Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O Palmeiras agora é centenário

A Sociedade Esportiva Palmeiras, clube dos italianos e seus descedentes, em São Paulo, completa hoje 100 anos de fundação. Fundado no distante dia 26 de agosto de 1914, chamou-se inicialmente de Societa Sportiva Palestra Italia.

O primeiro jogo disputado pela nova equipe, que se tem notícia, foi realizado em 24 de janeiro de 1915 frente a equipe do Savóia, do atual município de Votorantim, à época distrito de Sorocaba, no interior paulista. O Palerstra venceu por 2 X 0 com gols de Bianco e Alegretti.


O primeiro goleiro do Palestra Itália disputou apenas um jogo e não sofreu nenhum gol e, assim como Savóia, também era sorocabano: seu nome José Stilitano, o primeiro de uma lendária escola de arqueiros.

Nas décadas de 1920 e 1930 colecionou muitos títulos e conquistou grande número de torcedores. Mas quando da Segunda Guerra Mundial, por ordem governamental, foi obrigado a mudar de nome. Decreto do então presidente Getúlio Vargas, proibiu qualquer referência que lembrasse os países em guerra com os Aliados, casos de Alemanha, Itália e Japão.

A escolha do nome Palmeiras deu-se para aproveitar o “P” no uniforme e lembrar a extinta Associação Atlética das Palmeiras, onde alguns jogadores do extinto Palestra haviam jogado. Em homenagem ao antigo Palestra Itália, alguns clubes, principalmente do interior paulista, também foram chamados de Palestra.

Ccasos de Palestra Esporte Clube, de São José do Rio Preto e Palestra, de São Bernardo. Outros foram extintos, como o Palestra Itália, de São Carlos, Palestra Itália, de Rio Claro e Palestra Futebol Clube, de Ribeirão Preto.

Em Belo Horizonte o atual Cruzeiro Esporte Clube, foi fundado como Palestra Itália. E pelo mesmo motivo que o clube paulista, teve de mudar a denominação, quando do evento da Segunda Guerra Mundial.

No Paraná houve um Palestra Itália Futebol Clube, fundado em 1921, que fundiu-se com o Britânia Sport Club e com o Clube Atlético Ferroviário em 1971 para dar origem ao Colorado Esporte Clube. O Colorado, por sua vez, fundiu-se ao Esporte Clube Pinheiros, formando o Paraná Clube em 1989.

Interessante notar ainda que houve um clube denominado Palestra Itália, que não praticava futebol, na cidade de Nova Iorque, onde a imigração italiana também deixou influências socioculturais muito fortes.

Em 20 de setembro de 1942 o antigo Palestra Itália disputou a primeira partida com o novo nome de Palmeiras, quando levantou o título paulista frente o São Paulo F.C., no Estádio Municipal do Pacaembu, no episódio histórico que ficou conhecido como “Arrancada Heróica”.

Grandes jogadores do futebol brasileiro já vestiram a camisa verde e branca do Palmeiras, casos de Oberdan Cattani, recentemente falecido, Waldemar Fiúme, Villadoniga, Jair da Rosa Pinto, Liminha, Rodrigues, Ademir da Guia, Dudu, Julinho Botelho, Djalma Santos, Servílio, Humberto, Mazzola, Tupanzinho, Luis Pereira, Leivinha, César, Leão, Evair, Edmundo, Roberto Carlos, César Sampaio, Mazinho, Edilson, Zinho, Arce, Aléx, Cléber, Oséas, Paulo Nunes, Júnior, Euller e os goleiros Velloso e Marcos, entre outros.

Conhecido como "Divino" por conta da grande classe no trato da bola e pela eficiência, Ademir da Guia é considerado o maior jogador da história do alviverde, com a impressionante marca de 901 jogos, 153 gols marcados e dezenas de títulos conquistados, entre campeonatos oficiais e torneios amistosos nacionais e internacionais.

O maior artilheiro da história palmeirense foi Heitor Marcelino, que atuou pelo Plestra Itália nas décadas de 1920 e 1930. Marcou 327 gols e quebrou diversos recordes, como por exemplo, mais gols em uma só partida. Seguem-se, César Maluco, com 180 gols, Ademir da Guia, 153, Lima 149 e Servilio, 140.

Em 7 de setembro de 1965, quando da inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o “Mineirão”, em Belo Horizonte, o Palmeiras foi o primeiro clube a representar a Seleção Brasileira, em jogo contra o Uruguai, vencido por 3 X 0.  
A S.E. Palmeiras, embora não atravesse um bom momento, já tendo caido para a Série B do Campeonato Brasileiro por duas vezes, é um dos times mais vencedores e de maior torcida do País. As cores do Palmeiras são o verde e branco.

O vermelho, presente desde a fundação em 1914, foi excluído durante a Segunda Guerra Mundial, quando da reunião que formalizou a mudança de nome de Palestra Itália para Palmeiras.

Seus títulos mais importantes conquistados no futebol são a Copa do Brasil, a Copa Mercosul e a Copa Libertadores da América, todos em 1998, e a Copa Rio de 1951, reconhecida recentemente pela FIFA como o primeiro Campeonato Mundial de Clubes.

Nessa competição o clube paulista derrotou no jogo final a Juventus, da Itália, perante 100 mil pessoas no Maracanã. E ainda a Copa do Brasil de 2009

O Palmeiras possui ainda 8 títulos nacionais, 4 do Campeonato Brasileiro (1972, 1973, 1993 e 1994), principal disputa do País desde 1971 e mais 2 da Taça Brasil (1960 e 1967) e 2 do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), principais disputas brasileiras entre 1959 e 1970, que foram oficializadas pela CBF em 2010 também como Campeonatos Brasileiros.

Além destes campeonatos, o Palmeiras já venceu no País as Copas do Brasil de 1998 e de 2012 e a Copa dos Campeões de 2000, competições também organizadas pela entidade máxima do futebol brasileiro.

No Estado de São Paulo, o Palmeiras também é um dos principais vencedores, com 22 conquistas do Campeonato Paulista de Futebol e mais dois títulos extras da mesma competição.

Em 2005, no dia 11 de outubro, foi sancionada na cidade de São Paulo a Lei n.º 14.060, que definiu o dia 20 de setembro como o "Dia da Sociedade Esportiva Palmeiras", que passou a ser lembrado anualmente na capital paulista, já que passou a integrar o Calendário Oficial do Município.

O Palmeiras conta atualmente com 15 mil associados. O clube é dono do Estádio Palestra Itália, no bairro de Água Branca, onde se encontra toda a parte social do clube, que envolve o Conjunto Aquático, ginásio de esportes, Centro de Convivência Social, que abriga bares, lanchonetes, solarium, academia de ginástica e musculação, além de Departamentos Esportivos, Centro de Recreação Infantil, quadras poliesportivas e a sala de troféus.

A agremiação também conta com um Clube de Campo, no Bairro de Parelheiros, com 138 mil m2, com piscinas, dois cmpos de futebol, quatro quadras de tênis, duas quadras de bochas, salão de jogos, sala de TV, berçário, enfermaria, dus lanchonetes, um restaurante, uma área para churrasco com 52 quiosques, dois lagos e um playground completo.

O velho Estádio Palestra Itália, localizado entre os distritos da Barra e Funda e Perdizes, na Zona oeste da cidade, foi adquirido pelo clube em 1920, com o apoio da Companhia Matarazzo.

