abrigou importantes jogos de grandes clubes e torneios do país. Entre os destaques estão: Campeonato Brasileiro: o Palma Travassos já recebeu vários jogos das três divisões do Brasileirão. Na 1ª divisão, destacam-se jogos de clubes como Corinthians, Santos, além do próprio Comercial. Na 3ª divisão, destaca-se o jogo da final de 1996, disputada entre Botafogo de Ribeirão Preto e Atlético Goianiense, que aconteceu no Palma Travassos. O Palma Travassos também já recebeu importantes jogos da 1ª e 2ª divisão do Campeonato Paulista.
Capacidade Oficial: 35.000 pessoas. Dimensões do Gramado: 105 x 72m. Possui 14 cabines de Rádio e TV e 4 cabines superiores para Imprensa. Camarotes: 100. Cadeiras cativas: 8.000. Vestiários: 3 (Mandante, visitante e árbitros). Túneis de acesso ao gramado: 3.
Em 1965 o Comercial venceu a “Copa Ribeirão Preto” jogando contra Corinthians, Fluminense e Botafogo carioca. Nesse mesmo ano de 1965, no dia 14 de julho, finalmente enfrentou o legitimo Peñarol do Uruguai, e empatou em 1 X 1 no Palma Travassos.
Foi em 1966 que o Leão viveu seu melhor ano, e seu time, de tão bom, foi apelidado de "Rolo Compressor". Acabou com uma invencibilidade de 14 jogos do Palmeiras dentro do Palestra Itália. Conseguiu a proeza de marcar cinco gols no Santos de Pelé dentro da Vila, num jogo que muitos consideram um dos mais espetaculares de todos os tempos.
Humilhou o Bragantino, de Bragança Paulista, jogando em casa, por 8 X 1. Terminou a competição com o terceiro lugar, perdendo somente para o Palmeiras e o Corinthians da capital. Recebeu, nesse ano, o apelido de "Rolo Compressor".
Toda boa fase do “Leão” rendeu-lhe o título de campeão do interior daquele ano. O prêmio era concedido pela Federação Paulista de Futebol, que entregava ao melhor do interior o “Troféu Folha de S. Paulo”. Em 31 de maio de 1966, o Comercial enfrentou pela primeira vez a Seleção Brasileira num amistoso em Amparo. Perdeu por 4 X 2. Foi realmente um grande ano para o clube.
Em 1974, o Leão quebrou um tabu de sete anos e nove meses ao vencer o rival Botafogo F.C. e pela primeira vez no estádio Santa Cruz. O placar do jogo foi de 2 X 1 para o Comercial, com gols de Davi e Jader para o “Leão”. Sócrates marcou para o Botafogo. O time ainda realizou outras façanhas naquela década.
Ainda em 1974, o Leão cruzou mais uma vez o caminho do Palmeiras. Venceu por 2 X 0 em pleno Parque Antártica, e o Verdão não se classificou para a disputa do primeiro turno do Campeonato Paulista daquele ano. Luisão marcou os dois gols. No segundo turno, o Palmeiras deu a volta por cima e conquistou o campeonato daquele ano. O Comercial ficou em sétimo lugar.
Em 1976, o Leão venceu o “Quadrangular Interestadual do Norte”, torneio amistoso realizado no Estado do Paraná, que contou com a participação dos clubes: Londrina Esporte Clube, Grêmio de Esportes Maringá, Clube Atlético Paranaense, além do próprio Comercial.
Em 1977, o Comercial conquistou um titulo em cima de seu maior rival, o Botafogo F.C. Na ocasião nenhuma das equipes de Ribeirão Preto disputava o Campeonato Brasileiro. A CBD decidiu então abrir apenas uma vaga para os dois times. Esta vaga, seria então decidida entre a dupla “Come-Fogo” em 3 jogos, onde o time que obtivesse a melhor campanha se consagraria campeão e garantiria a vaga para o Brasileiro de 1978.
O Botafogo F.C. estava em alta, e contava com o elenco campeão da “Taça Cidade de São Paulo”, que tinha craques como Sócrates e Zé Mário. O Comercial, por sua vez, contava com a técnica de Jader e a precisão nas bolas paradas de Vagner.
O preimeiro jogo aconteceu no estádio Santa Cruz, casa do Botafogo, no dia 6 de outuro de 1977, e acabou com vitória da equipe comercialina por 1 X 0, gol de falta do jogador Vagner.
A segunda partida foi em 9 de outubro de 1977, no estádio Palma Travassos, casa do alvinegro. Se o Comercial vencesse, garantiria a vaga e o titulo. O “Leão do Norte” abriu o placar, mas o tricolor buscou o empate ainda no primeiro tempo. A partida terminou empatada em 1 X 1, o que adiou o titulo do Comercial por mais alguns dias.
A terceira e decisiva partida aconteceu em 16 de outubro de 1977, novamente no estádio Santa Cruz. O Comercial só precisaria de um empate para comemorar o titulo já que havia vencido a primeira partida e empatado a segunda. Para o Botafogo restava apenas vencer para provocar uma disputa de pênaltis.
