O ex-jogador Claudiomiro, do Internacional, de Porto Alegre, autor do primeiro
gol no “Estádio Beira-Rio”, morreu ontem a noite aos 68 anos de idade, em sua
casa em Canoas (RS), onde residia desde que deixou os campos de futebol. A causa da morte ainda não foi revelada.
Claudiomiro
Estrais Ferreira nasceu no dia 3 de abril de 1950, em Porto Alegre. Chegou ao
Internacional quando tinha apenas 13 anos de idade. Artilheiro do Campeonato
Brasileiro de Juvenis de 1967, Claudiomiro foi promovido, no mesmo ano, ao time
principal do Internacional pelo então técnico Sérgio Moacir Torres. Tinha 16
anos.
Com
18 anos fez o histórico gol contra o Benfica, de Portugal, na inauguração do “Gigante”,
em 6 de abril de 1969, ao aparar um cruzamento e mandar de cabeça para as redes
na vitória por 2 X 1 sobre os portugueses.
“Pulei,
completei o cruzamento do Valdomiro. Entrei só para complementar e não dei a
única possibilidade de o goleiro ir na bola. Foi por onde consegui, com aquele
gol, chegar até a seleção brasileira. Guardo com muito carinho”, disse
Claudiomiro, em entrevista posterior para a RBS TV, de Porto Alegre.
Seus
companheiros carinhosamente o chamavam de “Bigorna”, por conta de seu peso, mas
isso não o impediu de fazer grandes exibições com a camisa colorada e até na
seleção brasileira. Era uma espécie de “Walter dos anos 70”,
No inicio de carreira jogou num ataque que tinha outros jogadores jovens, como Sérgio, Dorinho e Bráulio. Além de suas qualidades incontestáveis como centroavante, ficou conhecido por ser também um excepcional cavador de pênaltis.
Jogador
de muita velocidade sabia como ninguém ajeitar a bola para o pé direito, ou o
esquerdo, antes de soltar a bomba. Claudiomiro foi o dono absoluto da camisa 9
do Internacional entre 1967 e 1973.
Participou
de 424 jogos com a camisa do Inter e marcou 210 gols, o que o coloca como o
terceiro maior artilheiro da história do clube. Apenas Carlitos, com 485 gols e
Bodinho com 235, balançaram as redes adversárias mais vezes do que ele.
Depois
dos três, estão na lista de grandes artilheiros do time: Valdomiro (191), Tesourinha
(178), Larry (176), Villalba (153), Ivo Diogo (118), Jair (117) e Adãozinho (108).
Além
do Inter (1967-1964 e 1979), o ex-jogador também defendeu as cores do Botafogo,
do Rio de Janeiro (1975), Flamengo, do Rio de Janeiro (1976-1977), Caxias (1978)
e Novo Hamburgo (1979), ano em que retornou ao Inter para encerrar a carreira, aos
29 anos, abreviada pela luta contra o peso.
Títulos
conquistados: Campeão gaúcho pelo Internacional (1969, 1970, 1971, 1972, 1973 e
1974).
Em
março de 2013, Claudiomiro participou de uma cerimônia para a remodelação do “Estádio
Beira-Rio”, quando as obras atingiam a marca de 62%. Ao lado do presidente
Giovanni Luigi, plantou a grama do estádio. Foi uma singela reverência ao feito
do atacante.
Ficou
conhecido também por suas frases marcantes: "na minha casa não tem
azulejo, só vermelhejo…".
Vale
a pena destacar uma nota publicada hoje no blog “Corneta do RW”, dedicado ao
Grêmio Portoalegrense, tradicional rival do S.C. Internacional.
"Claudiomiro
era vermelho. Mas eu o admirava. Sou do tempo que centroavante fazia uma
porrada de gols e não ficava rico. Hoje existem centroavantes que fazem meia dúzia
de gols e terminam a carreira com o "boi na sombra".
Claudiomiro
me incomodou muito. Me tirou o sono por muitas noites de sono. Faleceu ontem. Vai
se encontrar com Alcindo. Conversarão muito. Eles movimentaram muito o futebol
gaúcho nos anos 60/70. Alcindo faleceu em 27 de agosto de 2016. Claudiomiro
faleceu em 24 de agosto de 2018".
Em
nota oficial em seu site, o Internacional declarou que o “Clube do Povo” se
solidariza com os familiares e amigos do “ídolo eterno” que brilhou com a
camisa colorada nos anos 1960 e 1970.
“O
Internacional perde um dos maiores centroavantes de sua história. Fora o
primeiro gol do “Beira-Rio”, ele tem uma história muito bonita no clube, desde
a base, desde 1966, 1967. Era um jogador de futebol nota 10. Tinha todos os
quesitos que se exigem de um jogador hoje em dia. Era um cara especial, bom de
coração”, lamentou o ex-colega Cláudio Duarte.
Valdomiro,
que foi companheiro do centroavante no clube, lamentou a perda do amigo em
entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha.
“É
uma tristeza. Para mim é uma tristeza. Já perdemos no ano passado o “Caçapava”,
que eu tinha um carinho especial. O Claudiomiro foi um irmão, a gente começou
quase juntos no Internacional. Nós dois jogávamos lá na frente. Foi um dos
grandes centroavantes da história do clube. Perdi um irmão, um companheiro”.
O
ex-ponta direita também lembrou da personalidade forte de Claudiomiro, e
sugeriu que seja feita uma homenagem ao autor do primeiro gol do “Beira-Rio”,
no jogo de amanhã contra o palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro.
“Era
um cara difícil de lidar, mas eu dava muitos conselhos para ele. O Internacional
vai comemorar os 50 anos do “Beira-Rio”, acho justo fazer uma homenagem para
ele. Tenho certeza que o torcedor do Internacional perdeu um dos grandes
jogadores do futebol brasileiro e da sua história. E eu perdi um amigo.
Domingo, vou ao Beira-Rio e vai ser uma tristeza”, completou o ex-ponteiro
direito. (Pesquisa: Nilo Dias)