Em julho de 2010, deixou de receber partidas de futebol e demais eventos, em virtude do início das reformas para transformar o local em uma moderna arena multiuso, o “Allianz Parque”. Antes da reforma, possuía capacidade para 27.650 pessoas. Após ficar pronto, poderá receber até 46.700 pessoas. (Pesquisa: Nilo Dias)

Palestra Itália, campeão paulista de 1933. (Foto: Acervo fotográfico da S.E. Palmeiras)

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Um jogador notável

Coriolano dos Santos, ou simplesmente Coriolano, foi um jogador de chute poderoso, perfeito controlador da bola, cabeceador notável. Foi de fato um craque do futebol, um craque que teria hoje mais fama no Estado, não fosse sua carreira ter-se desenvolvido paralelamente com a de outro homem, também extraordinário, Mário Reis, que era então o dono indiscutível da meia-esquerda, posição em que o pai de Touguinha sempre atuou.

Coriolano iniciou a prática do futebol com a idade de 15 anos, na meia-esquerda dos “filhotes” do S.C. Rio Grande. Imediatamente revelou atributos fora do comum para a sua idade, empolgando a torcida do “Veterano”.

Antônio Azambuja, alto funcionário do Porto de Rio Grande, conseguiu serviço para Coriolano, que ficou mais de 40 anos no emprego, chegando a ser sub-diretor da antiga Divisão de Portos Rios e Canais.

Naquele ano de 1913, Coriolano teve uma ascensão vertical no futebol. Em poucos meses passou para o segundo quadro, e, deste, para a equipe principal. Antes do fim do ano já era o titular da Seleção Riograndina. Em 1914, veio a Porto Alegre com o S.C. Rio Grande, que jogou contra quatro equipes locais.

Venceu o Fuss-Ball por 4 X 2, o Frisch-Auf por 3 X 1, perdeu para o Internacional por 5 X 1. Nesse jogo o Rio Grande ficou sem o seu goleiro aos 2 minutos de jogo, depois que ele se chocou violentamente com o atacante colorado, Ribas. E perdeu para o Grêmio por 6 X 1.

E entre os que mais se entusiasmaram pelas atuações, iniciais e posteriores do jovem, foi o cronista José Pio Alves, que, desde então, até falecer, não cansou de publicar os mais rasgados elogios às qualidades de Coriolano. Chegou mesmo a organizar um álbum, no qual anos afora, foi colecionando as opiniões da imprensa e as fotografias.

Em 1918 passou para o Rio-Grandense, onde estreou enfrentando o São Paulo e vencendo-o por 5 X 0. Pelo Rio-Grandense foi campeão da cidade em 1921.

Era tal então o renome de Coriolano no esporte riograndino, que os funcionários do Porto sentiam orgulho em dizer-se colegas do craque. Esses mesmos companheiros de trabalho, em testemunho de admiração, ofertaram-lhe então uma caríssima medalha de ouro maciço.

Em 1922 voltou ao S.C. Rio Grande, tornando a se sagrar campeão da cidade. Nesse ano passou por incomensurável emoção. Disputava-se em Porto Alegre a “Taça Centenário da Independência do Brasil”. O S.C. Rio Grande chegou à capital sem muitas pretensões, mas disposto a lutar sem quartel.

Como primeiro adversário teve o Rui Barbosa, que caiu ante o time “papa-areia” por 3 X 1. A seguir os riograndinos enfrentaram o Riograndense, de Santa Maria, abatendo-o por 1 X 0. Faltava o adversário mais poderoso, o Grêmio Portoalegrense, que havia vencido o Riograndense santamariense, por 2 X 1. Nesse jogo decisivo o S.C. Rio Grande venceu por 4 X 1 conquistando o troféu oferecido pelo Governo do Estado.

O S.C. Rio Grande mandou a campo: Pato – Ventura e Landa – Carrancho – Mirand e Garvero – Paulinho – Alberto – Nelson – Coriolano e Leôncio.

Nesse ano de 1922, Coriolano estava em grande forma. Em um jogo chegou a marcar seis gols, sendo três de cabeça. Ele contava que costumava cabecear com a bola entre a testa e o nariz, nunca em cima da cabeça, pois assim ela não levantava.

Coriolano jogou até 1928, tendo sido capitão do time do S.C. Rio Grande nos últimos cinco anos. Foi novamente campeão da cidade em 1928. Mesmo com toda a sua grande técnica, nunca foi convocado para integrar a Seleção do Rio Grande do Sul, embora uma vez houvesse sido chamado para fazer experiência na Seleção Brasileira.

Mas sua mãe não permitiu que fosse ao Rio de Janeiro se apresentar na Seleção.Era inimiga do futebol, e mesmo em Rio Grande não gostava que ele jogasse. Certa vez, em véspera de partida decisiva, foi necessário a ida de uma comissão de “veteranos” a sua casa, afim de obter permissão para que ele pudesse entrar em campo. (Matéria publicada no Jornal "Diário de Notícias", de Porto Alegre, já extinto - Enviada pelo pesquisador Douglas Marcelo Rambor, de Três Coroas-RS)

O pai da bola


Clóvis Touguinha dos Santos, ou apenas Touguinha, filho de Coriolano, nasceu na cidade de Rio Grande em 14 de fevereiro de 1923 e morreu em Porto Alegre, em 1967, por causa desconhecida. Jogou em apenas dois clubes, o Grêmio, de Porto Alegre e o Corinthians Paulista, onde foi campeão estadual em 1950 e do Torneio Rio-São Paulo, em 1951.

O time corinthiano tinha esta formação básica: Cabeção – Murilo e Lorena - Idário, Touguinha e Julião - Claudio – Luizinho – Baltazar - Jackson e Carbone. Técnico: Rato.

Em 1942 foi contratado pelo Grêmio, onde ficou até 1948, ano em que se transferiu para o Corinthians. No clube paulista se destacou por seu futebol clássico com belos passes. Por isso ganhou o apelido der “Pai da Bola”.

Sua primeira partida com a camisa do Corinthians fioi no dia 21 de abril de 1949, num jogo amistoso frente o Noroeste, de Bauru. No decorrer do jogo ele entrou no lugar do então titular Newton. A partir daí ganhou a posição, formando com Idário uma histórica linha média.

Touguinha era um jogador muito educado. Gostava de dar entrevistas, era atencioso com a imprensa e com os ouvintes. Costumava cumprimentar seus fans, dizendo sempre: “Boa noite, queridos ouvintes, que me prestigiam”.

Ao todo foram 126 jogos e quatro gols assinalados pelo time do Corinthians, segundo o "Almanaque do Timão", de Celso Unzelte.


Coriolando, cegou ao cargo de sub-diretor do Porto de Rio Grande. (Foto: Jornal "Diário de Notícias", de Porto Alegre, já extinto - Enviada pelo pesquisador Douglas Marcelo Rambor, de Três Coroas-RS)


Touguinha, jogou apenas no Grêmio e no Corinthians Paulista. (Foto: Acervo fotográfico do S.C. Corinthians Paulista)

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

108 anos de futebol (Final)

O Oriente Atlético Clube foi fundado em 13 de junho de 1927, em Santa Cruz. A escolha da denominação do clube partiu da ideia de que o sol surge no nascente ou no oriente. Já a ideia da camisa vermelha ou encarnada foi inspirada em um famoso matadouro existente na região que tinha ampla importância para as famílias residentes, haja vista que pelo menos um membro trabalhava no local.

Como os funcionários entravam pela manhã vestidos de branco, e no final do expediente saíam com a cor do sangue do gado, foi decidido que o time vestiria o branco e o vermelho . As primeiras reuniões aconteceram nas casas dos fundadores e de algumas pessoas que ofereciam suas residências.

O terreno para a construção do campo foi cedido, ainda uma vez mais, por Antônio da Costa. O local é o mesmo onde, ainda hoje está situado: Rua Nestor, 1107 a 1127. Estreou em 1929 no Campeonato Carioca da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMTD).

