Coriolano
dos Santos, ou simplesmente Coriolano, foi um jogador de chute poderoso,
perfeito controlador da bola, cabeceador notável. Foi de fato um craque do
futebol, um craque que teria hoje mais fama no Estado, não fosse sua carreira
ter-se desenvolvido paralelamente com a de outro homem, também extraordinário,
Mário Reis, que era então o dono indiscutível da meia-esquerda, posição em que
o pai de Touguinha sempre atuou.
Coriolano
iniciou a prática do futebol com a idade de 15 anos, na meia-esquerda dos
“filhotes” do S.C. Rio Grande. Imediatamente revelou atributos fora do comum
para a sua idade, empolgando a torcida do “Veterano”.
Antônio
Azambuja, alto funcionário do Porto de Rio Grande, conseguiu serviço para
Coriolano, que ficou mais de 40 anos no emprego, chegando a ser sub-diretor da
antiga Divisão de Portos Rios e Canais.
Naquele
ano de 1913, Coriolano teve uma ascensão vertical no futebol. Em poucos meses
passou para o segundo quadro, e, deste, para a equipe principal. Antes do fim
do ano já era o titular da Seleção Riograndina. Em 1914, veio a Porto Alegre
com o S.C. Rio Grande, que jogou contra quatro equipes locais.
Venceu
o Fuss-Ball por 4 X 2, o Frisch-Auf por 3 X 1, perdeu para o Internacional por
5 X 1. Nesse jogo o Rio Grande ficou sem o seu goleiro aos 2 minutos de jogo,
depois que ele se chocou violentamente com o atacante colorado, Ribas. E perdeu
para o Grêmio por 6 X 1.
E
entre os que mais se entusiasmaram pelas atuações, iniciais e posteriores do
jovem, foi o cronista José Pio Alves, que, desde então, até falecer, não cansou
de publicar os mais rasgados elogios às qualidades de Coriolano. Chegou mesmo a
organizar um álbum, no qual anos afora, foi colecionando as opiniões da
imprensa e as fotografias.
Em
1918 passou para o Rio-Grandense, onde estreou enfrentando o São Paulo e
vencendo-o por 5 X 0. Pelo Rio-Grandense foi campeão da cidade em 1921.
Era
tal então o renome de Coriolano no esporte riograndino, que os funcionários do
Porto sentiam orgulho em dizer-se colegas do craque. Esses mesmos companheiros
de trabalho, em testemunho de admiração, ofertaram-lhe então uma caríssima
medalha de ouro maciço.
Em
1922 voltou ao S.C. Rio Grande, tornando a se sagrar campeão da cidade.
Nesse ano passou por incomensurável emoção. Disputava-se em Porto Alegre a “Taça
Centenário da Independência do Brasil”. O S.C. Rio Grande chegou à capital sem
muitas pretensões, mas disposto a lutar sem quartel.
Como
primeiro adversário teve o Rui Barbosa, que caiu ante o time “papa-areia” por 3
X 1. A seguir os riograndinos enfrentaram o Riograndense, de Santa Maria,
abatendo-o por 1 X 0. Faltava o adversário mais poderoso, o Grêmio
Portoalegrense, que havia vencido o Riograndense santamariense, por 2 X 1. Nesse
jogo decisivo o S.C. Rio Grande venceu por 4 X 1 conquistando o troféu
oferecido pelo Governo do Estado.
O
S.C. Rio Grande mandou a campo: Pato – Ventura e Landa – Carrancho – Mirand e
Garvero – Paulinho – Alberto – Nelson – Coriolano e Leôncio.
Nesse
ano de 1922, Coriolano estava em grande forma. Em um jogo chegou a marcar seis
gols, sendo três de cabeça. Ele contava que costumava cabecear com a bola entre
a testa e o nariz, nunca em cima da cabeça, pois assim ela não levantava.
Coriolano
jogou até 1928, tendo sido capitão do time do S.C. Rio Grande nos últimos cinco
anos. Foi novamente campeão da cidade em 1928. Mesmo com toda a sua grande técnica, nunca
foi convocado para integrar a Seleção do Rio Grande do Sul, embora uma vez
houvesse sido chamado para fazer experiência na Seleção Brasileira.
Mas
sua mãe não permitiu que fosse ao Rio de Janeiro se apresentar na Seleção.Era
inimiga do futebol, e mesmo em Rio Grande não gostava que ele jogasse. Certa
vez, em véspera de partida decisiva, foi necessário a ida de uma comissão de
“veteranos” a sua casa, afim de obter permissão para que ele pudesse entrar em
campo. (Matéria publicada no Jornal "Diário de Notícias", de Porto Alegre, já extinto - Enviada pelo pesquisador Douglas Marcelo Rambor, de Três Coroas-RS)
O pai da bola
Coriolando, cegou ao cargo de sub-diretor do Porto de Rio Grande. (Foto: Jornal "Diário de Notícias", de Porto Alegre, já extinto - Enviada pelo pesquisador Douglas Marcelo Rambor, de Três Coroas-RS)
Touguinha, jogou apenas no Grêmio e no Corinthians Paulista. (Foto: Acervo fotográfico do S.C. Corinthians Paulista)
O pai da bola
Clóvis
Touguinha dos Santos, ou apenas Touguinha, filho de Coriolano, nasceu na cidade
de Rio Grande em 14 de fevereiro de 1923 e morreu em Porto Alegre, em 1967, por
causa desconhecida. Jogou em apenas dois clubes, o Grêmio, de Porto Alegre e o Corinthians
Paulista, onde foi campeão estadual em 1950 e do Torneio Rio-São Paulo, em
1951.
O time corinthiano tinha esta formação básica: Cabeção
– Murilo e Lorena - Idário, Touguinha e Julião - Claudio – Luizinho – Baltazar -
Jackson e Carbone. Técnico: Rato.
Em
1942 foi contratado pelo Grêmio, onde ficou até 1948, ano em que se transferiu
para o Corinthians. No clube paulista se destacou por seu futebol clássico com
belos passes. Por isso ganhou o apelido der “Pai da Bola”.
Sua
primeira partida com a camisa do Corinthians fioi no dia 21 de abril de 1949,
num jogo amistoso frente o Noroeste, de Bauru. No decorrer do jogo ele entrou
no lugar do então titular Newton. A partir daí ganhou a posição, formando com
Idário uma histórica linha média.
Touguinha
era um jogador muito educado. Gostava de dar entrevistas, era atencioso com a
imprensa e com os ouvintes. Costumava cumprimentar seus fans, dizendo sempre:
“Boa noite, queridos ouvintes, que me prestigiam”.
Ao
todo foram 126 jogos e quatro gols assinalados pelo time do Corinthians,
segundo o "Almanaque do Timão", de Celso Unzelte.
Coriolando, cegou ao cargo de sub-diretor do Porto de Rio Grande. (Foto: Jornal "Diário de Notícias", de Porto Alegre, já extinto - Enviada pelo pesquisador Douglas Marcelo Rambor, de Três Coroas-RS)
Touguinha, jogou apenas no Grêmio e no Corinthians Paulista. (Foto: Acervo fotográfico do S.C. Corinthians Paulista)