O clima era tenso, como nos dois jogos anteriores. O Santa Cruz estava completamente lotado. Depois de um grande jogo, o 1 X 1 garantiu o titulo do Comercial sobre seu rival, com a festa da torcida alvinegra dentro da casa adversária. O Comercial estava garantido na primeira divisão do Campeonato Brasileiro de 1978.
Mas no que ficou conhecido na década de 1970 como "o inchaço do Brasileirão", dias depois da vitória do Comercial, a CBD cedeu mais uma vaga para Ribeirão Preto, e o Botafogo teve o direito também de participar do Brasileiro de 1978 como vice dessa seletiva.
Campeão da Seletiva da CBD em 1977, o Comercial disputou os Campeonatos Brasileiro da primeira divisão entre 1978 e 1979. Em 1979, fez excelente campanha, terminando o campeonato em 14º entre 94 clubes. (Pesquisa: Nilo Dias)
O moderno Estádio Palma Travassos, do Comercaial F.C.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Morreu o “Doutor do Futebol”
O futebol brasileiro perdeu na madrugada deste domingo um de seus maiores ídolos em todos os tempos. Sócrates Brasileiro Sampaio de Sousa Vieira de Oliveira estava internado desde a noite da última quinta-feira, na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em razão de uma infecção intestinal causada por bactéria. Sócrates, sua mulher e um amigo teriam passado mal após o almoço na quinta-feira, no restaurante de um hotel em São Paulo, quando foi servido um estrogonofe. O ex-craque, de 57 anos, morreu às 4h30 desta manhã de domingo, em conseqüência de um choque séptico.
Essa foi a terceira e última internação de Sócrates nos últimos quatro meses. Ele foi internado pela primeira vez em 19 de agosto, com uma hemorragia digestiva causada pelo consumo prolongado de álcool. Foram nove dias hospitalizado. Em 5 de setembro, o ex-jogador voltou a ser internado - desta vez, por mais 17 dias. Com o fígado comprometido por uma cirrose hepática, o ex-atleta precisava de um transplante para voltar a ter vida normal. Sócrates deixou seis filhos.
Em recente entrevista para Ana Maria Braga, no programa "Mais Você", da rede Globo, Sócrates disse o seguinte: “Nunca precisei beber todos os dias e nunca tive abstinência, com tremores. Posso ficar meses sem beber. Mas comportamentalmente a bebida era importante para mim. O álcool era um companheiro, assim como o cigarro, que continuo fumando”, disse.
O ex-atleta nasceu em Belém (PA), no dia 19 de fevereiro de 1954. Foi revelado pelo Botafogo, clube de Ribeirão Preto (SP), onde foi considerado um fenômeno desde o início, pois quase não treinava em função de frequentar o curso de medicina na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). Nesse time ele foi campeão do 1º Turno do Campeonato Paulista de 1977 e artilheiro do campeonato. Também se destacou no Campeonato Brasileiro, autor de um célebre gol de calcanhar contra o Santos em plena Vila Belmiro.
Antes de entrar na Faculdade de Medicina, Sócrates fazia cursinho em Ribeirão Preto e já jogava nas categorias de base do Botafogo. Seu pai queria que ele estudasse e não tinha muito interesse que o filho se tornasse futebolista. Certa vez, Seu Raimundo deixou Sócrates no cursinho e foi assistir a um jogo dos juniores do Botafogo. Qual não foi sua surpresa ao perceber que em campo estava o seu filho. Foi uma bronca e tanto.
Socrátes se firmou no Corinthians em 1978, refazendo a dupla com seu ex-companheiro Geraldo Manteiga. Mas seus grandes companheiros de ataque nesse time foram Palhinha e o amigo Casagrande. Sócrates só aceitou jogar para valer depois que se formou na faculdade de medicina. Na Seleção Brasileira estreou em 1979.
Sócrates se despediu do Corinthians num domingo, dia 03 de Junho de 1984,em um jogo realizado em Juazeiro do Norte (CE), para comemorar os 50 anos da morte do Padre Cícero. Foi um amistoso contra o Vasco da Gama (RJ), vencido pelo clube paulista por 3 X 0. Na ocasião Sócrates disse: “Acho que o povo sofrido daqui do sertão gostou. Eu gostei”.
E Sócrates teve motivos de sobra para ficar feliz: a torcida fez romaria para recepcioná-lo e vê-lo jogar. Após a partida, no vestiário, sentou-se num banco e cobriu o rosto com as mãos. Depois riu e abraçou todos os companheiros que estavam por perto, numa cena comovente.
Foi uma das estrelas de dois dos maiores esquadrões do futebol mundial: a Seleção Brasileira de Futebol da Copa do Mundo de 1982 e o Corinthians da década de 80. Teve ótimas atuações, marcou dois belíssimos gols nos jogos dificílimos contra URSS e Itália, e mostrou toda sua categoria. Mas não foi o suficiente para o Brasil se sagrar campeão.
Na Copa do Mundo de 1986 esteve novamente em ação, mas já fora da forma ideal. Ficou ainda marcado pelo pênalti desperdiçado contra a França, na decisão que desclassificou o Brasil.