Na final, o G.S. Santa Cruz venceu por 2 X 0 o S.C. América e ficou com o título de campeão carioca de 1930. Em 1931, o Oriente venceu o Campeonato Carioca da LMDT.  No ano seguinte a Liga realizou o seu último campeonato como Autônoma. O campeão foi o Sport Club Boavista.

Em 1933, a LMDT passou a ser uma subliga da Liga Carioca de Foot Ball até ser extinta em 1935. O Oriente disputou seu último campeonato nessa Liga na série João Evangelista Belfort Duarte.

O Oriente participou da Liga Suburbana de Futebol em companhia de outros clubes do antigo Distrito Federal. Conseguiu grandes feitos ao longo de sua existência e juntamente com o Manufatura Nacional de Porcelana, foi o maior conquistador de títulos do Departamento Autônomo da Federação de Futebol.

A Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) continuou organizando Campeonatos Estaduais até 1932. Embora esses campeonatos fossem formalmente estaduais, a atual Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro não os lista na cronologia oficial do Campeonato Carioca.

Também participaram de Campeonatos Cariocas o Modesto Football Club, ou apenas Modesto, e o Jequiá Iate Clube ou apenas Jequiá, este fundado no dia 19 de dezembro de 1919. Ambos estão extintos.

O Canto do Rio Foot-Ball Club, da cidade de Niterói, foi fundado a 14 de novembro de 1913, por quatro garotos 10 e 11 anos de idade. O "Cantusca", como era popularmente chamado, logo se tornou o time mais popular de Niterói, onde disputou o campeonato municipal.

Nos tempos áureos do futebol niteroiense, o clube realizava o chamado “Clássico da Zona Sul”, com o Fluminense A.C., com quem formou nas décadas de 1920 a 1950, o "Grupo dos Seis". Juntos, estavam os extintos Ypiranga F.C., Niteroiense F.C., Byron F.C. e Barreto F.C. (estes últimos realizavam o “Clássico da Zona Norte”).

O Canto do Rio foi ainda um dos cinco fundadores da Associação Fluminense de Esportes Atléticos, que se tornpu, posteriormente, a Federação Fluminense de Desportos, que organizou o futebol do antigo Estado do Rio de Janeiro.

Sob os auspícios da entidade, o clube sagrou-se campeão municipal de Niterói em 1933, recebendo o título simbólico de "representante oficial do estado do Rio/AFEA".

O clube cresceu muito e tornou-se o primeiro clube do antigo Estado do Rio de Janeiro a se profissionalizar, em 1941. Como todos os campeonatos organizados pela Federação Fluminense de Desportos eram amadores, o Canto do Rio obteve licença especial para disputar o Campeonato Carioca de profissionais, do vizinho Distrito Federal.

A presença de um clube de outro Estado sempre incomodou os clubes chamados de "pequenos" da cidade do Rio de Janeiro, em especial o tradicional São Cristóvão, que, por várias vezes, tentaram alijar o clube niteroiense da disputa.

O ano de 1953 marcou um grande momento do Canto do Rio, quando conquistou o Torneio Início do Campeonato Carioca ao vencer o Vasco por 3 X 0 na partida final, disputada em pleno “Estádio Jornalista Mário Filho”, o Maracanã.

O Canto do Rio conseguiu se manter disputando o Campeonato Carioca (muito mais rentável e com muito mais cobertura jornalística do que o Campeonato Fluminense) até 1964, quando uma confusão em um jogo contra o Fluminense, que resultou em briga generalizada entre os jogadores e invasão de campo no Estádio Caio Martins, resultou na expulsão definitiva do clube alviceleste do futebol carioca.

O Canto do Rio abandonou o profissionalismo até a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. Na década de 1980, o clube voltou a tornar-se profissional e, desde então, vem alternando participações em divisões inferiores do futebol com pedidos de licença.

Suas cores oficiais, definidas pelo estatuto, são o azul e o branco. O uniforme original do Canto do Rio é camisas azuis com golas brancas e calções brancos (alvianil). No entanto, tradicionalmente o clube utiliza camisas listradas em um tom de azul mais claro (azul-celeste) e branco, porém mantendo os calções e o escudo no tom azul original.

O Campo Grande Atlético Clube foi fundado em 13 de junho de 1940, com o nome de Clube Sportivo Campo Grande, por remanescentes do antigo Campo Grande Athletic Club, fundado em 1908, que disputava os antigos campeonatos da Liga Metropolitana. Em meados dos anos 30, o clube foi extinto.

O Sportivo logo deu lugar ao atual time, o único participante do antigo Departamento Autônomo, onde participou desde seu primeiro certame, em 1949, até ser incluído para disputar o certame estadual em 1962. O uniforme do Campo Grande é composto por camisa com listras verticais brancas e pretas, calção branco e meias pretas.

O primeiro título veio no “Troféu José Trócoli”, disputado entre julho e agosto de 1967, por times que não haviam se classificado para o segundo turno do campeonato estadual.

No elenco figurava Dário Maravilha, que logo no ano seguinte seria vendido para o Clube Atlético Mineiro. No Campo Grande, ele assinalou 26 gols, de 1966 a 1968, incluindo gols nos juvenis e aspirantes.

Vanderlei Luxemburgo, hoje um dos principais técnicos do futebol brasileiro, com 31 anos assumiu o time alvinegro para a disputa da Taça de Ouro (Série A do Brasileirão) de 1983. Entre 44 equipes, o Campo Grande, que já tinha feito parte da elite nacional em 1979, ficou em 24º lugar na classificação final.

Títulos de campeões por clubes.  Flamengo, 33; Fluminense, 31; Vasco, 22; Botafogo, 20; América, 7; Bangu, 2; Payssandu, 1 e São Cristóvão, 1.

Participaram, ainda, do Campeonato Carioca as equipes do América, Bangu, Olaria, São Cristóvão, Madureira, Portuguesa, Bonsucesso, Serrano (Petrópolis), Volta Redonda, Americano (Campos), Goytacaz (Campos), Cabofriense (Cabo Frio), América (Três Rios), Nova Cidade (Nilópolis), Itaperuna (Itaperuna), Boavista (Saquarema), Duque de Caxias, Resende, Macaé, Nova Iguaçu, Audax Rio (São João do Meriti), Friburguense, Quissamã, Tigres do Brasil, Mesquita, Cardoso Moreira, Entrerriense (Três Rios), Barreira (Saquarema, atual Boavista) e Porto Alegre (Itaperuna).

A Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) continuou organizando campeonatos Estaduais até 1932. Embora esses campeonatos sejam formalmente campeonatos estaduais, a atual Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro não os lista na cronologia oficial do Campeonato Carioca.

Eis os campeões: Engenho de Dentro (1925); Modesto (1926 e 1927); S.C. América (1928 e 1929); Santa Cruz (1930); Oriente (1931) e Boa Vista (1932).

Em 1933 com a fundação da profissional Liga Carioca de Football, a LMDT desistiu de tentar rivalizar com mais uma liga e se tornou sub-liga da LCF, responsável pelos campeonatos de amadores da mesma - função semelhante ao do Departamento Autônomo.

Os campeões desses anos, que não mais podem ser considerados campeões estaduais, foram: Viação Excelsior (1933) e São José (1934). (Pesquisa: Nilo Dias)


Olaria A.C. em 1936. (Foto: Divulgação)

terça-feira, 19 de agosto de 2014

108 anos de futebol (2)

O Andarahy Athletico Club foi fundado no dia 9 de novembro de 1909. Localizava-se na Rua Barão de São Francisco, no Bairro de Vila Isabel, na Zona Norte da cidade.

