Flávio
da Cunha Teixeira, o “Murtosa”, fiel escudeiro do técnico Luiz Fernando Scolari
não teve uma vida fácil na sua infância. Tinha somente um ano de idade quando o pai,
Nicolau Laurentino Teixeira, morreu para salvar o seu irmão mais velho, Danilo,
de nove anos.
Tudo
aconteceu quando o pai de Murtosa, junto de Danilo e de um primo de 12 anos
foram fazer um piquenique na beira de um rio. O primo caiu na água e Danilo
tentou dar-lhe a mão e também caiu.
Nicolau
entrou no rio para tentar salvá-los. Ele e o primo do filho morreram afogados,
mas Danilo conseguiu se salvar, porque agarrou-se a um arame que lhe foi jogado
por pessoas que estavam no local no momento da tragédia.
Murtosa
teve de superar uma infância trágica. O apelido de “Murtosa” foi herança de seu
avô João Rebelo da Cunha, que nasceu nessa localidade portuguesa perto de Aveiro. Depois emigrou para Pelotas,
no Rio Grande do Sul, no início do Século XX.
Com
a morte de Nicolau, a mãe de “Murtosa”, dona Olga, ficou com três filhos para
criar, Danilo, Flávio e Andreza, a irmã do meio. Ela era costureira, ganhava
pouco e a família passou por inúmeras dificuldades. Mas conseguiram dar a volta
por cima.
Dona
Olga não mediu esforços para garantir o estudo dos filhos. Flávio formou-se em
Educação Física, Danilo é técnico de ar condicionado. E Andreza, que ainda mora
em Pelotas, a exemplo de Danilo, cursou Letras. Hoje a família é de classe
média, muito unida.
Tem
tradição portuguesa, colônia muito grande em Pelotas. São
frequentadores assíduos do Centro Português 1.º de Dezembro, que possui uma
sede lindíssima junto à estrada que vai para a Praia do Laranjal. Mesmo a
distância, todos torcem para o mano Flávio, mais conhecido por “Murtosa”.
Existe
entre a família o desejo de descobrir parentes em Portugal. “Murtosa”, que também é
cidadão português de pleno direito, desde 19 de maio de 2006, já fez buscas,
quando se encontrava por lá junto com “Felipão”, no comando da Seleção
Portuguesa. Mas não encontrou nada. Sabe-se que parte da família veio para o
Brasil e outra para os Estados Unidos.
Sérgio
Cabral, jornalista do “Diário Popular”, de Pelotas, é amigo de Murtosa. E meu
também, pois fomos companheiros de inesquecíveis jornadas etílicas e também no
Departamento de Futebol de Salão do G.E. Brasil. Sérgio conta que “Murtosa” estudava
de noite e jogava futebol de dia. Tudo que conquistou até hoje foi na base do
sacrifício.
Ele
nasceu em Pelotas, no dia 14 de janeiro de 1951. Como jogador, era ponteiro
direito, atuou nos dois times rivais da cidade. Começou a carreira no E.C.
Pelotas, sendo profissionalizado aos 16 anos de idade. Depois foi jogar no G.E.
Brasil, da mesma cidade.
Formou-se
em Educação Física com especialização em futebol na Escola Superior de Educação
Física do Rio Grande do Sul e estreou numa equipe técnica, como preparador-físico
do Grêmio Atlético Farroupilha, de Pelotas, em 1981.
Em
1982 foi para o Brasil, de Pelotas, também como preparador físico. Foi quando
se encontrou com Luiz Felipe Scolari, que era jogador e treinador do “xavante”.
A partir dai se tornou adjunto de Felipão.
Desde
então, apenas se separou do amigo em três ocasiões: em 1997, quando assumiu o
comando do Juventude, de Caxias do Sul, em 2000 quando foi campeão pelo Palmeiras da
Copa dos Campeões, e em 2002 após a Copa do Mundo.
De
resto, esteve com Felipão no Grêmio, Goiás, Al-Qadsia, do Kuwait, Seleção do
Kuwait, Coritiba, Criciúma, de Santa Catarina, Al-Ahly, da Arábia Saudita,
Al-Qadsia, do Kuwait (pela segunda vez), Grêmio (pela segunda vez), Júbilo
Iwata, do Japão, Palmeiras, Cruzeiro, Seleção Brasileira, Palmeiras (pela segunda
vez), Seleção Portuguesa, Chelsea, da Inglaterra, Bunyodkor, do Uzbequistão, Palmeiras
(pela terceira vez), Seleção Brasileira, Grêmio (pela terceira vez) e atualmente
o Guangzhou Evergrande, da China.
Em
agosto de 2011, Felipão foi suspenso por dois jogos no Campeonato Brasileiro
por ofensas ao bandeirinha Roberto Braatz. “Murtosa” assumiu o time na partida
da Sul-Americana, contra o Vasco, porque Felipão se recusou a ficar no banco.
Nessa
partida, Braatz foi o bandeira e Felipão, irritado com a indicação, preferiu
que “Murtosa” assumisse. Ele comandou o time na vitória contra o Corinthians em
28 de agosto de 2011 e na derrota contra o Botafogo em 31 do mesmo mês.
Em
janeiro de 2012, “Murtosa” comandou o time nos três primeiros jogos do
Palmeiras no Campeonato Paulista pela suspensão de Felipão ainda em 2011. Na
época, após a derrota do time para o Corinthians, pela semifinal do Paulista,
Felipão criticou o árbitro Paulo César de Oliveira e acabou punido por três
jogos de suspensão.