O doutor Sócrates teve uma rápida e decepcionante passagem pela Fiorentina, onde sofreu com o frio e com a solidão. Seu melhor amigo era um argentino, Daniel Passarela. O craque brasileiro se sentia prejudicado pelos companheiros de quem suspeitava que manipulassem resultados. Quando rompeu o contrato com a equipe de Florença, deixou de receber algo em torno de um milhão e meio de dólares. “Eu não queria o dinheiro. Queria felicidade”, dise na ocasião.
Sócrates retornou ao Brasil para encerrar a carreira. Atuou ainda no Flamengo, no Santos e no Botafogo, de Ribeirão Preto. Em 2004, atendendo a um convite de um amigo, ele participou de uma partida com a camisa do Garfoth Town, equipe da oitava divisão da Inglaterra.
Os clubes onde Sócrates jogou: 1973 a 1978 Botafogo-SP; 1978 a 1984 Corinthians; 1984 a 1985 Fiorentina; 1986 a 1987 Flamengo; 1988 Santos e 1989 Botafogo-SP, onde encerrou a carreira.
Fora do futebol, Sócrates sempre manteve uma ativa participação política, tanto em assuntos relacionados ao bem-estar dos jogadores quanto aos temas correntes do país. Participou da campanha “Diretas Já”, em 1984 e foi um dos principais idealizadores do movimento "Democracia Corintiana", que reivindicava para os jogadores mais liberdade e mais influência nas decisões administrativas do clube.
Ele foi o revolucionário do futebol brasileiro. A “Democracia Corintiana” era uma espécie de auto-gestão em que todas as questões do clube eram decididas através do voto. Ali, no timão democrático, o reserva do reserva do goleiro tinha o mesmo peso de decisão que o presidente do clube. Sócrates, capitão do time, magro, fumante, boêmio incorrigível e avesso a treinos, tornou-se o próprio exemplo do anti-atleta mas, quando em campo, tornava-se genial.
Sócrates tinha tudo para não ser um bom jogador de futebol: fumava, bebia, não suportava concentração, tinha pé pequeno em relação à altura e ainda estudava medicina. Não era um exemplo de desportista e acabou virando um craque. Geralmente o grande jogador de futebol é aquele cara que vem de uma família pobre, que não tem estudo e que só sabe fazer aquilo. Sócrates foi uma exceção.
E ele via isso com naturalidade: “Numa sociedade como a nossa, que não tem educação, isso é natural. Todo mundo que tem um pouco de discernimento é uma exceção nesse país”. E completava dizendo: “O futebol é a cara do país, só que tem muita gente que não quer enxergar. O nível de ignorância que existe no futebol é o mesmo da sociedade brasileira”.
E contou que era uma exceção porque pode estudar. Seus pais lhe deram esta oportunidade. Seu pai não estudou, tinha o primeiro ano do primário incompleto e foi autodidata em tudo. E só conseguiu estudar quando estava estabilizado. Ele fez a faculdade junto com Sócrates. O seu nome, por exemplo, vem do autodidatismo do seu pai. Ele tinha uma necessidade absoluta de conhecimento, ele queria sair da merda que nasceu. E conseguiu. Na época ele estava lendo a “República”, de Platão e deu o nome para os três filhos: Sócrates, Sófenes e Sófocles.
Questionado se tinha algum ídolo no esporte, Sócrates foi categórico: “Não, no esporte não. Meus únicos ídolos foram o Che Guevara e o John Lennon”.
Sócrates não foi apenas um jogador de futebol. Ideologicamente, ele fez a cabeça de uma geração reprimida pelos anos de ditadura no Brasil. Em 1984, subiu a diversos palanques para defender o voto direto para presidente. Prometeu sair do país se o voto direto não fosse aprovado na Câmara. Dito e feito: frustrado, Sócrates partiu para a Fiorentina, na Itália.
Pela Seleção Brasileira, o jogador esguio e pouco afeito à preparação física foi um dos pilares da equipe de Telê Santana na Copa do Mundo da Espanha, em 1982. Mesmo sem ter sido campeão (foi eliminado pela Itália na segunda fase), o time é considerado o mais talentoso do Brasil desde 1970.
No México, em 1986, o time de Telê não repetiu a performance técnica do Mundial anterior, mas chegou às quartas-de-final, quando caiu derrotado pela França, na disputa nos pênaltis. Sócrates manteve sua tradição de contestação e arrumou uma briga com a Fifa por ter entrado em campo com uma mensagem política.
Sócrates, médico formado, comentarista da TV Cultura e da revista “Carta Capital”, realmente foi um jogador de futebol acima da média. Ele sempre costumava dizer que “nenhum ambiente, nem o de 1982, me fez tão bem como o da "Democracia Corinthiana". Não troco a alegria de ter sido capitão daquele Corinthians por nada”.