O Estádio era chamado de “Barão de São Francisco”, e pertenceu ao clube até 1962, quando foi vendido ao América por CR$ 60 milhões, passando a chamar-se Wolney Braune. Nos anos 90, o América vendeu o estádio que atualmente é o Shopping Iguatemi, em Vila Isabel.

O uniforme do Andarahy tinha às cores verde e branco. Durante a história, o clube alternou dois modelos de uniformes: camisa inteiramente verde e calções brancos e camisa listrada na vertical alviverde e calções brancos.

O alviverde disputou 20 campeonatos estaduais, sendo o último em 1937. A sua melhor colocação no certame Carioca ocorreu em 1924, quando foi o quarto colocado, atrás de Vasco da Gama, Engenho de Dentro e Bonsucesso.

O Confiança Athletico Club foi fundado em 26 de abril de 1915. Era um clube do Andaraí, bairro da Zona Norte. Sua sede ficava na Rua Silva Teles, que pertenceu à antiga fábrica de tecidos de mesmo nome. O quadricolor - verde, preto, vermelho e amarelo, disputou dois campeonatos cariocas, em 1924 e 1933.

Apesar de ter disputados dois Estaduais, em ambos, terminou na 5ª posição. Na primeira, a equipe obteve cinco vitórias, quatro empates e cinco derrotas. Na segunda, foram cinco vitórias, sete empates e seis derrotas.

Nos anos 60 e 70 passou a disputar o campeonato amador do Departamento Autônomo da Federação de Futebol do Rio de Janeiro. Em 1990, passou para a terceira divisão de profissionais e no ano seguinte disputou a segunda divisão, porque a verdadeira segundona passou a se chamar "Intermediária", e, portanto, a terceira virou segunda.

Em 1993, o seu registro na Federação deu lugar ao Barra da Tijuca Futebol Clube, numa fusão articulada para que este entrasse direto na segunda divisão, sem precisar disputar a terceira. 

Durante a década de 90, o clube se extinguiu e parte da sua sede foi incorporada à quadra da “Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro”, e o restante ao “Boulevard Shopping”, lateral à Rua Maxwell.

O Carioca Football Club foi fundado em 16 de março de 1907, com o nome de Club Sportivo Victorioso. Depois mudou de nome para Carioca Football Club. Na década de 30, fundiu-se com o Gávea Sport Club e ficou com o nome definitivo de Carioca Esporte Clube. Seu Estádio, da Estrada Dona Castorina ficava no Bairro do Jardim Botânico.

O Mavílis Football Club foi fundado no dia 23 de setembro de 1915. Era um clube do Caju, bairro da Zona Norte da cidade. O clube disputou os campeonatos de 1933 e 1934, e extinguiu-se na década de 70. O rubro-anil do Caju mandava os seus jogos no “Estádio Praia do Retiro Saudoso”, na Rua Carlos Seidl, no Bairro do Caju.

O maior momento da história do Mavílis aconteceu em 1934, quando terminou como vice-campeão do Campeonato Carioca da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). O Mavílis, inclusive, venceu o Botafogo, que foi o campeão, por 2 X 0.

O uniforme constava de camisa vermelha, com gola azul, calção branco e meias azuis. Sendo que o segundo uniforme trazia a camisa branca com duas listras em horizontal, uma azul e outra vermelha. A cor branca não fazia parte das cores do clube.

Um fato curioso é que o nome Mavílis vem das iniciais de Manuel Vicente Lisboa, um dos diretores da Companhia América Fabril e grande incentivador do esporte entre os funcionários da fábrica, que resolveram homenageá-lo no nome do clube.

O Villa Isabel Football Club foi fundado em 2 de maio de 1912, como um time da classe operária. Suas cores eram preto e branco. Era sediado no bairro homônimo, na Zona Norte da cidade. Usou a Praça 7 de março, hoje Praça Barão de Drummond em alguns jogos e durante a disputa da elite carioca, o Jardim Zoológico de Vila Isabel, hoje “Recanto do Trovador”, a 800 metros da Praça 7 de março.

Foi o Villa Isabel que realizou o primeiro jogo noturno da América Latina, em 1914. O jogador mais famoso de Vila Isabel foi Amarildo, que também jogou por Botafogo e Flamengo e por alguns clubes da Europa. Ele foi até campeão mundial em 1962, como suplente de Pelé.

Títulos: Campeão Carioca da Série B, 1ª Divisão (1921 e 1923); Campeão Carioca da 2ª Divisão (1915, 1916, 1922 e 1925); Campeão Carioca da 3ª Divisão (1914); Campeão Carioca de 2°s quadros da Terceira Divisão (1914) e Campeão Carioca de 3°s quadros (1924).

O Villa Isabel usou dois uniformes distintos em sua história. O primeiro, todo branco, tinha uma bola de futebol com as iniciais V.I.F.C. no centro da camisa, com raios negros saindo desta e, por conta disso, o clube era conhecido como o "Raio de Sol". Na década de 20, o clube alterou seu uniforme para camisa preta com finas listras verticais brancas, calções brancos e meias pretas.

Existe atualmente um clube social chamado Associação Atlética Vila Isabel, com escudo muito similiar ao do Villa Isabel Football Club, apenas com cores diferentes. Tal clube, porém, não guarda relação alguma com o extinto Villa Isabel F.C.

O Hellênico Athletico Club foi fundado em 25 de setembro de 1916, no centro do Rio de Janeiro. Não possui relação alguma com o clube atual homônimo, Helênico Atlético Clube, existente no mesmo bairro do Rio Comprido.

Em 1918 se transferiu-se para o Bairro de Rio Comprido. Disputou os Campeonatos Cariocas de 1924 e 1925. O clube extinguiu-se na década de 30.

Títulos estaduais: Campeão Carioca da Segunda Divisão (1923); Campeão Carioca da Terceira Divisão (1919); Campeão Carioca de 2°s quadros da Terceira Divisão (1919).

O Germânia Football Club localizava-se na Rua da Escola, no Bairro de Jardim Botânico. Foi fundado em 1910. Era um clube que jogava no campo Público da Quinta da Boa Vista em São Cristovão, em 1912/1913, pois não tinha campo próprio.

O clube disputou o Campeonato Carioca da AFRJ em 1912 e foi campeão dos segundos quadros. O campeão dos primeiros quadros foi o Botafogo Football Club, atual Botafogo F.R. Em 14 de junho de 1917, o Germânia fez uma união com o Jardim F.C., sendo absorvido pelo mesmo.

O clube é erroneamente citado em várias fontes como Sport Club Germânia, nome este de uma agremiação paulista, atual Esporte Clube Pinheiros.

O Cattete Football Club, equipe extinta do Bairro do Catete, Zona Sul da cidade, foi fundado em 30 de maio de 1909. Tinha as cores azul e branco. Disputou uma edição do Campeonato Carioca principal, em 1912. Em 1917, conquistou seu único título, o Campeonato Carioca da Segunda Divisão.

Foi absorvido pelo Engenho de Dentro Atlético Clube em 1919. Alguns sócios, não satisfeitos, fundaram o Sport Club Cattete. O Cattete F.C. da década de 30 não era o mesmo clube que foi fundado em 1909, tampouco o S.C. Cattete

O Internacional Football Club, fundado em 3 de outubro de 1904, em Botafogo, bairro da Zona Sul da cidade. Quando fundado as suas cores eram vermelho e branco, posteriormente, a partir de 17 de junho de 1905, verde e branco. O clube disputou um Campeonato Carioca em 1912, extinguindo-se anos depois.

Muita confusão é feita pelos leigos entre este clube e a Associação Athletica Internacional, antigo Football and Athletic Club, do bairro da Tijuca, participante do Carioca de 1907.

O Palmeiras Athletico Club foi fundado em 23 de março de 1911. Sua sede estava localizada no Bairro de São Cristóvão, na Zona Norte da cidade. Suas cores eram azul e preto. Sua camisa era azul com finas listras verticais negras e calções pretos.

Títulos. Tricampeão Carioca de 2°s quadros da Segunda Divisão (1917, 1918 e 1919); Campeão Carioca da Segunda Divisão (1919); Campeão Carioca da Terceira Divisão (1915); Campeão do Torneio Início (1921) e Campeão Carioca de 2°s quadros da Terceira Divisão (1915).

O Sport Club Brasil foi fundado em 18 de novembro de 1912, e tinha as cores branca e vermelha. Era do Bairro da Urca, Zona Sul da cidad. Disputou os Campeonatos Cariocas de 1923 e 1934. Ainda na década de 30, o clube extinguiu-se.

Seu uniforme era composto por uma camisa branca com uma faixa horizontal vermelha, calções brancos e meias brancas contendo o monograma S.C.B. em vermelho no peito. Por conta de seus trajes, era conhecido como o "Clube da Faixa Rubra".

Seus títulos no futebol foram o Campeonato Carioca de Juvenis, atual Juniores, de 1932 e o Campeonato Carioca de 2º Quadros da 3ª Divisão de 1916.

Os maiores ídolos do clube foram Nilo Murtinho Braga, que depois disputou o Campeonato Carioca de 1923 pelo Botafogo Futebol Clube e Leônidas da Silva, que atuou pelo S.C. Brasil no 1° semestre de 1935. Posteriormente, em junho do mesmo ano, ingressou no Botafogo e foi tetracampeão carioca (1935).

O S.C. Brasil ganhou o campeonato estadual de basquete em 1928. Participou no campeonato até 1937.

O Syrio e Libanez Atlético Clube era um clube da Tijuca, bairro da Zona Norte tinha as cores vermelho, preto e branco. Seu uniforme era em estilo cobra-coral, ou seja, listrado na horizontal em vermelho e preto separado por linhas brancas mais finas.

Disputou campeonatos cariocas na década de 20, e na década de 30 extinguiu-se. Atualmente existe um clube social chamado Clube Sírio e Libanês do Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, inclusive com as mesmas cores, o que leva muitos a confundirem esses dois clubes. No entanto, não há nada em comum entre eles.

O Engenho de Dentro Atlético Clube foi fundado em 3 de novembro de 1912. Era conhecido pelo apelido de “Fantasmas Azuis”, em razão de suas cores, azul e branca. Foi criado como Engenho de Dentro Football Club. Assustava seus adversários com estupendas vitórias e títulos nas décadas de 20 e 30.

Disputou os Campeonatos Cariocas de 1924, 1933, 1934, além dos Campeonatos Cariocas promovidos pela LMDT de 1925 a 1927. Em 30 de setembro de 1950, participou como convidado do Primeiro Torneio Início do Campeonato Carioca, ocorrido no estádio do Maracanã. Foi eliminado pelo Olaria após derrota de 1 X 0.

Sua praça de esportes localizava-se na antiga Rua Engenho de Dentro, atual Adolfo Bergamini, entre os números 151 e 155. No local existe hoje a Escola Municipal Rio Grande do Sul. 

Em 1946, o campo passou para a Rua Henrique Scheid. A inauguração ocorreu em 7 de setembro daquele ano, com vitória do Vasco da Gama por 4 X 2 sobre o Flamengo, em um duelo de equipes mistas. O campo existe até hoje, como local de peladas.

Nos ultimos anos, vinha disputando a "Copa Carioca de Futsal", sendo em 2002, campeão na categoria fraldinha. Atualmente, suas dependências se restringem a um ginásio localizado à rua Monsenhor Jerônimo, no bairro de mesmo nome.

Títulos. Campeão Carioca da Segunda Divisão (1932); Campeao da Liga Suburbana de Futebol (1916, 1917 e 1918); Campeão da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (1925). (Pesquisa: Nilo Dias)


Time do Andarahy que disputou o Campeonato Carioca de 1916. (Foto: Divulgação)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

108 anos de futebol (1)

O Campeonato Carioca de Futebol é o terceiro mais antigo do Brasil, ficando atrás apenas dos certames paulista e baiano. Começou a ser disputado em 1906, com o jogo Fluminense 7 X 1 Paissandu, realizado no dia 3 de maio, no Campo da Rua Guanabara, no Bairro de Laranjeiras, com o primeiro gol da competição marcado por Horácio da Costa, atacante do tricolor, que foi o primeiro campeão.

A Liga Metropolitana de Football foi a organizadora do campeonato, do qual participaram as equipes do Fluminense Football Club, do Bairro das Laranjeiras; Payssandu Cricket Club, do bairro do Flamengo; Rio Cricket and Athletic Association, do Bairro Praia Grande, em Niterói; Botafogo Football Club, do Bairro de Botafogo; The Bangu Athetic Club, do Bairro de Bangu e Football and Athletic club, do Bairro da Tijuca.

Da segunda divisão participaram America, Colégio Latino-Americano e Riachuelo. Para o campeão foram criadas as taças "Municipal" e "Colombo".

Quando do surgimento dos primeiros times de futebol no Rio de Janeiro, era comum encontrar diversos campos espalhados por toda a cidade, mas, principalmente, no subúrbio. Foi uma época em que o futebol começava a ganhar equipes e simpatizantes.

Nas décadas de 10 e 20, o subúrbio carioca tinha mais de 50 times, distribuídos na primeira e segunda divisão, além do Departamento Autônomo, que equivaleria nos dias de hoje, à terceira divisão.

Os estádios eram acanhados, na maioria apenas um cercado de madeira e poucos degraus de arquibancadas. O público que ia aos jogos era reduzido, em média 20 pessoas. A partir da década de 10 é que o interesse aumentou.

Os jogadores não tinham vida fácil. A bola e a chuteira eram pesadas, feitas de couro e eles não recebiam salários, apenas atuavam pelo prazer. Ainda assim, boa parte da sociedade elitista da época, chamava os jogadores de desocupados e vagabundos, algo impensado nos dias atuais.

Nos 108 anos de disputa, muitos times participaram dos campeonatos cariocas, alguns deles certamente desconhecidos da maioria das pessoas. Neste trabalho mostraremos aos leitores todos os clubes que tomaram parte no certame principal do Rio de Janeiro, de seu começo até agora.

A partir dos anos 30, muitos clubes fecharam as portas, uma vez que a federação de futebol do Rio estabeleceu que todos os times - para disputar o Estadual - deveriam ter um estádio próprio. Como muitos não possuíam um local fixo, mais de 80% dos times suburbanos enrolaram as bandeiras. Conheçam alguns desses times que desapareceram, sendo sugados pelo profissionalismo.

Começamos pelo Payssandu Cricket Club, nascido de uma dissidência do Rio Cricket Club, que foi fundado no dia 15 de agosto de 1872, por um grupo de jovens ingleses. Em 1875 após discordâncias entre alguns dos fundadores, foi criado o Payssandu, que em 1880 recebeu  denominação de Paysandu Cricket Club, reconhecido como o primeiro clube esportivo organizado do Brasil.

Em 1896, Oscar Alfredo Cox, filho de um dos fundadores do clube, jogador de Cricket e familiarizado com o futebol, mandou buscar na Suíça uma bola da marca “Dupont”, a primeira chegada ao Rio de Janeiro. Porém, ela não pôde ser utilizada para a prática do futebol, pois o terreno onde o clube treinava e jogava, era esburacado demais, permitindo somente a prática do Rugby.