E orgulhava-se ainda de ter integrado o time daqueles que lutaram pelas “Diretas Já”, como os artistas Fafá de Belém, sua conterrânea, Chico Buarque, Fernanda Montenegro e Regina Duarte e os políticos Franco Montoro e Dante de Oliveira, cuja emenda em favor do movimento levava seu nome. Coincidência: o primeiro comício das "Diretas Já" em São Paulo foi em frente ao estádio do Pacaembu, onde o Corinthians mandava seus jogos.
O futebol, para Sócrates, só tinha importância se existisse um contexto social. “As minhas vitórias políticas são infinitamente superiores às minhas vitórias como jogador profissional. Um jogo acaba em 90 minutos. A vida prossegue. E ela é real”.
Sócrates tentou a carreira de treinador. Foi no Cabo Frio, que é um time pequeno do interior do Rio de Janeiro. Ficou sete meses por lá e conseguiu botar o time na primeira divisão do Estadual. Dirigiu o time em dois jogos na primeira divisão, e foi demitido.
O motivo para a sua demissão foi político. Quem bancava o clube era a prefeitura. Era ano eleitoral e o objetivo do prefeito era ter algum tipo de prestigio político com o clube. Sócrates como técnico estimulava as pessoas a lerem, e começou a criar programas educativos dentro do clube. E tudo isso incomodou o prefeito.
Títulos conquistados: Campeão do 1º turno do Campeonato Paulista de 1977 (Botafogo, de Ribeirão Preto-SP); Campeão Paulista pelo S.C. Corinthians (1979, 1982, 1983); Campeão da Taça Rio de Janeiro pelo C.R. Flamengo (1986); Campeão Carioca pelo C.R. Flamengo (1986); Vice-Campeão do Mundialito de Montevidéu pela Seleção Brasileira (1980); Campeão da Taça da Inglaterra pela Seleção Brasileira (1981); Campeão da Taça da França pela Seleção Brasileira (1981); Vice-Campeão da Copa América pela Seleção Brasileira (1983).
Além de títulos, Sócrates foi agraciado com vários troféus: Artilheiro do Campeonato Paulista, com 15 gols (1976); Bola de Prata da Revista Placar (1980); All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA (1982); 6º Maior Jogador da Copa do Mundo FIFA (1982); 5º Melhor jogador do Mundo eleito pela World Soccer (1982); Melhor Jogador Sulamericano do ano eleito pelo jornal El Mundo (1983); 100 Craques do Século - World Soccer (1999); CNN Sports - 100 Maiores das Copas (2002) e Prêmio FIFA 100 (2004). (Pesquisa: Nilo Dias)
Essa foi a terceira e última internação de Sócrates nos últimos quatro meses. Ele foi internado pela primeira vez em 19 de agosto, com uma hemorragia digestiva causada pelo consumo prolongado de álcool. Foram nove dias hospitalizado. Em 5 de setembro, o ex-jogador voltou a ser internado - desta vez, por mais 17 dias. Com o fígado comprometido por uma cirrose hepática, o ex-atleta precisava de um transplante para voltar a ter vida normal. Sócrates deixou seis filhos.
Em recente entrevista para Ana Maria Braga, no programa "Mais Você", da rede Globo, Sócrates disse o seguinte: “Nunca precisei beber todos os dias e nunca tive abstinência, com tremores. Posso ficar meses sem beber. Mas comportamentalmente a bebida era importante para mim. O álcool era um companheiro, assim como o cigarro, que continuo fumando”, disse.
O ex-atleta nasceu em Belém (PA), no dia 19 de fevereiro de 1954. Foi revelado pelo Botafogo, clube de Ribeirão Preto (SP), onde foi considerado um fenômeno desde o início, pois quase não treinava em função de frequentar o curso de medicina na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). Nesse time ele foi campeão do 1º Turno do Campeonato Paulista de 1977 e artilheiro do campeonato. Também se destacou no Campeonato Brasileiro, autor de um célebre gol de calcanhar contra o Santos em plena Vila Belmiro.
Antes de entrar na Faculdade de Medicina, Sócrates fazia cursinho em Ribeirão Preto e já jogava nas categorias de base do Botafogo. Seu pai queria que ele estudasse e não tinha muito interesse que o filho se tornasse futebolista. Certa vez, Seu Raimundo deixou Sócrates no cursinho e foi assistir a um jogo dos juniores do Botafogo. Qual não foi sua surpresa ao perceber que em campo estava o seu filho. Foi uma bronca e tanto.
Socrátes se firmou no Corinthians em 1978, refazendo a dupla com seu ex-companheiro Geraldo Manteiga. Mas seus grandes companheiros de ataque nesse time foram Palhinha e o amigo Casagrande. Sócrates só aceitou jogar para valer depois que se formou na faculdade de medicina. Na Seleção Brasileira estreou em 1979.
Sócrates se despediu do Corinthians num domingo, dia 03 de Junho de 1984,em um jogo realizado em Juazeiro do Norte (CE), para comemorar os 50 anos da morte do Padre Cícero. Foi um amistoso contra o Vasco da Gama (RJ), vencido pelo clube paulista por 3 X 0. Na ocasião Sócrates disse: “Acho que o povo sofrido daqui do sertão gostou. Eu gostei”.