Em 1906 o clube participou do primeiro Campeonato Carioca, terminando como vice-campeão. Em 1912, conquistou o título, com uma equipe formada por maioria de jogadores de origem inglesa. Em 1914 o clube abandonou a prática oficial do futebol, e passou a se chamar Paysandu Athletic Club.

Até hoje o Paissandu tem uma rivalidade clubística forte com o Rio Cricket e a Associação Atlética, da colônia inglesa de Niterói. Para além da rivalidade entre as cidades, os clubes guardam uma origem comum, sendo o Paysandu Cricket Club, uma dissidência do Rio Cricket. Em algumas fontes antigas as partidas entre os dois clubes, nos mais variados esportes, eram chamadas de “Clássico dos Ingleses”.

O Paissandu Atlético Clube existe até hoje e se dedica a prática de esportes como tênis, squash, bowls, futebol, dentre outros. Também possuí áreas de lazer como piscina, sauna, restaurantes, salão de beleza, massagens e muito mais.

O clube participou do Campeonato Carioca em 1906, 1907, 1908, 1911, 1912, 1913 e 1914. Jogou também a 2ª divisão em 1909 e 1910.

Em 2006, o clube voltou a disputar uma partida de futebol após quase 92 anos, durante as comemorações dos 105 anos do futebol no Estado do Rio de Janeiro, realizadas na sede do Rio Cricket. 

Por não possuir mais Departamento de Futebol ou jogadores, o clube pegou "emprestado" o time principal do Tombense Futebol Clube, de Minas Gerais, que cedeu jogadores para a partida especial. O Paissandu venceu o Rio Cricket por 2 X 1.

Títulos no futebol: Campeão Carioca de 1912, primeira divisão, e Campeão Carioca de 1910, segunda divisão.

Já o Rio Cricket e Associação Atlética, do bairro de Icaraí, em Niterói, é o terceiro clube mais antigo destinado á prática de esportes naqquela cidade, atrás apenas do Clube de Regatas Gragoatá e do Clube de Regatas Icaraí, ambos fundados em 1895.

Ao contrário do que alguns pensm, o Rio Cricket jamais abandonou a prática do futebol. Teve que se licenciar do Campeonato Carioca, do qual era convidado especial, já que na época pertencia a outro Estado, apenas por conta da I Guerra Mundial, quando muitos de seus jogadores foram defender a Inglaterra.

O clube retonou as atividades em1920, as quais mantém até hoje, no entanto, nunca se profissionalizou, continuando amador como o futebol era em seu princípio.

O clube participou do primeiro Campeonato Carioca de Futebol ficando com a terceira colocação. Foi no campo do Rio Cricket que foi definido o primeiro Campeonato Carioca de futebol.

A primeira partida de futebol oficialmente realizada no Estado do Rio de Janeiro foi disputada no campo do Rio Cricket em 22 de setembro de 1901. Neste dia o Sr. Oscar Cox, que viria posteriormente a ser fundador e presidente do Fluminense Football Club, atravessou a Baía de Guanabara para enfrentar os praticantes de críquete e tênis do clube inglês.

Ainda cerca de 15 observadores assistiram o jogo que terminou empatado em 1 X 1, causando espanto a crônica da época, não habituada a relatar embates finalizados sem vencedores.

O clube participou das primeiras edições do Campeonato Carioca em 1906, 1908, 1911, 1912, 1913, 1914 e 1915 e do campeonato niteroiense em 1925, 1926, 1927, 1928 e 1929.

O Football and Athletic Club, agremiação extinta da Zona Norte do Rio de Janeiro, foi fundado em 27 de junho de 1904. Foi criado por moradores das redondezas do Andaraí e Engenho Velho. Sua sede situava-se no Andaraí, e seu campo de futebol era na Rua Campos Sales, na Tijuca, razão pela qual o clube é frequentemente citado como sendo deste bairro.

Suas cores eram o vermelho e o branco. Seu uniforme consistia em camisas vermelhas com o monograma F.A.C. em branco no peito e calções brancos. Sua bandeira era listrada em vermelho e branco na horizontal, com o monograma no quadrante superior esquerdo em vermelho, em estilo semelhante à bandeira dos Estados Unidos.

Em uma partida amistosa contra o Bangu, em 1904, o clube usou um uniforme tricolor (verde, branco e vermelho). O clube seguiu vencendo amistosos e logo tornou-se uma das mais fortes equipes da cidade, contando com bom número de sócios na Zona Norte.

A partir da iniciativa dos dirigentes do Athletic, este em conjunto com os clubes Fluminense, Botafogo, Bangu, Paysandu e Rio Cricket fundaram a Liga Metropolitana de Football, que organizou o Campeonato Carioca de 1906. O Athletic, no entanto, terminou em último lugar.

A partir de 21 de novembro de 1906 mudou a sua denominação para Associação Athletica Internacional. Em 1907, também disputou o campeonato ao ficar em 3° lugar, empatado com o Paysandu. A Internacional ainda seguiu disputando alguns poucos amistosos, até o seu fim definitivo, nos idos de 1912.

O Riachuelo Football Club foi fundado em 19 de outubro de 1905. Tinha as cores verde e branca. Sua sede estava localizada na Rua Diamantina, na casa de Carlos Suckow Joppert, no bairro homônimo, na Zona Norte da cidade.

O clube foi o vencedor do 1º Campeonato Carioca da 2ª Divisão em 1906. Na final, disputada no dia 28 de outubro, venceu o America pelo placar de 5 X 1. O feito valeu ao Riachuelo o apelido de “Clube dos Irmãos Joppert”.

Contudo, na partida contra o Football and Athletic Club, lanterna da primeira divisão, que valia a vaga na primeira divisão do ano seguinte, o adversário o venceu por 5 X 2. Em 1907 foi campeão da Liga Suburbana. O Riachuelo só veio a disputar a primeira divisão a partir de 1908. Participou dos Campeonatos Cariocas de 1908 a 1910.

O Riachuelo foi dissolvido em 21 de janeiro de 1911, pois grande parte de seus atletas havia abandonado o clube para se juntar ao recém-formado, São Cristóvão, e já não havia mais condições de se manter na elite do futebol carioca.

O Haddock Lobo Football Club, uma agremiação do Bairro da Tijuca foi fundado em 23 de julho de 1908 e disputou os Estaduais da Primeira Divisão de 1909 e 1910 e a Segunda Divisão de 1911.
As cores do clube eram o marrom e o branco.

O primeiro uniforme consistia em camisas marrons com gravatas brancas, calções brancos e meias negras. Logo esse uniforme foi mudado para camisas listradas alvimarrons e os calções e meiões brancos.

Em 15 de maio de 1910, mudou as cores para azul e branco. Em 17 de maio de 1911, em meio a uma crise financeira uniu-se ao America Football Club, porém antes voltou a usar as cores originais.

O América herdou seu estádio, na Rua Campos Sales, além da integração de seus atletas, entre eles Marcos Mendonça, o primeiro goleiro da Seleção Brasileira. A identidade do América permaneceu inalterada.

Há registros de um outro Haddock Lobo Football Club, fundado a 4 de outubro de 1913, talvez formado por ex-membros do então já extinto clube. Esse segundo Haddock Lobo não participou de nenhuma competição importante e teve vida breve. Seu endereço era na Rua Barão de Itapagipe, 119, Rio Comprido.

O Sport Club Mangueira foi fundado em 29 de julho de 1906, por operários da “Fábrica de Chapéus Mangueira”. Como a maioria de seus funcionários morava no morro, a localidade em que viviam passou se chamar Mangueira, onde nasceu a “Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira”.

Suas cores eram vermelho e preto, o escudo uma bola de futebol vermelha com as iniciais S.C.M. em preto e o uniforme consistia de camisa listrada na vertical vermelha e preta e calções brancos.

A sua sede se localizavana na Rua Desembargador Isidro, 72. Nos dias de hoje, o local onde antes residia o estádio, abrange parte do clube Tijuca Tênis Clube. Ao todo, a S.C. Mangueira participou de 11 campeonatos cariocas, 1909, 1912 e 1913 e de 1917 a 1924.

No dia 30 de maio de 1909, no campo da Rua Voluntários da Pátria, o Mangueira sofreu a sua pior humilhação, que colocou o time no “Livro dos Recordes”, Botafogo 24 X 0, sendo a maior goleada em campeonatos regionais, de todos os tempos.

O uniforme da S.C. Mangueira era camisa listrada na vertical vermelha e preta e calções brancos. A melhor colocação aconteceu em 1913 e 1917, quando terminou em oitavo lugar, dentre 10 participantes. Após uma seqüência de insucessos, a agremiação decidiu abandonar a competição em 1921. (Pesquisa: Nilo Dias)


Paysandu Cricket Club, campeão carioca de 1912. (Foto: Divulgação)

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Uma lenda inglesa

Brian Howard Clough, considerado por muitos o melhor técnico de futebol de toda a história, nasceu em Middlesbrough, Inglaterra, no dia 21 de Março de 1935 e faleceu em Derby, também Inglaterra, em 20 de Setembro de 2004.

Era o sexto de nove filhos de uma família de classe trabalhadora. Na escola mostrou-se um aluno brilhante, embora sua atenção estivesse sempre mais voltada para os esportes, especiamente o futebol, do que para os livros.

Aos 15 anos Brian abandonou a escola para trabalhar em uma indústria quimica e depois tentou a sorte nos gramados, além de ter jogado uma prtida ou outra de criquete.

Foi jogar no Billinghan Synthonia, um pequeno clube local. Em 1953 foi obrigado a parar com o futebol, para cumprir dois anos de serviço militar obrigatório na Força Aérea Real.

Em 1955, livre para voltar aos gramados, assinou contrato com o Middlesbrough F.C., de sua cidade natal. Rapidamente conquistou a torcida, graças a seu futebol envolvente. Era um atacante habilidoso e nos seis anos que esteve no clube, marcou 197 gols em 213 partidas.

Porém na mesma medida em que era artilheiro, Clough também era problemático. Ele sempre tinha atritos com seus colegas de clube, e vivia pedindo para ser transferido.

Até que o Middlesbrough cedeu aos pedidos do seu atacante, e ele foi vendido ao Sunderland, em 1961. Nesse clube marcou mais 54 gols, em 61 jogos. Nos dois times que atuou, Clough marcou um total de 251 gols em 273 jogos disputados, numa fabulosa média de 0,92 gols por jogo.

No final de 1962, quando tinha 27 anos de idade, sua carreira de jogador foi interrompida por uma grave lesão em um dos joelhos. O lance que abreviou sua carreira aconteceu num jogo frente o Bury, pelo “Boxing Day”, disputado sob muita chuva e frio.

Ele chocou-se com o goleiro adversário, Chris Harker e rompeu os ligamentos do joelho. Em 1964, Clough ainda tentou voltar a jogar, mas não suportou as dores, atuando em apenas três partidas, e aposentando-se aos 29 anos e com dois jogos pela seleção inglesa.

Com a carreira de jogador chegando ao fim precocemente, em 1965, Clough, com 30 anos de idade tornou-se treinador. Seu primeiro clube na nova função foi o Hartlepool United, da 4ª Divisão. Dessa maneira, ele tornou-se o técnico mais jovem da Liga de Futebol. Desde o começo já mostrou a mesma ambição, obsessão e habilidade que o caracterizaram nos tempos de jogador. A permanência de Clough no Hartlepool foi curta e um oitavo lugar como melhor posição.

Foi lá que ele conheceu o auxiliar técnico Peter Taylor, que viria a ser o seu parceiro inseparável por muitos anos. Em 1967, os dois se mudaram para o Derby County, da Segunda Divisão. Foram tempos de glórias. Dois anos depois, o time subiu para a elite inglesa, após mais de 10 anos amargando uma divisão inferior.

Quando chegou ao Derby, Clough colocou ordem na casa ao reestruturar por completo o elenco do time e montar uma base que renderia frutos muito em breve. Chegaram jogadores como Roy McFarland, John O’Hare, Alan Hilton e John McGovern.

Além dos reforços, Clough fez uma faxina no quadro administrativo do Derby ao demitir secretária, jardineiro e, diz a lenda, até duas senhoras que serviam chá por rirem após uma derrota do Derby. O estilo centralizador e ao mesmo tempo sarcástico de Clough conquistou a todos no clube.

Na sua primeira temporada pelo Derby, o time ficou no meio da tabela. Porém, o elenco da agremiação estava em um completo processo de reformulação.

Para a temporada seguinte, Clough manteve no clube apenas quatro jogadores que já estavam lá antes da sua chegada, e realizando uma série de contratações, entre as quais dois jogadores do Hartlepool: o goleiro Les Green e o jovem meia John McGovern, que o acompanhou em quase todas as suas mudanças de clube.

E as mudanças funcionaram. Em 1968/69, o Derby County conseguiu o título da “Segunda Divisão”, com direito a uma série invicta de 22 jogos. Em 1972, o clube ganhou o campeonato principal, de forma dramática, com um elenco cheio de jogadores quase desconhecidos, com exceção de Archie Gemmilli, meia da seleção escocesa.

Em uma disputa ferrenha com Leeds United, Liverpool e Manchester City, o Derby superou seus rivais por apenas um ponto, conquistando seu primeiro título inglês, com uma vitória por 1 X 0 sobre o Liverpool no último jogo.

A equipe do Derby venceu 24, empatou 10 e perdeu apenas oito dos 42 jogos disputados, com 69 gols marcados e 33 sofridos. Na campanha do título inédito, o time derrotou equipes como Liverpool (1 X 0 em casa), Manchester City (3 X 1 em casa), e os dois clássicos contra o Nottingham Forest por 4 X 0 (em casa) e 2 X 0 (fora).

A festa foi enorme na cidade e todo o elenco desfrutou de merecidas férias, com Clough aproveitando o sossego nas Ilhas Scilly (ou Sorlingas), na península de Cornualha, Inglaterra.

Com o título, Brian Clough ficou ainda mais famoso na Inglaterra, não só por conseguir levar uma equipe mediana ao topo do futebol do país, mas também pelo jeito ácido de tratar a imprensa e se recusar a responder perguntas tolas, além de sempre exigir que fosse chamado de “Mr. Clough”.

Em 1973, o Derby chegou às semifinais da Copa da Europa, mas acabou perdendo para a Juventus, da Itália, que tinha no time monstros sagrados como Dino Zoff, Franco Causio, José Altafini, Fábio Capello e Roberto Bettega.

Nesse mesmo ano Clough e Taylor pediram demissão do clube, depois de muita tensão e conflitos com o conselho de administração do Derby. Com o sucesso no comando do time, Clough pediu aumento salarial, não sendo atendido.

Também queria que o clube permitisse que ele levasse sua família em uma viagem de pré-temporada à Holanda e Alemanha Ocidental, ou a contratação de David Nish, por $225, 000, valor recorde a época, sem o consentimento da diretoria.