E Sócrates teve motivos de sobra para ficar feliz: a torcida fez romaria para recepcioná-lo e vê-lo jogar. Após a partida, no vestiário, sentou-se num banco e cobriu o rosto com as mãos. Depois riu e abraçou todos os companheiros que estavam por perto, numa cena comovente.
Foi uma das estrelas de dois dos maiores esquadrões do futebol mundial: a Seleção Brasileira de Futebol da Copa do Mundo de 1982 e o Corinthians da década de 80. Teve ótimas atuações, marcou dois belíssimos gols nos jogos dificílimos contra URSS e Itália, e mostrou toda sua categoria. Mas não foi o suficiente para o Brasil se sagrar campeão.
Na Copa do Mundo de 1986 esteve novamente em ação, mas já fora da forma ideal. Ficou ainda marcado pelo pênalti desperdiçado contra a França, na decisão que desclassificou o Brasil.
O doutor Sócrates teve uma rápida e decepcionante passagem pela Fiorentina, onde sofreu com o frio e com a solidão. Seu melhor amigo era um argentino, Daniel Passarela. O craque brasileiro se sentia prejudicado pelos companheiros de quem suspeitava que manipulassem resultados. Quando rompeu o contrato com a equipe de Florença, deixou de receber algo em torno de um milhão e meio de dólares. “Eu não queria o dinheiro. Queria felicidade”, dise na ocasião.
Sócrates retornou ao Brasil para encerrar a carreira. Atuou ainda no Flamengo, no Santos e no Botafogo, de Ribeirão Preto. Em 2004, atendendo a um convite de um amigo, ele participou de uma partida com a camisa do Garfoth Town, equipe da oitava divisão da Inglaterra.
Os clubes onde Sócrates jogou: 1973 a 1978 Botafogo-SP; 1978 a 1984 Corinthians; 1984 a 1985 Fiorentina; 1986 a 1987 Flamengo; 1988 Santos e 1989 Botafogo-SP, onde encerrou a carreira.
Fora do futebol, Sócrates sempre manteve uma ativa participação política, tanto em assuntos relacionados ao bem-estar dos jogadores quanto aos temas correntes do país. Participou da campanha “Diretas Já”, em 1984 e foi um dos principais idealizadores do movimento "Democracia Corintiana", que reivindicava para os jogadores mais liberdade e mais influência nas decisões administrativas do clube.
Ele foi o revolucionário do futebol brasileiro. A “Democracia Corintiana” era uma espécie de auto-gestão em que todas as questões do clube eram decididas através do voto. Ali, no timão democrático, o reserva do reserva do goleiro tinha o mesmo peso de decisão que o presidente do clube. Sócrates, capitão do time, magro, fumante, boêmio incorrigível e avesso a treinos, tornou-se o próprio exemplo do anti-atleta mas, quando em campo, tornava-se genial.
Sócrates tinha tudo para não ser um bom jogador de futebol: fumava, bebia, não suportava concentração, tinha pé pequeno em relação à altura e ainda estudava medicina. Não era um exemplo de desportista e acabou virando um craque. Geralmente o grande jogador de futebol é aquele cara que vem de uma família pobre, que não tem estudo e que só sabe fazer aquilo. Sócrates foi uma exceção.
E ele via isso com naturalidade: “Numa sociedade como a nossa, que não tem educação, isso é natural. Todo mundo que tem um pouco de discernimento é uma exceção nesse país”. E completava dizendo: “O futebol é a cara do país, só que tem muita gente que não quer enxergar. O nível de ignorância que existe no futebol é o mesmo da sociedade brasileira”.
E contou que era uma exceção porque pode estudar. Seus pais lhe deram esta oportunidade. Seu pai não estudou, tinha o primeiro ano do primário incompleto e foi autodidata em tudo. E só conseguiu estudar quando estava estabilizado. Ele fez a faculdade junto com Sócrates. O seu nome, por exemplo, vem do autodidatismo do seu pai. Ele tinha uma necessidade absoluta de conhecimento, ele queria sair da merda que nasceu. E conseguiu. Na época ele estava lendo a “República”, de Platão e deu o nome para os três filhos: Sócrates, Sófenes e Sófocles.
Questionado se tinha algum ídolo no esporte, Sócrates foi categórico: “Não, no esporte não. Meus únicos ídolos foram o Che Guevara e o John Lennon”.
Sócrates não foi apenas um jogador de futebol. Ideologicamente, ele fez a cabeça de uma geração reprimida pelos anos de ditadura no Brasil. Em 1984, subiu a diversos palanques para defender o voto direto para presidente. Prometeu sair do país se o voto direto não fosse aprovado na Câmara. Dito e feito: frustrado, Sócrates partiu para a Fiorentina, na Itália.
Pela Seleção Brasileira, o jogador esguio e pouco afeito à preparação física foi um dos pilares da equipe de Telê Santana na Copa do Mundo da Espanha, em 1982. Mesmo sem ter sido campeão (foi eliminado pela Itália na segunda fase), o time é considerado o mais talentoso do Brasil desde 1970.
No México, em 1986, o time de Telê não repetiu a performance técnica do Mundial anterior, mas chegou às quartas-de-final, quando caiu derrotado pela França, na disputa nos pênaltis. Sócrates manteve sua tradição de contestação e arrumou uma briga com a Fifa por ter entrado em campo com uma mensagem política.
Sócrates, médico formado, comentarista da TV Cultura e da revista “Carta Capital”, realmente foi um jogador de futebol acima da média. Ele sempre costumava dizer que “nenhum ambiente, nem o de 1982, me fez tão bem como o da "Democracia Corinthiana". Não troco a alegria de ter sido capitão daquele Corinthians por nada”.
E orgulhava-se ainda de ter integrado o time daqueles que lutaram pelas “Diretas Já”, como os artistas Fafá de Belém, sua conterrânea, Chico Buarque, Fernanda Montenegro e Regina Duarte e os políticos Franco Montoro e Dante de Oliveira, cuja emenda em favor do movimento levava seu nome. Coincidência: o primeiro comício das "Diretas Já" em São Paulo foi em frente ao estádio do Pacaembu, onde o Corinthians mandava seus jogos.
O futebol, para Sócrates, só tinha importância se existisse um contexto social. “As minhas vitórias políticas são infinitamente superiores às minhas vitórias como jogador profissional. Um jogo acaba em 90 minutos. A vida prossegue. E ela é real”.
Sócrates tentou a carreira de treinador. Foi no Cabo Frio, que é um time pequeno do interior do Rio de Janeiro. Ficou sete meses por lá e conseguiu botar o time na primeira divisão do Estadual. Dirigiu o time em dois jogos na primeira divisão, e foi demitido.
O motivo para a sua demissão foi político. Quem bancava o clube era a prefeitura. Era ano eleitoral e o objetivo do prefeito era ter algum tipo de prestigio político com o clube. Sócrates como técnico estimulava as pessoas a lerem, e começou a criar programas educativos dentro do clube. E tudo isso incomodou o prefeito.
Títulos conquistados: Campeão do 1º turno do Campeonato Paulista de 1977 (Botafogo, de Ribeirão Preto-SP); Campeão Paulista pelo S.C. Corinthians (1979, 1982, 1983); Campeão da Taça Rio de Janeiro pelo C.R. Flamengo (1986); Campeão Carioca pelo C.R. Flamengo (1986); Vice-Campeão do Mundialito de Montevidéu pela Seleção Brasileira (1980); Campeão da Taça da Inglaterra pela Seleção Brasileira (1981); Campeão da Taça da França pela Seleção Brasileira (1981); Vice-Campeão da Copa América pela Seleção Brasileira (1983).
Além de títulos, Sócrates foi agraciado com vários troféus: Artilheiro do Campeonato Paulista, com 15 gols (1976); Bola de Prata da Revista Placar (1980); All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA (1982); 6º Maior Jogador da Copa do Mundo FIFA (1982); 5º Melhor jogador do Mundo eleito pela World Soccer (1982); Melhor Jogador Sulamericano do ano eleito pelo jornal El Mundo (1983); 100 Craques do Século - World Soccer (1999); CNN Sports - 100 Maiores das Copas (2002) e Prêmio FIFA 100 (2004). (Pesquisa: Nilo Dias)
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
O centenário "Leão do Norte" (II)
O primeiro estádio do Commercial se localizava na Rua Tibiriçá, onde hoje fica a sede centro da Sociedade Recreativa. Foi um dos primeiros campos gramados do Estado de São Paulo, pois os freqüentadores eram ricos e reclamavam da poeira levantada durante os jogos no campo de terra batida. O Commercial o utilizou até 1936.
Em 1929, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, os cafeicultores não tiveram mais condições de investir maciçamente no clube, que passou a enfrentar sérias crises financeiras. Em 1936 foi fechado o Departamento de Futebol Profissional, depois que o clube havia contratado os irmãos Bertoni, jogadores uruguaios, que ganhavam altos salários para a época.
Descontentes com isso, e querendo receber o mesmo, os demais jogadores se revoltaram. As finanças foram se deteriorando e as dívidas se acumulando. E a situação ficou pior quando os sócios de maiores posses, aqueles que achavam que o futebol deveria ser praticado por amor à camisa, se afastaram.
Com a possibilidade do futebol levar o clube à falência, jogando fora um patrimônio valioso, comercialinos como Camilo de Mattos e Antônio Uchôa Filho resolveram intervir. Convocaram uma assembléia e o Comercial foi anexado à Sociedade Recreativa que em 1937 absorveu a dívida de 40 contos que o Comercial chegou a dever para agiotas. Os diretores sumiram e só sobrou um Conselho, que tinha como presidente o mesmo dirigente que presidia a Recreativa.