Resolveu então demitir-se. Embora o Derby tenha novamente ganho o campeonato inglês em 1975, a saída de Clough é apontada até hoje como péssima pela torcida, havendo quem diga que, caso o treinador tivesse continuado, o Derby teria sido o melhor time da década, não o Liverpool.

Os torcedores do clube protestaram e os jogadores ameaçaram greve, mas de nada adiantou, os dois foram embora. Ele comandou o Derby County em 289 jogos com 135 vitórias, 70 empates e 84 derrotas.

O novo destino foi o Brighton, mas a passagem foi curta, visto que o clube se encontrava mergulhado na terceira divisão inglesa. Foi aí que Clough fez a jogada mais polêmica e memorável de sua carreira.

Em julho de 1974, ele deixou o Brighton para assumir o comando técnico do Leeds United, da Primeira Divisão, substituindo o seu desafeto, Don Rivie, que foi comandar a seleção inglesa. A decisão de Clough foi contra os desejos de seu assistente Peter Taylor, que não o seguiu em seu novo posto.

Durante a primeira reunião em sua nova equipe, Clough teria se indisposto com os jogadores ao dizer: “Vocês todos podem jogar suas medalhas no lixo, porque não foram conquistados de forma justa". Depois de 44 dias de confrontos constantes com os jogadores e diretores, e um recorde impressionante de apenas uma vitória em seis jogos, Clough renunciou ao cargo.

Os jogadores, que permaneceram fiéis ao antigo treinador, o boicotaram, não havendo clima para a sua permanência. Apesar de rápido, o período de Brian Clough no Leeds United ficou marcado no futebol inglês, e rendeu até um filme, o excelente “Maldito Futebol Clube” (The Damned United, em inglês). 

De setembro até dezembro, Brian Clough ficou sem trabalhar e fez apenas suas aparições na mídia como comentarista. Depois, em janeiro de 1975, o treinador voltou à ativa para seu quinto clube na carreira – e que também seria o último: o Nottingham Forest, que se encontrava na segunda divisão.

Encontrou um território hostil e pouco convidativo. Ele assumia o rival do time em que ele tivera maior sucesso até então, o Derby County e pegava um clube na segunda divisão e com graves problemas financeiros. Além disso, o Forest nunca havia conquistado um campeonato nacional e ostentava apenas duas “FA Cup” como principais títulos, além de troféus de divisões inferiores.

A ascensão meteórica começou na temporada seguinte. O time foi promovido à primeira divisão depois de ter sido terceiro colocado, com um ponto de diferença sobre o Bolton Wanderers e o Blackpool.

Em 1977/78, também com um elenco de nomes modestos, cujos únicos astros eram o goleiro da Seleção Inglesa Peter Shilton e Archie Gemmill, ex-Derby, que chegaram naquela temporada, o Nottingham ganhou seu único título no campeonato inglês, sete pontos à frente do Liverpool.

Clough optou por um estilo de jogo baseado em manter a bola no chão, priorizando dribles e passes curtos ao invés de bater bolas longas pelo ar. Certa vez, ele disse: "Se Deus nos queria jogando futebol nas nuvens, ele teria colocado grama lá em cima".

O clube também ganhou a sua primeira Copa da Liga Inglesa. Em 1978/79 o Nottingham teve uma invencibilidade de 42 jogos no Campeonato Inglês, que só foi superada mais de 20 anos depois, pelo Arsenal.

No Nottingham, Clough foi ainda mais longe, conquistando com o clube um extraordinário bicampeonato na Copa dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões da UEFA).

Foi o primeiro clube a vencer uma semifinal do torneio na casa do adversário, 1 X 0 sobre o Colônia, que conseguira empatar em 3 X 3 na Inglaterra. Depois disso, Clough chegou a ser procurado pelo Derby para voltar ao time, mas recusou.

O Nottingham Forest, sob o comando de Clough ganhou uma incrivel quantidade de títulos: promoção para a Primeira Divisão em 1977; campeão da Primeira Divisão em 1978; quatro vezes vencedor da Taça da Liga e duas vezes campeão da Copa Europeia. Clough ficou no clube por 18 anos, aposentando-se em 1993, como talvez a figura mais amada na história.

Um fato pouco conhecido é o de que logo após ter assumido o Forest, Clough poderia ter deixado o clube, já que chegou até a ser entrevistado para assumir nada menos do que o “English Team”, outra vez no lugar de Don Revie, mas o negócio acabou não se concretizando.

No final do seu período no Nottingham Forest, Clough enfrentou problemas sérios de alcoolismo, necessitando passar por um transplante de fígado em 2003. Um ano depois, não resistiu a um câncer no estômago e faleceu aos 69 anos.

Um fato liga até hoje as equipes do Derby e do Nottingham.E que ambas nunca se recuperaram totalmente depois que ele as deixou. Em decadência, a disputa maior dos dois clubes tem sido pelo apoio de Clough como torcedor, mesmo anos após a sua morte.

Desde 2007, os dois times disputam um amistoso anual que leva o seu nome. Clough virou estátua, tanto em Derby quanto em Nottingham, distantes apenas 20 quilômetros uma da outra, assim como dá nome a estrada que liga as duas cidades. Há uma estátua também na sua cidade natal de Middlesbrough.

Na década de 1980 as conquistas não passaram de um novo bi-campeonato na Copa da Liga, em 1989 e 1990. Em 1982, Peter Taylor se aposentou e Clough se viu abandonado e sem o homem que tanto o ajudou a montar elencos, apontar bons nomes para contratar e o porto seguro nos momentos mais difíceis e decisivos.

Em 1993, após 18 temporadas comandando a equipe, Clough decidiu sair. Comandou o Nottingham Forest em 907 jogos com 411 vitórias, 246 empates e 250 derrotas.

O clube foi rebaixado na “Premier League”, que estava em sua primeira edição. Chegou a voltar em 1999, mas novo rebaixamento veio em seguida, e outro mais tarde, levando o clube à terceira divisão.

Clough era dono de uma personalidade forte. Costumava utilizar frases de efeito e polêmicas, como: "Posso não ser o melhor técnico do futebol, mas estou no primeiro lugar do ranking geral". Sobre a participação do Manchester United no primeiro Mundial de Clubes da FIFA, disputado em 2000 no Brasil, comentou: “Espero que peguem uma diarreia”.

Outra ocasião, falando sobre o excesso de jogadores estrangeiros no futebol britânico: “Se eu não consigo soletrar espaguete em italiano, como vou pedir para um jogador italiano pegar a bola? Ele deveria pegar a minha”.

Em uma partida contra o Millwall, conhecido por seus torcedores intimidarem os adversários, mandou parar o ônibus que levava seus atletas, cerca de dois quilômetros e meio do estádio do clube, fazendo-os seguir o restante do caminho a pé.

Títulos. Derby County: Campeão Inglês da Segunda Divisão (1968/69); Campeão Inglês (1971/72); Nottingham Forest: Campeão Inglês (1977/78); Copa da Liga Inglesa (1977/78, 1978/79, 1988/89 e 1989/90); Supercopa da Inglaterra (1978); Copa dos Campeões da Europa (1978/79 e 1979/80); Supercopa Europeia (1979); Full Members Cup (1989 e 1992).


Individuais. Artilheiro do Campeonato Inglês da Segunda Divisão (1958/59, com 42 gols e 1959/60, com 39 gols); Técnico do ano pela LMA (1977-1978);Eleito um dos 1000 maiores esportistas do século XX pelo jornal The Sunday Times e Eleito para o Hall da Fama do Futebol Inglês (2002) (Pesquisa: Nilo Dias)