O clássico da cidade entre Commercial X Botafogo teve início na década de 1930. Até 1936, tempo do amadorismo, foram realizados 19 jogos entre os dois times, mas ainda não era usado o termo "Come-Fogo". Foram 11 vitórias para o Commercial, 3 para o Botafogo e 5 empates. O primeiro jogo desta fase foi realizado no dia 30 de novembro de 1930, com resultado de 3 X 0 para o Comercial. O último jogo da fase aconteceu em 29 de março de 1936, com vitória comercialina por 3 X 1. De 1930 a 1954 não foram realizados jogos entre os dois times.
Passaram-se quase 20 anos para que o Comercial voltasse a campo. Em 1954, um grupo de antigos e fiéis comercialinos se reuniu para estudar o ressurgimento do clube. Entre eles, Domingos João Batista Spinelli, Oscar Moura Lacerda, José Monteiro, Áureo Alves Ferreira, Geraldo Leite de Castro, Pedro Paneli, José Grota, Belmácio Godinho, Jamil Jorge, Agenor Saheb, Antídio de Almeida, Lourenço Gueringueli, Álvaro de Oliveira, Monteiro de Barros, Prisco da Cruz, Arlindo Vallada, Jaime de Oliveira Vallada, Romero Barbosa, Baudilio Biagi, Plínio de Castro Prado e Francisco de Palma Travassos, que doou o terreno onde foi construído o estádio que leva seu nome.
No dia 8 de abril daquele ano, o Comercial foi reorganizado e em 7 de outubro, numa fusão com o Paineiras Futebol Clube, já filiado a Federação Paulista de Futebol, o “Leão do Norte” estava pronto para disputar o Campeonato Paulista da Segunda Divisão de Profissionais daquele ano. O nome do clube foi atualizado, passando de Commercial Football Club para Comercial Futebol Clube.
A reaparição do Comercial nos gramados se deu num amistoso estilo jogo-treino em agosto de 1954, na Fazenda Dumont, onde o Leão enfrentou o time local e venceu por 3 X 0. Em 15 de agosto de 1954, o Comercial enfrentou a A.A. Francana, em Franca e perdeu por 2 X 0. Era o primeiro jogo amistoso contra uma equipe profissional.
A primeira vitória do Comercial sobre um time profissional deu-se em 28 de agosto de 1954, quando o clube venceu a A.A. Francana no recém alugado Estádio Antônio da Costa Coelho, localizado na Avenida 1º de Maio, na Vila Virgínia, em Ribeirão Preto. O Comercial utilizou o estádio até o dia 29 de setembro de 1964, quando venceu por 2 X 0 o América F.C., do Rio de Janeiro.
Mesmo após o Comercial deixar de utilizar o estádio, o local ainda continuou recebendo jogos de futebol, porém, amadores. Hoje, o Estádio Costa Coelho ainda existe, e é sede do Clube Mogiana.
Outros amistosos marcaram o ano de retorno do Comercial, mas nenhum deles marcou tanto como o de 14 de novembro de 1954, quando o Comercial perdeu para o São Paulo F.C. por 4 X 2 no Estádio Antônio da Costa Coelho. Apesar da derrota, o jogo marcou o reencontro do “Leão” com grandes clubes.
No retorno aos gramados, o Comercial por pouco não conquistou uma vaga na elite do futebol paulista. O time fez uma campanha sensacional, chegando ás finais contra o Taubaté. O jogo terminou 0 X 0, mas a vitória poderia ter sido do Comercial, que teve um gol legitimo de Ademar, anulado pelo juiz Luís Batista Laurito, embora o bandeirinha tivesse corrido para o centro de campo. E ainda deixou de marcar um pênalti legitimo para o “Leão”. O Taubaté subiu e o Comercial ficou com o vice-campeonato e conhecido como "Campeão sem Coroa".
Em 1958, sem erros de arbitragem o Comercial ganhou o título e subiu para a Divisão Principal do futebol paulista, depois de uma final suada contra o Corinthians, de Presidente Prudente. Foram três jogos: o Comercial perdeu o primeiro fora de casa por 1 X 0, venceu o segundo em Ribeirão Preto, também por 1 X 0 e goleou de 4 X 0 no terceiro, disputado dia 21 de abril de 1958, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Carlos César marcou duas vezes e Ademar e Lécio completaram o escore. A equipe que chegou ao titulo jogou com Santão – Toninho – Valdemar - Parracho e Candão – Valtinho – Lécio – Ademar – Otávio - Almeida e Carlos César. (Pesquisa: Nilo Dias)
O velho estádio da rua Tibiriçá, hoje desativado e servindo como sede social da Sociedade Recreativa.
Em 1929, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, os cafeicultores não tiveram mais condições de investir maciçamente no clube, que passou a enfrentar sérias crises financeiras. Em 1936 foi fechado o Departamento de Futebol Profissional, depois que o clube havia contratado os irmãos Bertoni, jogadores uruguaios, que ganhavam altos salários para a época.
Descontentes com isso, e querendo receber o mesmo, os demais jogadores se revoltaram. As finanças foram se deteriorando e as dívidas se acumulando. E a situação ficou pior quando os sócios de maiores posses, aqueles que achavam que o futebol deveria ser praticado por amor à camisa, se afastaram.
Com a possibilidade do futebol levar o clube à falência, jogando fora um patrimônio valioso, comercialinos como Camilo de Mattos e Antônio Uchôa Filho resolveram intervir. Convocaram uma assembléia e o Comercial foi anexado à Sociedade Recreativa que em 1937 absorveu a dívida de 40 contos que o Comercial chegou a dever para agiotas. Os diretores sumiram e só sobrou um Conselho, que tinha como presidente o mesmo dirigente que presidia a Recreativa.
O clássico da cidade entre Commercial X Botafogo teve início na década de 1930. Até 1936, tempo do amadorismo, foram realizados 19 jogos entre os dois times, mas ainda não era usado o termo "Come-Fogo". Foram 11 vitórias para o Commercial, 3 para o Botafogo e 5 empates. O primeiro jogo desta fase foi realizado no dia 30 de novembro de 1930, com resultado de 3 X 0 para o Comercial. O último jogo da fase aconteceu em 29 de março de 1936, com vitória comercialina por 3 X 1. De 1930 a 1954 não foram realizados jogos entre os dois times.
Passaram-se quase 20 anos para que o Comercial voltasse a campo. Em 1954, um grupo de antigos e fiéis comercialinos se reuniu para estudar o ressurgimento do clube. Entre eles, Domingos João Batista Spinelli, Oscar Moura Lacerda, José Monteiro, Áureo Alves Ferreira, Geraldo Leite de Castro, Pedro Paneli, José Grota, Belmácio Godinho, Jamil Jorge, Agenor Saheb, Antídio de Almeida, Lourenço Gueringueli, Álvaro de Oliveira, Monteiro de Barros, Prisco da Cruz, Arlindo Vallada, Jaime de Oliveira Vallada, Romero Barbosa, Baudilio Biagi, Plínio de Castro Prado e Francisco de Palma Travassos, que doou o terreno onde foi construído o estádio que leva seu nome.
No dia 8 de abril daquele ano, o Comercial foi reorganizado e em 7 de outubro, numa fusão com o Paineiras Futebol Clube, já filiado a Federação Paulista de Futebol, o “Leão do Norte” estava pronto para disputar o Campeonato Paulista da Segunda Divisão de Profissionais daquele ano. O nome do clube foi atualizado, passando de Commercial Football Club para Comercial Futebol Clube.
A reaparição do Comercial nos gramados se deu num amistoso estilo jogo-treino em agosto de 1954, na Fazenda Dumont, onde o Leão enfrentou o time local e venceu por 3 X 0. Em 15 de agosto de 1954, o Comercial enfrentou a A.A. Francana, em Franca e perdeu por 2 X 0. Era o primeiro jogo amistoso contra uma equipe profissional.
A primeira vitória do Comercial sobre um time profissional deu-se em 28 de agosto de 1954, quando o clube venceu a A.A. Francana no recém alugado Estádio Antônio da Costa Coelho, localizado na Avenida 1º de Maio, na Vila Virgínia, em Ribeirão Preto. O Comercial utilizou o estádio até o dia 29 de setembro de 1964, quando venceu por 2 X 0 o América F.C., do Rio de Janeiro.
Mesmo após o Comercial deixar de utilizar o estádio, o local ainda continuou recebendo jogos de futebol, porém, amadores. Hoje, o Estádio Costa Coelho ainda existe, e é sede do Clube Mogiana.
Outros amistosos marcaram o ano de retorno do Comercial, mas nenhum deles marcou tanto como o de 14 de novembro de 1954, quando o Comercial perdeu para o São Paulo F.C. por 4 X 2 no Estádio Antônio da Costa Coelho. Apesar da derrota, o jogo marcou o reencontro do “Leão” com grandes clubes.
No retorno aos gramados, o Comercial por pouco não conquistou uma vaga na elite do futebol paulista. O time fez uma campanha sensacional, chegando ás finais contra o Taubaté. O jogo terminou 0 X 0, mas a vitória poderia ter sido do Comercial, que teve um gol legitimo de Ademar, anulado pelo juiz Luís Batista Laurito, embora o bandeirinha tivesse corrido para o centro de campo. E ainda deixou de marcar um pênalti legitimo para o “Leão”. O Taubaté subiu e o Comercial ficou com o vice-campeonato e conhecido como "Campeão sem Coroa".
Em 1958, sem erros de arbitragem o Comercial ganhou o título e subiu para a Divisão Principal do futebol paulista, depois de uma final suada contra o Corinthians, de Presidente Prudente. Foram três jogos: o Comercial perdeu o primeiro fora de casa por 1 X 0, venceu o segundo em Ribeirão Preto, também por 1 X 0 e goleou de 4 X 0 no terceiro, disputado dia 21 de abril de 1958, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Carlos César marcou duas vezes e Ademar e Lécio completaram o escore. A equipe que chegou ao titulo jogou com Santão – Toninho – Valdemar - Parracho e Candão – Valtinho – Lécio – Ademar – Otávio - Almeida e Carlos César. (Pesquisa: Nilo Dias)
O velho estádio da rua Tibiriçá, hoje desativado e servindo como sede social da Sociedade Recreativa.
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